BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Documentos relacionados
BuscaLegis.ccj.ufsc.br

DIREITO PENAL MILITAR

TIROS-DE-GUERRA E OS CRIMES MILITARES PRÓPRIOS, ANTIJURIDICIDADE, LACUNAS DA LEI.

Atenção tem exceção: No caso de Convenções, tratados e regras de direito internacional.

DIREITO PENAL MILITAR

SENADO FEDERAL Gabinete do Senador ROBERTO ROCHA PSB/MA PARECER Nº, DE 2016

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

DIREITO PENAL MILITAR

SENADO FEDERAL. Gabinete do Senador PEDRO CHAVES PARECER Nº, DE Relator: Senador PEDRO CHAVES

RESOLUÇÃO CFM Nº 2.130/2015

CRIMES ECONÔMICOS CRIMES DE SONEGAÇÃO FISCAL A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELO PAGAMENTO DO TRIBUTO

Lei 4630/76. Professor Rodrigo Cardoso

MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR PROCURADORIA DA JUSTIÇA MILITAR EM PORTO ALEGRE RS

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Direito Constitucional

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR Silvana Dantas Aula 01 MPU 2017 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR PROFª SILVANA DANTAS.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A EVASÃO DE DIVISAS.

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

RECOMENDAÇÃO ADMINISTRATIVA N 03/2014

TEORIA GERAL DO DELITO PROFESSOR: LEONARDO DE MORAES

SERVIÇO MILITAR - CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO PREVIDÊNCIA SOCIAL. para o efeito da aposentadoria, por segurado da previdência social.

DIREITO PENAL MILITAR

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

PRÁTICAS PROCESSUAIS AULA I. 1º Tenente PM PACHECO

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Partidos Políticos (continuação)

PARECER CREMEC Nº 21/ /07/2011

2. Distinguir Direito Penal Adjetivo de Direito Penal Substantivo

PARECER Nº, DE Vem ao exame desta Comissão o Projeto de Lei do Senado nº 218, de 2010, cuja ementa está transcrita acima.

TEMA 1: PODER EXECUTIVO

Aula 01 Cronu s concursos Estatuto da PM/RN Jardel Cléber de Araújo ESTATUTO DA PM-RN AULA 01. Jardel Cléber de Araújo.

MANDADO DE INJUNÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO - PEÇA PRÁTICA

Agravante: MINISTÉRIO PÚBLICO Agravado: FLÁVIO RODRIGUES SILVA Relator: DES. ANTONIO JOSÉ FERREIRA CARVALHO

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Dissídio Individual e Dissídio Coletivo Audiência. Conciliação. Resposta do Réu. Razões Finais Parte 1

04/06/2009 PLENÁRIO : MIN. MARCO AURÉLIO

DECRETO-LEI Nº 2.961, DE 20 DE JANEIRO DE Cria o Ministério da Aeronáutica

TST não pode contrariar normas ao definir ultratividade de acordos

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

Noções de Direito Administrativo e Constitucional

CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE. O controle de constitucionalidade difuso está presente no ordenamento jurídico

PROJETO DE LEI N.º 5.270, DE 2013 (Do Sr. Carlos Bezerra)

Direito Penal Militar

DIREITO PENAL MILITAR

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Texto extraído do SITE JUSMILITARIS PODE O MILITAR DA ATIVA PARTICIPAR DO QUADRO SOCIETÁRIO DE EMPRESA PRIVADA?

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO Aula Ministrada pelo Prof. Pedro Bonifácio 07/03/2018

CONSULTA Nº /2014

DIREITO CONSTITUCIONAL

LINDB. A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro é uma lex legum, ou seja, lei das leis.

PEDIU PRA PARAR, PAROU!

Número:

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

DIREITO CONSTITUCIONAL

CANALENERGIA. 27 de maio de 2008, Brasília

SENADO FEDERAL Gabinete do Senador Lasier Martins PARECER Nº, DE Relator: Senador LASIER MARTINS

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

A CASA DO SIMULADO DESAFIO QUESTÕES MINISSIMULADO 113/360

CURSO DE ÉTICA MÉDICA Cons. Cláudia Navarro Carvalho Duarte Lemos 1a. Secretária CRMMG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

Convenção Americana sobre Direitos Humanos. GRUPO II Direito Penal Militar TEMA:

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

EMENTA ACÓRDÃO. Ivori Luis da Silva Scheffer Relator

Prof. Manoel Messias Peixinho Fernanda A. K. Chianca

DIREITO CONSTITUCIONAL

COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS DE CONTROLADAS NO EXTERIOR: CARF DIVULGA INTERESSANTE PRECEDENTE

Nesse contexto dispõe o artigo 40, 4, inciso III, da Constituição Federal:

