Avaliação do perfil sociodemográfico e do estado nutricional em gestantes atendidas em uma unidade de PSF do município de Barra Mansa - rj

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Transcrição:

ARTIGOS Cadernos de Pesquisa e Extensão Vol. N. Dezembro de 200 Semestral Avaliação do perfil sociodemográfico e do estado nutricional em gestantes atendidas em uma unidade de PSF do município de Barra Mansa - rj Ludmila da Cunha MOURA Elton Bicalho de SOUZA 2 ) RESUMO: O objetivo do estudo foi realizar o levantamento do perfil sociodemográfico e do estado nutricional em gestantes atendidas no município de Barra Mansa. As gestantes foram captadas quando estavam no serviço de pré-natal em uma unidade básica de saúde da família. A amostra constituiu-se de gestantes. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário para avaliar o perfil sócio-demográfico, além da avaliação antropométrica. A classificação do estado nutricional através do IMC foi realizada de acordo com os parâmetros propostos pelo Ministério da Saúde. Em linhas gerais, as variáveis idade, peso, estatura e IMC foram analisadas segundo procedimentos clássicos de média e desvio padrão. A maioria (n = ) apresentou renda familiar de a salários mínimos. Avaliando a qualidade de vida, o estudo encontrou que todas as gestantes (n = ) não praticam nenhum tipo de exercício físico, relatam não possuir doença, porém, questionadas sobre a existência de doença familiar, a maioria (n = 7) relatou possuir determinadas doenças. Foi realizada avaliação antropométrica e da pressão arterial das gestantes e a maioria apresentou um estado nutricional pré-gestacional adequado (5,5%), e, quando avaliada a pressão arterial, apenas gestante apresentou hipertensão arterial. Conclui-se que a maioria das gestantes apresentou estado nutricional pré-gestacional adequado e ganho de peso adequado para a sua idade gestacional.. Palavras-chave: Gestação; PSF; nutrição. ABSTRACT: The objective of the study was to survey the socio-demographic profile and nutritional status in pregnancy women of Barra Mansa. The women were captured when they were in pre-natal service at the family health. The sample consisted of pregnant women. For data collection we used a questionnaire and anthropometric assessment. The classification of nutritional status by BMI was performed in accordance with the parameters proposed by the Brazilian s Ministry of health. In general, the variables: age, weight, height and BMI were analyzed according to classical mean and standard deviation. For most results (n = ) had income from to minimum wages. Assessing the quality of life, the study found that all pregnant women (n = ) did not practice any type of exercise, have not reported illness, however, questioned about the existence of familial disease, the majority (n = 7) have reported any diseases. Most of the women had a pre-pregnancy nutritional status adequate (5.5%), and in terms of blood pressure, only mother had hypertension. It is concluded that most of the women had pre-pregnancy nutritional status and adequate weight gain appropriate for their gestational.. Keywords: Pregnancy. PSF. Nutrition. Discente do curso de Nutrição do Centro Universitário de Barra Mansa UBM 2 Mestre em Nutrição Humana, Docente do Centro Universitário de Barra Mansa UBM 78

