CONSTRUÇÃO DE PROPOSTAS EDUCATIVAS INTEGRADAS PARA PROMOÇÃO DA SAUDE NO CONTEXTO ESCOLAR

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Transcrição:

CONSTRUÇÃO DE PROPOSTAS EDUCATIVAS INTEGRADAS PARA PROMOÇÃO DA SAUDE NO CONTEXTO ESCOLAR Adriene Cristiane Lara 1 ; Paula Vidal Ortiz de Oliveira 2 ; Célia Maria Gomes Labegalini 3 ; Raquel Gusmao Oliveira³ RESUMO: A pesquisa teve como principal objetivo analisar as práticas educativas integradas em um Colégio Estadual de Ensino Fundamental da área de abrangência de uma UBS do município de Maringá - Paraná. Tratou-se de um estudo de natureza qualitativa, do tipo pesquisa-ação composto, portanto, da fase investigativa e fase de ação. A fase investigativa caracteriza-se pela realização de entrevista com professores e aplicação de questionário estruturado aos alunos, ambos pertencem a uma escola pública de ensino fundamental da área de abrangência de uma UBS no município de Maringá- Paraná. Na fase de ação elaboramos de forma compartilhada um plano de atividades relacionadas a promoção da saúde do adolescente. Os dados foram analisados à luz do referencial freireano. A coleta de dados foi realizada na própria instituição de ensino respeitando todos os preceitos éticos da resolução do CNS 466/12. Foram levantados três situações-limites: As relações no espaço escolar, Conceito de sexualidade reduzido e Diversidade de Fatores que interferem na qualidade de vida do adolescente, a partir das mesmas foram elencados os temas geradores que serviram de base para a construção do conteúdo programático e das estratégias educativas. O processo de educar possibilita a troca de experiências, o diálogo e a integralidade das ações se apresentam como o diferencial do trabalho. Projetos que abarquem essa perspectiva parecem ser o caminho viável para integrar universidade, serviço e escola, permitindo qualidade de vida aos adolescentes. PALAVRAS-CHAVE: Educação em Saúde; Metodologia; Promoção a Saúde. 1 INTRODUÇÃO Na sociedade brasileira os jovens fazem parte do maior grupo etário. E embora diferentes estereótipos sociais são apresentados, um novo olhar deve ser direcionado para a adolescência. (BRASIL, 2010). No entanto a vulnerabilidade dessa faixa etária frente a mortalidade e morbidade por causas externas, à saúde sexual e reprodutiva, ao uso abusivo de álcool e outras drogas, violências e outros agravos à saúde são motivos de preocupação dos serviços de saúde, sendo necessário oportunizar momentos de dialogicidade, colocando esses temas em pauta na medida em que rompe com o silêncio na temática (BRASIL, 2012). Tal cenário, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2010) deve ser lembrado durante a construção e o desenvolvimento de ações educativas, que devem buscar a emancipação, autonomia e responsabilização, atentando que a comunicação entre seus pares é a mais efetiva, e que a informação e capacitação dos adolescentes garante qualidade de vida e tem custo-benefício efetivo. A escola mostra-se como um local ideal para o desenvolvimento de ações educativas de modo que o Ministério da Saúde através do Programa Nacional da Atenção Básica (PNAB) e em conjunto com o Ministério da Educação propõe o Programa Saúde 1 Acadêmica do Curso de Enfermagem do Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR),. Bolsista do Programa de Bolsas de Iniciação Científica da UniCesumar (PROBIC). adriene.lara@hotmail.com 2 Acadêmica do Curso de Enfermagem do Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR),. paula_o_oliveira@hotmail.com 3 Enfermeira graduada pelo Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR). celia-labegalini-@hotmail.com