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

QUARTO TRABALHO ACADÊMICO INDIVIDUAL DA DISCIPLINA DIR 135

1.1 Fundamento constitucional

ORLANDO JR. DIREITO CONSTITUCIONAL

7/4/2014. Multa Qualificada. Paulo Caliendo. Multa Qualificada. Paulo Caliendo. + Sumário. Multa Qualificada. Responsabilidade dos Sócios

SOBRESTAMENTO RICARF ART. 62-A, 1º

Multa Qualificada. Paulo Caliendo. Paulo Caliendo

O crime de violação de direito autoral e o procedimento penal: equívocos e incertezas da nova Súmula 574 do STJ

A extinção da punibilidade pelo pagamento nos delitos contra a ordem tributária

DIREITO PENAL MILITAR

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

DIREITO PENAL MILITAR

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PIAUÍ NÚCLEO DAS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DA FAZENDA PÚBLICA 44ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA NOTIFICAÇÃO Nº 010/2016

Do Conselho Nacional de Justiça e Dos Tribunais e Juízes dos Estados

Nº RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº /210 ORIGEM : SÃO PAULO

ORLANDO JÚNIOR DIREITO CONSTITUCIONAL

PARECER JURÍDICO COOPERATIVAS DE CRÉDITO. EMPREGADOS. NATUREZA DA RELAÇÃO EMPREGATÍCIA. INAPLICABILIDADE DO ART. 224 DA CLT

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E COMBATE AO CRIME ORGANIZADO PROJETO DE LEI Nº 1.277, DE 2015

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO. MÓDULO II 1. Regras de competência 2. Procedimento 3. Pedidos 4. Recurso Ordinário Constitucional

1 CONCEITO DE DIREITO PENAL

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Fazenda Pública em Juízo Guilherme Kronemberg Hartmann

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

DIREITO DA NACIONALIDADE. TORRES, Hélio Darlan Martins¹ MELO, Ariane Marques de²

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO DIREITO PENAL

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ÓRGÃO ESPECIAL

DIREITO PENAL MILITAR

DIREITO CONSTITUCIONAL

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Superior Tribunal de Justiça

Transcrição:

BuscaLegis.ccj.ufsc.br Crime militar de insubmissão. ausência de tipificação - matrícula em tiro-de-guerra. ilegalidade Eliane De Azevedo Vale Ferreira* Insubmissão (CPM, art.183) Art.183. Deixar de apresentar-se o convocado à incorporação, dentro do prazo que lhe foi marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial de incorporação. (grifo nosso). Pena- impedimento, de três meses a um ano. O tema sob comento tem sido, de há muito, controvertido, pelos respeitáveis entendimentos jurisprudenciais e doutrinários- estes muito raros encontrados apenas em pareceres da douta Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Militar - surgida em 1993, com a Lei Complementar 75/93. E, ainda, em esparsos estudos a respeito. Crime propriamente militar, da espécie crime militar próprio, caracterizado por sua instantaneidade, de mera conduta, é um crime sui generis como, dentr outros, nos alerta o saudoso jurista e Ministro da Superior Corte Castrense, JOSÉ ALBERTO ROMEIRO. Trata-se, pois, de crime do maior interesse para a Justiça Militar, e que mereceu, por interpretação teleológica ou lógica, tratamento especial do legislador constituinte, ao redigir o inciso LXI, art.5º, da CF.

Por isto, insere-se entre os que tutelam o bem jurídico a ser protegido: O SERVIÇO MILITAR E O DEVER MILITAR - Título III, Livro I, Parte Especial do vigente Código Penal. Sua singularidade e importância, como se dá com o de deserção, é de tal ordem, que não admite liberdade provisória, (CPPM, art.464, 3º, com as ressalvas legais), ou sursis (CPM, art.88,ii,b e CPPM, art.617,ii,a). Pratica-o o civil convocado à incorporação. O agente a ele responde, após sua inclusão ( 2º, art.464, CPPM). A Constituição Federal, no referido inciso LXI, art.5º, recepcionou o disposto na parte final do 1º, art.463 do CPPM, o que vale dizer, sua captura independe de ordem judicial, podendo ser efetuada pela autoridade militar competente, de posse do TERMO DE INSUBMISSÃO - documento que compõe o IPI ( Instrução Provisória de Insubmissão ). INCORPORAÇÃO E MATRÍCULA O texto da lei repressiva castrense e os conceitos e definições da LEI DO SERVIÇO MILITAR - Lei n.4375, de 17.AGO.64 Norma que, conforme seu art.81, somente passou a viger aos 20.Jan..66 e seu DECRETO REGULAMENTAR (Dec.n.57.654, de 20.Jan.66), com a alterações que lhe deram os Doc. n.627, de 07.AGO.92 e Dec.n.57.654, de 20.JAN.94. Eis o ponto nodal a ser analisado e, concessa venia, esclarecido.

