EDUCAÇÃO, IGUALDADE E FRATERNIDADE



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Transcrição:

LD Linha Direta EDUCAÇÃO POR ESCRITO EDUCAÇÃO, IGUALDADE E FRATERNIDADE Instituição que completa 145 anos em 2015 aposta em princípios e valores cristãos para a formação de cidadãos responsáveis TECNOLOGIA Gestão e sustentabilidade ROBÓTICA SESI/MG participa de Torneio CELEBRAÇÃO Sinepe/ES realiza premiações e presta homenagens INOVAÇÃO A sala de aula invertida Gustavo Hoffmann EDUCAÇÃO Mudança de paradigma na escola Alexandre Ventura EDIÇÃO 202. ANO 18. JANEIRO 2015 GESTÃO O coaching e o planejamento estratégico Renato Casagrande

EDITORIAL Marcelo Chucre, presidente da Linha Direta Edson Dutra TRADIÇÃO E MODERNIDADE A educação clama por mudanças. Tecnologia e inovação aparecem como fatores fundamentais a serem adotados para que o ensino contemple as demandas do aluno contemporâneo. Se o tema ainda divide opiniões, devido ao receio e ao desconhecimento quanto às implicações que tais mudanças podem trazer, a tradição aparece como fator que pode conferir a credibilidade necessária para que essas alterações sejam adotadas com êxito pelas instituições. Para falar sobre esse assunto, a Linha Direta ouviu Maurício de Meneses, presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie, instituição com quase 145 anos de história, que, ao longo dos anos, se modernizou e aprimorou seus processos, tendo hoje grande relevância para a educação brasileira. A matéria de capa tem, ainda, a fala de Débora Bueno Oliveira, coordenadora do Sistema Mackenzie de Ensino, que explica de que forma a instituição buscou atualizar seus métodos para continuar sendo referência educacional no País. Esta edição traz, também, a última parte das Metas Educativas 2021, documento composto por 11 metas gerais, 28 específicas e 39 indicadores, além de seus níveis de realização. As Metas foram aqui apresentadas juntamente com a opinião de especialistas sobre a importância do documento para a construção de uma educação de qualidade na Ibero-América, nos próximos anos. Vale a pena conferir! TRADICIÓN Y MODERNIDAD La educación clama por cambios. Tecnología e innovación aparecen como factores fundamentales a ser adoptados para que la enseñanza contemple las demandas del alumno contemporáneo. Si el tema aún divide opiniones, debido al miedo al desconocimiento en cuanto a las implicaciones que tales cambios pueden traer, la tradición aparece como factor que puede conferir la credibilidad necesaria para que esas alteraciones sean adoptadas con éxito por las instituciones. Para hablar sobre este asunto, Linha Direta escuchó a Maurício de Meneses, presidente del Instituto Presbiteriano Mackenzie, institución con casi 145 años de historia, que, a lo largo de los años, se modernizó y mejoró sus procesos, teniendo hoy gran relevancia para la educación brasileña. La materia de tapa tiene, inclusive, el comentario de Débora Bueno Oliveira, coordinadora del Sistema Mackenzie de Enseñanza, que explica de qué forma la institución buscó actualizar sus métodos para continuar siendo referencia educacional en el País. Esta edición trae, también, la última parte de las Metas Educativas 2021, documento compuesto por 11 metas generales, 28 específicas y 39 indicadores, además de sus niveles de realización. Las Metas fueron aquí presentadas juntamente con la opinión de especialistas sobre la importancia del documento para la construcción de una educación de calidad en Iberoamérica, en los próximos años. Vale la pena ver! LD Linha Direta EDUCAÇÃO POR ESCRITO A Revista Linha Direta (ISSN 2176-4417) é uma publicação mensal da Linha Direta Ltda. Rua Felipe dos Santos, 825 - Conj. 305/306 - Lourdes - Belo Horizonte/MG - CEP: 30180-160 Tel.: (31) 3281-1537 atendimento@linhadireta.com.br - www.linhadireta.com.br EDIÇÃO 202 ANO 18 JANEIRO 2015 Presidente Marcelo Chucre da Costa Diretora Executiva Laila Aninger Gerente Administrativo-Financeiro Flávia Alves Passos Consultor Editorial Ryon Braga Consultor em Gestão Estratégica e Responsabilidade Social Marcelo Freitas Consultora para o Ensino Superior Maria Carmen T. Christóvão Editores Renan Costa Coelho Valéria Araújo Editor de Arte Rafael Rosa Estagiária de Jornalismo Ana Karolina Machado Estagiários de Design Gráfico Carolina Lecca Diego Felizardo Martins Revisora/Preparadora de Texto Cibele Silva Tradutores/Revisores de Espanhol Gustavo Costa Fuentes Green Word Language Services Conselho Consultivo Airton de Almeida Oliveira, Amábile Pacios, Anna Lydia Collares dos Reis Favieri Ferreira, Antônio Lúcio dos Santos, Átila Rodrigues, Benjamin Ribeiro da Silva, Bruno Eizerik, Dalton Luís de Moraes Leal, Emiro Barbini, Fátima de Mello Franco, Fátima Turano, Gabriel Mario Rodrigues, Gelson Menegatti Filho, Hermes Ferreira Figueiredo, Ignez Vieira Cabral, Ivana de Siqueira, Ivo Calado, Jacir J. Venturi, Jorge de Jesus Bernardo, José Carlos Barbieri, José Carlos Rassier, José Janguiê Bezerra Diniz, Krishnaaor Ávila Stréglio, Manoel Alves, Marco Antônio de Souza, Marcos Antônio Simi, Maria Augusta Oliveira Senna, Maria da Gloria Paim Barcellos, Maria Nilene Badeca da Costa, Miguel Luiz Detsi Neto, Odésio de Souza Medeiros, Paulo Antonio Gomes Cardim, Paulo Sérgio Machado Ribeiro, Pe. João Batista Lima, Suely Melo de Castro Menezes, Victor Maurício Nótrica Pré-Impressão e Impressão Tel.: (31) 3303-9999 Tiragem e distribuição auditada por: Tiragem: 15.000 exemplares As ideias expressas nos artigos ou matérias assinados são de responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião da Revista. Os artigos são colaborativos e podem ser reproduzidos, desde que a fonte seja citada.

