Senhora Presidente da Assembleia da República, Excelência, Senhor Primeiro Ministro, Excelência. Ilustres Deputados,

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Transcrição:

Senhora Presidente da Assembleia da República, Excelência, Senhor Primeiro Ministro, Excelência Ilustres Deputados, Senhores Membros do Conselho de Ministros, Senhores Vice-Ministros, Distintos Convidados, Minhas Senhoras e Meus Senhores, Quero manifestar o meu profundo agradecimento pela honra e privilégio de poder dirigir-me a vós, e através de vós, Digníssimos Representantes do Povo, à população Moçambicana. Uma saudação especial endereço à Sua Excelência Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da República de Moçambique, pela sua liderança pragmática e dinâmica na condução dos destinos do país. Permitam me que saude também aos trabalhadores em todas as frentes que, com o seu labor, asseguram o seu sustento e contribuem para o bem estar e crescimento do nosso belo Moçambique. 1

Agradeço as Bancadas Parlamentares pelas perguntas relativas a Administração do Trabalho, particularmente no que respeita a política salarial, emprego e controlo da legalidade, pois constituem elementos enriquecedores à nossa governação. A Bancada Parlamentar da Renamo endereça-nos uma pergunta relativa `a Política Salarial, nos seguintes termos: Qual é a base de fixação dos salários mínimos e máximos praticados em cada sector de actividade visto que o mínimo situa-se muito aquém do esforço do trabalhador e do real custo de vida no país? Antes de responder a questão em causa, gostaria de realçar a importância da matéria salarial que faz parte das questões centrais da nossa governação pois, ela relaciona- se com aspectos da vida e do bem-estar dos trabalhadores e suas famílias e da nossa populção em geral, para as quais o Governo é sensível. Permitam me, então, partilhar, de forma breve, com Vossas a trajectória do processo da fixação dos salários no nosso Mocambique independente. No período 1975 a 1987, a fixação dos salários mínimos e de todas as categorias profissionais para todas as empresas, tanto do sector público como do privado, era da responsabilidade exclusiva do Governo, pois nesse periodo tinhamos uma economia centralizada. Com a introdução do Programa de Reabilitação Económica, em 1987, foi aprovada uma nova política salarial que introduziu mecanismos flexíveis de organização do trabalho e salários, cuja implementação permitia às empresas propor os níveis salariais, de acordo com os 2

critérios estabelecidos na nova politica salarial, cabendo ao governo a sua aprovação. O processo de descentralização, iniciado na década 90, também foi acompanhado por uma abordagem de descentralização salarial em que o governo, assumindo a sua função reguladora e fiscalizadora passou apenas a fixar os salários mínimos, através de negociação salarial baseado no modelo tripartido, integrando o Governo, os Empregadores e os Sindicatos, na Comissão Consultiva de Trabalho, criada em 1994, cujo enfoque era o de trazer os parceiros sociais na promoção do diálogo e na concertação social. A determinação dos restantes salários para os demais trabalhadores das restantes categorias profissionais passou a ser da responsabilidade dos empregadores e trabalhadores, por via da negociacao, ao nível das empresas e dos diferentes sectores de actividade, mecanismo a partir do qual permitiu atender as situações específicas de cada empresa., A negociação do salário no país desenvolve-se em duas vertentes: Primeiro, na vertente do salário mínimo nacional, por sectores de actividade, que decorre na concertação social, abaixo do qual não deverá ser fixado nenhum outro; segundo, na vertente dos demais salários para as restantes categorias profissionais, resultantes da negociação colectiva que se desenvolve a nível das empresas e sectores de actividade. Assim, a negociação do salário mínimo, como dissemos anteriormente, é feita através do mecanismo tripartido, na concertação social. No entanto, referir que, como forma de atender às especificidades de cada 3