Para tanto, indispensável é o conhecimento técnico e/ou legal do que sejam: convocação à incorporação ou matrícula; convocação à incorporação; convocado, no caso de mobilização total ou parcial; matrícula, em suas diversas acepções. - O Decreto n.57.654, de 20.01.66, em seu art.3º, oferece os conceitos e definições dos institutos acima, numa própria interpretação autêntica. E a definição de Serviço Militar, constante do art.1º da Lei n.4375, é a mesma dada pelo Decreto 57.654, em seu art.4º. TIRO-DE-GUERRA, órgão criado por Ministro Militar, é assim definido por AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA, em seu Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 2ª Ed., Editora Nova Fronteira, l986: TIRO-DE-GUERRA - s.m., Bras. Centro de Instrução Militar e formação de reservistas do Exército, destinados aos cidadãos, que por qualquer motivo, não se incorporam às unidades e subunidades regulares(f.red:tiro.pi:tiros-de-guerra). (grifo nosso). O art.20 da LSM assim define INCORPORAÇÃO: Art.20.Incorporação, é o ato de inclusão do convocado ou voluntário em uma Organização Militar da Ativa das Forças Armadas. O Decreto Regulamentar, em seu art.3º, n.21, diz ser o ato de inclusão do convocado ou voluntário em Organização Militar da Ativa, bem como em certos Órgãos de Formação da Reserva.(grifos nossos) Aqui o legislador começa a ensejar confusão. Em verdade os Órgãos de Formação da Reserva, nada mais são do que Organizações Militares da Ativa, regularmente previstas nas Forças Armadas.

A definição de MATRÍCULA, dada pelo art.22, da LSM é clara: refere-se a estabelecimento de ensino militar da ativa ou da reserva. No 1º, quando se refere a convocados que estejam cursando o 3º grau, ou o último ano do 2º grau, deixa induvidoso que o cidadão pode estar apenas matriculado, ou, matriculado - incorporado. O caos legislativo se acentua, com a definição de MATRÍCULA, no Decreto Regulamentar no art.3º, n.25, pela péssima redação do preceito. Aqui, embora de forma confusa, o legislador quer dizer que a matrícula pode ser de dupla espécie. A PRIMEIRA é aquela em que o convocado ou voluntário é designado para um Órgão de Formação da Reserva, ao qual fique vinculado (não incorporado) para prestar serviços de forma descontínua, em horários limitados, também limitados os seus encargos àqueles necessários à sua formação, ficando, diz o Decreto, incluído no referido Órgão e matriculado, sem contudo ser incorporado. Os arts. 85 e 86 do Decreto, bem a definem. Ex.: Alunos do CPOR, EFORM, etc. A SEGUNDA espécie de matrícula, é a descrita no final do n.25, art.3 º do Decreto:...será incluído o incorporado à referida Escola, Centro, Curso, ou Órgão. Nesta hipótese, o convocado ou voluntário fica vinculado de forma permanente, independente de horário, e com os encargos inerentes às Organizações Militares da Ativa. Aqui, pois, não há, como na primeira espécie, encargos limitados, nem horários, nem períodos descontínuos. Portanto, o art.25 da LSM e o n. 7, art.3º do Decreto n.57.654, somente podem estar se dirigindo ao matriculado - convocado.

Ex.: Aspirantes a Guarda - Marinha e (EN) Cadetes das Escolas de Formação de Oficiais da Ativa (AMAN E AFA), etc. É, na 1ª hipótese, portanto, que se enquadra o TIRO-DE-GUERRA. Reiterando, a definição do n.7, art.3º, do cit. Decreto, ao se referir à convocação à incorporação ou matrícula, dirige-se à forma de recrutamento, denominada aqui de matrícula, é a segunda espécie que vimos de analisar. Ad conclusam, será insubmisso, apenas o incorporado (seja ou não por admissão, via matrícula) 2ª espécie, supra, como é de se interpretar a dicção do art.3º, em seu n.21 - interpretação restritiva. Todavia, como dissemos ao iniciar esta análise, buscando nos servir da melhor Hermenêutica, para bem Interpretarmos e postularmos,então, a boa e escorreita Aplicação da Lei, em razão da esdrúxula, repetitiva e pois, atécnica, redação das normas sub examine, até há pouco encontramos decisões judiciais e entendimentos opostos ao que aqui vimos expor, o qual passou a ser o predominante. Assim, era muito comum alguns entenderem que a LSM ou seu Decreto Regulamentar, diante, precípua e respectivamente, do art.25 e seu parágrafo único do art.3º, n.22, teriam o condão de integrar ao termo insubmisso, constante do tipo penal do art. 183, CPM. É de ficar registrado que, tal, destruiria Princípios Hermenêuticos induvidosos. Para que um tipo penal possa ser modificado, exige o Princípio da Legalidade e o da Reserva Legal, oriundos de Feuerbach e amplamente defendido e divulgado pelo jovem - maduro e corajoso Marquês de Beccaria, que lei penal expressamente assim o faça. O que inexiste, in casu.

