TEORIAS POLÍTICAS MODERNAS: MAQUIAVEL, HOBBES E LOCKE (2ª SÉRIE).

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Transcrição:

TEORIAS POLÍTICAS MODERNAS: MAQUIAVEL, HOBBES E LOCKE (2ª SÉRIE). NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527) E A FUNDAÇÃO DA POLÍTICA MODERNA. Fundador da Ciência Política Moderna Distancia-se das teorias políticas da antiguidade: interligação entre política e ética. Abandona as teorias políticas medievais: política e religião. Funda uma nova concepção política: Maquiavel rompeu o vínculo de dependência entre o poder político e a autoridade religiosa, desenvolvendo uma teoria que afirma a política como superior à ética e à religião. O PRÍNCIPE: POLÊMICO. Escrito em 1513 (durante o exílio). Publicado em 1531/1532 (após a morte de Maquiavel, que se deu em 1527). Estado: acima da Igreja. Virtudes do Príncipe: não eram virtudes cristãs (bondade, justiça), mas sim relacionadas à força, qualidade de lutador, guerreiro, energia, empenho, vontade dirigida para um objetivo. FUNDAMENTOS DA OBRA (O PRÍNCIPE). Teoria Política Realista: o Estado e o governo como realmente são, e não como uma imagem utópica, perfeita. Maquiavel tem uma visão do homem de como ele é e não de como deveria ser necessariamente. Características e atitudes adotadas pelos grandes governantes do passado e do presente (erros e acertos). Observou o comportamento dos grandes governantes da sua época e a partir dessa experiência retirou alguns princípios para sua obra. Fundamenta o seu pensamento político com base na experiência política real do seu tempo. MAQUIAVEL: OS CONFLITOS SOCIAIS. Obras sobre política: O Príncipe (palavra que designa todos os governantes), escrito em 1513; Discurso Sobre a Primeira Década de Tito Lívio (Governo Republicano). Função do poder político: regular o conflito e as tensões entre os grupos sociais. Basicamente 2 grupos sociais: poderosos, ricos ou grandes (que visam dominar) e o povo (que visa não ser dominado). Na concepção de Maquiavel, o povo e os grandes formam dois grupos políticos distintos e opostos, existentes em toda cidade. ESTADO: SUPREMO CRITÉRIO POLÍTICO. Política: acima da ética e da religião. As decisões e ações políticas: visam a conservação do Estado. Teoria do poder: dois princípios básicos: legitimidade e organização. Legitimidade: saber o príncipe ser aceito pelos dominados. Organização: ter boas leis e boas armas.

CARACTERÍSTICAS DO PRÍNCIPE. Dois gêneros de combate: um, com as leis, outro, com a força. O primeiro é próprio do homem, o segundo, das bestas. Por vezes, o primeiro não basta, convém recorrer ao segundo. Príncipe: saber usar bem a besta e o homem. Príncipe: saber usar bem da besta, levando em consideração a raposa e o leão. Astúcia da Raposa: se defender dos laços (armadilhas, emboscadas), mas a raposa não sabe se defender dos lobos. A força do Leão: é necessário ser leão para amedrontar os lobos. VIRTÙ E FORTUNA. Descreve a ação do príncipe através das expressões italianas: virtù e fortuna. Virtù: virtude, no sentido grego de força, valor, qualidade de lutador e guerreiro viril. Não segundo os preceitos da moral cristã: bom e justo, verdadeiro. Príncipes de virtù: governantes especiais, capazes de realizar grandes obras e provocar mudanças na história. Ter a capacidade de perceber o jogo de forças da política, para então agir com energia a fim de conquistar e manter o poder. Fortuna: em sentido comum, significa acúmulo de bens, riqueza. Mas, este não é o sentido empregado por Maquiavel. Sua origem é a deusa romana Fortuna: representa a abundância, mas também é aquela que move a roda da sorte. Fortuna, concepção de Maquiavel: ocasião, acaso, sorte, oportunidade. Para agir bem, o príncipe não deve deixar escapar a ocasião oportuna. O ABSOLUTISMO DE THOMAS HOBBES (1588-1679): LEVIATÃ. Hobbes é o principal teórico do Absolutismo. Ele defende que nós temos boas razões para vivermos sob o julgo das leis instituídas e impostas pelo Estado: é o que temos que fazer para escapar daquela situação de miséria (Estado de Natureza). E é para nos convencer disso que Hobbes escreveu o Leviatã, como um convite à obediência civil. O ESTADO DE NATUREZA HOBBESIANO. Nesse estado de natureza não há segurança nem paz, essa situação gera insegurança, angústia e medo. Os interesses egoístas predominam e cada um torna-se um lobo para o outro: o homem é o lobo do homem (em latim, homo homini lupus). Para Hobbes, no estado de natureza reina a violência e o medo, pois impera uma luta permanente, uma guerra de todos contra todos. Não há propriedade, nem domínio, nem distinção entre o meu e o teu: só pertence a cada homem aquilo que ele é capaz de conseguir, e apenas enquanto for capaz de o conservar. Todos são iguais, não há direitos civis: não há leis que estabeleçam o direito à propriedade dos bens.