na Escola (PSE) que tem como principal objetivo uma atenção integral, voltada a promoção, prevenção, diagnóstico e recuperação da saúde e formação, de crianças e adolescentes do ensino público básico, no domínio das escolas e Unidades Básicas de Saúde, através de ações desenvolvidas em conjunto por profissionais de saúde e da educação (BRASIL, 2012). De acordo com Trentini et al. (2008) os profissionais de saúde, tais como o enfermeiro, possui um papel de educador no contexto da saúde, tanto para a promoção da saúde como para o cuidado dos doentes, pois cada orientação ou diálogo se trata de uma atividade educativa. Sendo assim essa pesquisa tem como objetivo investigar, elaborar propostas e educar, através da pesquisa-ação, a população dos colégios de ensino fundamental da área de abrangência de uma UBS do município de Maringá- Paraná. 2 MATERIAL E MÉTODOS O estudo possui natureza qualitativa, do tipo pesquisa-ação composto, portanto, da fase investigativa e fase de ação. A população-alvo foram alunos do Ensino Fundamental do Colégio da área de abrangência da Unidade Básica de Saúde (UBS). Sendo 1 turma de 7º ano de uma Escola Estadual, localizado no município de Maringá-Pr. A amostra foi feita por conveniência, de acordo com a disponibilização da escola. Para a contextualização do ensino, participaram também professores e profissionais de saúde. Foram utilizados entrevista não estruturada e Círculos de Cultura, além do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Utilizamos o Itinerário de pesquisa proposto pelo método Paulo Freire, cujas etapas de trabalho consistiram de: investigação temática, codificação, descodificação e desvelamento crítico (HEIDEMANN, 2006). O parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa a escola foi contatado, o projeto foi reapresentado e formalizado no início da pesquisa. Na sequência, os pais receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, para manifestarem a ciência e concordância com a pesquisa. Somente para os adolescentes cujos pais autorizaram a participação, a pesquisa foi destinada, respeitando os preceitos éticos da resolução CNS 196/96. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1 MOMENTO INVESTIGATIVO Esse momento iniciou com a inserção das pesquisadoras no campo, no qual ocorreram diversos momentos de diálogo entre os diferentes participantes. Os adolescentes com média de 14 anos, todos moram com pelo menos um dos pais e nenhum relatou ter filhos. A sala é composta por 70% de meninos e 30% de meninas. Referem à religião: 60% católico, 35% evangélico e 5% outras. Quanto a escolaridade dos progenitores, 20% dos pais possuem Ensino Médio Completo e 10% Ensino Médio Incompleto, já 10% das mães possuem Ensino Médio Completo e 20% Ensino Médio Incompleto, identificando uma leve diferença de escolaridade entre pais e mães dos adolescentes. Em relação ao estado civil, 10% dos adolescentes referem estar namorando e 5% ficando, sem apresentar diferença entre os gêneros. Quando questionados acerca de atividades laborais, percebe-se a diferença