CAPA Equipe Linha Direta EDUCAÇÃO, IGUALDADE E FRATERNIDADE Instituição que completa 145 anos em 2015 aposta em princípios e valores cristãos para a formação de cidadãos responsáveis Jannoon028/iStockphoto

Uma sala de aula improvisada nos cômodos de uma casa, uma turma formada por apenas três estudantes e, por fim, um ideal como motivação: educar alunos para a vida, tendo como filosofia norteadora o ideal cristão. Infraestrutura e objetivos inversamente proporcionais que deram início, em 1870, à pequena escola que, anos depois, originaria o Instituto Presbiteriano Mackenzie. A HISTÓRIA A iniciativa partiu de George Whitehill Chamberlain e Mary Annesley Chamberlain, um casal de missionários norte-americanos então recém-chegado a São Paulo e que, através da criação da escola, buscou acolher, em uma instituição em que não houvesse distinção de sexo, credo ou etnia, crianças que não tinham a oportunidade de estudar. Já no ano de 1871, foi constituída a Escola Americana, embrião do Colégio Mackenzie, que abrigava filhos de escravos e de famílias tradicionais, denotando mais uma vez o ideal integrador que seus criadores buscaram implantar na instituição. A Escola ficou conhecida pelo advogado americano John Theron Mackenzie, que, mesmo sem nunca ter vindo ao País, familiarizou-se com o ideal da instituição e deixou, em testamento, uma doação à Igreja Presbiteriana americana, para que se construísse no Brasil uma escola de engenharia. A partir daí, adotou-se o nome utilizado até hoje pela instituição: Mackenzie.

TRADIÇÃO E MODERNIDADE Passaram-se 145 anos e, desde então, a pequena escola seguiu crescendo. Hoje, o Instituto Presbiteriano Macken zie é o mantenedor dos Colégios e Universidades que carregam o mesmo nome e que contam com mais de 40 mil estudantes. Para Maurício Meneses, presidente do Instituto, o diferencial da instituição é que, mesmo com o passar dos anos e diante do crescimento observado, o ideal que motivou sua criação há um século e meio ainda se mostra como o norteador das ações adotadas. Todo o processo de ensino e aprendizagem é alicerçado em princípios e valores cristãos para a formação de cidadãos responsáveis. Esse foi o objetivo principal do casal Chamberlain ao fazer da educação um instrumento de mudança social. Meneses ressalta ainda que o nível de excelência alcançado deve-se não só à tradição galgada ao longo dos anos, como também à preocupação em manter os processos e as práticas de ensino durante esse período em constante atualização e pertinência em relação às demandas que a educação apresentou e ainda apresenta. Maurício Meneses, presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie implicação direta também no universo educacional, o investimento constante na modernização não só das práticas, mas também do espaço físico de suas instituições é outra bandeira levantada pelo Instituto. O Mackenzie é uma instituição reconhecida por sua visão empreendedora, que alia a tradição e seus quase 145 anos de história com a inovação, a visão estratégica e a expansão. Respeita suas raízes firmes nos fundamentos, mas com os olhos no futuro, em busca de oportunidades. Segundo ele, essa conjuntura oferece ao aluno a possibilidade de, durante seu processo de formação, aprender a lidar com as diferenças e com o novo, que surge a cada momento. Não podemos nos esquecer da essência, mas temos que buscar constantemente o que o mercado traz de inovação, reunindo os dois momentos de maneira harmônica, completa. Assim sendo, diante do desenvolvimento galopante da tecnologia e sua De acordo com Maurício Meneses, essa modernização acontece a partir do investimento significativo e permanente em melhorias na infraestrutura e no suporte das atividades desde a educação básica até a pós-graduação. Em todos os níveis, procuramos oferecer locais físicos adequados ao aprendizado e à qualidade no ensino, com laboratórios de ponta e estímulo aos docentes para que se adequem e se preparem com o que há de melhor na área educacional. Dessa forma, podemos ser reconhecidos como uma instituição que preza por seus valores e que coloca seus alunos e professores no mais alto patamar do mercado de trabalho, comemora o presidente, dizendo ainda que, no âmbito dos colégios, o investimento acontece na

