MICROALBUMINÚRIA EM PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 2 NA CIDADE DE SALTO DO LONTRA- PARANÁ

Documentos relacionados
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL EM DIABÉTICOS ADULTOS*

TÍTULO: AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS SÉRICOS DE GLICOSE EM INDIVÍDUOS COM DIABETES MELLITUS E CREATININA E UREIA EM INDIVÍDUOS NEFROPATAS.

TALITA GANDOLFI PREVALÊNCIA DE DOENÇA RENAL CRÔNICA EM PACIENTES IDOSOS DIABÉTICOS EM UMA UNIDADE HOSPITALAR DE PORTO ALEGRE-RS

PREVALÊNCIA DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA EM PACIENTES DIABETICOS EM UM LABORATORIO CLÍNICO EM CAMPINA GRANDE

COMPLICAÇÕES CARDÍACAS DO PACIENTE COM NEFROPATIA DIABÉTICA

ATUALIZA CURSO VANESSA GOMES SOUZA NEFROPATIA DIABÉTICA FATORES DE RISCO E SUA PREVENÇÃO PÓS GRADUAÇÃO EM NEFROLOGIA SALVADOR-BA

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANSMISSIVEIS. Doenças Renais Parte 1. Profª. Tatiane da Silva Campos

Nefropatia Diabética. Caso clínico com estudo dirigido. Coordenadores: Márcio Dantas e Gustavo Frezza RESPOSTAS DAS QUESTÕES:

Nefropatia Diabética. Caso clínico com estudo dirigido. Coordenadores: Márcio Dantas e Gustavo Frezza

DIABETES MELLITUS: PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES EM IDOSOS ATENDIDOS EM UMA UNIDADE SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE ALAGOA GRANDE-PB

Manejo do Diabetes Mellitus na Atenção Básica

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL EM PACIENTES PORTADORES DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS

1. Estratificação de risco clínico (cardiovascular global) para Hipertensão Arterial Sistêmica

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Diferenciais sociodemográficos na prevalência de complicações decorrentes do diabetes mellitus entre idosos brasileiros

Perfil Epidemiológico de Pacientes Portadores de Doença Renal Crônica Terminal em Programa de Hemodiálise em Clínica de Santa Cruz do Sul - RS

Epidemiologia da Complicação Microvascular: Nefropatia; em Pacientes Acompanhados no Hiperdia em Goiás entre 2008 e 2012

A IMPORTÂNCIA DO MONITORAMENTO DA HEMOGLOBINA GLICADA NO CONTROLE DO DIABETES MELLITUS E NA AVALIAÇÃO DE RISCO DE COMPLICAÇÕES CRÔNICAS FUTURAS

Interpretação de Exames Laboratoriais para Doença Renal

AVALIAÇÃO DA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR EM CÃES OBESOS RESUMO

NÚCLEO INTERDISCIPLINAR DE TRATAMENTO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA

RISCO CARDIOVASCULAR MEDIANTE A DETERMINAÇÃO DE MICROALBUMINÚRIA EM HIPERTENSOS DE UMA COMUNIDADE DO RS

Avaliação da Função Renal em Idosos Atendidos na Estratégia de Saúde da Família

Evaluation of different immunoturbidimetric methods to measure urinary albumin: impact in the classification of diabetic nephropathy stages

DISCIPLINA DE NEFROLOGIA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO NÚCLEO INTERDISCIPLINAR DE TRATAMENTO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA (NIT-DRC)

IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL EM IDOSOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO 2.

MUTIRÃO DA SAÚDE. Doutora, Docente do Departamento de Biologia Estrutural, Molecular e Genética da UEPG, 4

PREVALÊNCIA DE FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS NA FASE PRÉ-TRANSPLANTE

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ALBUMINA/CREATININA URINÁRIA PARA DETECÇÃO PRECOCE DE PROBLEMAS RENAIS EM PACIENTES PORTADORES DE DIABETES MELLITUS

Encaminhamento do paciente com Doença Renal Crônica ao nefrologista

Avaliação da glicemia e pressão arterial dos idosos da UNATI da UEG-GO

NÚMERO: 008/2011 DATA: 31/01/2011 Diagnóstico Sistemático da Nefropatia Diabética