entre os gêneros, pois 21% dos meninos já realizam atividades remuneradas, e nenhuma das meninas relatam trabalhar. As professoras que participaram da pesquisa, tem idades entre 26 e 47 anos, são católicas. Em relação ao estado civil: casada (50%) e solteira (50%), 50% possuem filhos. Sobre a escolaridade possuem pós-graduação, tendo como área de formação: Letras (50%) e Ciências Biológicas (50%), lecionam entre 2 e 30 anos, no Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante, 50% exercer atividades em mais de uma escola. A 1 a situação limite identificada foi: as relações no espaço escolar As relações no espaço escolar são vistas de diferentes formas nos resultados de professores e alunos, visto que os professores ressaltam a escola como espaço para expor sentimentos, já os adolescentes a reconhecem como espaço de aquisição de conhecimento. Quanto nossas observações percebemos que os adolescentes não reconhecem a escola como espaço de diálogo e sim de adquirir conhecimentos, no entanto eles relatam que gostariam de participar mais ativamente e quando utilizado uma metodologia ativa e horizontal os mesmos conseguiam reconhecer o espaço escolar como local de expressão e aprendizado. Outra situação limite reconhecida foi o conceito de sexualidade reduzido As falas demonstram que tanto professores como alunos possuem um conceito de sexualidade reduzido, o que significa que seus olhares se voltam apenas para aspectos biológicos, como sexo e gênero. Nas nossas observações isso fica bem claro: o conceito de sexualidade é voltado ao relacionamento homem e mulher. Outra situação limite relaciona-se a diversidade de fatores que interferem na qualidade de vida dos adolescentes A qualidade de vida é a união de diversos fatores que proporcionam equilíbrio. Envolve o bem-estar físico, mental, psicológico e emocional, além de relacionamentos sociais, com família e amigos e também a saúde e educação (BRASIL, 2010). A busca do equilíbrio entre o desejado e o possível é o que movimenta e desenvolve a capacidade de superar situações e manter-se saudável, assim, fatores como drogas, violência, gravidez na adolescência, comportamento familiar, miséria, alimentação desequilibrada, sedentarismo, educação precária e saúde inadequada, entre outros, podem influenciar o bem-estar dos adolescentes (BRASIL, 2010). 3.2 MOMENTO EDUCATIVO Os temas geradores identificados foram: 1. A escola como espaço de trabalho, diálogo e expressão; 2. O conceito de sexualidade ampliado; 3. Saúde e qualidade de vida dos adolescentes. Para estes temas desenvolvemos proposta de ações educativas, com o objetivo de dialogar sobre a temática, possibilitando empoderamento (empowerment) dessas pessoas. Para tanto, buscamos inspiração em Paulo Freire que acreditava na força do diálogo e na troca de experiências como forma de agregar conhecimentos e favorecer a

emancipação das pessoas. Uma segunda importância das estratégias educativas é a participação efetiva e ativa de todos os envolvidos (alunos, equipe pedagógica, professores e e pesquisadoras) nas atividades, tais como fotografar, dramatizar e discutir a partir da realidade vivida e encontrada, para que na sequência possa decodificá-la e reconhecê-la. Produzir saúde com adolescentes e jovens é trazê-los para o centro do processo como sujeitos de direitos (BRASIL, 2010). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O processo de educar possibilita uma troca de experiências e saberes, se desenvolvido baseado na dialogicidade, ressaltando que aquele que educa também aprende. O momento investigativo nesse estudo merece destaque na forma de inserção das pesquisadoras no campo, onde o diálogo esteve sempre presente entre os diferentes participantes, onde foi possível captar e apreender o universo e a cultura dos alunos e da escola. Os jovens ressaltam a família como local que desejam receber informações referentes a sexualidade, porém a escola foi o local onde a mesma foi recebida. Apresentavam conhecimentos frágeis sobre sexualidade e dos fatores que interferem na qualidade de vida dos adolescentes. As docentes compreendiam a escola como espaço de diálogo e expressão dos adolescentes, entretanto ressaltam um conceito de sexualidade reduzido e fatores biológicos no que se refere a qualidade de vida dos adolescentes. O momento educativo fez-se a partir dos temas geradores em que foram elaborados os subtemas e o plano de ação que foi apresentado aos professores e alunos que o avaliou e aprovou. A integralidade é vista desde a organização da proposta em conjunto com equipe pedagógica, professores, alunos e pesquisadoras, na investigação para a posterior seleção de temas, no desenvolvimento da atividade de forma continua com os conteúdos curriculares e na valorização de relações integradas com todos os envolvidos. Projetos que abarquem esta nova perspectiva parecem ser o caminho viável para integrar a universidade lócus do conhecimento -, com o serviço lócus da assistência e a escola lócus da vivência -, permitindo qualidade de vida aos adolescentes. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção em Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes nacionais para a atenção integral à saúde de adolescentes e jovens na promoção, proteção e recuperação da saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria da Atenção à Saúde. Departamento da Atenção Básica. PNAB Política Nacional da Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 31. ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 2003.

. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011. HEIDEMANN, M. Adolescência e saúde: uma visão preventiva. Para profissionais de saúde e educação. Rio de Janeiro: Vozes, 2006.