sector, as negociações para a fixação de salários mínimos por sectores de actividade é desenvolvida ao nível das equipas negociais sectoriais entre representantes de empregadores e de trabalhadores, sem interferência do Governo, onde se estabelecem consensos em relação aos salários mínimos para os oito sectores de actividade. É importante sublinhar que o pressuposto do estabelecimento do mínimo foi adoptado para criar uma baliza por forma a incentivar as empresas inseridas nos diferentes sectores de actividade a praticarem salários acima dessa faixa com base na negociação colectiva e formalizada nos acordos colectivos de trabalho. Estes pressupostos constituíram a razão fundamental para a fixação do salário mínimo, tendo sempre presente a necessidade da protecção salarial dos trabalhadores de baixos rendimento. Por isso, o Governo, na sua qualidade de regulador, tem encorajado e incentivado as empresas e os sindicatos a continuarem a negociar salários acima dos mínimos fixados, bem como a adoptar a negociação colectiva para se estabelecer salários de outras categorias profissionais e demais condições de trabalho e de emprego, que concorram para a melhoria da produção, produtividade e do bem-estar dos trabalhadores e suas famílias, pois, quando os trabalhadores de uma empresa estão satisfeitos, esta empresa tem grandes possibilidades de ter sucesso. Senhora Presidente da Assembleia da República, Excelência Distintos Deputados,. 4

É assim que, pela via da negociação tripartida e de acordos colectivos, são fixados os salários mínimos para o sector produtivo, sempre dentro dos pressupostos do crescimento económico, inflação, produtividade e competitividade, incluindo a robustez financeira das empresas nos diferentes sectores de actividade.. Reconhecemos que o salário mínimo que hoje é praticado em geral ainda não é o ideal, mas sim o possível, sendo o mesmo, reflexo do contexto económico em que vivemos e do nosso actual nível de crescimento e desenvolvimento, pois, apesar dos índices de crescimento económico que temos vindo a registar e dos rendimentos dos recursos naturais em processo de exploração, o nosso país continua a estar entre os países mais pobres do mundo e a depender da ajuda internacional. É convicção e perspectiva do Governo que a implementação das medidas previstas no Programa Quinquenal do Governo, reflectidas anualmente, no Plano Económico e Social, conduzirão à melhoria do ambiente de negócios, condição indispensável para o crescimento cada vez mais acelerado da produção global, o que permitirá reverter a situação de pobreza, melhorando paulatinamente o nível de vida dos moçambicanos. Gostaria de sublinhar que este mecanismo de fixação dos salários mínimos baseia-se num modelo democrático, natureza da governação política do nosso país, onde se procura encontrar posicoes de equilibrio e consensos entre empregadores e trabalhadores, o qual visa estabelecer parâmetros mínimos sobre os quais nenhuma entidade empregadora deve pagar abaixo destes. Por isso, o Governo, no seu papel de regulador e de fiscalizador, atento a que na economia não haja salários abaixo dos mínimos sectorialmente fixados, tem estado a inspeccionar as empresas para controlar a legalidade laboral e gostaria de exortar através de vós, Digníssimos Representantes do Povo, aos cidadãos em para geral que 5

denunciem situações anómalas que porventura estejam a ocorrer nas empresas. Senhora Presidente da Assembleia da República, Excelência Ilustres Mandatários do Povo, Minhas Senhoras e Meus Senhores. A Bancada Parlamentar da RENAMO também questiona sobre a precariedade dos contratos de trabalho. Permitam-me recordar que, nos termos do artigo 41 da Lei N 23/2007, de 1 de Agosto, Lei do Trabalho, aprovada por consenso por esta magna casa o empregador pode, em função da natureza do trabalho, celebrar com o trabalhador um contrato por tempo indeterminado, prazo certo ou incerto. O contrato de trabalho a prazo certo, nos termos do número 1 do artigo 40 da Lei de Trabalho, é celebrado por um período não superior a dois anos, podendo ser renovado apenas por duas vezes, mediante acordo das partes, sem prejuízo do regime das pequenas e médias empresas, que podem, livremente, nos primeiros dez anos, celebrar contratos a prazo certo. O legislador ao fixar o limite das renovações, nos contratos a prazo certo, pretendeu evitar o recurso abusivo a este tipo de contratos por parte das empresas, prevendo, em caso de violação do número de renovações aceites, a reversão automática para contrato por tempo indeterminado, de acordo com o disposto no número 2 do artigo 42, deste dispositivo legal. Por outro lado, ao permitir as pequenas e médias empresas, a celebração de contratos a prazo certo, nos primeiros dez anos do 6