Se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo que é impossível ela ser desfrutada por ambos, eles tornam-se inimigos. SITUAÇÃO DE NATUREZA: MISÉRIA E INSEGURANÇA. Não há lugar para o trabalho: o seu fruto é incerto; Se alguém planta, semeia, constrói ou possui um lugar cômodo, espera-se que provavelmente outros venham para desapossá-lo e privá-lo, não apenas do fruto do seu trabalho, mas também da sua vida ou da sua liberdade. Por sua vez, o invasor ficará no mesmo perigo em relação aos outros. Só há um medo contínuo e perigo de morte violenta. E a vida do homem é solitária, miserável, sórdida, brutal e curta O PACTO SOCIAL E A PAZ. Para sair do Estado de Natureza, os indivíduos firmam o pacto ou contrato social. Hobbes: os homens reunidos numa multidão, pelo pacto, passam a constituir um corpo político, que se chama Estado (sociedade civil). Pacto Social: transferem o direito natural ao soberano e com isso o autorizam a transformá-lo em direito civil, garantindo a vida, a liberdade, a propriedade privada e o direito exclusivo ao uso da força e da violência, da vingança contra os crimes. Os pactos sem a espada não passam de palavras, sem força para dar segurança a ninguém. É necessário um poder comum que mantenha a todos em respeito e que dirija as suas ações para o benefício comum: e esse poder é o ESTADO. O ESTADO SOBERANO. Na concepção política de Hobbes, a soberania do Estado pode ser exercida por um só homem, um grupo de aristocratas ou uma assembleia popular. O fundamental não é o número dos governantes, mas a determinação de quem possui o poder ou a soberania. Esta pertence de modo absoluto ao Estado. Estado: poder para promulgar e aplicar as leis, definir e garantir a propriedade privada e exigir obediência incondicional dos governados. Não ferir os direitos naturais intransferíveis: o direito à vida e à paz (foi por eles que o soberano foi criado). O soberano detém a espada e a lei; os governados, a vida e a propriedade dos bens. Para Hobbes, o Estado detém poder para promulgar e aplicar as leis, definir e garantir a propriedade privada e exigir obediência incondicional dos governados. Hobbes: o soberano representa um poder que está acima dos contratantes, com direito e força suficiente para impor o cumprimento das leis e a obediência ao contrato. As vantagens do Estado Civil são expressivamente superiores às imagináveis vantagens de um estado de natureza. O LIBERALISMO POLÍTICO DE JOHN LOCKE (1632-1704). O ESTADO DE NATUREZA LOCKEANO.

