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Transcrição:

Potencial repelente de plantas aromáticas e condimentares no tratamento de feijão carioca armazenado Michelle Tonini 1, Fábio Palczewski Pacheco 2, Lúcia Helena Pereira Nóbrega 3, Danielle Medina Rosa 4, Márcia Maria Mauli 4 61 1 Acadêmica do curso de Engenharia Agrícola-CCET - Unioeste, Campus de Cascavel, PR. 2 Aluno do Programa de Pós Graduação Engenharia Agrícola, nível mestrado - CCET - Unioeste, Campus de Cascavel, PR. 3 Eng. Agrônoma, Profa. Associada, Programa de Pós Graduação em Engenharia Agrícola, CCET- Unioeste, Campus de Cascavel, PR. e-mail: lhpn@unioeste.br 4 Aluna do Programa de Pós Graduação Engenharia Agrícola, nível doutorado - CCET - Unioeste, Campus de Cascavel, PR. Resumo Produtos químicos industriais que controlam pragas de armazenamento podem causar danos à saúde, necessitando a introdução de outros produtos que apresentem repelência aos insetos e reduzam perdas pós-colheita. Assim, o objetivo desta pesquisa foi avaliar a repelência ao caruncho do feijão (Zabrotes subfasciatus) pelos pós-secos: cravo, canela, manjericão, louro e alecrim utilizados no tratamento de sementes de feijão carioca armazenado, durante 210 e 240 dias. Foram realizados testes de sementes infestadas e arena de livre escolha. Utilizou-se uma testemunha e tratamento com terra de diatomáceas para comparação dos resultados. Todas as plantas testadas apresentaram efeito repelente sobre o caruncho do feijão. Palavras-chave: inseticidas botânicos, arena de livre escolha, caruncho do feijão. Introdução O feijão (Phaeseolus vulgaris L.) destaca-se nos hábitos alimentares nacionais devido à sua grande importância na dieta nutricional e na acessibilidade do produto aos brasileiros. Apesar da grande demanda, agricultores com extensa área rural resistem ao plantio devido à fragilidade da cultura, pois durante toda sua fase de desenvolvimento e após a colheita, está sujeito ao ataque de inúmeras pragas. Dentre as pragas que prejudicam a cultura do feijão, pode-se destacar o caruncho Zabrotes subfasciatus, considerado a principal praga do feijão armazenado. 468

Nas sementes, os carunchos afetam o poder germinativo, consumindo as reservas de cotilédones, e depreciam a qualidade do grão devido à presença de furos e ovos dos insetos adultos e de larvas no interior dos grãos. Confere-os ainda sabor desagradável (VIEIRA, 1983, citado por LORINI, 1999). Em decorrência dos resíduos encontrados nos grãos com o emprego de produtos químicos convencionais, e o prejuízo que acarreta ao ambiente, tem-se buscado métodos alternativos para controle do caruncho (MAZZONETTO & VENDRAMIM, 2003). Pesquisas têm demonstrado a viabilidade do uso de pós e óleos vegetais no controle de pragas de grãos armazenados, podendo causar efeitos sobre os insetos tais como repelência, distúrbios e mortalidade. Algumas plantas aromáticas são conhecidas por seu agente repelente, tais como a canela e o louro, com sabor ligeiramente amargo; o manjericão, usado sob imersão com água; o alecrim, que cultivado em hortas, protege as outras plantas, e o cravo, conhecido na culinária pelo seu aroma marcante, possui em seu composto o eugenol, comumente utilizado como antimicrobiano e antifúngico. O emprego de plantas inseticidas, principalmente na forma de pós secos, favorece especialmente o pequeno produtor, pelo menor custo, facilidade de utilização, não exigindo pessoal qualificado, e pelo fato de não afetar o ambiente. Além disso, as plantas podem ser cultivadas na propriedade, facilitando a sua utilização (MAZZONETTO & VENDRAMIM, 2003). A terra de diatomáceas (TD) é um pó inerte proveniente de algas diatomáceas fossilizadas que mata as pragas das sementes pela dessecação, sendo um inseticida, que misturado, com máquina específica, na dose de 1,0 kg t -1 de semente, irá protegê-la durante todo armazenamento (LORINI, 2003). No Brasil, a TD está registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para uso em cevada, milho, trigo, feijão e arroz (2005) é registrada também como IV pouco tóxico, quanto à classificação toxicológica e IV pouco perigoso, quanto a classificação ambiental. Tendo em vista a necessidade de pesquisar inseticidas alternativos, para minimizar impactos ao ambiente e custos ao produtor, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito controle e repelente de cravo, canela, manjericão, louro e alecrim, e o composto comercial, terra de diatomáceas, no armazenamento de sementes de feijão carioca. Material e métodos O experimento foi conduzido no Laboratório de Avaliação de Sementes e Plantas LASP - do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE - Cascavel, PR. Foram utilizados 25 kg de semente de feijão do grupo carioca armazenados em embalagens duplas de papel, as quais foram agrupadas em cinco repetições por tratamento. Os produtos vegetais frescos (louro, alecrim e manjericão) foram secos em estufa com circulação de ar, a 40 ºC, por 60 h e após este período, foram triturados, por turbólise, peneirados e misturados às sementes de feijão em bandeja plástica. A seguir, foram colocados em embalagens de 469