Cadernos de Pesquisa e Extensão Vol. N. Dezembro de 200 Semestral ARTIGOS Introdução Em países em desenvolvimento como o Brasil, predominam, ainda, os partos prematuros e de crianças com baixo peso ao nascer, desencadeados por más condições sociais e econômicas, infecções e um deficiente atendimento pré-natal. Os países em desenvolvimento enfrentam duas situações extremas de má nutrição: de um lado, a subnutrição e, do outro, o aumento do sobrepeso, da obesidade e das enfermidades crônicas. O Brasil, em particular, encontra-se numa fase de transição epidemiológica, com alteração no perfil de morbimortalidade populacional, na qual as doenças infecciosas e parasitárias estão dando lugar às doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade, por exemplo (BATISTA FILHO & RISSIN, 200). De acordo com Alencar & Frota (200), existem fortes evidências de que o estado nutricional pré-gestacional e durante a gestação são os principais determinantes do peso ao nascer da criança, sendo estas condições biológicas os fatores determinantes da saúde e sobrevivência do recém-nascido. O presente estudo visa avaliar o perfil sociodemográfico e o estado nutricional em gestantes atendidas no Município de Barra Mansa, Estado do Rio de Janeiro. Metodologia O presente estudo foi realizado na Unidade de Saúde da Família, localizada na cidade de Barra Mansa, Estado do Rio de Janeiro. Tratase de um estudo descritivo, em que as gestantes foram captadas quando estavam no serviço de pré-natal da unidade. Após serem esclarecidas sobre a pesquisa, as gestantes foram convidadas a participar do estudo, e as que aceitaram, assinaram um termo de consentimento. Participaram da pesquisa todas as gestantes que estavam sendo assistidas pela unidade entre os meses de outubro de 2008 a fevereiro de 2009, que atendessem aos critérios de inclusão do estudo, que foram: ser maior de 8 anos e assinatura do termo de consentimento. Foi aplicado um questionário, criado com a finalidade de conhecer o perfil da população estudada. Esta caracterização foi realizada através de variáveis como idade, renda familiar, estado marital, paridade, etc. O Índice de Massa Corporal pré-gestacional (IMCpg) foi calculado levando em consideração o peso pré-gestacional e a estatura aferida. Para as mulheres que estavam com até semanas de gestação, foi utilizado o peso atual para o cálculo do IMCpg, e, para gestantes com mais de semanas, foi utilizado o peso referido pela mesma. Para aferir o peso, foi utilizada uma balança da marca Filizola, com capacidade de 0 50kg e precisão de g, e, para a estatura, foi utilizado o antropômetro acoplado à balança. As medidas foram feitas em triplicata, para o cálculo do valor médio. A classificação do estado nutricional através do IMC foi realizada de acordo com os parâmetros propostos pelo Ministério da Saúde (SISVAN, 2008). Em linhas gerais, as variáveis idade, peso, estatura e IMC foram analisadas segundo procedimentos clássicos de média e desvio padrão. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Experimental do Centro Universitário de Barra Mansa. Resultados e discussão Ao final do período de realização do estudo, gestantes foram elegíveis a participar da pesquisa. A maioria das participantes possui casa própria (n=), vive em união (n=), possui cor de pele parda (n=7), possui 2 filhos 79

ARTIGOS Cadernos de Pesquisa e Extensão Vol. N. Dezembro de 200 Semestral (n=), está desempregada no momento (n=7), com renda familiar de a salários mínimos (n=). Com relação à escolaridade, a maioria das gestantes (n=5) possui primeiro grau incompleto, assim como os respectivos companheiros (n=). A tabela apresenta o perfil sociodemográfico das participantes. Apesar de a maioria ter apresentando uma renda familiar de a salários mínimos, este resultado ficou muito próximo da renda de apenas salário mínimo. Uma possível explicação do presente fato pode ser a baixa escolaridade, tanto da gestante quanto dos companheiros, ou pelo fato de a maioria estar desempregada. Tabela. Perfil sócio-demográfico das gestantes participantes do estudo Variável n % Moradia Casa própria Casa alugada Casa emprestada Estado marital Casada Solteira Vive em união Cor de pele Branca Parda Preta Paridade filho 2 filhos filhos ou mais Situação trabalhista Empregada Desempregada Estudando Renda familiar* salário mínimo a salários mínimos Escolaridade º grau incompleto 2º grau incompleto 2º grau completo Escolaridade do companheiro º grau incompleto º grau completo 2º grau incompleto 2º grau completo 2 7 7 5 5 2 5,5, 9, 27, 8,2 5,5 27,, 9,, 5,5 9, 27,, 9, 5,5 5,5 5,5, 8, 5,5 9, 9, 27, * Salário vigente: R$ 5,00 80

