MÍDIA E EDUCAÇÃO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA 1



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MÍDIA E EDUCAÇÃO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA 1 Suzana Barbosa dos SANTOS/CEDU/UFAL 2 RESUMO Este estudo trata das possibilidades pedagógicas do uso de mídias integradas no ensino de língua estrangeira, envolvendo TV e vídeo clipes, partindo do seguinte questionamento: que potencialidades o uso de vídeo clipes, via TV, pode trazer para despertar nos alunos o interesse pela aprendizagem de uma língua estrangeira? Ao abordar esta questão, este artigo objetiva destacar a importância do uso de mídias na educação como dinamizadoras da aprendizagem e demonstrar como o ensino de língua inglesa pode se tornar atrativo e estimulante quando se utiliza a TV como suporte, programando-a autonomamente com o uso de vídeo clipes. A metodologia deste estudo constitui-se num relato de execução prática de uma experiência de integração de mídias na escola, com uma reflexão teórica acerca do que foi vivenciado. A experiência no ensino de língua estrangeira, utilizando mídias integradas, demonstrou como a aprendizagem pode ser parte de um processo atrativo e estimulante. PALAVRAS - CHAVE: mídia e educação; TV e vídeo clipes; ensino de língua estrangeira 1. Introdução Muitas vezes, quando se trata de mídias na educação, pensa-se em recursos tecnológicos nem sempre disponíveis para todos, como o computador e a Internet, por 1 Este artigo é o trabalho de conclusão do Curso (TCC) de Especialização em Formação de Professores em Mídias na Educação e foi orientado pela professora Drª Georgia Sobreira dos Santos Cêa. 2 Aluna do Curso de Especialização em Formação de Professores em Mídias na Educação - Ciclo avançado, promovido pela Universidade Federal de Alagoas (2009-2010); professora da rede pública estadual de ensino de Alagoas, atuando como professora de língua inglesa. 1

exemplo. Mas uma mídia específica, a TV, pode ser de grande importância na prática pedagógica. É fácil perceber que quase todo mundo tem pelo menos um exemplo de alguma moda ou gíria que foi lançada e propagada pela TV: meias ¾ e boinas, como no figurino dos personagens da novela Rebelde, exibida pelo SBT, ou as falas do personagem Cássio na novela Caras e bocas, da emissora Globo: Fiquei rosa-chiclete. As vestimentas e falas das personagens de novelas, filmes, propagandas ou até programas de humor podem ser incorporadas na vida cotidiana de qualquer pessoa, permitindo que façam parte da vida pessoal e escolar de cada um. Tais atitudes reforçam a idéia do espaço que a TV e sua programação ocupam nos limites de cada um. Talvez ela tenha se tornado um hábito rotineiro, automático como acender a luz quando escurece ou trancar as portas antes de dormir, ou ainda ela pode ter se tornado uma companhia, aquela fala que dá a sensação de que você não está sozinho em casa. O fato é que, mesmo permitindo que ela faça companhia é necessário uma análise crítica para que nunca transforme telespectadores em prisioneiros ou indivíduos manipulados, principalmente em se tratando de crianças e jovens, uma vez que a televisão parece ser o meio de comunicação preferido deles. A partir daí, eles podem se tornar vítimas de manipulação (principalmente para o consumo) e alvo de produtos divulgados pela mídia durante a exibição de programas voltados para eles. Por conta disso, um trabalho de conscientização seria muito bem vindo. As escolas podem e devem formar telespectadores críticos e conscientes para interpretar fatos, acontecimentos e propagandas divulgados pela TV para que eles não se deixem manipular. Para isso, a escola deverá propor diálogos e debates sobre esse meio de comunicação de massa, seus propósitos e suas vantagens É prudente reconhecer que a televisão, em termos educacionais, sem acompanhamento ou orientação pode não só não ajudar no processo educacional como apresentar aspectos negativos ou que influenciem negativamente o comportamento de algum jovem (fato facilmente observado nas falas, atos e até vestes dos alunos). Por 2