PERCEPÇÃO DE PACIENTES DIABÉTICOS QUE FREQUENTAM UMA FAMÁCIA COMERCIAL EM FORTALEZA SOBRE DIABETES MELLITUS TIPO 2

ESTUDOS DE CUSTOS DO DIABETES NO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE BRASILEIRO

FISIOTERAPIA PREVENTIVA

Profa Dra Rachel Breg

Aula 05 DIABETES MELLITUS (DM) Definição CLASSIFICAÇÃO DA DIABETES. Diabetes Mellitus Tipo I

ESTUDO DA INFLAMAÇÃO ATRAVÉS DA VIA DE EXPRESSÃO GÊNICA DA GLUTATIONA PEROXIDASE EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS

ATENÇÃO FARMACÊUTICA À POPULAÇÃO DE MUNICÍPIOS PARAENSE COMO ESTRATÉGIA DE PREVENÇÃO DO DIABETES, HIPERTENSÃO ARTERIAL E DA DOENÇA RENAL CRÔNICA

FREQUÊNCIA ALIMENTAR DE PACIENTES PORTADORES DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNIA EM TRATAMENTO DE HEMODIÁLISE NO INSTITUTO PRÓ VIDA RENAL, LONDRINA-PR

Diabetes Mellitus Tipo 1 Cetoacidose diabética

INDICADORES BIOQUÍMICOS DA FUNÇÃO RENAL EM IDOSOS

Após um episódio de ITU, há uma chance de aproximadamente 19% de aparecimento de cicatriz renal

16º CONEX - Encontro Conversando sobre Extensão na UEPG Resumo Expandido Modalidade C: Apresentação de pesquisas advindas da extensão universitária

Doença com grande impacto no sistema de saúde

ATUAÇÃO DO EXERCÍCIO FÍSICO PARA CONTROLE DA GLICEMIA DE INDIVÍDUOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS.

RESUMOS APROVADOS. Os trabalhos serão expostos no dia 23/11/2011, no período das 17h às 19h;

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Diabetes Mellitus Parte 3. Profª. Tatiane da Silva Campos

Introdução. *Susceptibilidade. * Unidade funcional e morfológica: néfron - glomérulo ( parte vascular) - túbulo ( parte epitelial) TÚBULO PROXIMAL

Introdução. *Susceptibilidade. * Unidade funcional e morfológica: néfron - glomérulo ( parte vascular) - túbulo ( parte epitelial) TÚBULO PROXIMAL

COMPLICAÇÕES HEMODINÂMICAS E PRESSÓRICAS EM PACIENTES DIABÉTICOS COM NEFROPATIA INSTALADA

Papel do laboratório clínico na pesquisa, controle e tratamento da DRC. Dr. Carlos Zúñiga San Martín

INCIDÊNCIA DE CLEARANCE DE CREATININA COM VALORES REDUZIDOS: UMA FERRAMENTA PARA O DIAGNÓSTICO DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA

UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES CAMPUS DE ERECHIM DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM

ESTUDO: Emerson Sampaio Prof a Mestra Henriqueta Galvanin G. de Almeida

Avaliação da leucocitose como fator de risco para amputação menor e maior e na taxa de mortalidade dos pacientes com pé diabético

ANÁLISE DO MONITORAMENTO DA GLICEMIA CAPILAR EM INSULINODEPENDENTES PARA PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO DIABETES MELLITUS

AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA FUNÇÃO RENAL

HEMOGLOBINA GLICADA COMO MARCADOR DE PREVENÇÃO DA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA EM IDOSOS DIABÉTICOS

AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA NO IDOSO

13. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1

Ações de prevenção e controle da doença renal crônica no Estado de Mato Grosso

COMPLICAÇÕES HEMODINÂMICAS E PRESSÓRICAS EM PACIENTES DIABÉTICOS COM NEFROPATIA INSTALADA

PALAVRAS-CHAVE Escore de Framingham. Atenção Básica. Cuidado. PET- Saúde.

16º CONEX - Encontro Conversando sobre Extensão na UEPG Resumo Expandido Modalidade B Apresentação de resultados de ações e/ou atividades

(LAING, COUGLEY, KLENERMAN, % 50% ; BIRKE

Avaliação dos níveis de hemoglobina glicada em pacientes com nefropatia diabética

Hidroclorotiazida. Diurético - tiazídico.

