PROCESSO Nº: 0800304-73.2015.4.05.8403 - APELAÇÃO APELANTE: INSTITUTO BRAS DO MEIO AMBIEN E DOS REC NAT RENOVAVEIS - IBAMA APELADO: SAULO HENRIQUE DE SOUZA ADVOGADO: KATIA MARIA LOBO NUNES RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL CONVOCADO FLÁVIO LIMA - 1º TURMA RELATÓRIO 1. Trata-se de apelação contra sentença que CONFIRMOU A TUTELA ANTECIPADA e JULGOU PROCEDENTE o pedido determinando a restituição integral, inclusive de toda documentação pertinente, do veículo Gol Geração 4, Placa HXZ 9384, Renavam 00926316397, Chassi 9BWCA05W58T039397, liberando o bem de forma incondicionada. Determinou, ainda, que o IBAMA se abstenha de efetuar qualquer cobrança de valores referentes à restituição ora concedida, ressalvando-se a cobrança de tais despesas, caso existam, via processo administrativo regular ou mesmo processo judicial. 2. No presente recurso, o IBAMA pleiteia a reforma da sentença, alegando ter sido legítima a apreensão, bem como aduzindo que o pedido de restituição ainda estava sendo analisado. Invoca o princípio da precaução, segundo o qual os bens apreendidos em decorrência de infração ambiental só podem ser liberados quando se tenha certeza de que a pessoa envolvida é inocente e que não serão novamente utilizados na prática delitiva. 3. Contrarrazões apresentadas. 4. É este o relatório. PROCESSO Nº: 0800304-73.2015.4.05.8403 - APELAÇÃO APELANTE: INSTITUTO BRAS DO MEIO AMBIEN E DOS REC NAT RENOVAVEIS - IBAMA APELADO: SAULO HENRIQUE DE SOUZA ADVOGADO: KATIA MARIA LOBO NUNES RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL CONVOCADO FLÁVIO LIMA - 1º TURMA VOTO
1. A sentença apelada CONFIRMOU A TUTELA ANTECIPADA e JULGOU PROCEDENTE o pedido determinando a restituição integral, inclusive de toda documentação pertinente, do veículo Gol Geração 4, Placa HXZ 9384, Renavam 00926316397, Chassi 9BWCA05W58T039397, liberando o bem de forma incondicionada. Determinou, ainda, que o IBAMA se abstenha de efetuar qualquer cobrança de valores referentes à restituição ora concedida, ressalvando-se a cobrança de tais despesas, caso existam, via processo administrativo regular ou mesmo processo judicial. 2. Consta dos autos que no dia 11/07/2015 o IBAMA procedeu à lavratura do Termo de Apreensão 683454, Série E, mediante o qual foi apreendido um veículo Gol 4a. Geração. 3. Não há provas de que o veículo tenha sido recorrentemente usado para prática de infrações ambientais nem tampouco que o autor esteja vinculado direta ou indiretamente com o fato gerador da infração. 4. Mostra-se, portanto, indevida a apreensão de veículo, motivo pelo qual o mesmo deve ser liberado. Nesse sentido, caminha a jurisprudência assente nesta egrégia Corte Regional, consoante se vê nos arestos abaixo transcritos: ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. INFRAÇÃO AMBIENTAL. TRANSPORTE DE MADEIRA ILEGAL. APREENSÃO DE VEÍCULO. ONEROSIDADE EXCESSIVA. APLICAÇÃO DE MULTA E PERDIMENTO. PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE 1. A Administração deve aplicar as sanções previstas na legislação, sem, contudo, deixar de atentar para os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, visando proteger, no caso meio ambiente, sem onerar excessivamente um núcleo familiar sob a justificativa de que se está apenas cumprindo a ordem legal. 2. A perda da madeira transportada, aliada à aplicação de multa no valor de R$ 9.000,00 (nove mil reais), já se afigura suficiente para reprimir o ilícito ambiental praticado, sendo desnecessária e desproporcional a decretação da apreensão de um caminhão, que não seja de uso específico e exclusivo para aquela atividade ilícita. 3. Do contrário, haveria patente desproporcionalidade entre os meios utilizados (decretação da perda da propriedade de um caminhão que não é utilizado para os fins específico de prática da aludida infração ambiental) e os fins pretendidos (proteção do meio ambiente). 