conta disso, torna-se indispensável a seleção de uma programação escolar que propicie o uso da TV de forma direcionada e planejada, pronta para ajudar na formação de alunos críticos e capazes de distinguir o que é prudente ou não influenciar na vida real de cada um, dentro do contexto cultural e social em que vivemos. Sobre a importância da TV, Fischer (2002, p. 153-154) ressalta sua versatilidade: [...] a TV, na condição de meio de comunicação social, ou de uma linguagem audiovisual específica ou ainda na condição de simples eletrodoméstico manuseado por nós, cujas imagens cotidianamente consumimos, tem uma participação decisiva na formação das pessoas mais enfaticamente, na própria constituição do sujeito contemporâneo. Além da programação dos canais abertos e fechados de diferentes emissoras, a TV, quando utilizada como um recurso tecnológico, amplia as possibilidades de seu uso: acoplada a outro aparelho, no caso o DVD (digital video disc), é possível definir uma programação própria, flexível e dinâmica, incluindo filmes, noticiários, documentários e vídeo clipes 3, entre outros. Este artigo tratará da articulação da mídia integrada (TV e vídeo clipes) com a educação, partindo do seguinte questionamento: que potencialidades o uso de vídeo clipes, via TV, pode trazer para despertar nos alunos o interesse pela aprendizagem de uma língua estrangeira? Ao abordar esta questão, este artigo objetiva, de forma geral, destacar a importância do uso de mídias na educação como dinamizadoras da aprendizagem. Em termos específicos, objetiva-se aqui demonstrar como o ensino de língua inglesa pode se tornar atrativo e estimulante quando se utiliza a TV como suporte, programando-a autonomamente com o uso de vídeo clipes. A metodologia definida para tratar da questão deste estudo constitui-se num relato de execução prática de uma experiência de integração de mídias na escola, com 3 Vídeo clipe é um vídeo de [...] curta duração onde há o sincronismo da imagem com um som ou música pré-existente. Informação obtida em: <http://www.tudosobretv.com.br/glossa/gloss_v.htm>. 3

uma reflexão teórica acerca do que foi vivenciado 4. Para este exercício, foram utilizadas referências teóricas que tratam das relações entre mídia e educação. Na primeira parte do artigo é ressaltada a importância da aproximação entre mídias e escola; num segundo momento, destaca-se a popularidade da TV na sociedade e sua versatilidade tecnológica e pedagógica, especialmente quando utilizada na forma de mídia integrada; na última parte do artigo, é apresentado um relato de experiência sobre o uso pedagógico da TV como meio de exposição de vídeo clipes musicais para o enriquecimento do ensino de língua estrangeira. 2. Mídias e escola: uma aproximação necessária Alguns recursos tecnológicos, como as mídias, ainda parecem ser vistas com certo preconceito, talvez porque muitos profissionais acham que podem não saber usar e temem a dificuldade de lidar com recursos tecnológicos, entretanto, vale lembrar tantos outros utensílios tecnológicos (cafeteira, batedeira, computador, câmera digital, telefone sem fio, aparelho celular, máquina de lavar roupa e máquina de lavar louça também...) para nos dar conforto. Muitos têm medo da TV, outros do computador e da Internet, mas, assim como o carro, a lâmpada e o telefone, todos foram criados para nos dar conforto e nos propiciar novas oportunidades (como estudar à noite ou mesmo fazer compras pela Internet e receber os produtos em casa ou ainda fazer um curso de graduação ou pós-graduação online que tal?). Não cabe aqui enumerar todas as possibilidades que as tecnologias oferecem, porém, cada um como usuário sabe bem usufruir de todas as vantagens que elas oferecem, coisas que há poucos anos atrás nem dava para imaginar (como touch screen, sistema wi-fi para Internet, wireless: conexões sem fio para computador ou outros dispositivos eletrônicos...). 4 Esta opção atende uma das possibilidades apresentadas pela coordenação nas Orientações gerais sobre o Curso de Especialização em Formação de Professores em Mídias na Educação Ciclo avançado para a elaboração do trabalho final. 4