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Diabetes Mellitus Parte 1. Profª. Tatiane da Silva Campos

TÍTULO: HIPERTRIGLICERIDEMIA PÓS-PRANDIAL EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 E O RISCO CARDIOVASCULAR

Abordagem do Paciente Renal. Abordagem do Paciente Renal. Abordagem do Paciente Renal. Síndromes Nefrológicas. Síndrome infecciosa: Infecciosa

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

PROMOÇÃO DA SAÚDE FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM FATIMA DO PIAUÍ.

PERFIL DA UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR IDOSOS DIABÉTICOS EM UMA FARMÁCIA NA CIDADE DE CAJAZEIRAS

MICROALBUMINÚRIA EM PACIENTES HIPERTENSOS DA CIDADE DE SANTA HELENA - PARANÁ: PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO

ESTUDO DO PERFIL LIPÍDICO DE INDIVÍDUOS DO MUNICÍPIO DE MIRANDOPOLIS/SP

número 29 - setembro/2016 RELATÓRIO PARA A SOCIEDADE informações sobre recomendações de incorporação de medicamentos e outras tecnologias no SUS

12. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 O CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO FRENTE À TEMÁTICA: DOENÇA RENAL CRÔNICA

Estudo Multicêntrico de Prevalência DM Tipo 2 no Brasil 17,4 12,7 7,6% 7,6 5,5 2, TOTAL (*) Grupos etários (anos)

O PAPEL DO MFC NA PREVENÇÃO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA

Prevenção na progressão da Doença Renal Crônica no paciente diabético

CURSO: ENFERMAGEM NOITE - BH SEMESTRE: 2 ANO: 2012 C/H: 60 PLANO DE ENSINO

PEDIDO DE CREDENCIAMENTO DO SEGUNDO ANO NA ÁREA DE ATUAÇÃO NEFROLOGIA PEDIÁTRICA

RESUMO SEPSE PARA SOCESP INTRODUÇÃO

Registro Brasileiros Cardiovasculares. REgistro do pacientes de Alto risco Cardiovascular na prática clínica

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DOS FATORES DE RISCO PARA DOENÇA CORONARIANA DOS SERVIDORES DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

TÍTULO: OS MARCADORES BIOQUÍMICOS NO DIAGNÓSTICO DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

ENFERMAGEM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA. Parte 26. Profª. Lívia Bahia

Curso de Formação Avançada em Diabetes

SEMINÁRIO TRANSDISCIPLINAR DA SAÚDE - nº 04 - ano 2016 ISSN:

TÍTULO: EFEITO DA TERAPIA PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICA SOBRE O CONTROLE GLICÊMICO EM INDIVÍDUOS COM DIABETES TIPO2 E PERIODONTITE CRÔNICA: ENSAIO CLÍNICO

PALAVRAS-CHAVE Hipertensão arterial. Diabetes mellitus. Glicemia capilar. Medicamentos.

PREVALÊNCIA DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS DO 2 BATALHÃO DE BOMBEIROS MILITAR DA PARAÍBA

Relação entre hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus tipo 2

Pâncreas O Pâncreas é um órgão do sistema digestivo e endócrino. Tem uma função exócrina (segregando suco pancreático que contém enzimas digestivas) e

Diagnóstico Diferencial das Síndromes Glomerulares. Dra. Roberta M. Lima Sobral

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS EM UM MUNICÍPIO RURAL DO MEIO OESTE DE SANTA CATARINA

FACULDADE DINÂMICA DO VALE DO PIRANGA EDITAL Nº 06/2016 SELEÇÃO PÚBLICA DE PROFESSORES PARA O CURSO DE MEDICINA

Transcrição:

MICROALBUMINÚRIA EM PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 2 NA CIDADE DE SALTO DO LONTRA- PARANÁ RESUMO MATOS, Luiza Manfroi 1 PEDER, Leyde Daiane 2 SILVA, Claudinei Mesquita 3 O Diabetes mellitus é uma doença crônica que afeta a população de forma crescente, tornando-se um sério problema de saúde pública. A grande maioria das causas de morte associadas ao diabetes é decorrente de suas complicações, sendo uma das principais a nefropatia diabética, a qual pode ser detectada pelo teste de microalbuminúria. O objetivo desse estudo foi realizar determinação de microalbuminúria em amostra isolada de 40 pacientes com diabetes tipo 2. Para as análises, foram coletadas duas amostras de urina com um intervalo de duas semanas. Dos 40 pacientes estudados, 11 (27,5%) apresentaram microalbuminúria nas duas amostras analisadas; 5 (12,5%) apresentaram microalbuminúria em uma amostra e normoalbuminúria, em outra amostra e 24 (60%) tiveram normoalbuminúria nas duas amostras. Nenhum paciente teve macroalbuminúria. Sugere-se que a presença de albumina na urina possa estar relacionada a diferentes fatores como o Diabetes mellitus tipo 2, conforme já relatado por diferentes autores, sendo assim, sabe-se que a microalbuminúria ainda seja o melhor marcador de lesão renal e por isso destaca-se a importância da sua detecção, pois uma vez confirmada a presença da nefropatia em seu estado incipiente é possível a adoção de medidas que a retardem. PALAVRAS-CHAVE: microalbuminúria, nefropatia, Diabetes mellitus ABSTRACT MICROALBUMINURIA IN DIABETIC TYPE 2 PATIENTES IN SALTO DO LONTRA PARANÁ Diabetes mellitus is a chronic disease that affects the population increasingly, becoming a serious public health problem. The vast majority of causes of death associated with diabetes is due to its complications, being diabetic nephropathy the major of these, which can be detected by microalbuminuria test. The aim of this study was to perform microalbuminuria determination from samples isolated from 40 patients with type 2 diabetes. For the analysis, two samples of urine with a two week interval were collected. Of the 40 patients studied, 11 (27.5%) had microalbuminuria in both samples analyzed, 5 (12.5 %) had microalbuminuria in one sample and normoalbuminuria in another sample and 24 (60%) had normoalbuminuria in both samples. No patient had macroalbuminuria. It is suggested that the presence of albumin in the urine may be related to different factors such as diabetes mellitus type 2, as has been reported by different authors, so it is known that microalbuminuria is still the best marker of renal injury and therefore highlights the importance of its detection, since the presence of nephropathy in its incipient stage once confirmed it is possible to adopt measures that retard it. KEYWORDS: microalbuminuria, nephropathy, Diabetes mellitus 1 INTRODUÇÃO O Diabetes mellitus é um distúrbio metabólico, no qual ocorre hiperglicemia associada a várias complicações. Esse aumento da glicose sérica resulta de uma deficiência na secreção ou utilização da insulina, ou mais comumente dos dois, impedindo sua captação ou utilização pela maioria das células (KUMAR et al, 2010; GUYTON & HALL, 2002). O diabetes é uma doença comum e com incidência crescente no mundo. Estima-se que em 2025 o número de pacientes portadores dessa doença possa chegar a 350 milhões, ocasionando impacto social e econômico, de forma a reduzir a expectativa e a qualidade de vida da população. Essa doença e suas complicações são responsáveis por 9% da mortalidade mundial, tendo como principais causas de morte a insuficiência renal, amputação de membros inferiores, cegueira e doenças cardiovasculares (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). As duas principais formas do diabetes são designadas de diabetes tipo 1 e tipo 2, e o que as diferencia é o mecanismo pelo qual ocorre a hiperglicemia, podendo ser por uma deficiência absoluta da secreção de insulina pelas células beta do pâncreas (tipo 1) ou por uma resistência a insulina pelas células (tipo 2) (BRAUNWALD et al, 2001). As maiores causas de morte associadas ao diabetes estão relacionadas às suas complicações, estas podendo ser agudas ou crônicas. As principais complicações agudas são a cetoacidose diabética (CAD) e o estado hiperosmolar nãocetótico (EHNC). As complicações crônicas são bastante comuns e podem se dividir em microvasculares, macrovasculares e complicações não vasculares, sendo responsáveis pela maior parte da morbi-mortalidade associada à doença. Os riscos das complicações aumentam de acordo com a duração da hiperglicemia (BRAUNWALD et al, 2001; SCHEFFEL et al, 2004). As complicações crônicas microvasculares incluem as doenças oftalmológicas, como a retinopatia, edema macular, catarata e glaucoma; as neuropatias sensoriais, motoras e autonômicas; e a nefropatia. Esta, é uma complicação frequente em pacientes portadores do diabetes. Como cerca de 90% dos indivíduos diabéticos, são do tipo 2, a maioria dos pacientes admitidos em programas de diálise são portadores desse tipo da doença, o qual apresenta uma 1 Acadêmica de Farmácia, Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: luizamanfroim@hotmail.com 2 Farmacêutica. Mestre pela Universidade Federal de São Paulo. Docente do curso de Farmácia da Faculdade Assis Gurgacz e do curso de Farmácia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste. E-mail: leydepeder@yahoo.com.br 3 Farmacêutico. Mestre pela Universidade Federal de São Paulo. Docente do curso de Farmácia da Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: claudinei@fag.edu.br Revista Thêma et Scientia Vol. 04, n o 01, jan/jun 2014 105

