Professora: Vera Linda Lemos Disciplina: Direito das Sucessões 7º Período
Toda a sucessão legítima observará uma ordem de vocação hereditária que, no Código Civil, está prevista no artigo 1.829. Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais.
1ª Regra da sucessão legítima A existência de herdeiros de uma classe exclui do chamamento à sucessão herdeiros da classe seguinte. Exceção: Concorrência do cônjuge ou companheiro com os descendentes e ascendente.
Pai vivo Ascendente A falecido Filho vivo Descendente Recebe 100% da herança
Pai vivo Ascendente recebe 100% da herança B Irmão de A Colateral A falecido C irmão de A Colateral Se A falecer sem descendentes ou ascendentes, deixando cônjuge vivo, independente do regime de bens, ainda que tenha sobrinhos ou irmãos, o cônjuge receberá toda a herança, e os parentes colaterais nada receberão.
2ª Regra da sucessão legítima Dentro de uma classe de herdeiros, os herdeiros de grau mais próximo excluem da sucessão os de grau mais remoto. A falecido B filho de A descendente em 1º Grau recebe 50% da herança C filho de A descendente em 1º Grau recebe 50% da herança D neto de A descendente em 2º Grau nada recebe
Avô Pré-morto Pai Pré-morto Tio de D colateral em 3º grau nada recebe Irmão B colateral em 2º grau recebe 50% A Falecido Irmão C colateral em 2º Grau recebe 50%
1ª Exceção: Entre tio e sobrinho, parentes colaterais em 3º grau do morto, herdará o sobrinho toda a herança. 2ª Exceção: Direito de representação Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse. Art. 1.854. Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o representado, se vivo fosse
Haverá direito de representação: 1- Na linha reta descendente 2- Na linha colateral, quando os irmãos do morto, concorrerem com o sobrinho do morto 3 Quando o herdeiro legítimo é declarado indigno e seus descendentes são chamados a suceder 4 Na hipótese de o renunciante à herança de uma pessoa representa-la na sucessão de outra.
A falecido B filho renunciante C filho não renunciante recebe 100% D neto nada recebe E neto nada recebe F neto nada recebe
A falecido B filho Pré-morto que não renunciou C filho Recebe 50% por direito próprio D renuncia a herança de B quando A falece representa B e recebe 50% da herança de A
Sucessão legítima na linha reta descendentes Dentro da classe dos descendentes, herdeiros por excelência, os filhos do falecido sempre serão chamados a herdar por direito próprio, eis que sempre serão os primeiros a ser convocados dentro da classe dos descendentes e sempre estarão mais próximos ao autor da herança (cf. artigo 1.835, do Código Civil).
Os demais descendentes, que não os filhos, ora herdarão por direito próprio, ora herdarão por representação, cabendo verificar-se com quem estarão concorrendo na herança. Os outros descendentes, que não os filhos, quando de mesmo grau de parentesco, herdarão por direito próprio; mas havendo diversidade de grau entre eles, os mais próximos herdarão por direito próprio, enquanto os mais remotos herdarão por direito de representação.
Observa-se que, na verdade, existem duas formas pelas quais os descendentes poderão ser chamados a suceder: por direito próprio ou por direito de representação. Para cada uma dessas formas de suceder verifica-se uma forma diferente de partilha. Em relação aos herdeiros chamados a suceder por direito próprio, a partilha ocorrerá por cabeça (o acervo patrimonial deixado pelo falecido será dividido em tantas partes quantos forem os herdeiros cf. artigos 1.833 e 1.834, do Código Civil). Ao passo que em relação àqueles herdeiros chamados a suceder por direito de representação, a partilha ocorrerá por extirpe (a quota parte que caberia ao representado será dividida entres seus filhos representantes cf. artigo 1.855, do Código Civil).