Cadernos de Pesquisa e Extensão Vol. N. Dezembro de 200 Semestral ARTIGOS Quando foi avaliada a qualidade de vida, o estudo encontrou que todas as gestantes (n=) não praticam nenhum tipo de exercício, e relataram não possuir nenhuma doença. Quando questionadas sobre a existência de doença familiar, a maioria (n=7) relatou existir determinadas doenças na família (pai, mãe, avós), conforme apresenta a figura. De acordo com Schüssel et alii, (2008), apesar de não existir um consenso sobre os benefícios da prática de exercício físico durante a gestação, alguns autores afirmam que gestantes que realizam exercícios tendem a ter diminuição de retenção de líquidos, evitam o ganho de peso excessivo e possuem uma pressão arterial melhor controlada, quando comparadas a gestantes que não praticam exercícios físicos durante a gravidez. Por outro lado, gestantes sedentárias podem apresentar problemas como hipertensão arterial, retenção exagerada de líquidos e ganho de peso excessivo (BATISTA et al., 200). Outro ponto interessante é que, apesar de não relatarem doenças, as gestantes possuem um histórico familiar repleto de diabetes mellitus e hipertensão arterial. Segundo Ortiz & Zanetti (2000) e Simonetti et al. (2005), a hipertensão e o diabetes são doenças crônicas, e um dos fatores para o surgimento desta doença é a hereditariedade. Logo, as gestantes do estudo possuem uma pré-disposição ao surgimento destas doenças. % 9% 8% 7% Não possui Diabetes Hipertensão DB + HAS Figura - Prevalência de doença familiar DB = Diabetes; HAS = Hipertensão arterial sistêmica Das avaliadas, 9 relataram que estão utilizando algum tipo de medicamento. Dentre os fármacos mais citados, ácido fólico (n=) e sulfato ferroso (n=8). Segundo Bodinski (200) e Silva & Mura (2007), estas medicações são de praxe em atendimentos pré-natal, uma vez que o ácido fólico está relacionado com a prevenção de má formação fetal, e o sulfato ferroso com a prevenção de anemia. Também foram avaliados a ingestão de álcool e o consumo de cigarro pelas gestantes. Apenas uma gestante relatou estar consumindo bebida, e uma gestante relatou o uso de cigarro regularmente. A utilização de álcool e cigarro durante a gestação é altamente não recomendada, uma vez que essas substâncias estão associadas com má formação fetal, baixo ganho de peso, dependências químicas, hipertensão arterial, cânceres, abortos, nascimentos prétermos, entre outros desfechos (SIQUEIRA et alii, 985; HORTA et alii, 997; KAUP et alii, 200; MELLO et alii, 200). As gestantes foram interrogadas sobre o número de refeições que realizam durante o dia. A maioria (n=) realiza ou mais refeições ao dia, o que é recomendado, pois evita a hipoglicemia, a plenitude gástrica, além do surgimento de náuseas e vômitos (SILVA & MURA, 2007). O estudo ressalva que o número de gestantes que realizam menos de refeições ao dia é preocupante. O presente estudo preocupou-se em investigar o planejamento e as preocupações em relação à gestação atual. Das participantes, a maioria (n=) planejou a gestação atual, e com relação a preocupações, apenas estão preocupadas com a atual situação. Segundo Piccinini et alii (200), mulheres que planejam a gravidez possuem mais chances de ter uma gestação saudável, com menos chances de intercorrências indesejadas. Foi realizada a avaliação antropométrica 8