Luiza Manfroi de Matos - Leyde Daiane de Peder - Claudinei Mesquita da Silva alta mortalidade, sendo a principal causa de morte a doença cardiovascular (BRAUNWALD et al, 2001; MURUSSI et al, 2003). A principal forma de evitar ou retardar o aparecimento da nefropatia diabética é através da prevenção, que pode ser realizada através do teste de microalbuminúria. O filtro glomerular em estado normal filtra somente peptídeos e proteínas com peso molecular de até 10 mil daltons, como a albumina é uma proteína de alto peso molecular (60 mil daltons), seu aparecimento na urina caracteriza uma lesão glomerular, devendo ser considerado um marcador precoce da lesão glomerular renal (ALMEIDA, 2001). A microalbuminúria é definida como uma taxa de excreção urinária de albumina entre 20 e 200 mg/l. Quando a doença ainda está no estágio de microalbuminúria, ela é considerada nefropatia incipiente e é nesta fase que deve ocorrer uma intervenção com terapias, para que a nefropatia franca (macroalbuminúria) não se instale, pois uma vez estabelecida, a probabilidade de evoluir para uma doença renal terminal é muito grande (MURUSSI et al, 2003). Portanto, detectar a presença da microalbuminúria precocemente é um fator determinante para que se possam tomar medidas que retardem ou evitem a progressão da nefropatia diabética, evitando assim, uma das principais causas de mortalidade relacionada ao diabetes, que é a insuficiência renal terminal. Diante disso, demonstra-se a importância da realização desse estudo nos pacientes portadores de diabetes, com o objetivo de detectar a presença de albumina na urina. 2 MATERIAIS E MÉTODOS Estudo realizado através da análise da concentração de albumina em urina de amostra isolada de 40 pacientes portadores de diabetes tipo 2. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Humanos da Faculdade Assis Gurgacz. Dentre 900 pacientes portadores de diabetes tipo 2, que faziam acompanhamento em uma clínica médica particular na cidade de Salto do Lontra- PR, 40 (número significativo estatisticamente) foram convidados a participar da pesquisa. Utilizou-se como critério de inclusão na pesquisa ser portador de Diabetes mellitus tipo 2. Foram coletadas duas amostras com um intervalo de duas semanas. Para a coleta, os pacientes foram instruídos a evitar a prática de exercícios físicos, não comer carne em excesso dois dias antes, não ter relação sexual no dia e as mulheres foram orientadas a não realizarem a mesma no período menstrual. Após a coleta, a técnica para quantificação de albumina na urina foi realizada em aparelho BIOPLUS 2000, pelo método de ensaio de imunoturbidimetria, utilizando Kit DOLES para Microalbuminúria Turbi. 3 RESULTADOS De acordo com o kit utilizado nas análises (DOLES), valores de albumina na urina abaixo de 20 mg/l são considerados como normoalbuminúria. Valores entre 20 mg/l e 200 mg/l são classificados como microalbuminúria e acima de 200 mg/l como macroalbuminúria. Todos os 40 pacientes apresentavam idade entre 45 e 80 anos, sendo 18 (45%) do sexo masculino e 22 (55%) do sexo feminino. Todos os pacientes que participaram da pesquisa eram diabéticos do tipo 2 e também hipertensos. Além disso, 12 (30%) dos pacientes são portadores de diabetes a mais de 10 anos e 28 (70%) dos pacientes são portadores a menos de 10 anos, porém possui a doença há pelo menos 2 anos. A Tabela 1 representa os pacientes que apresentaram microalbuminúria nas duas amostras ou em somente uma amostra e normoalbuminúria nas duas amostras em relação à quantidade de tempo em que são portadores de diabetes. Tabela 1. Microalbuminúria em relação ao tempo em que os pacientes são portadores de diabetes. Salto do Lontra- PR, 2012. Tempo de % Diabetes Microalbuminúria em 2 amostras %* Microalbuminúria em 1 das 2 amostras % Normoalbuminúria nas 2 amostras Mais de 10 4 10 0 0 8 20 anos Menos de 10 anos 7 17,5 5 12,5 16 40 *A porcentagem apresentada na tabela está calculada proporcionalmente aos 40 pacientes estudados. Dos 40 pacientes estudados, 11 (27,5%) apresentaram valores entre 20 e 200 mg/l (microalbuminúria) nas duas amostras analisadas e 5 (12,5%) tiveram em uma amostra normoalbuminúria e em outra, microalbuminúria. Nenhum paciente apresentou valores superiores a 200 mg/l (macroalbuminúria) e 24 (60%) dos pacientes não tiveram em nenhuma das amostras coletadas valores acima de 20 mg/l, ou seja, todos eram normoalbuminúricos. 106 Revista Thêma et Scientia Vol. 04, n o 01, jan/jun 2014