Divulgação SISTEMA MACKENZIE DE ENSINO A missão assumida pelo Mackenzie de formar alunos-cidadãos de acordo com os preceitos da filosofia cristã motivou o Instituto a criar um sistema de ensino próprio, tendo como objetivo oferecer uma educação de qualidade aos alunos, mas sem deixar de levar em conta os ideais da instituição. Assim, foi criado o Sistema Mackenzie de Ensino (SME), que nasceu para atender aos anseios da instituição no que diz respeito não só à aplicação de um material didático de excelência acadêmica, como também a uma concepção de educação fundamentada nos valores e princípios bíblicos. Débora Bueno Muniz Oliveira, coordenadora do Sistema Mackenzie de Ensino integralidade do ensino. Ele destaca também as parcerias, como a da Texas Tech, por exemplo, que proporciona aos alunos a opção de ter diplomas oficialmente reconhecidos nos Estados Unidos e no plano internacional. Já na Universidade, é enfatizado o trabalho da reitoria na atualização e implantação dos projetos pedagógicos dos cursos de todos os programas de graduação, com o objetivo de, principalmente, adequá-los ao atual cenário do exercício profissional. No percurso da história, o Mackenzie tornou-se reconhecido pelo pioneirismo e inovação na educação, o que permitiu alcançar o posto de uma das renomadas instituições de ensino que mais contribuem para o desenvolvimento científico e acadêmico do País. Dotado de eficientes ferramentas de aproximação da teoria com a prática, está presente nas mais diversas regiões do mundo por meio de participações em congressos, eventos, cursos, projetos e pesquisas, analisa. O Sistema atende à educação infantil, aos ensinos fundamental I e II e, por fim, ao ensino médio. De acordo com Débora Bueno Muniz Oliveira, coordenadora do Sistema Mackenzie de Ensino, sua proposta educacional fundamenta-se nos pressupostos bíblicos como única fonte de visão de mundo e implica uma perspectiva peculiar das três relações fundamentais do ser humano: com Deus, com o próximo e com o mundo. A visão pedagógica do SME é a de pensar e propor estratégias de ensino que promovam a educação de um ser humano instruído em toda a sabedoria. Segundo ela, o modelo pedagógico adotado é o cognitivo-interacionista, que substitui a emancipação de matérias desvinculadas entre si e o pragmatismo de um aprendizado centrado unicamente na iniciativa do aluno por uma pedagogia que associa os saberes teóricos aos saberes práticos, bem como aos saberes éticos e morais. Esse modelo favorece o crescimento pleno do aluno, por ter como foco não apenas a aprendizagem, mas a formação integral do ser, e associa o raciocínio indutivo do conhecimento transmitido ao raciocínio dedutivo do entendimento construído, pontua. Débora acredita que, com essa visão, o material utilizado contempla aspectos essenciais das pedagogias existentes, priorizando tanto o conteúdo quanto a interação social.

Ela diz que o Sistema se expandiu para além das escolas geridas pelo Instituto e, atualmente, é adotado por mais de 200 instituições em todo o País. Para Débora, essa aceitação se dá pela riqueza de conteúdos do Sistema e seu rico material, composto por livros didáticos, manual de orientação ao professor com sugestões de procedimentos e atividades para serem aplicadas em sala de aula, materiais de apoio, entre outros itens. A coordenadora do SME revela que o Sistema utiliza também ambiente virtual como apoio aos docentes. O Sistema Mackenzie de Ensino mantém um site que, além de divulgar o material didático e a proposta pedagógica do Sistema, é também responsável pela interação com as escolas parceiras. O site disponibiliza suporte e materiais pedagógicos, artigos, atividades complementares aos conteúdos, capacitações para docentes, manuais de orientação ao professor e indicações de livros e websites para diretores, coordenadores e professores das escolas parceiras. PORTAL EDUCACIONAL Para oferecer a alunos, famílias e professores conteúdos e ferramentas que contribuam para a construção do processo educacional, o Mackenzie fechou recentemente uma parceria com o Portal EducarBrasil, visando a modernizar e adequar ainda mais suas práticas ao que pede a educação contemporânea. Para Débora Oliveira, aspectos como interatividade e participação ativa dos pais na educação dos filhos são fatores que essa parceria possibilitará. Todos sabemos da importância e da necessidade atual de interatividade entre alunos, professores e pais para melhores resultados no processo de ensino e aprendizagem. A parceria com o Portal EducarBrasil permitirá essa interação de maneira rápida, efetiva e atraente. Segundo ela, os alunos poderão pesquisar, realizar atividades, interagir com outros estudantes e com seus professores em um ambiente seguro e motivador. Os pais, por sua vez, poderão monitorar o que os filhos estão estudando, acompanhar o desenvolvimento deles e, ainda, manter-se informados e atualizados a respeito de temas relativos à educação. Jannoon028/iStockphoto Débora completa que os professores terão à sua disposição inúmeros recursos, como textos, planejamento de aulas, vídeos, notícias, além de um espaço para interação com seus pares, estimulando o intercâmbio de experiências. Por fim, diretores e coordenadores poderão acompanhar o trabalho dos professores, atualizar-se a respeito da legislação educacional, ter acesso a artigos importantes na sua área de atuação e saber das novidades sobre os mais diversos assuntos ligados à educação. Todos se beneficiarão e teremos uma enorme comunidade mackenzista interagindo e enriquecendo seu trabalho, condição essencial para alcançar a excelência educacional, encerra.

A SALA DE AULA INVERTIDA INOVAÇÃO Gustavo Hoffmann Diretor acadêmico e de EaD do Grupo Singular Educacional, que possui cinco instituições de ensino em Minas Gerais e uma fábrica de soluções digitais de aprendizagem com o Grupo A Educação O fim da hegemonia da aula expositiva no ensino superior Há cerca de três anos, eu estava participando de um seminário de inovação educacional na Universidade Harvard e ouvi de um professor que a aula expositiva seria extinta em muito pouco tempo. Foi a primeira vez que ouvi a expressão Peer Instruction, em uma aula ministrada pelo seu próprio criador, o professor Eric Mazur. A partir daí, comecei a estudar as metodologias ativas de aprendizagem, como Problem Based Learning, Project Based Learning, Team Based Learning, o próprio Peer Instruction, entre outras, que me levaram a entender por que o modelo tradicional de ensino está falido. No modelo tradicional, em que o professor faz o papel de sábio no palco (sage on the stage), e os alunos são agentes passivos do processo, um mesmo ritmo de ensino é imposto para todos, desrespeitando as individualidades inerentes ao processo de aprendizagem. Em outras palavras, estamos ensinando de uma forma que os alunos não aprendem. Acabam aprendendo algo, dada a enorme carga horária à qual são submetidos nas suas graduações, mas, definitivamente, o modelo tradicional não é o mais eficiente quando se trata de aprendizagem. CEFutcher/iStockphoto