ARTIGOS Cadernos de Pesquisa e Extensão Vol. N. Dezembro de 200 Semestral e da pressão arterial das gestantes (quadro ). Tanto em relação ao IMC pré-gestacional e o IMC no momento da entrevista.a maioria das gestantes apresentou um estado nutricional adequado (n = e n = 7, respectivamente). As figuras 2 e ilustram a distribuição do estado nutricional pré-gestacional e no momento da entrevista das participantes. Quadro. Perfil antropométrico das gestantes avaliadas Variável Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Peso pré-gestacional (kg) Peso atual (kg) Estatura (m) IMC pré-gestacional (kg/m 2 ) IMC atual (kg/m 2 ) 57,9,2,5 22,5 2, + 0,0 +, + 0,0 +,7 +,0 9 8,9,52,9,9 7,5 90,7,5 2,8 2,7 8% 27% 55% Figura 2 - Estado nutricional pré-gestacional 8% 8% Com relação ao ganho de peso gestacional até o momento da entrevista, a média de ganho foi de 5,9 kg (+ 7,7). O quadro 2 apresenta o comportamento do ganho de peso de cada gestante que participou do estudo. Quando avaliada a pressão arterial, apenas uma gestante apresentou hipertensão arterial (50 x 90 mm Hg), sendo que esta gestante se encontrava com sobrepeso. Apenas gestantes apresentaram perda de peso. Este fato pode ser explicado pelo fato de todas estarem com até semanas de gestação, pois, segundo Batista et alii (200), gestantes com até semanas de gravidez praticamente não ganham peso, pelo contrário, podem perder. % Figura - Estado nutricional no momento da entrevista Por fim, foram comparados o ganho de peso das gestantes com o ganho de peso gestacional preconizado com a literatura, e o diagnóstico do estado nutricional pré-gestacional (de acordo com o IMC pré-gestacional) com o diagnóstico nutricional no momento da entrevista (de acordo com o gráfico de IMC segundo a semana de gestação do SISVAN). Sem considerar as gestantes que estavam com menos de 82

Cadernos de Pesquisa e Extensão Vol. N. Dezembro de 200 Semestral ARTIGOS semanas, apenas uma gestante ganhou peso além do que recomendado (gestante ), e uma (gestante 9) ganhou abaixo do recomendado, conforme apresenta o quadro. Foi possível observar algumas mudanças no estado nutricional das gestantes. gestantes (gestantes, 8 e 0) que estavam fora do estado nutricional adequado conseguiram se enquadrar dentro da normalidade, e gestante (gestante ) saiu do estado de eutrofia para o sobrepeso. Também foi possível observar a passagem de um estado nutricional de eutrofia para baixo peso (gestante 9), porém, esta gestante encontrava-se com menos de semanas de gestação, sendo que esta perda de peso é comum no início da gestação. Quadro 2. Ganho de peso gestacional até o momento da entrevista Código Gestante Semana gestacional Peso (kg) prégestacional Peso (kg) no momento da entrevista Ganho de peso (kg) 2 5 7 8 9 0 ª 0ª 2ª 9ª ª 28ª 2ª ª 2ª 2ª 2ª 59, 5 5 9 7,5 59 7 5 0 0 58,5,9 79,8 8,9 90,7 7 59 58,5 7-0,8,9,8-0,,2 0 - -,5 Quadro. Comparativo da amostra das gestantes estudadas Gestante Estado nutricional pré-gestacional Ganho de peso (kg) recomendado Ganho de peso Estado nutricional no momento da entrevista 2 5 7 8 9 0 2,5-8,5-,5-,5-2,5-8 7-,5,5-7-,5,5-7-,5,5-7 -0,8,9,8-0,,2 0 - -,5 8