Para adequar o ensino à realidade dos alunos é indispensável garantir o uso de quantas mídias forem oportunas para favorecer a aprendizagem. Essa adequação e incorporação de mídias nas aulas já é uma necessidade, uma vez que diversas mídias já são utilizadas em casa e fora dela. As mídias exercem influência nas vidas das pessoas e, por isso, algumas adaptações no meio educacional são bem vindas para que se acompanhe essa evolução tecnológica, social e cultural no nosso meio, em outras palavras, a semente já foi lançada. As tecnologias já estão aí e a população já faz uso delas, cabe aos profissionais da educação adaptar suas aulas utilizando as mídias para o melhor aproveitamento delas, de forma que se promova uma evolução intelectual e social consciente. Em se tratando da televisão e de toda a sua evolução tecnológica, é notório que ela já ganhou um espaço assustador nos lares de todo o Brasil: imagine a copa de futebol e os jogos olímpicos sem TV. Já se imaginou sem o jornal local ou nacional? Não dá para ignorar a proporção fenomenal que esse recurso midiático ganhou na nossa sociedade, nem mesmo fechar os olhos para as inúmeras adaptações por ela feitas para agradar aos diversos e exigentes públicos, até deixar de ser por alguns minutos ou horas um mero meio de entretenimento e propaganda para ser um instrumento de informação e até formação a TV Escola, por exemplo. Sendo assim, uma vez que a TV já faz parte da vida dos alunos e de todas as famílias da sociedade brasileira que têm uma na sala, no quarto, outra na cozinha e, em alguns casos, até no banheiro e varanda!, pode-se adaptar aulas, na quantidade e com metodologia e objetivos a critério de cada profissional da educação, fazendo uso dos meios disponíveis e permitindo uma interação com o meio social que os alunos já vivenciam quando não estão na escola. Pensando na TV como um grande instrumento de forte poder atrativo, parece coerente adaptar conteúdos e aulas deixando-os tão atraentes quanto à programação das principais emissoras. Para isso, uma forma de permitir autonomia no que irá se assistir na TV é utilizá-la em conjunto com outro aparelho, o DVD, na forma de mídia integrada. Isso pode ser pensado no caso do ensino da língua estrangeira. Entretanto, 5

este ensino nas escolas públicas do Estado de Alagoas, como na maioria das demais redes públicas escolares do país, parece estar limitado ao uso tradicional dos recursos já calejados no ramo (como quadro e giz, por exemplo). Seria muito conveniente incorporar mais um recurso para se trabalhar, em sala: o uso da TV para reprodução de vídeo clipes. 2.1. A popularidade da TV na sociedade e sua potencialidade tecnológica e pedagógica A imagem desperta mais atenção do que o verbalismo, que, segundo Nélio Parra e Ivone Parra (1985), leva à aprendizagem de palavras vazias, ocas, sem significado. O mesmo autor reitera o provérbio antigo: Uma imagem vale mais que mil palavras. As pessoas que fazem a televisão, ou melhor, o que toda a população assiste, já devem saber o envolvimento e poder de hipnotização que ela causa (KRUGMAN, 1971, apud SETZER, 2000). Daí, vale chamar a atenção para o poder de manipulação que ela pode exercer nos telespectadores, principalmente nas horas das propagandas. Como adverte Centerwall (1992, apud SETZER, 2000), quando diz que o as emissoras de TV vendem audiência para os anunciantes. Esquecendo um pouco as intenções ou escrúpulos das propagandas de televisão é oportuno lembrar que, além de toda a captação de imagens e cores que evocam nossos sentimentos e sensações (GIACOMANTONIO, 1981), muito bem pensadas pelos que fazem a televisão de hoje, parece impossível não ser de alguma forma cercado por toda essa indústria, uma vez que essa tecnologia está em todo lugar. Hoje, é possível encontrar uma TV no banco, nas casas lotéricas, nos supermercados, hospitais, etc., sempre com um apelo de comunicação instantânea no espaço aqui e agora, nos emocionando como se estivéssemos lá naquele lugar onde as imagens estão aparecendo, como quando Ayrton Sena sofreu aquele acidente; o Brasil inteiro chorou sem nem 6