papel, onde permaneceram por oito meses, sem reposição do repelente. A canela e o cravo, adquiridos já moídos, foram peneirados e misturados ao feijão, assim como a terra de diatomáceas. A quantidade de cada produto aplicada foi de aproximadamente 5 g de pó, de modo a envolver as sementes o mais homogeneamente possível (PACHECO et al., 2008). A partir de 120 dias (janeiro de 2009), fez-se a primeira análise de infestação e repelência nas sementes de feijão. Sementes infestadas Foram retiradas, de cada tratamento, duas amostras aleatórias de cem sementes as quais foram colocadas em água destilada por 24 h, para embebição, em caixas gerbox. Após o período, foi feito um corte no sentido axial da semente, para visualização da deterioração do interior causada pelo inseto, sendo a semente com deterioração considerada infestada (BRASIL, 2009). Arena de livre escolha Os insetos utilizados no experimento foram provenientes do estoque da criação de Zabrotes subfasciatus do Laboratório de Análise de Sementes e Plantas do CCET - UNIOESTE, Campus Cascavel, PR. Aos 210 e 240 dias, foi montada a arena de livre escolha dispondo 5 g de sementes em cápsulas de plástico, por tratamento, estas foram distribuídas em um tabuleiro redondo, onde foram colocados no centro 6 insetos por grama de sementes (totalizando 102 insetos por repetição da arena). Após 28 dias, foi feita a contagem de insetos dentro de cada cápsula. Para a comparação entre o poder repelente dos extratos, foi utilizado o Índice de Repelência (IR) utilizado por Mazzonetto &Vendramin (2003). A fórmula utilizada foi: IR = 2G / (G + P), em que G é a porcentagem de insetos na planta teste, e P é a porcentagem de insetos na testemunha. Os valores de IR variam entre zero e dois, sendo que IR = 1 planta neutra, IR > 1 = planta atraente e IR < 1 = planta repelente. Foram utilizadas três repetições para cada período de armazenagem avaliado e as médias comparadas pelo teste de Skott-Knott a 5% de probabilidade. Resultados e discussão Pode-se observar na Tabela 1 que não houve diferença significativa entre médias percentuais de sementes infestadas. No entanto, percebe-se que os tratamentos com alecrim, canela, cravo e manjericão apresentaram controle dos insetos ao longo do tempo. 470