A proposta das metodologias ativas defende que o próprio aluno seja responsável pela busca e construção do conhecimento, através de atividades que partam de situações-problema em que o conteúdo é apenas uma ferramenta que será utilizada como parte da solução. Assim, as aulas presenciais são utilizadas para a resolução de problemas, e o acesso ao conteúdo é feito em qualquer lugar, a qualquer tempo, quantas vezes o aluno quiser ou precisar. Esse conteúdo pode ser organizado e disponibilizado em ambientes virtuais de aprendizagem no formato de videoaulas, podcasts, textos, games e outros objetos de aprendizagem que facilitam o processo educacional e respeitam o ritmo de cada indivíduo. Ou seja, a aula (acesso ao conteúdo) acontece fora da sala de aula, e a lição de casa (resolução de problemas) acontece na escola. Por isso a expressão sala de aula invertida, ou flipped classroom. Uma das premissas para o êxito das metodologias ativas e da sala de aula invertida é que o aluno tenha algum tempo para acessar o conteúdo previamente. Um dos problemas da aplicação dessas metodologias no Brasil é que o aluno, com raras exceções, não dispõe de muito tempo nos horários extraclasse para acessar o conteúdo. Boa parte da solução está na utilização da oferta de até 20% da carga horária dos cursos superiores presenciais na modalidade a distância. Assim, os alunos passam a contar com janelas, nos seus horários de aula, que podem ser utilizadas para o acesso ao conteúdo, enquanto os momentos presenciais, menos frequentes, são utilizados para a aplicação de metodologias ativas. Algumas instituições brasileiras já estão fazendo isso muito bem. Recentemente, foi criado no Brasil um consórcio formado por 22 instituições de ensino superior, que contratou a Laspau (afiliada à Universidade Harvard) para a capacitação de mais de cem professores, que serão multiplicadores das metodologias ativas de aprendizagem. Hoje, no nosso grupo educacional, que faz parte do consórcio, mais de 50% dos alunos presenciais já são submetidos à inversão da sala de aula em alguma disciplina da graduação, respeitando o limite de 20% da carga horária possível de ser ofertada na modalidade EaD, e os resultados são animadores. Comparando com o modelo tradicional, os alunos submetidos às metodologias ativas alcançaram uma performance de aprendizagem até 21% superior, com mais de 90% de satisfação e uma redução de custos operacionais de até 72%. Ou seja, encontramos um modelo mais eficiente, em que o aluno aprende mais, está mais satisfeito e que ainda gera um saving importante para a instituição. Agora, queremos replicar esse modelo na nossa plataforma de EaD, que está em processo de credenciamento no MEC. Para nós, não faz o menor sentido que o aluno vá até um polo presencial para ter aulas presenciais tradicionais com tutores, muito menos que utilize os polos para assistir a videoaulas ou a teleaulas. No nosso modelo, os momentos presenciais nos polos serão utilizados para a solução de problemas, aplicando as metodologias ativas de aprendizagem. Acreditamos que o formato da EaD no Brasil oferece uma condição ideal para a aplicação do conceito de sala de aula invertida. O ensino superior brasileiro precisa se reinventar. Estamos adotando o mesmo modelo há mais de cem anos, mesmo sabendo que ele não funciona. Já temos tecnologia, já temos metodologia e já temos resultados que comprovam que é possível fazer diferente. O que ainda nos falta é iniciativa. gustavo@gheducacional.com.br

INTRATEXTO ENSINO DIFERENCIADO PARA UMA MUDANÇA DE PARADIGMA NAS ESCOLAS Alexandre Ventura Ex-vice-ministro da Educação de Portugal. Professor no Departamento de Educação da Universidade de Aveiro. Doutor em Ciências da Educação e palestrante O ensino diferenciado é, há décadas, uma espécie de unicórnio no seio da comunidade educacional em escala global. Fala-se muito e recorrentemente dele, está patente em muitos dos discursos da pedagogia e da política na área educacional, mas raramente ultrapassa o nível da desejabilidade. Todos o querem, mas poucos conseguem dar passos sustentados na sua direção. A minha perspectiva sobre o ensino é que ele consiste em um conjunto com geometria variável de elementos que se combinam harmoniosamente. Esses elementos são de ordem científica, técnica, pedagógica, didática, comunicacional, relacional e de gestão comportamental. O bom professor tem a arte de combinar sinergicamente esses elementos, colocando-os a serviço da promoção de mais e melhores aprendizagens dos seus alunos. Em termos muito pragmáticos, o ensino diferenciado consiste em uma abordagem educativa segundo a qual os professores adaptam a sua instrução em função das características dos seus alunos em sala de aula, nomeadamente no que diz respeito aos seus níveis de preparação, interesses, motivação, perfis e ritmos de aprendizagem. Nesta perspectiva, o foco de atuação do professor situa-se sempre do lado da aprendizagem, e em função dela é que se constroem e aplicam as estratégias, táticas e operacionalizações do ensino. Toda a abordagem do professor é norteada pelas características e necessidades dos alunos. A diferenciação do ensino tem que ser promovida em uma perspectiva que ultrapasse as paredes da sala de aula. Para que exista coerência, articulação e sinergia, a diferenciação deverá verificar-se ao nível da escola, em todas as salas de aula. A articulação e a partilha são indispensáveis para que se obtenha sucesso nesse domínio. Pretende-se que o professor exerça a sua atividade como um catalisador das competências de cada um dos seus alunos e que partilhe com os outros professores os seus sucessos e os seus percalços. A mais óbvia razão para diferenciar o ensino é a de que os seres humanos são diferentes. Os professores reconhecem que cada aluno é único e merece cuidados diferentes e adaptações da