conhecê-lo pessoalmente. Daí tem-se noção da proporção que a televisão alcançou nas vidas de todos os brasileiros. Em geral, os indivíduos dedicam muito do seu tempo à televisão. Ela é sua companheira, sua fonte de informação, seu símbolo de identificação, prazer e entretenimento. Colocando toda essa dedicação em resultado quantitativo, Ferrés (1996, p. 8) informa o seguinte: Nos países industrializados o fato de assistir à televisão ocupa o terceiro lugar na escala de atividades à qual os cidadãos adultos dedicam mais tempo, depois do trabalho e do sono, e o segundo lugar no tempo dedicado pelos estudantes. Levando em consideração os fins de semana e as férias, os estudantes passam maior número de horas assistindo à televisão do que em sala de aula. Nos Estados Unidos as crianças da pré-escola dedicam à televisão 1/3 do tempo em que permanecem acordados. Segundo um estudo do conselho da Europa, os jovens europeus uma média de 25 horas semanais diante da televisão. Mantendo-se essa média, quando as crianças de hoje completarem 70 anos terão passado um total de oito anos diante da pequena tela. No Brasil, os dados levantados pela Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar (Pense), realizada em 2009 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que aproximadamente 80% dos estudantes do 9 ano do ensino fundamental (de escolas públicas e privadas), entre 13 e 15 anos, assistem [...] TV por duas horas ou mais por dia, quando duas horas é o limite recomendado pela Organização Mundial de Saúde (IBGE, 2009, p. 1). Diante desses dados, é importante que se pense em televisão também como fonte para uma educação de qualidade ou, ao contrário, seria inadmissível permitir que por horas a televisão desfaça o que pais e educadores passam a vida ensinando. Uma alternativa é ajudar os alunos a interpretar e refletir sobre a programação, prepará-los para serem críticos e reflexivos com relação às atividades para as quais dedicam tanto de seu tempo. Com relação às crianças, é importante sentar ao lado delas enquanto assistem e explicar cenas que possivelmente não entendam, como também ajudá-las a compreender que nem tudo pode ser aplicado à vida real. 7

Outra alternativa, da qual estamos tratando neste artigo, é refletir como os conteúdos de aulas podem se tornar atraentes, dinâmicos e coloridos, explorando as potencialidades que o uso da TV apresenta, para além da programação pré-estabelecida pelas emissoras. Pode-se começar pensando o quanto esses conteúdos são necessários e o quanto podem ser adequados ao cotidiano e à realidade dos alunos. É muito possível que a televisão, bem como outras tecnologias também, tenham seus efeitos colaterais, entretanto, pode-se instruir os alunos a esse respeito, estimulando-os a usufruírem daquilo que for proveitoso. A televisão é uma democrática janela para o mundo, como apregoam seus defensores, ou um perigoso meio de desvirtuar crianças e jovens, como querem seus críticos? A resposta depende do uso que fizermos dela (COSTA; FREITAS, 2002, p. 211). A TV pode ser um instrumento de forte poder de persuasão e todo esse poder começa com sua interação e apelo emocional, social e imaginário. Cada um que assiste a um programa com regularidade o faz porque se identifica com ele, daí o segredo de todo bom relacionamento e comunicação. Em se tratando de crianças e adolescentes com mais tempo livre para assistir e pouco tempo de vida (vivido) para se proteger de seus possíveis efeitos colaterais, essa identificação e gradual intimidade parece acontecer com maior intensidade do que em um adulto escolarizado. Assim, Não se pode ignorar a interação social, cultural e imaginária que faz parte da relação de comunicação entre a criança e/ou o adolescente e a TV. É importante compreender que o interesse pela TV pode estimular a leitura, mas atentando para o fato de que os sujeitos da atualidade estão ligados a outro tipo de percepção: a imagem, o movimento, as cores, os sons. Tudo isso atrai crianças e jovens, estimulando sua imaginação, provocando sua curiosidade (COSTA; FREITAS, 2002, p. 212). Como citado acima, os sujeitos da atualidade estão ligados a outro tipo de percepção e às vezes os professores, utilizando metodologias tradicionais, querem que seus alunos leiam, interpretem, calculem, dissertem e ainda gostem de tudo isso quando, 8