Descendentes: Formas de suceder Direito Próprio Direito de Representação Partilha Por Cabeça Por Estirpe
A falecido B filho Recebe 50% direito próprio por cabeça C filho Recebe 50% direito próprio por cabeça D neto Nada recebe E neto Nada recebe F neto Nada recebe
A falecido B filho Recebe 50% Direito próprio por cabeça C filho pré-morto Receberia se vivo fosse 50% D neto recebe 25% Direito de representação por estirpe E neto recebe 25% Direito de representação por estirpe
A falecido B filho recebe 50% Direito próprio por cabeça C filho pré-morto D neto recebe 25% Direito de representação por estirpe E neto pré-morto Direito de representação por estirpe F bisneto recebe 12,5% Direito de representação por estirpe G bisneto recebe 12,5% Direito de representação por estirpe
A falecido B filho Recebe 1/3 da herança Direito próprio por cabeça C filho Recebe 1/3 da herança Direito próprio por cabeça D filho Recebe 1/3 da herança Direito próprio por cabeça
A falecido B filho Pré-morto C filho Pré-morto D neto Recebe 1/3 da herança Direito próprio por cabeça E neto Recebe 1/3 da herança Direito próprio por cabeça F neto Recebe 1/3 da herança Direito próprio por cabeça
A falecido B filho pré-morto D neto recebe 1/3 Direito próprio por cabeça E neto pré-morto C filho pré-morto F neto recebe 1/3 Direito próprio por cabeça G bisneto recebe 1/6 Direito de representação por estirpe H bisneto recebe 1/6 Direito de representaçã o por estirpe
Sucessão legítima na linha reta ascendentes Na sucessão dos as ascendentes o grau mais próximo exclui o mais remoto. Não há direito de representação na linha ascendente. Pai 1º grau 50% da herança Mãe 1º grau 50% da herança A falecido
Avô 2º grau Nada recebe Avó 2º grau Nada recebe Pai 1º grau recebe 100% da herança Mãe pré-morta A falecido
Avô 2º grau 25% da herança Avó 2º grau 25% da herança Avô 2º grau 25% da herança Avó 2º grau 25% da herança Pai Pré-morto Mãe Pré-morta A falecido
Avó 2º grau 50% da herança Avô 2º grau 25% da herança Avó 2º grau 25% da herança Pai Pré-morto Mãe Pré-morta A falecido
Sucessão legítima do cônjuge Na ordem de vocação hereditária, o cônjuge poderá ser chamado a herdar de três maneiras diferentes: (i) sozinho; (ii) em concorrência com os descendentes, se estes existirem; e iii. em concorrência com os ascendentes, se estes existirem.
Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.
Na falta de descendentes e ascendentes, o cônjuge será admitido como herdeiro universal porque arrecada todos os bens que compõem a legítima, qualquer que seja o regime de bens do casamento. Nessa situação, o regime de bens só é perquirido para fins de recolhimento de imposto de transmissão (ITCD), eis que, sobre a parcela do patrimônio em que o cônjuge eventualmente seja meeiro, não há incidência tributária.
Considerando que o falecido não deixou sobreviventes descendentes ou ascendentes e que era casado sob o regime da comunhão universal de bens, verificar-se uma única massa patrimonial, na qual o cônjuge sobrevivente é herdeiro em relação à metade do patrimônio e meeiro em relação à outra metade.
Considerando que o falecido não deixou sobreviventes descendentes ou ascendentes e era casado no regime da comunhão parcial de bens, verifica-se a coexistência de três massas patrimoniais distintas, uma compreendendo os bens particulares de um dos cônjuges, outra compreendendo os bens particulares do outro e uma terceira, denominada patrimônio comum.
Os BENS PARTICULARES de cada um dos cônjuges são aqueles que já lhes pertenciam anteriormente ao casamento ou que vieram a adquirir, já casados, por doação, sucessão ou em sub-rogação a qualquer desses. De modo que o PATRIMÔNIO COMUM nesse regime, compreenderá tão somente aqueles bens adquiridos durante a constância do casamento e que não foram adquiridos por herança, doação ou em sub-rogação a bens particulares.
Diante da inexistência de descendentes ou ascendentes, o cônjuge sobrevivente que for casado sob o regime da comunhão parcial de bens seria chamado a suceder o falecido na totalidade de seus bens particulares e, em relação ao patrimônio comum, receberia a metade que já lhe pertencia a título de meação e a outra metade a título de herança.
Considerando que o falecido não deixou sobreviventes descendentes ou ascendentes e era casado no regime da separação obrigatória, do mesmo modo, eventualmente existirão bens particulares do falecido, integrantes de seu patrimônio particular, e bens comuns, por força da súmula STF n. 377. No que a solução será idêntica à acima mencionada diante do regime da comunhão parcial de bens. SÚMULA STF N. 377: NO REGIME DE SEPARAÇÃO LEGAL DE BENS, COMUNICAM-SE OS ADQUIRIDOS NA CONSTÂNCIA DO CASAMENTO.
Considerando que o falecido não deixou sobreviventes descendentes ou ascendentes e era casado sob o regime da separação absoluta de bens (separação convencional), caso em que os bens serão incomunicáveis, de maneira que, todos os bens deixados pelo falecido lhe pertenceriam com exclusividade e serão considerados bens particulares. Nessa hipótese, o cônjuge sobrevivente receberá a integralidade dos bens particulares a título de herança, não se falando em meação.
Comunhão Universal de Bens 50% Bens do Patrimônio Comum Meação 50% Bens do Patrimônio Comum Herança Comunhão Parcial de Bens 100% Bens Particulares Herança 50% Bens do Patrimônio Comum Meação 50% Bens do Patrimônio Comum Herança Separação Obrigatória de Bens 100% Bens Particulares Herança 50% Bens do Patrimônio Comum Meação 50% Bens do Patrimônio Comum Herança Separação Absoluta (Convencional) 100% Bens Particulares Herança Continua...
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