Microalbuminúria em pacientes diabéticos Tipo 2 na Cidade de Salto do Lontra-Paraná A Figura 1 demonstra a prevalência da microalbuminúria e normoalbuminúria em uma ou duas amostras entre os 40 pacientes, apresentando os dados em porcentagem. Figura 1. Microalbuminúria e normoalbuminúria nos pacientes estudados. Microalbuninúria - 1 amostra Microalbuninúria - 2 amostras Normoalbuninúria - 2 amostras 12,5 % 60% 27,5% Fonte: Salto do Lontra, Paraná, 2012 5 DISCUSSÃO A nefropatia diabética é uma complicação frequente em pacientes portadores de Diabetes mellitus. Como cerca de 90% dos indivíduos diabéticos, são do tipo 2, a maioria dos pacientes admitidos em programas de diálise são portadores dessa patologia. A nefropatia diabética se divide em basicamente três estágios evolutivos: o de nefropatia incipiente (microalbuminúria); nefropatia clínica (macroalbuminúria) e a insuficiência renal terminal (uremia). Além de uma alta prevalência, a mortalidade nesses pacientes é muito significativa, sendo a principal causa de morte a doença cardiovascular (MURUSSI et al, 2003). Outro fator importante é o aumento dos custos no tratamento dos pacientes com nefropatia, sendo de 65% na nefropatia incipiente, 195% na clínica e 771% na insuficiência renal terminal, que é o ultimo estágio da doença. Em cerca de 10% dos pacientes com nefropatia clínica instalada, ocorre o desenvolvimento da insuficiência renal terminal em 10 anos. O indivíduo com insuficiência renal necessita de hemodiálise, a qual no terceiro ano de tratamento o índice de mortalidade atinge 72% dos pacientes (MURUSSI et al, 2003). O diagnóstico da doença renal crônica baseia-se em cinco parâmetros: a história clínica; exame físico, particularmente na medida da pressão arterial; a estimativa da filtração glomerular; exames de imagem e/ou histopatológicos e determinação de lesão da estrutura renal, sendo usado principalmente a microalbuminúria (KIRSZTAJN & BASTOS, 2007). A ocorrência do aumento da excreção de albumina na urina de pacientes principalmente com diabetes tipo 2, também pode estar associada a elevação dos níveis de pressão arterial (ZANELLA, 2006). Os pacientes que participaram da pesquisa, além de serem portadores de diabetes, são hipertensos. Portanto, a presença da microalbuminúria, pode estar relacionada a aumentos dos níveis da pressão arterial e não ao diabetes, uma vez que a hipertensão arterial está presente na maioria das doenças renais, principalmente nas glomerulopatias e na nefropatia diabética. A prevalência de hipertensão, determinada por ocasião da detecção da doença renal, aumenta progressivamente à medida que a função renal vai deteriorando, de tal forma que na fase terminal ou dialítica de insuficiência renal crônica a quase totalidade dos nefropatas é hipertensa (BORTOLOTTO, 2008). Quanto ao tempo de diabetes e a microalbuminúria, os resultados mostraram que não há correlação entre esses dois fatores, uma vez que tanto pacientes com pouco tempo da doença quanto com muito tempo, apresentaram microalbuminúria nas duas amostras coletadas. Em um estudo realizado, foi analisada a relação microalbuminúria/cretinúria em 50 pacientes, tanto diabéticos, como não diabéticos, observou-se que não há correlação entre a presença desses fatores com o tempo de diabetes (PEREIRA et al, 2010). Sendo assim, confirma-se a importância da recomendação da American Diabetes Association e da Sociedade Brasileira de Diabetes, de se fazer o rastreamento da microalbuminúria em pacientes diabéticos tipo 2 anualmente, a partir do diagnóstico (CARAMORI et al, 2000). Dos 40 pacientes, 5 (12,5%) apresentaram microalbuminúria em somente uma amostra, o que pode ter ocorrido devido a alguma interferência. Segundo alguns autores (COLLARES, 2007), fatores como a hiperglicemia esporádica, exercício, infecções do trato urinário, hipertensão, insuficiência cardíaca e presença de febre podem levar a aumento Revista Thêma et Scientia Vol. 04, n o 01, jan/jun 2014 107