atualmente, seus interesses estão voltados para outro tipo de percepção. Nesse caso, é necessário refletir sobre isso e experimentar esse outro campo de percepção no ensino. Também aqui a TV aparece como um rico recurso pedagógico, ainda mais quando ela é utilizada como um aparelho que, integrado a outros, permite autonomia na programação a ser assistida. Utilizar a TV em interação com outras mídias, especialmente para a reprodução de vídeo clipes, possibilita trabalhar os conteúdos escolares combinados a imagens, movimentos, cores e sons. É disso que o artigo tratará a seguir. 3. O uso da TV e de vídeo clipes no Ensino de Língua estrangeira: um relato de experiência Este item trata do relato da experiência do uso da TV e de vídeo clipes de músicas nas aulas de língua inglesa em uma escola pública do interior do Estado com a intenção de incentivar o uso de músicas e mídias em sala de aula, com base numa experiência vivida que trouxe resultados satisfatórios para o dia a dia do ensino de língua estrangeira. Como este artigo trata de um relato de experiência, sinto-me confortável para descrever um pouco do contexto em que fui apresentada para iniciar minha prática de ensino de inglês. Eu estava pronta para dar aulas em uma escola pública do interior de Alagoas e meus alunos vinham de povoados pertencentes ao município onde eu estava trabalhando. Eles eram (e são) pessoas muito simples e carentes de informação (entre outras coisas). Assim, quando me deparei com a finalidade de ensinar uma língua estrangeira percebi que estava lidando com um ambiente de fato de língua ESTRANGEIRA. Era tudo muito estranho mesmo para os que já haviam estudado inglês nos anos anteriores. Meus aprendizes estavam completamente desconfortáveis e não possuíam o mínimo de identificação com qualquer que fosse o aspecto da língua que estávamos estudando. Não conseguiam (não importava o quanto eu pedisse) nem repetir a famosa The book is on the table. 9

Não muito difícil de adivinhar e nem fácil de admitir, senti-me um pouco desnorteada. Entretanto, comecei a pensar em estratégias para aproximá-los mais da língua e deixá-los mais confortáveis, ganhando intimidade com o que estávamos estudando para que conseguissem ao menos ouvir e repetir (talvez até produzir) algo, sem rir de si mesmos ou dos outros. Para tal situação, uma das soluções que encontrei foi trazer as versões originais (em inglês) de algumas músicas que eles já ouviam em outro ritmo (forró); outra estratégia foi trazer trilhas sonoras de filmes conhecidos (como Titanic, por exemplo) ou de novelas em exibição. A TV e os vídeo clipes, nesse caso, foram valiosos recursos de mídia integrada com potencial educativo. O resultado foi positivo. Deu certo e alcancei os objetivos pretendidos. As aulas que antes eram tensas e completamente fora da realidade deles foram ficando mais tranquilas e foram aos poucos despertando interesse. Finalmente estudar inglês serviria para alguma coisa desabafo de um aluno e acho pensamento coletivo do alunado daquela escola. Aos poucos, toda a teoria e conjunto de regras de gramática e ortografia foram ganhando espaço na mente dos alunos, que passaram a querer aprender a disciplina. Daí por diante, comecei a trazer letras de músicas para trabalhar em sala, realçando aspectos ortográficos, gramaticais ou até culturais que fossem importantes para o entendimento do texto e da língua em geral, como também para a construção do conhecimento deles. Eu queria formar uma espécie de alicerce na mente deles e tinha que ser de uma forma descontraída, mas cautelosa, considerando o meu estudo sobre eles o que todo professor já deve fazer para saber como chegar ao aluno e transmitir da forma mais eficaz possível o assunto pretendido para pouco a pouco fazer com que o inglês ganhasse espaço e sentido na vida escolar deles. A princípio, a idéia e a forma de aceitação da música nas aulas foram muito positivas. Mas, mesmo encarando uma aula bem descontraída e relaxante, as letras de músicas sugeridas traziam informações demais para uma única aula. Além disso, com música a aula podia virar um tédio e ser muito cansativa se cobrasse demais dos alunos, 10