4. Esta E. Segunda Turma já decidiu que "não há nenhum indício de que o veículo apreendido se destina única e exclusivamente a causar danos ao meio ambiente, como qualquer adaptação ou transformação em sua estrutura, mas sim que conduzia ocasionalmente a madeira, razão pela qual deve ser liberado". (TRF-5ª R. - APELREEX 2008.80.00.004482-2 - 2ª T. - Rel. Des. Francisco Wildo Lacerda Dantas - DJe 25.09.2009) 5. Remessa oficial improvida. (PROCESSO: 200881010004963, REO497837/CE, DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS, Segunda Turma, JULGAMENTO:
08/06/2010, PUBLICAÇÃO: DJE 17/06/2010 - Página 256) DIREITO AMBIENTAL E ADMINISTRATIVO. IBAMA. APREENSÃO DE VEÍCULO E IMPOSIÇÃO DE MULTA EM FISCALIZAÇÃO. VEÍCULO NÃO DESTINADO EXCLUSIVAMENTE À PRÁTICA DE INFRAÇÕES. LIBERAÇÃO. RECURSO IMPROVIDO. 1. Situação em que particular foi autuado por realizar transporte de madeira sem a devida autorização para a viagem. Aplicação de multa e apreensão do veículo. 2. Não há nenhum indício de que o veículo apreendido se destina única e exclusivamente a causar danos ao meio ambiente, como qualquer adaptação ou transformação em sua estrutura, mas sim que conduzia ocasionalmente a madeira, razão pela qual deve ser liberado. 3. Quanto à imposição de multa, tem-se que a redução de R$ 900,00 para R$ 699,00 se encontra em patamar adequado às exigências legais, tendo em vista que o Decreto 6.514/2008 em seu art. 47 estabelece multa de R$ 300,00 por metro cúbico de madeira e foram apreendidas, no caso em questão, 2,33 m³. 4. Apelação improvida. (PROCESSO: 200880000044822, APELREEX6006/AL, DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO, Segunda Turma, JULGAMENTO: 15/09/2009, PUBLICAÇÃO: DJE 24/09/2009 - Página 302) ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. CRIME. TRANSPORTE DE MADEIRA EM QUANTIDADE SUPERIOR A DECLARADA NO DOF-CE. APREENSÃO DE VEÍCULO. ONEROSIDADE EXCESSIVA. APELO NÃO PROVIDOS. 1. Cinge-se a questão recursal à insurgência do IBAMA diante de decisão judicial singular que determinara a liberação de veículo apreendido em função da prática de ato intitulado como infração ambiental. 2. A Administração deve aplicar as sanções previstas na legislação, sem, contudo, deixar de atentar para os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, visando proteger, no caso meio ambiente, sem onerar excessivamente um núcleo familiar sob a justificativa de que se está apenas cumprindo a ordem legal. 3. Embora a apreensão, de natureza cautelar, no momento da autuação, tenha sido legítima, não deverá ser convertida em pena de perdimento, pois haveria patente desproporcionalidade entre os meios utilizados (decretação da perda da propriedade de um caminhão que não é utilizado para os fins específico de prática da aludida infração ambiental) e os fins pretendidos (proteção do meio ambiente). 4. Ademais, como já decidiu esta E. Segunda Turma "não há nenhum indício de que o veículo apreendido se destina única e exclusivamente a causar danos ao meio ambiente, como qualquer adaptação ou transformação em sua estrutura, mas sim que conduzia ocasionalmente a madeira, razão pela qual deve ser liberado". (TRF-5ª R. - APELREEX 2008.80.00.004482-2 - 2ª T. - Rel. Des. Francisco Wildo Lacerda Dantas - DJe 25.09.2009 - p. 302) 5. Apelação não provida. (PROCESSO: 200880000038913, AC467689/AL, DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS, Segunda Turma, JULGAMENTO: 02/02/2010, PUBLICAÇÃO: DJE 25/02/2010 - Página 407)