início da actividade, tem-se por objectivo, garantir a flexibilidade das empresas na provisão de recursos humanos, aptos para as suas actividades na fase incipiente da sua constituição, estimular a produtividade e garantir mais postos de trabalho. Nos casos em que o empregador tenha por objecto tarefas de execução com duração não superior a noventa dias e para realização de tarefas temporárias, bem definidas, é também permitida a celebração de contratos a prazo certo. A título de exemplo, a execução de trabalhos não permanentes, como é o caso de actividades de sacha ou colheita na agricultura. Quanto ao contrato de trabalho a prazo incerto, segundo o artigo 44, da mesma lei, só é admitido nos casos em que não seja possível prever, com certeza, o período em que cessa a causa que o justifica. Por exemplo, na construção de uma central eléctrica em que há diversas fases do projecto, onde nem todas iniciam e terminam ao mesmo tempo, como pode ser o caso da soldadura e montagem de tanques e tubagem, que terminando a sua execução inicia uma outra fase do projecto e com outras especialidades. Qualquer das situações contratuais a que me referi anteriormente, está protegida pela Lei do Trabalho, com maior enfoque para os contratos a prazo certo. Por isso, queremos aqui sublinhar que não é permitido ao empregador que celebre com o trabalhador um contrato de trabalho a prazo certo por um período superior a seis anos. Na verdade, estas formas de contratação podem ser confundidas como sendo precárias quando elas não obedecem os ditames da lei, quer por interpretação incorreta quer por incumprimento ou ainda quando usada abusivamente, razão pela qual a Inspecção do Trabalho tem vindo a intensificar as suas acções inspectivas ao nível dos diferentes locais de trabalho. Para ilustrar, no primeiro semestre do presente ano, já foram realizadas 3.698 acções inspectivas com o objectivo de garantir a legalidade laboral. Como Governo, queremos reiterar que nas acções inspectivas também são verificadas e escrutinadas as situações contratuais dos 7

trabalhadores, em particular as do contrato com prazo certo, por se reconhecer que são os mais susceptíveis ao uso abusivo. Senhora Presidente da Assembleia da República, Excelência Digníssimos mandatários do povo, Com a vossa indulgência, passo a responder a pergunta da Bancada Parlamentar do MDM, relativa as medidas concretas estão sendo tomadas para a criação de postos de trabalho para os jovens. O Programa Quinquenal do Governo coloca a promoção de emprego, o aumento da produção, produtividade e a competitividade no cerne da governação pois, o acesso ao trabalho constitui um direito universal sendo também uma das faces da distribuição da riqueza. É assim que, inserido na busca da melhoria da empregabilidade, o Governo tem estado a implementar medidas que incentivam: O aumento da produção e produtividade em todos os sectores, destacando-se a agricultura, como por exemplo o programa da mecanização agrícola, bem como a transformação da agricultura de subsistência para a agricultura comercial para potenciar o crescimento deste sector, por ser a base da nossa economia e responsável por absorver maior mão-de-obra; O fomento da pesca artesanal, como actividade de grande relevância no sector informal da nossa economia, que também gera oportunidades de trabalho e renda, o que permite e garante a subsistência de um elevado número de famílias; O desenvolvimento da indústria extractiva, como sector âncora, que se assume veículo estruturante e dinamizador de outros sectores de actividade económica, gerando um número significativo de postos de trabalho indirectos. 8