por isso, eu destacava apenas poucas coisas para que tudo acontecesse de forma gradual, buscando não cansar os alunos. Assim, destacava tópicos básicos (textos em forma de diálogos e outras letras de música) que seriam vistos em outras situações para que as experiências fossem sendo somadas e assimiladas. Às vezes destacava aspectos culturais importantes para a compreensão de informações contidas nas letras de música trabalhadas em sala de aula, visto que a música é repleta de aspectos culturais sociais, marcas de tempo e espaço que devem ser levados em conta para que o aluno seja inserido num contexto integral de uma língua estrangeira, compreendido em código e cultura (um contexto amplo de aprendizagem). As canções, como forma de expressão cultural, veiculam valores estéticos, ideológicos, morais, religiosos, lingüísticos, etc. Elas possuem, a exemplo de outras produções artísticas, as marcas do tempo e lugar da sua criação. As canções produzem zonas de inserção cultural em sala de aula, pois, quando devidamente escolhidas (a escolha das canções implica em uma veiculação cultural), se constituem também em material autêntico no ensino de EFL [English as a Foreign Language] 5 (LIMA, 2009, p. 6). Os alunos de uma língua estrangeira precisam ser inseridos em contextos de uso da língua para que a mesma não perca sua função de comunicação. Ela deve ser ensinada como uma língua viva, produto social e ideológico constituído na interação verbal (BAKHTIN, 1986). Sobre o ensino de língua estrangeira, compactuo com a idéia de Lopes (2001) de que não é necessário um domínio cultural ou colonização estrangeira, mas uma aproximação do indivíduo de uma cultura diferente da sua, sem o abandono da própria 5 ESL (English as a Second Language) refere-se ao ensino de inglês para estrangeiros que já vivem em país de língua inglesa e precisam aprimorar suas habilidades para melhor se integrarem à sociedade local. É também a sigla usada predominantemente nos Estados Unidos. EFL (English as a Foreign Language) tecnicamente refere-se ao ensino de inglês em países onde o inglês não é falado, como por exemplo o ensino de inglês no Brasil. É também a sigla usada predominantemente na Inglaterra. Hoje também já se fala muito em ESOL (English to Speakers of Other Languages), um termo mais genérico, que abrange ambos os significados: de ESL e EFL (Informação disponível em: http://www.sk.com.br/sk-perg1.html>). É como EFL que a disciplina de inglês é ensinada nas escolas públicas de Alagoas. 11