Tais Princípios, presentes em todos os Códigos Penais Modernos dos Estados Democráticos e de Direito, são intocáveis, salvo em benefício do réu- como é de sabençapelo quanto a todos ele garante contra o abuso de autoridade, o absoluto autoritarismo, a violenta arbitrariedade da autoridade maior. Inobstante, mesmo em países assim constituídos, vê-se Chefes de Estado e de Governo a agirem, ou tentarem agir como se fossem Monarcas - Imperadores, Reis Absolutos! Outra hipótese, ao caso também não aplicável, é quando estamos diante de uma norma penal em branco - aquele que carece de ato normativo que a venha integarar. Ex.: CPM, art.290:... ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Em NORMAS INCRIMINADORAS, somente é admissível a interpretação analógica, (não analogia), quando o próprio tipo assim o diz- Ex.: CPM, art.291:...ou para quaisquer fins.... Voltando, pois, ao tipo penal do art.183, não há menção expressa à matrícula e sim, e, apenas, à INCORPORAÇÃO. Cabe, como já explicitado, admitir-se a matrícula, desde que o convocado seja incorporado. O delito de insubmissão refere-se à incorporação, que é o ato de inclusão do convocado em Organização Militar da Ativa, bem como à matrícula na 2ª espécie, suso referida. O TIRO-DE-GUERRA, grife-se, prevê a hipótese de matrícula - admissão em Órgão de Formação da Reserva. A LEI DO SERVIÇO MILITAR, em diversos dispositivos nos coloca bem a distinção entre incorporação e matrícula, cabendo ressaltar mais três dispositivos que vem reforçar a tese aqui defendida.

1º) art.23 - Os convocados de que tratam os parágrafos do artigo anterior, embora não incorporados, ficam sujeitos, durante a prestação do Serviço Militar, às atividades correlatas à manutenção da ordem interna. 2º) art.30 - São dispensados em Órgãos de incorporação os brasileiros da classe convocada: c) matriculados em Órgãos de Formação de Reserva.... 3º) art.59 - Os Órgãos de Formação de (vetado)reserva, Subunidades-quadros, TIROS-DE-GUERRA e outros se destinam, também, a atender à instrução militar dos convocados não incorporados em organizações militares da ativa das Forças Armadas... (destaque é nosso). Portanto, o matriculado em TIRO-DE-GUERRA não está descrito na conduta prevista no art.183 do CPM/69, sendo atípico seu comportamento. Não se pode, em razão do PRINCÍPIO DA LEGALIDADE, usar da analogia para punir alguém por um fato não previsto em lei, por ser este semelhante a outro por ela definido. Tal entendimento é a máxima expressão do caráter democrático do Direito Penal Moderno. O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE tem uma de suas mais importantes aplicações na TEORIA DA TIPICIDADE. Os tipos são legais, isto é, somente o legislador pode criar, suprimir e modificar. Nossa ordem jurídica participa, naturalmente, deste sistema de tipos legais. A melhor fundamentar o estudo a que vimos de proceder sobre o crime de insubmissão, passamos a transcrever o mais recente entendimento da CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR, de n.548/98, de 27.NOV.98, com orientação idêntica a que vem sendo dada pelo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL:

Ementa: MATRÍCULA em Tiro-de-Guerra é instituto diferenciado da incorporação, por ser esta ato de inclusão em Organização Militar da ativa, enquanto a Matrícula é ato de admissão em Órgão de Formação da Reserva. Atirador que presta serviço militar em Tiro-de-Guerra submete-se à disciplina militar mediante o vínculo de sua matrícula e não incorpora em tropa regular do Exército, consequentemente, não incide na tipificação do crime de insubmissão. (grifos nosso). Por derradeiro, ficam aqui alguns PRECEDENTES do EXCELSO PRETÓRIO, no mesmo sentido:.rhc n.77290/mg, decisão unânime- Relator, Ministro Octávio Gallotti, 1 Turma- publ. DJ 23.09.98 unânime; RHC n.77272/mg-relator, Ministro Sepúlveda Pertence, 1 Turma, publ. Aos 6.11.98 unânime; RHC n.77271/mg. Relator Ministro Maurício Corrêa- 2 Turma- publ. No DJ, de 13.11.98 - unânime. * Promotora da Justiça Militar, oficiando na 11ª PJM- Professora Universitária de Direito Público. Disponível em:< http://www.cesdim.org.br/temp.aspx?paginaid=129> Acesso em.: 01 out 2007