A construção civil, especialmente as obras públicas e o abastecimento de agua, a expandirem-se por se tratar de sectores que permitem dinamizar a economia e garantir a absorção intensiva da mão-de-obra em particular, de jovens; O turismo e a indústria hoteleira dadas as potencialidades que o país nos oferece como um dos sectores que cria a sua volta uma cadeia de valores, geradores de postos de trabalho directos e indirectos; A melhoria do ambiente de negócios, através da estabilidade macroeconómica e da simplificação de procedimentos administrativos, que favorecem o surgimento e o fortalecimento das micro, pequenas e médias empresas. No âmbito das medidas activas de promoção de emprego, o Governo presta especial atenção ao aumento das oportunidades de formação profissional, distribuição de kits para o auto-emprego, aquisição e colocação de unidades móveis de formação profissional para as zonas rurais e promoção de estágios pré-profissionais como forma de melhorar a empregabilidade dos jovens que procuram o seu primeiro emprego. A par destas medidas, o Governo, no âmbito da conjugação de esforços com outros intervenientes no mercado de trabalho e, como regulador, abriu espaço para que o sector privado possa exercer a actividade de recrutamento, selecção e colocação de candidatos a emprego, por via de Agências Privadas de Emprego, que têm contribuído significativamente para dar resposta a demanda do sector empresarial. Uma outra vertente de vital importância que contribui para uma maior estabilidade e manutenção dos postos de trabalho está na definição dos perfis profissionais que, para além de conferirem uma perspectiva de evolução na carreira profissional e dos salários, vai facilitar o recrutamento, a definição, desenvolvimento de competências e a certificação profissional, por isso, o Governo aprovou recentemente o Qualificador Comum de Técnicos, Operários e Empregados. 9

Ainda no quadro das medidas adoptadas por este Governo no sentido de estimular o auto-emprego, como umas das principais linhas de orientação na promoção do emprego, foi aprovada a taxa contributiva da Segurança Social para os trabalhadores por conta própria, como sinal inequívoco de incentivo, valorização e de apoio ao auto-emprego e empreendedorismo. Distintos Mandatários do Povo, Paralelamente, o Governo tem vindo a estimular o desenvolvimento das micro e pequenas empresas, através do tratamento que lhes tem concedido no quadro da contratação de empreitadas de obras públicas, fornecimento de bens e prestação de serviços ao Estado. Para além destas intervenções e tendo em conta a natureza transversal do emprego, que é gerado pelo investimento público e privado, constitui factor de primordial importância a continuação de criação de condições que promovam e tornem o país cada vez mais atractivo ao investimento, o que pressupõe um ambiente de estabilidade politica, social e de paz laboral. Associado aos investimentos do sector privado, o Governo vai alocar recursos para diversas iniciativas que contribuirão para a promoção do emprego em cerca de: 1.5 Mil milhões de Meticais para Fundo do Desenvolvimento Distrital (FDD); 140 Milhões de Meticais para o Programa Estratégico de Redução da Pobreza Urbana (PERPU); 12 milhões de Meticais para o Fundo de Apoio a Iniciativas Juvenis (FAIJ), bem como de outros fundos dedicados a sectores específicos como a Agricultura; 10

843 milhões de Meticais para o Fundo de Desenvolvimento Agrário; 113 milhões de Meticais para o Fundo de Fomento Pesqueiro; 73 milhões de Meticais para a Promoção de Pequenas e Médias Empresas. Senhora Presidente da Assembleia da República, Excelência Digníssimos Deputados, É com a implementação deste conjunto de medidas e de outras, que conjugadas com as acções de formação profissional para 120 mil beneficiários, que se prevê, no âmbito do Plano Económico e Social para 2015, aprovado por esta Magna Casa do Povo, criar aproximadamente 300 mil postos de trabalho e até ao final do mandato, de cerca de 1.500.000 empregos, destinados fundamentalmente aos jovens Moçambicanos. Com estes esclarecimentos, Digníssimos Representantes do nosso Povo, espero ter respondido as preocupações levantadas, pelo que agradeço a preciosa atenção que me dispensaram. Ndatenda Ochukuro Kanimambo Muito Obrigada! 11