Tabela 1. Médias percentuais de sementes infestadas durante o armazenamento, número de insetos presentes na cápsula com o tratamento durante o teste de arena e índice de repelência das plantas aromáticas e condimentares utilizadas no tratamento de sementes. Período de armazenagem (dias) % de sementes Número de insetos Índice de Tratamentos infestadas presentes na cápsula repelência 150 180 210 240 210 240 210 240 Alecrim 0 0 0 0 8 a 4 a 0,99 0,57 Canela 0 2 0 0 4 a 9 a 0,54 0,92 Cravo 0 0 0 0 7 a 9 a 0,91 0,87 Louro 0 1 1 2 7 a 7 a 0,88 0,90 Manjericão 0 0 0 1 3 a 10 a 0,61 1,02 Terra de diatomáceas 3 1 0 0 19 b 14 b 1,38 1,18 Testemunha 0 1 2 1 9 a 9 a 1,00 1,00 Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey, quando houver diferença entre médias. Para as médias do número de insetos na cápsula com sementes tratadas no teste de arena de livre escolha, a terra de diatomáceas apresentou diferença estatística na comparação de médias, apresentando a maior média nos dois períodos de armazenagem analisados. O feijão, mesmo tratado com repelente, continua exercendo alguma atração ao Z. subfasciatus mesmo quando tratado com TD, diferente do que ocorre com outros insetos. Sitophilus zeamais e S. oryzae são repelidos pela TD, permitindo que sejam tratadas apenas as camadas superior e inferior dos grãos armazenados, evitando-se a entrada de insetos e reduzindo os custos de aplicação da TD (PINTO Jr, 1994). Para o índice de repelência pode-se observar que todas as plantas aromáticas testadas apresentaram índices inferiores ou muito próximos de 1,0 indicando efeito repelente ou neutro. Observa-se, ainda, que o índice de repelência da terra de diatomáceas foi superior a 1,0 o que indicaria que a TD seria atraente para o inseto, no entanto, como a TD adere a epicutícula do inseto diminui, assim, sua mobilidade (LORINI,2003), ou seja, a TD provocou retenção dos insetos e não atração. A planta que apresentou melhor índice de repelência foi a canela no período de 210 dias de armazenamento. No período de 240 dias de armazenagem o alecrim apresentou melhor índice de repelência. O manjericão apresentou-se como planta repelente no período de 210 dias e no período de 240 dias como planta neutra, indicando a diminuição do efeito repelente. Conclusão Nas condições em quais este experimento foi realizado, pode-se concluir que todos os tratamentos apresentaram potencial inseticida nas concentrações de 5 g por kg de sementes. Os trata- 471

mentos com alecrim, canela, cravo e manjericão apresentaram baixo nível de sementes infestadas, indicando serem possíveis inseticidas. Os tratamentos com alecrim, canela, cravo, louro e manjericão apresentaram efeito repelente na concentração de 5 g por kg de sementes, podendo ser utilizados como repelentes. Considerando que o período de armazenagem testado foi bem longo, pode-se concluir que as plantas testadas são promissoras para novas pesquisas sobre seus efeitos inseticidas. Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. - Brasília : Mapa/ACS, 2009. 399 p. FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In: 45 a Reunião Anual da Região Brasileira da Sociedade internacional de Biometria. Anais... UFSCar, São Carlos, SP, 2000. p.255-258. LORINI, I.; SIMONETTO, C.; BONATO, A.L.V. Pós inertes no controle do caruncho do feijão armazenado Acanthoscelides obtectus (Say) (Coleoptera: Bruchidae). Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2000. 6p.html. (Embrapa Trigo: Comunicado Técnico Online, 46). Disponível: http:// www.cnpt.embrapa.br/biblio/p_co46.htm LORINI, I. Manual técnico para o manejo integrado de pragas de grãos de cereais armazenados. Embrapa Trigo, Passo Fundo, p.16-20, 2003. MARCOS FILHO, J.; CÍCERO, S.M.; SILVA, W.R. Avaliação da qualidade das sementes. Piracicaba: FEALQ, 1987. 230p. MAZZONETTO, F., VENDRAMIM, J.D. Efeito de Pós de origem vegetal sobre Acanthoscelides obtectus (Say) (Coleoptera: Bruchidae) em feijão armazenado. Neotropical Entomology, Piracicaba, v. 32, n.1, p. 145-149, jan/mar. 2003. OLIVEIRA, J.V.; VENDRAMIM, J.D. Repelência de óleos essenciais e pós vegetais sobre adultos de Zabrotes subfasciatus (Boh.) (Coleoptera: Bruchidae) em sementes de feijoeiro. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v. 28, n. 3, p. 549-555, 1999. PACHECO, F.P.; NOBREGA, L.H.P.; TONINI, M.; MAULI, M.M.; ROSA, D.M.; LORIN, H.E.F. Armazenamento de sementes de feijão tratadas com inseticida natural a base de pó de flores de cinamomo (Melia azedarach). III Congresso da Academia Trinacional de Ciências. Foz do Iguaçu, PR, out 2008. PINTO JR., A.R. Uso de pós inertes no controle de insetos de grãos armazenados. 80f. Dissertação (Mestrado em Entomologia) - Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná. Curitiba PR. 1994. PINTO JR., A.R. Utilização de terra de diatomácea no controle de pragas de grãos armazenados e domissanitárias. Tese (Doutorado) Programa de Pós-Graduação em Entomologia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 1999. 472