II JORNADA DA GEOGRAFIA DA UNIFAL/MG CONTEXTUALIZAÇAO E ANÁLISE DO EMPREGO DE GEOTECNOLOGIAS COMO SUBSÍDIO AO ENSINO DA DISCIPLINA DE GEOGRAFIA, AOS ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE ALFENAS/MG. DORA FRANCINE PRADO DE BRITO TERRA 1 e ERICSON HIDEKI HAYAKAWA 2 dorinhafran@yahoo.com.br, ericsongeo@yahoo.com.br 1 Acadêmica do curso de Geografia - Unifal-MG 2 Professor do curso de Geografia Unifal-MG Palavras-chave: geotecnologias, ensino, geografia, alfenas. 1.0 INTRODUÇAO A ciência geográfica atualmente conta com inúmeras tecnologias, exemplificada especialmente pelas geotecnologias. Esta é uma das principais ferramentas utilizadas na análise do espaço geográfico, e são traduzidas pelo geoprocessamento, dados de sensoriamento remoto, Sistemas de Informação Geográfica (SIG), dentre outras ferramentas que começaram a ser disseminados, sobretudo a partir da década de 1970 (Câmara et al., 1996). Estas ferramentas dinamizaram a forma de se pensar o espaço geográfico e sua complexidade. A popularização da internet também auxiliou na disseminação das geotecnologias. Exemplificada especialmente pelas imagens de satélite, as geotecnologias ampliaram o seu leque de usuários atingindo inclusive o público leigo, devido à presença de aplicativos como, por exemplo, o Google Earth, o qual introduz a qualquer pessoa um pouco do mundo das geotecnologias. No contexto do ensino escolar, estas ferramentas possuem grande potencial de utilização pelos professores de geografia, auxiliando-os no processo de ensino. A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96) preconiza que a emissão de conhecimento deve conectar o aluno as novas tecnologias, neste caso, as geotecnologias. Considerando que as novas tecnologias promoveram a formação de uma nova geração de alunos, tanto no ensino fundamental e médio, como no ensino superior, 1
principalmente devido a utilização dos recursos computacionais, deve-se avaliar e repensar os instrumentos de ensino em geografia para que os alunos possam vivenciar as potencialidades contemporâneas. Estes alunos possuem diferentes hábitos, percepções, atitudes, gostos e processos mentais, ou seja, uma nova cultura, apoiada em recursos dantes não existentes. Neste sentido, esta nova cultura em geografia pressupõe mudanças de comportamento, concepções e método de ensino. Entretanto, o ensino de Geografia no Brasil ainda está preso a um espaço comunicacional no qual a grande maioria dos docentes ainda não se comunica entre si através de tecnologia de informação. Dessa forma, o levantamento de informações acerca deste tema, em especial, das geotecnologias no ensino de geografia tornam-se importantes para a contextualização e análise da conjuntura que se encontra a emissão de conhecimento referente ao tema supracitado. Dessa forma, este trabalho visa contextualizar o emprego de geotecnologias como subsídio ao ensino da disciplina de geografia aos estudantes de Ensino Fundamental do Município de Alfenas MG. 2.0. FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA Nas últimas décadas os avanços da tecnologia condicionaram e continuam condicionando novos vieses a sociedade. Pode-se fazer um desdobramento deste fato, e atentar para a interpretação cronológica de Santos (1994). Segundo o autor supracitado, os avanços do que se pode chamar de meio técnico científico ganha impulso principalmente após a segunda guerra mundial e até a década de 1970 tem-se o período de tecnociência, ou seja, quando a ciência passa a estar ligada a técnica. No caso da ciência geográfica, o principal exemplo refere-se ao desenvolvimento das geotecnologias. Por definição, segundo Rosa (2005), as geotecnologias são o conjunto de tecnologias para coleta, processamento, análise e oferta de informação com referência geográfica. Compostas por soluções em hardware, software e peopleware, constituem poderosas ferramentas para tomada de decisão. Embora ainda concentrado ao ambiente acadêmico, as geotecnologias gradativamente devem alcançar o cotidiano do ensino fundamental e médio. A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9394/96) recomenda a utilização das novas tecnologias de informação em conjunto com demais materiais didáticos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN s, 1999) também suscitam sobre as novas tecnologias. 2