CEFutcher/iStockphoto aprendizagem para atender às suas necessidades, interesses, habilidades e atitudes. O ensino diferenciado possibilita a todos os estudantes o desenvolvimento do seu potencial, independentemente de serem dotados de habilidades, de estarem na média ou de terem dificuldades de aprendizagem. Como última razão, defendemos que, pela via do ensino diferenciado, os professores terão a oportunidade de ampliar o seu conhecimento sobre como seus alunos aprendem de modo mais eficaz, eficiente e significativo. Na verdade, o investimento no ensino diferenciado propiciará alteração do modelo mental do professor sobre a aprendizagem e o seu trabalho como facilitador desse processo. A tônica passará a ser colocada ao lado da aprendizagem, não do ensino. Sem a pretensão de esgotar o assunto, é possível identificar alguns dos elementos infraestruturais para que ocorra ensino diferenciado: a) conhecer os alunos; b) compreender profundamente o currículo a trabalhar com os alunos; c) proporcionar diversos caminhos para a aprendizagem; d) estabelecer uma parceria com os alunos para que a aprendizagem ocorra; e) usar uma abordagem reflexiva e flexível em todo o processo de ensino-aprendizagem. Tendo em mente todas as vantagens enunciadas, por que motivo continua a ser tão difícil operacionalizar o ensino diferenciado nas nossas escolas? Ainda por cima depois de debater essa questão em escala global há décadas? As dificuldades de operacionalização de ensino diferenciado por parte da maioria dos professores devem-se a fatores como: a) efetiva dificuldade acrescida em adotar essa abordagem; b) deficiências dos cursos de formação inicial de pedagogia; c) debilidade da abordagem dessa temática e das correspondentes técnicas na formação continuada; d) ausência dessa prioridade ao nível da estratégia e da ação concreta de muitas das lideranças das escolas. No entanto, provavelmente o maior obstáculo à diferenciação do ensino na prática de sala de aula relaciona-se à ausência, por parte dos professores, de modelos e de estilos de ensino dentro dessa perspectiva. Na verdade, em grande medida, nós, professores, ensinamos como fomos ensinados. Construímos, de forma consciente ou não, os nossos estilos de ensino, de acordo com os exemplos dos nossos professores. Se esses modelos foram magistrais, ensi-

nando a todos como se fossem um só, é mais difícil adotar na relação pedagógica uma postura e uma ação personalizadas e diferenciadoras. Faltam, portanto, modelos inspiradores do passado que nos ajudem a adotar no presente um ensino diferenciado com nossos alunos. Em face disso, temos que construir esses modelos e apostar fortemente na identificação e na replicação de boas práticas que contribuam para inspirar os professores e para os ajudar a promover um ensino diferenciado. Não basta dizer a eles que essa diferenciação é muito vantajosa. É preciso ajudá-los a identificar e adotar as técnicas necessárias para promover esse tipo de ensino. Muitos dos professores querem avançar por essa via, mas não sabem como fazê-lo. Estão prisioneiros dos modelos de ensino de quando eram alunos, pela ausência de incentivos e pela debilidade de exemplos. Há todo um trabalho a fazer que só chegará a bom porto caso seja possível constituir uma coligação de vontades, consensualizar uma estratégia e levá-la sustentadamente à prática. Uma comunidade de aprendizagem em que existam vasos comunicantes entre as escolas, as universidades, outras instituições de pesquisa, editoras e mídia constituirá um ambiente com grande potencial para conseguir, mais rápida e sustentadamente, produzir, aperfeiçoar e disseminar modos de operacionalização de ensino diferenciado. Teremos o engenho e a arte que nos permitam com sabedoria levar essa estratégia à prática? Se conseguirmos, daremos um contributo muito substantivo para a melhoria da qualidade da educação no nosso Brasil, para que os nossos professores sintam-se realizados profissionalmente e, sobretudo, para proporcionarmos aos nossos alunos melhores aprendizagens e com maior impacto nas suas vidas pessoais e profissionais. alexandre.ventura@ua.pt PeopleImages/iStockphoto