identidade cultural, levando a um melhor entendimento do próprio indivíduo em si mesmo e de sua cultura. Ainda sobre observações de aspectos culturais observados em letras de música, outras mídias também são válidas, como salientam Cullen e Sato (2000): por exemplo, vídeos, CDs, TV, historinhas, jornal, entrevistas, fotografias, Internet, leituras, informações de outros estudantes e etc. Acredito que a principal função da língua é a comunicação e é assim que a língua precisa ser entendida nas salas de aula: como meio de comunicação. Nesse caso, não dá para isolá-la de todo um contexto social e cultural importante para auxiliar nas atividades de tradução e interpretação. Além disso, estudar algo que não existe a menor possibilidade de usar em momento algum da vida parece totalmente fora do contexto educativo. Então, começar entendendo as mensagens passadas pelos artistas/poetas de outras nações dentro do próprio contexto social e cultural onde estão imersas já insere os alunos num campo de uso que deverá estar repleto de dados que facilitarão o entendimento de como se comunicar dentro daquele meio. Trabalhar aspectos culturais e/ou sociais nas letras de música é importante, mas vale lembrar que o trabalho com música vai muito mais além. São muitas as oportunidades que trabalhar com músicas nas aulas de língua estrangeira pode ofertar. Pode-se trabalhar a escuta com a pronúncia na íntegra e sem o sotaque via Brasil, a ortografia e a gramática também, com a vantagem de se ter um texto com todo um sabor diferenciado dentro do seu próprio contexto cultural lembrando que todo esse contexto pode ser indispensável para entender algumas expressões ou chegar a algumas traduções. Além disso, o aluno precisa aprender a lidar com a sua cultura e a cultura da língua que está aprendendo, cada uma com seu valor e espaço conquistados. Assim, [...] o conceito de sociedade multicultural, isto é, de diversas culturas convivendo com suas diferenças em um mesmo espaço, subsidia a noção de que o estudante de EFL deve conscientizar-se de que a socialização possibilitada pelo aprendizado do inglês lhe dará acesso a um mundo multicultural e de diversidade étnica, em que as diferenças culturais devem ser consideradas. Nessa perspectiva, o uso de canções em sala de aula deverá contemplar, por amostragem, tanto 12

quanto possível, a diversidade cultural dos povos de língua inglesa, e até mesmo canções em inglês de países não falantes do inglês (world music), para efeito de comparação (LIMA, 2009, p. 6). As possibilidades de trabalho com a música não acabam aí. Existem outras sugestões, segundo Lima (2010): completar lacunas, montar a música a partir dos versos soltos ou usar a música como fundo para que os alunos apenas relaxem ao ouvi-la ou deixem a mente imaginar o que vier, embalados pela melodia. Como visto acima, as possibilidades são variadas e aproximar os alunos dessas possibilidades é dar a eles a oportunidade de ir muito mais além de conhecer o código apenas de forma escrita e descontextualizada. Na minha experiência também ouvia os alunos pedirem para ouvir músicas enquanto copiavam algum assunto; queriam relaxar, e dava certo: se a turma estivesse muito agitada era só colocar uma música de ritmo suave que eles se acalmavam (mesmo utilizando só um mini system e um cd de música popular de ritmo calmo). Com o passar do tempo, a experiência com essa mídia cresceu e percebi que eu já estava ganhando adeptos. Meus colegas de trabalho agora seguiam a mesma estratégia como forma de tornar as aulas mais agradáveis e menos cansativas. Porém, toda essa descoberta frutífera também tinha suas limitações e suas dificuldades. Lembro que estou tratando de uma escola pública e do interior do estado de Alagoas. Daí fica fácil de imaginar: aparelho de TV, DVD e até o mini system quebrado (muito tempo para ir para o conserto e mais tempo ainda para voltar de lá). Muitas vezes dava até para esquecer como é bom trabalhar com mídias quando se passa tanto tempo sem ela. Apesar das dificuldades, o trabalho deu certo. Podia ter sido melhor, mas toda escola tem suas limitações e o resultado dessa experiência com o uso da TV e vídeo clipes de músicas foi muito satisfatório para o cumprimento de meus objetivos, por isso acho muito oportuno o uso dessas mídias em sala de aula. Graças a elas a minha realidade em sala mudou para melhor. Além de aproximar os alunos da língua e todo o contexto onde ela está inserida, deu vida a um conjunto de regras e informações que eles acreditavam ser irreais para a condição deles. Muitas vezes ouvi-os desabafar que 13