Luiza Manfroi de Matos - Leyde Daiane de Peder - Claudinei Mesquita da Silva transitório da excreção urinária de albumina, levando assim, a um resultado falso positivo de uma lesão renal. Apesar de todos os pacientes terem sido orientados sobre os fatores interferentes na coleta das amostras, não é possível assegurar que esta tenha ocorrido da forma correta. Sendo assim, os pacientes que apresentaram microalbuminúria em apenas uma amostra, não foram considerados como tendo possíveis lesões renais. Portanto, seria aconselhado analisar uma terceira amostra dos pacientes que apresentaram normoalbuminúria e microalbuminúria nas mesmas amostras. Quanto aos pacientes que apresentaram microalbuminúria nas duas amostras analisadas, considera-se que 11 (27,5%), seja um número elevado, se comparado a somente 40 pacientes que foram estudados. Apesar da microalbuminúria ainda ser o melhor marcador de risco para instalação da nefropatia diabética (LEITÃO et al, 2006) não se pode afirmar que a sua presença se trata necessariamente de uma lesão renal, ocasionada pelo diabetes. Como auxiliares na avaliação da função renal, podem ser realizados testes de ureia, creatinina, proteinúria, cistina C, além do dismorfismo eritrocitário e proteínas ligadas ao ácido graxo (SODRÉ et al, 2007). Portanto, destaca-se a importância da pesquisa de albuminúria como instrumento para diagnóstico precoce, ou seja, quando a doença ainda está no estágio de microalbuminúria, onde ela é considerada nefropatia incipiente e é nesta fase que deve ocorrer uma intervenção com terapias, para que a nefropatia franca (macroalbuminúria) não se instale, pois uma vez estabelecida, a probabilidade de evoluir para uma doença renal crônica é muito grande (SODRÉ et al, 2007). Segundo Kirsztajn (2010), a determinação da microalbuminúria constitui-se no exame mais sensível e aplicável, no dia a dia, para detecção precoce de doença renal crônica que é vista como um problema de saúde pública, cujo tratamento se caracteriza por custo muito elevado, em especial quando se fala em tratamento de substituição renal. Portanto, prevenção para esse problema ainda é a melhor solução. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A nefropatia diabética é uma complicação crônica frequente no diabético tipo 2 e deve ser detectada precocemente a fim de se evitar ou retardar o aparecimento da insuficiência renal crônica. Esse estudo possibilitou detectar possível indício de lesão renal em pacientes diabéticos tipo 2, através do exame de microalbuminúria, realizado em amostras isoladas de 40 pacientes. Dos 40 pacientes estudados, 11 (27,5%) apresentaram microalbuminúria nas duas amostras analisadas. A microalbuminúria ainda é o melhor marcador de risco para a instalação da nefropatia diabética, além de estar associada ao desenvolvimento de eventos cardiovasculares, o que a torna uma ferramenta importante no diagnóstico dessas doenças. Com esse estudo, de acordo com a comprovada possibilidade de existir uma lesão renal nos pacientes, detectada através da microalbuminúria, destaca-se a importância da realização desse exame tanto em pacientes diabéticos como hipertensos. A detecção não sendo confirmatória para uma lesão renal, quando encontrada deve servir como sinal de alerta para se realizar uma investigação mais aprofundada do quadro clínico do paciente e então a adoção de estratégias que retardem a nefropatia diabética. Portanto, levando em consideração o tamanho da população estudada, a patologia causada ao paciente e o fato da microalbuminúria estar presente mesmo em pacientes com pouco tempo de diabetes, considera-se 27% dos pacientes positivos um valor significativo. O resultado dessa pesquisa revela a importância de se investigar a presença da microalbuminúria anualmente a partir da detecção do diabetes, realizando assim, uma prevenção da nefropatia diabética, e com isso, evitando uma das principais causas de mortalidade relacionada ao diabetes, que é a insuficiência renal terminal. REFERÊNCIAS ALMEIDA, A.F. Microalbuminúria Como Marcador Precoce De Comprometimento Da Função Renal. Rev Bras Hipertens. 2001;8:347-8. BORTOLOTTO, L.A. Hipertensão arterial e insuficiência renal crônica. Rev Bras Hipertens. 2008;15:152-155. BRAUNWALD, E.; HAUSER, L.S.; FAUCI, S.A.; LONGO, L.D.; KASPER, L.D.; JAMESON, L.L. Medicina Interna. 15 ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill; 2001. CARAMORI, M.L.; FIORETTO, P.; MAUER, M. The need for early predictors of diabetic nephropathy risk: is albumin excretion rate sufficient? Diabetes. 2000;49:1399-408. COLLARES, G. Pesquisa de Microalbuminúria na Prevenção da Nefropatia Diabética. [internet]. [acesso em 01 out 2012] 2007. Disponível em: http://www.unilaborlaboratorio.com.br/downloads/microalbuminuria.pdf. GUYTON, C.A.; HALL, E.J. Tratado de Fisiologia Médica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. 108 Revista Thêma et Scientia Vol. 04, n o 01, jan/jun 2014