INTRATEXTO Renato Casagrande Doutorando em Educação, mestre em Administração, licenciado em Matemática, especialista em Recursos Humanos e Gestão Educacional. Sócio-diretor da Alleanza Brasil. Presidente da Associação Brasileira de Coaching Educacional Como o coaching pode contribuir para o planejamento estratégico Meu objetivo central neste artigo é promover uma reflexão sobre um ponto que considero fundamental e muito pertinente para o atual momento das organizações educacionais. Trata-se de garantir que as pessoas envolvidas se comprometam com o plano estratégico da instituição. Há um bom tempo, venho acompanhando a angústia de muitos mantenedores e gestores educacionais no que diz respeito à dificuldade de criar uma cultura de planejamento nas suas instituições. Costumo dizer que somos mais afeitos ao fazejamento do que propriamente ao planejamento. Muitas instituições, nesse sentido, investem vultosas quantias na contratação de consultorias especializadas, gastam tempo e energia com a elaboração de planos estratégicos e, em seguida, observam que boa parte dos recursos investidos foi em vão. Muitos planos, por mais bem elaborados que tenham sido, não conseguiram sair do papel. Proponho a discussão de questões muito simples. Por que não conseguimos executar o que planejamos? Onde estamos errando? Erramos na metodologia? Erramos nos diagnósticos? Enfim, a pergunta que nos inquieta é: por que não conseguimos implementar um bom planejamento estratégico em nossas instituições educacionais? Ouso, aqui, discorrer um pouco sobre o que tenho estudado e vivenciado, na qualidade de pesquisador, gestor ou consultor responsável pela condução da elaboração do planejamento estratégico em muitas instituições de ensino. O problema maior não está no planejamento em si, mas na sua execução. E quando falamos da execução, é claro que nos reportamos às pessoas que trabalham na instituição: gestores, assessores, professores e funcionários. Mais do que elaborar um bom plano, portanto, é preciso fazer com que as pessoas assimilem a sua importância e assumam o desafio de mudar suas práticas, de modo a adotá-lo, de fato, como uma bússola norteadora na execução de suas ações na escola. Assim, acredito que o maior desafio de uma instituição educacional no processo de implementação de novas estratégias está calcado na execução. As estratégias são decididas, os objetivos e metas são acordados, os planos de ação são estruturados, no entanto não conseguem ser executados. As atividades não são feitas no tempo previsto. A rotina e o cotidiano da escola parecem ter um poder muito maior na execução do que na fase da concepção do plano. Em entrevistas com gestores, frustrados com essa realidade, tive a oportunidade de identificar que a principal causa é a falta de comprometimento das pessoas responsáveis pelos projetos delineados no plano.

O que fazer para garantir esse comprometimento? Para responder a essa pergunta, dedico-me, há muito tempo, a identificar estratégias que possam ser incorporadas no cotidiano das organizações e que consigam, assim, aumentar o comprometimento das pessoas e levar a cabo o famoso planejamento estratégico. Nesse momento, é importante lembrar que a cultura de uma instituição é fator decisivo no que se refere à garantia de sucesso da implantação de uma estratégia. Essa opinião é endossada por muitos líderes que culpam a cultura organizacional pelo fracasso das iniciativas e mudanças estratégicas propostas pela instituição. Uma estratégia que esteja em descompasso com a cultura não tem futuro. Aliás, na briga com a estratégia, a cultura sempre vence. Peshkova/iStockphoto Como sabemos, a cultura é o sistema de crenças e valores dentro do qual as primeiras são pressupostos básicos, concebidos como verdade pelos membros de uma organização. Os valores, por sua vez, são consequência das crenças e, portanto, adotados como orientadores das ações ou comportamentos das pessoas nas organizações. Logo, se não formos capazes de desafiar essas crenças e esses valores, teremos grandes dificuldades de mudar o modus operandi que determina o trabalho dos colaboradores na organização. A propósito, convém lembrar o que disse, certa vez, Millôr Fernandes: a verdade é tudo o que vem a favor do que eu acredito. Se não questionarmos, com rigor, o que os membros da instituição têm como verdade, será difícil convencê-los a abraçar novas estratégias e adotar caminhos diferentes. Vamos, mais uma vez, nadar, nadar e morrer na praia.

Peshkova/iStockphoto No meu livro Valores organizacionales: un análisis en el contexto educativo, publicado pela IIPE Unesco, de Buenos Aires, escrevo sobre os resultados de uma pesquisa que fiz sobre os aspectos culturais no setor educacional, os quais se constituem, muitas vezes, em fatores impeditivos e de resistência para a promoção de mudanças nas organizações educacionais. Nessa pesquisa, encontrei elementos suficientes para afirmar que o comportamento dos membros da organização é que constitui o fator de maior resistência para a implementação de estratégias bem-sucedidas nas instituições educacionais. Em estudos que fiz após essa pesquisa, encontrei nas metodologias de coaching, especialmente aquelas desenvolvidas para o setor educacional, um caminho que parece bastante eficaz para enfrentar esse problema e, assim, conseguir a promoção de mudanças comportamentais nas pessoas que compõem a equipe responsável pela execução do plano estratégico. De que forma o coaching pode contribuir para essas questões? Ele serve como um desafiador, um estimulador para que as pessoas se disponham a mudar seus hábitos e adotar novos modelos de execução das suas atividades baseados no projeto estratégico da instituição. Ao incitar questionamentos e levar os membros da organização a reflexões mais profundas, o coaching, quando bem aplicado, pode mudar, em parte, a mentalidade das pessoas sobre o seu verdadeiro papel na instituição. Portanto, observo ter sido benéfico implantar um programa de coaching em equipe como a primeira fase no processo de plano estratégico. É durante esse programa que se consegue, na maioria dos casos, sensibilizar as pessoas envolvidas nesse processo de planejamento. Discute-se, nessa fase, a necessidade de romper condutas automatizadas e atenuar a tendência de as pessoas agirem conforme uma mentalidade preestabelecida. Questionam-se o poder da mentalidade e o modo como as pessoas fazem suas escolhas na vida pessoal e na instituição em que trabalham. Para que a metodologia de coaching realmente contribua para alavancar o comprometimento dos membros da organização, é fundamental recorrer a ferramentas específicas que permitam a participação efetiva das pessoas na construção da nova mentalidade. renato@renatocasagrande.com

tumpikuja/istockphoto TECIDO Gestão e sustentabilidade Equipe TOTVS Unisal adota soluções TOTVS para centralização da gestão em um único sistema, visando a garantir mobilidade e segurança da informação Uma das principais instituições de ensino do País, o Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal) atua em diversas cidades do estado paulista desde 1997. Nos últimos três anos, a instituição investiu em tecnologia para estruturar seu crescimento e obteve ótimos resultados, com um aumento significativo em seu quadro de alunos. Dentre as novidades, destaca-se o recém-adotado Sistema de Gestão TOTVS. Nosso crescimento nesses últimos anos ultrapassou 50% no número de alunos, e somente com um sistema integrado e moderno como o da TOTVS conseguimos, em um prazo tão curto, gerir essa expansão e nos capacitar para manter esse nível de crescimento, diz Nilson Leis, pró-reitor administrativo do Unisal. Ao todo, oito unidades e aproximadamente 900 colaboradores, entre docentes e técnicos administrativos, são usuários das soluções TOTVS.