não sabiam para quê estudar inglês (mesmo com um fluxo de turistas inclusive estrangeiros que chegava com frequência à região). Acredito que hoje o discurso deles seja diferente. 5. Considerações finais: É oportuno dizer que ainda há muito que se estudar sobre o uso da TV como potencializadora de outras mídias nas salas de aula e sobre os efeitos gerais da mesma nas vidas das pessoas, mas todo cidadão e professores devem refletir sobre a necessidade de acompanhar um processo tecnológico que já foi iniciado dentro dos lares e que não é prudente deixar que evolua sem uma orientação de pais e educadores. Ressalto que mesmo para os adeptos da incorporação da TV nas aulas é coerente que esta não seja a única metodologia a ser utilizada na escola. Toda tecnologia pode ser bem vinda, entretanto, é preciso propor reflexão e crítica para que seu uso seja de fato bem aproveitado e para que seus resultados apareçam como frutos para um mundo e sociedade melhor. Nesse aspecto, pela sua versatilidade, a TV se torna um recurso fundamental, podendo ser utilizada de forma integrada a outras mídias. A experiência relatada neste artigo ressalta algumas potencialidades que o uso de vídeo clipes, via TV, pode trazer para despertar nos alunos o interesse pela aprendizagem de uma língua estrangeira, no caso aqui o inglês, tornando tal língua menos estranha à realidade em que vivem. A experiência no ensino de língua estrangeira, utilizando mídias integradas (a TV como suporte, e programada autonomamente com o uso de vídeo clipes), demonstrou como a aprendizagem pode ser parte de um processo atrativo e estimulante. Vale lembrar que os jovens e crianças de hoje têm interesses em atividades com imagens e sons. Nesse caso, o uso da TV e de vídeo clipes pode ir além de uma fonte de entretenimento; pode ser instrumento de formação e informação, que adultos e responsáveis selecionem programas e orientem seus filhos enquanto telespectadores. 14

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 3 ed. São Paulo: Hucitec, 1986. CULLEN, Brian; SATO, Kazuyoshi. Practical Techniques for Teaching Culture in the EFL Classroom. Nagoya, Japão. In: The Internet TESL Journal, v. VI, n. 12, dez. 2000. Disponível em: <http://iteslj.org/techniques/cullen-culture.html>. Acesso em: 25 mai. 2010. FERNANDES, Paola Cordeiro. A mediação da televisão nas práticas de Leitura e escrita contemporâneas. In: COSTA, Sérgio Roberto; FREITAS, Maria Teresa de Assunção (org). Leitura e escrita na formação de professores. Juiz de Fora: UFJF, 2002, Cap. 6, p. 211 226. FERRÉS, Joan. Televisão e educação. Tradução: Beatriz Affonso Neves. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. FISCHER, Rosa Bueno. O dispositivo pedagógico da mídia: modos de educar na (e pela) TV. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 28, n. 1, p. 151-162, jan./jun. 2002. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/ep/v28n1/11662.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2010. GIACOMANTONIO, Marcelo. O ensino através dos audiovisuais. Tradução: Danilo Q. Morales e Riccarda Ungar. São Paulo: Summus; EDUSP, 1981. IBGE. Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar 2009: IBGE revela hábitos, costumes e riscos vividos pelos estudantes das capitais brasileiras. Comunicação Social, 18 dez. 2009. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_ visualiza.php?id_noticia=1525>. Acesso em: 22 Mai. 2010. 15

LIMA, Luciano R. O uso de canções no ensino de inglês como língua estrangeira: a questão cultural. In: Literatura, crítica e teorias. Bahia, jan. 2009. Disponível em: < http://www2.docentes.uneb.br/lucianolima>.acesso em 25 Mai. 2010. LOPES, Luiz Paulo da Moita. Oficina de lingüística aplicada: a natureza social e educacional dos processos de ensino/aprendizagem de línguas. 3ª reimpressão. São Paulo: Mercado de Letras, 2001. NETO, Antônio Fausto. Ensinando à televisão: estratégias de recepção da TV escola. João Pessoa: EDUFPB, 2001. PARRA, Nélio; PARRA, Ivone C. da Costa. Técnicas audiovisuais da educação. 5 ed. São Paulo: Pioneira, 1985. SETZER, Valdemar W. TV e violência: um casamento perfeito. [São Paulo]. 2000. Disponível em: <http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/tveviolencia.html>. Acesso em: 25 mai. 2010. 16