Microalbuminúria em pacientes diabéticos Tipo 2 na Cidade de Salto do Lontra-Paraná KIRSZTAJN, G.M.; BASTOS, M.G. Proposta de Padronização de um Programa de Rastreamento da Doença Renal Crônica. J Bras Nefrol. 2007;29: 18-22. KIRSZTAJN, G.M. PROTEINÚRIA: muito mais que uma simples dosagem. J Bras Patol Med Lab. 2010;46. KUMAR V.; ABBAS, K.A.; FAUSTO, N.; ASTER, C.J. Patologia Bases Patológicas das Doenças. 8 ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2010. LEITÃO, C.B.; CANANI, L.H.; BOLSON, P.B.; MOLON, M.P.; SILVEIRO, S.P.; GROSS, J.L. Que Valores Devem Ser Adotados para o Diagnóstico de Microalbuminúria no Diabete Melito?. Arq Bras Endocrinol Metab. 2006;50:322-6. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cadernos de Atenção Básica Diabetes Mellitus [internet]. [acesso em 01 out 2012] 2006. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diabetes_mellitus.pdf. MURUSSI, M.; COESTER, A.; GROSS, L.J.; SILVEIRO, P.S. NEFROPATIA Diabética no Diabete Melito Tipo 2: Fatores de Risco e Prevenção. Arq Bras Endocrinol Metab. 2003;47:207-19. PEREIRA, J.L.; FERREIRA, A.N.; GABRIEL, D.; SILVA, J.E.P. Microalbuminúria: aviso de alerta às nefropatias diabéticas. RBAC. 2010;42:43-47. SCHEFFEL, S.R. et al. Prevalência De Complicações Micro e Macrovasculares e de Seus Fatores de Risco em Pacientes Com Diabetes Melito Do Tipo 2 Em Atendimento Ambulatorial. Rev Assoc Med Bras. 2004;50:263-7. SODRÉ, L.F.; COSTA, B.C.J.; LIMA, C.J. Avaliação da Função e da Lesão Renal: Um Desafio Laboratorial. J Bras Patol Med Lab. 2007;43:329-37. ZANELLA, M.T. Microalbuminúria: Fator de Risco Cardiovascular e Renal Subestimado na Prática Clínica. Arq Bras Endocrinol Metab. 2006;50:313-21. Revista Thêma et Scientia Vol. 04, n o 01, jan/jun 2014 109