Segundo consta, os alunos devem ter acesso às diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos. Com a crescente disseminação de softwares gratuitos e demais dados relacionados às geotecnologias, além de aplicativos como o Google Earth, tem-se um amplo leque de conteúdos que poderiam ser explorados em sala de aula. Toda essa gama de informações e dados disponíveis podem ser utilizados no ensino fundamental e médio. Aliando-se atividades didático-pedagógica no ensino da Geografia a partir das geotecnologias, o conteúdo geográfico torna-se mais rico em detalhes e informações daquilo que se pretende transmitir. Neste sentido, a disciplina de geografia cumpre com um dos seus objetivos, o qual o Manual da UNESCO para o Ensino de Geografia traduz por:...a geografia não pode deixar de ser apaixonante. O aluno sente que o ajuda a compreender melhor o mundo em que vive, o papel que pode e que deveria desempenhar nele, a quantidade de tarefas que o esperam, as enormes possibilidades oferecidas pelo nosso planeta, embora nos pareça tão pequeno, desde que todos os nossos esforços se concentrem nos problemas essenciais e vitais. No ensino de Geografia, a utilização de imagens de satélite, por exemplo, permite identificar e relacionar elementos naturais e sócios econômicos presentes na paisagem tais como serras, planícies, rios, bacias hidrográficas, matas, agriculturas, industriais, cidades, acompanhando resultados e compreendendo as áreas uso e ocupação da terra (SANTOS, 2002). O uso de imagens de satélite também pode ser desdobrado na compreensão da dinâmica do processo de intervenção do homem no meio ambiente, bem como ao planejamento territorial. Ademais, o uso de geotecnologias no ensino pode dinamizar a emissão de conhecimento pelos professores e facilitar o reconhecimento pelos alunos das dinâmicas que ocorrem no espaço, o qual está em constante transformação. Com uma visão mais clara, os alunos podem interagir com mais facilidade aos conteúdos, bem como elevar o seu interesse de cumprir o seu papel de cidadão, como por exemplo, cuidando e preservando do espaço em que atua.. 4.0. METODOLOGIA 3
Os procedimentos metodológicos consistiram na coleta de informações mediante entrevista com professores e alunos e elaboração de carta-imagem do Município e sua utilização no ensino. Os questionários foram aplicados na etapa inicial do trabalho para alunos do 9 ano do ensino fundamental, alunos de cursinho e também para os respectivos professores da disciplina de geografia. A visita a escola serviu também para levantar informações da instituição, referentes principalmente a infra-estrutura presente. 5.0. RESULTADOS PARCIAIS A coleta de informações mediante entrevistas dos professores (10 no total) revela que metade dos docentes (05) encontra-se desatualizados sobre o tema geotecnologias. Os professores também não costumam utilizar a internet ou demais recursos tecnológicos, em especial as geotecnologias no ensino. Nas conversas com os professores tive oportunidade de escutar suas aflições em relação seu método de ensino, dentre eles uma professora me relatou que: já faz aproximadamente 10 anos que não leciono Geografia, e não soube responder a maioria de suas perguntas. Um professor em especial me chamou atenção, pois se mostrou muito receptivo e com vontade de ajudar e aprender e disse: trabalho com SPRING e estou digitalizando uma carta topográfica, este trabalho complementa o de Professor. Em relação aos alunos, dentre os 60 alunos (30 do 9 o ano e 30 de cursinho) entrevistados, notou-se que os mesmos possuíam um escasso conhecimento sobre o tema geotecnologias. Entretanto, os alunos mostraram-se interessados no tema, principalmente os alunos da Escola Estadual Professor Viana. Quanto aos estudantes do cursinho da Associação Fermento na Massa, notou-se que poucos alunos tinham conhecimento do tema. 6.0. CONCLUSÕES A pesquisa revela que a maioria dos docentes do ensino fundamental e médio do Município de Alfenas encontra-se desatualizado acerca das geotecnologias. Os alunos por sua vez ficam desprovidos de informações que o auxiliem não só em sua vida escolar, como na sua vida profissional. Atualmente as geotecnologias, juntamente com a nanotecnologia e biotecnologia são os três segmentos mais emergentes no mercado de trabalho, conforme artigo publicado na Revista Nature em 2005. 4
Estes resultados indicam a necessidade de projetos de extensão que viabilizem a atualização dos professores, melhorando assim a qualidade o ensino. A próxima etapa do trabalho consistirá da utilização da carta-imagem como recurso na transmissão de conhecimentos referentes aos conceitos geográficos como: organização de espaço e do território, paisagem, meio ambiente, dentre outros, e sua avaliação como recurso de ensino. 7.0. BIBLIOGRAFIAS FLORENZANO, T. G. Imagem de Satélite para Estudos Ambientais. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. INRP-MARGAIRAZ, D. A utilização de documentos na aprendizagem da História e da Geografia. 1989. p.5 Tradução de: Bittencourt Manual da Unesco para o Ensino da Geografia. Lisboa: Estampa, 1978. p. 140 PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental. Geografia. Secretaria de Educação Fundamental. Ministério da Educação. Brasília. Brasil. 1998. ROSA, R. - Sistema de Informação Geográfica. Fevereiro, 2004. Laboratório de Geoprocessamento - Universidade Federal de Uberlândia. SANTOS, M. Por uma Geografia nova: da crítica da Geografia a uma Geografia Crítica. São Paulo: Hucitec, 1980. SANTOS, V. M. N dos - O uso escolar de Dados de Sensoriamento Remoto como recurso didático pedagógico. Acesso em 06/01/2010 às 14 horas, disponível em www.inpe.br/unidades/cep/atividades/educasere. 5