No estado de natureza, todos os homens são livres e iguais, tendo todos o direito à vida, à liberdade e à propriedade. O homem, no estado de natureza, possuía razão e era refreado por sentimentos de equidade (reconhecer o direito de cada um). Estado de natureza: relativa paz, concórdia e harmonia, que inclui a boa vontade, a preservação e a assistência mútua. Só haverá desavenças por falta de um juiz imparcial que julgue os possíveis conflitos entre os indivíduos. Cada um é o juiz de sua própria casa. Para Locke, o Estado civil tem sua origem e fundamento no pacto de consentimento unânime de indivíduos livres e iguais, sendo que na escolha da forma de governo segue-se o princípio da maioria. No centro do pensamento político de Locke se encontra a defesa dos direitos naturais inalienáveis do indivíduo à vida, à liberdade e à propriedade, que devem ser garantidos e protegidos pelo Estado civil. O DIREITO NATURAL À PROPRIEDADE. Locke concebe a propriedade em dois sentidos: 1º significando o conjunto de bens móveis e imóveis (concepção usual); 2º como sendo o conjunto dos direitos naturais dos indivíduos constituídos essencialmente pela vida, pela liberdade e pelos bens em geral. Como fazer do trabalho o legitimador da propriedade privada enquanto direito natural? Argumento de Locke: Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, deu-lhe o mundo para que nele reinasse e, ao expulsá-lo do Paraíso, não lhe retirou o domínio do mundo, mas lhe disse que o teria com o suor de seu rosto. Assim, Deus instituiu, no momento da criação do mundo e do homem, o direito à propriedade privada como fruto legítimo do trabalho. Por isso, de origem divina, ela é um direito natural. Direito natural: direito à vida, à liberdade e aos bens necessários para a conservação de ambas. Esses bens são conseguidos pelo trabalho. O mundo natural é a propriedade comum de todos os homens, mas qualquer indivíduo pode apropriar-se de uma parte dele ao misturar o seu trabalho com os recursos naturais. AS FORMAS DE APROPRIAÇÃO. Locke defende que, quando a humanidade se multiplicou e a terra se tornou insuficiente para todos, foram necessárias regras para além das criadas pela lei moral ou natural. Mesmo afirmando a existência de uma paz relativa no estado de natureza, Locke adverte que a possibilidade da violação da propriedade está sempre presente. O indivíduo na ausência de leis positivas, julgamento imparcial e força coercitiva, sente-se ameaçado, então pode passar a travar uma luta contra outros indivíduos. É preciso, pois, estabelecer um poder que assegure a existência, a liberdade e a propriedade desses indivíduos. Este poder reside na sociedade civil ou política. O ESTADO CIVIL. O contrato social para Locke surge de duas características fundamentais: a confiança e o consentimento.

De fato, a sociedade civil nasce quando, para uma melhor administração da justiça, os habitantes acordam entre si para delegar esta função a determinados funcionários. Assim o governo é instituído por meio de um contrato social. Direitos inalienáveis: vida, liberdade e propriedade, que devem ser garantidos e protegidos pela sociedade civil. AS FUNÇÕES DO ESTADO. O Estado deve preservar o direito à vida, à liberdade e à propriedade. O poder político do Estado tem limites: é legítima a resistência contra os atos do governo se estes violarem as condições do pacto político. As leis devem ser expressão da vontade da assembleia e não fruto da vontade de um soberano. Para Locke a propriedade privada é um direito natural: o Estado não cria a propriedade, mas a reconhece e protege. Estado civil: origem e fundamento no pacto de consentimento unânime de indivíduos livres e iguais, sendo que na escolha da forma de governo segue-se o princípio da maioria. A DIVISÃO DOS PODERES. Na doutrina política lockeana, os poderes são divididos entre o legislativo (elabora as leis para a comunidade); e o executivo (aquele que deve fazer cumprir as leis elaboradas pelo poder legislativo). Há um terceiro poder que ele denominará de federativo: constitui-se, na realidade, em parte do poder executivo. Poder Federativo: poder que o governante possui, portanto, o executivo, de tratar das questões de ordem externa do Estado. Sendo que o poder Legislativo é superior aos demais. O PODER LEGISLATIVO. Para Locke, a preservação da propriedade originou a organização da sociedade. Locke entende que uma das principais funções do poder Legislativo é criar leis e regras para proteger a propriedade do povo. O poder Legislativo deve ter certos limites, ele não pode, por exemplo, tirar e destruir a propriedade dos cidadãos. Na concepção de Locke, o Legislativo perde o poder quando transgride as regras da sociedade.