ARTIGOS Cadernos de Pesquisa e Extensão Vol. N. Dezembro de 200 Semestral Conclusão A assistência pré-natal e a avaliação nutricional são muito importantes para a saúde materna e fetal, uma vez que contribuem para o adequado crescimento fetal e controle do peso materno, evitando futuras intercorrências. Outrossim, a nutrição é fator fundamental para uma gestação saudável, seja assegurando aporte de macro e micronutrientes necessários para o desenvolvimento da criança, ou para assegurar o ganho de peso saudável da gestante. O estudo encontrou que a maioria das gestantes apresentou um estado nutricional pré-gestacional adequado e, quando avaliadas em relação ao estado nutricional gestacional no dia da entrevista, grande parte das gestantes manteve esta classificação, porém, ocorreram algumas mudanças significativas, ressaltando a evolução de baixo peso (pré-gestacional) para eutrofia. Apenas uma gestante apresentou hipertensão arterial, sendo esta uma prevalência muito boa, demonstrando que as gestantes avaliadas possuíam baixo risco para ocorrência de pré-eclampsia e/ou eclampsia. Em relação ao ganho de peso, a maioria obteve ganho de peso adequado quando comparado ao ganho preconizado pela literatura, concluindo assim que as gestantes atendidas estavam em conformidade, tanto em relação ao estado nutricional quanto ao ganho de peso recomendado. Por fim, espera-se que os achados encontrados no presente estudo sirvam de norte para o acompanhamento de gestantes atendidas no pré-natal, sugerindo também novos estudos, abordando outros aspectos, como alimentação, visando melhorar a qualidade de vida de gestantes em Barra Mansa. Referências: ALENCAR, Fernando Henrique; FROTA, Marcelo Oliveira. Análise de fatores sócio-econômico-culturais e ambientais relacionados com o défict ponderal de crianças ao nascimento em 999, em Manaus-AM, Brasil. Acta Amazônica, Manaus, v., n., p. -9, 200. BATISTA FILHO, Malaquias; RISSIN, Anete. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.9, suppl., p. 8-9, 200. BODINSKI, Luiz H. Dietoterapia: princípios e prática. São Paulo: Editora Atheneu, 200, 0 p. 8

Cadernos de Pesquisa e Extensão Vol. N. Dezembro de 200 Semestral ARTIGOS HORTA, Bernardo Lessa; VICTORA, Cesar Gomes; BARROS, Fernando C.; SANTOS, Iná da Silva; MENEZES, Ana M.B. Tabagismo em gestantes da área urbana da região sul do Brasil, 982-99. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v., n., p.27-25, 997. KAUP, Zuleika de Oliveira Lima; MERIGHI, Miriam Aparecida Barbosa; TSUNECHIRO, Maria Alice. Avaliação do consumo de bebida alcoólica durante a gravidez. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Rio de Janeiro, v.2, n.9, p.575-580, 200. MELLO, Paulo Roberto Bezerra de; PINTO, Gilberto Rodrigues; BOTELHO, Clovis. Influência do tabagismo na fertilidade, gestação e lactação. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v.77, n., p.257-2, 200. ORTIZ, Maria Carolina Alves; ZANETTI, Maria Lúcia. Diabetes mellitus: Fatores de risco em uma instituição de ensino na área da saúde. Revista latino-americana de enfermagem, Ribeirão Preto, v.8, n., p. 28-2, 2000. PICCININI, Cesar Augusto; GOMES, Aline Grill; MOREIRA, Lisandra Espíndula; LOPES, Rita Sobreira. Expectativas e sentimentos da gestante em relação ao seu bebê. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v.20, n., p.22-22, 200. SILVA, Sandra Maria Seabra da; MURA, Joana D`arc Pereira. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia.. ed. São Paulo: Editora Roca, 2007, 8 p. SIMONETTI, Janete Pessuto; BATISTA, Lígia; CARVALHO, Lídia Raquel. Hábitos de saúde e fatores de risco em pacientes hipertensos. Revista latino-americana de enfermagem, v.0, n., p.5-22, 2002. SIQUEIRA, Arnaldo Augusto Franco; SANTOS, Jair Licio Ferreira; SAQUETO, Claudia Garcez; LUZ, Eliane Teixeira; ARAÚJO, Maria Cecília. Estado nutricional de hábito de fumar maternos, crescimento intra-uterino e pós-natal. Revista de Saúde Pública, São Paulo, n.9, p.7-50, 985. SISVAN Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional. Orientações para a coleta e análise de dados Antropométricos em Serviços de Saúde. Disponível em: <http://www.saude.gov.br/ nutricao>, Acesso em: 9/09/2008. SCHLÜSSEL, Michael Maia; SOUZA, Elton Bicalho de; REICHENHEIM, Michael Eduardo; KAC, Gilberto. Physical activity during pregnancy and maternal-child health outcomes: a systematic literature review. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 2, p. 5-5, 2008. 85