O Unisal conta com a TOTVS desde 1998, quando implementou a solução especialista em educação completa, automatizando processos de matrícula e rematrícula, controle de frequência, montagem de grades curriculares, expedição de diplomas e processo seletivo. Com isso, foi possível disponibilizar um portal para acesso de alunos e professores com histórico de notas e faltas, materiais de aula, informações gerais e requerimentos online. O portal também é integrado com o módulo de Recursos Humanos, que analisa e calcula diretamente na folha de pagamento as horas de aulas dos professores, eliminando erros e retrabalho. A partir de 2010, a instituição aprimorou ainda mais sua gestão, adotando os módulos de back office e operando 100% no ERP da companhia. Todos os processos (financeiro, contábil, fiscal, patrimonial, faturamento, contratos, planejamento, de compras e controle orçamentário, entre outros), foram agregados à solução em uso. A otimização dos recursos, obtida especialmente com o controle de inadimplência e a retenção de alunos, fez com que o próximo passo viesse de forma natural. Um ano depois, toda a solução passou a ficar hospedada no Data Center da TOTVS, o que permitiu a centralização e integração de todas as unidades do Unisal, além de mais agilidade e segurança para as informações do grupo. Decidimos pela unificação de forma colegiada, analisando vários sistemas existentes no mercado e optando por aquele com maior aderência e aprovação dos usuários. Além disso, contou muito a relação de parceria e qualidade do atendimento, conta o pró-reitor. Atualmente, mais uma inovação está sendo disponibilizada. O portal web, voltado a alunos e professores, poderá ser acessado através de dispositivos móveis, conferindo agilidade e tornando dinâmica a visualização de tudo o que envolve as rotinas acadêmicas. Como a ferramenta é 100% integrada ao software de gestão TOTVS para o segmento educacional, todas as informações recebidas são automaticamente repassadas ao ERP, garantindo uma comunicação perfeita e totalmente segura quanto aos dados gerados. istockfinland/istockphoto A TOTVS investe para estar sempre à frente das necessidades dos seus clientes e das novas gerações que, irremediavelmente, acabam passando por instituições de ensino. Ver tudo isso colocado em prática com tamanho sucesso é um privilégio para nós, afirma William Oliveira, CEO da TOTVS Interior Paulista. Hoje, o Centro Universitário conta com 40 cursos na graduação e mais de 130 na pós-graduação stricto sensu, incluindo mestrado em Educação e Direito. Dentre os cursos mais procurados estão direito, engenharias, administração e psicologia. Porém, anualmente, a instituição avalia as necessidades e demandas existentes e oferece novos cursos à comunidade. O Unisal também atua como entidade filantrópica e concede hoje mais de R$ 20 milhões anuais em bolsas de estudo e para assistência social. Encontramos na TOTVS um parceiro de negócios que nos ajuda a continuar oferecendo ensino de qualidade através da tecnologia e aperfeiçoamento constante dos seus produtos, conclui Leis. www.totvs.com

PRÓ-TEXTO Ciência, tecnologia E ALEGRIA Anete Maria de Oliveira Analista de Projetos Educacionais do SESI/MG Competição amigável e troca de conhecimentos marcam o início da segunda edição do Torneio Internacional FLL de Robótica Nos meses de novembro e dezembro, várias escolas do SESI no Brasil realizaram o II Torneio Internacional FLL de Robótica. A competição é realizada em parceria com o Grupo LEGO e a organização americana FIRST (For Inspiration and Recognition of Science and Technology). A disputa propõe que estudantes sejam apresentados ao mundo da ciência e da tecnologia de forma divertida, por meio da construção de robôs feitos inteiramente com peças LEGO e programados com a tecnologia LEGO Mindstorms. Como operador nacional do Torneio Fisrt Lego League, o SESI abre as portas de suas escolas para receber crianças e adolescentes de 9 a 16 anos de escolas públicas, particulares e times de garagem. Todas as equipes chegam com muita alegria e compartilhando conhecimentos. A competição é alicerçada por valores da FIRST, que precisam ser praticados por todos os participantes: Somos uma equipe. Nós trabalhamos para encontrar soluções com a orientação de nossos técnicos e mentores. Nós honramos o espírito de competição amigável. Nós exibimos Gracious Professionalism em tudo que fazemos. O que descobrimos é mais importante do que o que ganhamos. Nós sabemos que nossos treinadores e mentores não têm todas as respostas, nós aprendemos juntos. Nós nos divertimos. A cada ano é escolhido pela organização internacional um tema, ao qual os participantes devem direcionar sua atenção e energia a fim de realizar um projeto de pesquisa que busca a solução de um problema da comunidade. No desafio FLL WORLD CLASS, as equipes redefinem os modos como o conhecimento e as habilidades para o século XXI são adquiridos. Em 2014, as equipes escolheram um tema de seu interesse e criaram uma solução inovadora que aperfeiçoa a experiência de aprendizado. E, é claro, ao final, compartilharam essa solução. O Torneio de Robótica FLL é mais que uma simples competição. A iniciativa faz parte de um processo de aprendizagem em que alunos e professores aprendem juntos conteúdos de física, química, biologia, matemática e tecnologia. De maneira criativa, os competidores buscam soluções inovadoras para problemas reais: planejam, projetam, constroem e programam robôs. A proposta é despertar o interesse de crianças e adolescentes para as carreiras de engenharia e tecnologia. Nas provas seguintes, as equipes são avaliadas por engenheiros, técnicos e psicólogos de grandes empresas, e também por pedagogos, professores e alunos universitários, entre outros. Os itens avaliados são:

Fotos: Carlos Conde A disputa propõe que estudantes sejam apresentados ao mundo da ciência e da tecnologia por meio da construção de robôs feitos com peças LEGO Design do robô: as equipes apresentam o desenho mecânico, a estratégia adotada e a programação desenvolvida; Projeto de pesquisa: um problema do mundo real é pesquisado, conforme o tema do desafio. Soluções inovadoras são criadas, experimentadas e compartilhadas com os outros; Core values: os alunos aprendem que competição amigável e ganho mútuo não são objetivos distintos e que ajudar um ao outro é fundamental para o trabalho em equipe. Essa é a única categoria eliminatória; Desafio do robô: são três partidas de 2 minutos e 30 segundos para executar missões na mesa de competição com robôs autônomos. As equipes são avaliadas por engenheiros, técnicos, psicólogos e também por pedagogos, professores e alunos universitários A proposta do Torneio é despertar o interesse de crianças e adolescentes para as carreiras de engenharia e tecnologia Em Minas Gerais, a competição contou com a participação de 32 times de instituições do estado Em Minas Gerais, a competição contou com a participação de 32 times de instituições do estado, que desfilaram excelentes projetos de pesquisa e robôs incríveis. Algumas das equipes premiadas: Escola Particular de Uberlândia; Colégio SESI de São Gonçalo do Sapucaí; Colégio SESI de Contagem; Escola pública de Itajubá; Escola SESI Onésimo Becker; Escola SESI Barbacena; Escola Pública Municipal de Maria da Fé; Escola SESI de Sete Lagoas; Escola SESI de Sabará; Escola SESI São João del-rei; Escola SESI Uberlândia; Time de Garagem de Cachoeira de Minas; e Escola Particular de Uberlândia. Os times vencedores irão à Brasília, nos dias 13, 14 e 15 de março, participar da etapa nacional, com possibilidades de marcar presença em torneios internacionais em 2015, nos Estados Unidos, Canadá, Alemanha ou em outros países da Europa. Já aguardamos ansiosos a 3 a edição da competição, que terá o tema Trash trek, e as equipes irão explorar o fascinante mundo do lixo. Desde a coleta, passando pela triagem, a produção inteligente e reutilização, há mais no lixo do que vemos. Já podemos prever as grandes aprendizagens e surpreendentes soluções para o lixo no mundo. Visite a página no Facebook: www.facebook.com/torneiofllbrasil. www.fiemg.com.br/sesi

PRÓ-TEXTO Celebração e clima de despedida na festa de fim de ano do Sinepe/ES Assessoria de Comunicação Encerrando mais um período de muito trabalho, o Sinepe/ES promoveu, no dia 28 de novembro, sua tradicional confraternização de fim de ano, no Itamaraty Hall, em Vitória. Na ocasião, foram entregues a Comenda Aristóbulo Barbosa Leão 2014 para o presidente do Conselho Estadual de Educação, Artelírio Bolsanello, e a premiação do 8º Sinepe em Ação. Estiveram presentes na festa o secretário de Estado da Educação, Klinger Marcos Barbosa Alves; os deputados federais Lelo Coimbra e César Colnago; o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Trabalho (Sectti), Alberto Farias Gavini Filho; o presidente do CRA/ES, Marcos Félix Loureiro, e demais diretores do Sinepe/ES, além de mantenedores e diretores de escolas. Em sua fala, o presidente do Sinepe/ES, Pe. João Batista Gomes de Lima, anunciou sua renúncia, pois assumirá a reitoria do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo. Recebi o convite da Província Camiliana Brasileira e foi difícil tomar essa decisão. Após me reunir com diretores de escolas, o vice-presidente do Sinepe e o Conselho Consultivo, percebemos que isso não atrapalharia a caminhada do Sindicato, que está bem estruturado em seus processos de gestão e confiabilidade, afirmou. Pe. João também aproveitou a solenidade para fazer um breve balanço de 2014. Entre os pontos abordados, o 4º Congresso Educacional e a viagem ao Chile, oportunidade que diretores e mantenedores afiliados tiveram de imersão no sistema educacional chileno. Além disso, frisou a articulação política em conjunto com a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep). Formamos uma base parlamentar para que tenhamos representantes do setor particular de ensino em Brasília, disse. COMENDA Neste ano, o Sinepe/ES homenageou com a Comenda Aristóbulo Barbosa Leão o presidente do Conselho Estadual de Educação, Artelírio Bolsanello, que recebeu a honraria das mãos do presidente do Sindicato, do secretário da Sedu, Klinger Marcos Barbosa Alves, e dos deputados federais César Colnago e Lelo Coimbra. Quero compartilhar os méritos dessa conquista com todos os servidores do órgão que represento no momento. Portanto, não é uma homenagem ao Artelírio, pessoa física, mas ao Conselho Estadual de Educação, analisou.