5. Com relação à análise dos artigos 25, caput, e 72,inciso IV, ambos da Lei nº 9.605/98, acosto-me aos fundamentos firmados na sentença de Primeiro Grau, no sentido de que "se o veículo não constitui meio permanente para a prática de crimes ambientais, não deve ser aplicado o disposto no parágrafo 4º do art. 25 da Lei 9.605/98, que trata da apreensão dos instrumentos do crime para venda, garantida a descaracterização, uma vez que a infração e sua respectiva sanção devem guardar razoabilidade e proporcionalidade. Tendo em vista a mesma razoabilidade e proporcionalidade acima invocadas, deve-se ter em mente que, se a sanção de perda do veículo não merece acolhida no âmbito penal, que trata da proteção dos bens jurídicos mais relevantes, com muito mais razão não deverá incidir no âmbito administrativo, afastando, assim, a incidência do art. 72, inciso IV, da Lei nº 9.605/98." 6. Ante as razões declinadas, nego provimento à apelação. 7. É como voto. PROCESSO Nº: 0800304-73.2015.4.05.8403 - APELAÇÃO APELANTE: INSTITUTO BRAS DO MEIO AMBIEN E DOS REC NAT RENOVAVEIS - IBAMA APELADO: SAULO HENRIQUE DE SOUZA ADVOGADO: KATIA MARIA LOBO NUNES RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL CONVOCADO FLÁVIO LIMA - 1º TURMA EMENTA ADMINISTRATIVO. IBAMA. APREENSÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. AUSÊNCIA DE PROVAS DE RECORRENTE UTILIZAÇÃO PARA COMETIMENTO DE INFRAÇÕES AMBIENTAIS. LIBERAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. A sentença apelada CONFIRMOU A TUTELA ANTECIPADA e JULGOU PROCEDENTE o pedido determinando a restituição integral, inclusive de toda documentação pertinente, do veículo Gol Geração 4, Placa HXZ 9384, Renavam 00926316397, Chassi 9BWCA05W58T039397, liberando o bem de forma incondicionada. Determinou, ainda, que o IBAMA se abstenha de efetuar qualquer cobrança de valores referentes à restituição ora concedida, ressalvando-se a cobrança de tais despesas, caso existam, via processo administrativo regular ou mesmo processo judicial.
2. Consta dos autos que no dia 11/07/2015 o IBAMA procedeu à lavratura do Termo de Apreensão 683454, Série E, mediante o qual foi apreendido um veículo Gol 4a. Geração. 3. Não há provas de que o veículo tenha sido recorrentemente usado para prática de infrações ambientais nem 3. Não há provas de que o veículo tenha sido recorrentemente usado para prática de infrações ambientais nem tampouco que o autor esteja vinculado direta ou indiretamente com o fato gerador da infração. 4. Se o veículo não constitui meio permanente para a prática de crimes ambientais, não deve ser aplicado o disposto no parágrafo 4º do art. 25 da Lei 9.605/98, que trata da apreensão dos instrumentos do crime para venda, garantida a descaracterização, uma vez que a infração e sua respectiva sanção devem guardar razoabilidade e proporcionalidade. Tendo em vista a mesma razoabilidade e proporcionalidade acima invocadas, deve-se ter em mente que, se a sanção de perda do veículo não merece acolhida no âmbito penal, que trata da proteção dos bens jurídicos mais relevantes, com muito mais razão não deverá incidir no âmbito administrativo, afastando, assim, a incidência do art. 72, inciso IV, da Lei nº 9.605/98. 5. Mostra-se, portanto, indevida a apreensão de veículo, motivo pelo qual o mesmo deve ser liberado. Precedentes desta egrégia Corte Regional: APELREEX 200880000044822, Rel. Des. Federal FRANCISCO WILDO, TRF5 - Segunda Turma, 24/09/2009; REO 200881010004963, Rel. Des. Federal FRANCISCO BARROS DIAS, TRF5 - Segunda Turma, 17/06/2010 e AC 200880000038913, Rel. Des. Federal FRANCISCO BARROS DIAS, TRF5 - Segunda Turma, 25/02/2010. 6. Apelação improvida. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos em que são partes as acima mencionadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da Primeira Turma do TRF da 5a. Região, por unanimidade, em negar provimento à apelação, nos termos do relatório, voto e notas
taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado. LNC