INFLUÊNCIA DO LIXÃO JANGURUSSU SOBRE A ÁGUA DO RIO COCÓ

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Transcrição:

INFLUÊNCIA DO LIXÃO JANGURUSSU SOBRE A ÁGUA DO RIO COCÓ Leite, L. V. (1) ; Oliveira, F. C. E. (1) ; Linhares, F. R. A. (1) ; Oliveira, R. L.G. (1) ; Leite, J. S. (1) ; Oliveira, M. S. (1) ; Nunes, L. T. (1) ; Rocha, J. C. (2) lilianeveras.bio@gmail.com (1) Universidade Estadual do Ceará UECE; (2) Superintendência Estadual do Meio Ambiente SEMACE. RESUMO O presente estudo buscou avaliar a qualidade da água do Rio Cocó (Fortaleza- CE) no trecho paralelo ao Lixão do Jangurussu, avaliando os parâmetros físicos, químicos e biológicos na montante e jusante do Lixão. Amostras de água foram coletadas para analises físicas, químicas e biológicas no laboratório da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE), onde foram obtidos ph, turbidez, fósforo total, amônia, nitrato, nitrito e coliformes termotolerantes empregando-se os respectivos procedimentos padrões. Os valores médios obtidos na Montante foram ph de 7,45, temperatura de 28,6 C, turbidez igual a 19,0UNT, clorofila a de 0,26µg/L, fósforo total de 0,59mg/L, nitrato de 3,7mg/LN, oxigênio dissolvido de 1,3mg/LO 2 e demanda bioquímica de oxigênio de 34,5 mg/l O 2. Na Jusante os valores médios de ph foi de 7,3, temperatura de 29,25 C, turbidez de 25UNT, clorofila a de 1,03µg/L, fósforo total de 0,43mg/L, nitrato de 5,15mg/LN, oxigênio dissolvido de 1,46mg/L O 2 e demanda bioquímica de oxigênio de 47,6mg/LO 2. Os parâmetros encontrados para o nitrito (0,02mg/L), amônia (2,73mg/L) e coliformes termotolerantes ( 16000) não

diferiram entres os dois pontos. Com as médias encontradas entre os dois pontos avaliados, conclui-se que o antigo Lixão do Jangurussu, mesmo desativado, ainda influencia negativamente na qualidade da água do Rio Cocó. Palavras-chave: Água, Montante, Jusante. INTRODUÇÃO Em Fortaleza, grande parte dos corpos hídricos encontra-se em área urbana consolidada e, deste modo sujeito degradação, consequência principalmente dos lançamentos de despejos líquidos e sólidos de diversas origens, da destruição da vegetação original, problemas de erosão, salinização, assoreamento dos corpos d'água e contaminação com produtos químicos e nutrientes (MAGALHÃES et al., 2000). Toda essa degradação ocasiona a eutrofização artificial que provocará mudanças na qualidade da água incluindo modificações físicas, químicas e biológicas do ecossistema o que consequentemente gera problemas de Saúde Pública (CARNEIRO; LEITE, 2008). Este trabalho objetivou avaliar a qualidade da água que entra no Lixão do Jangurussu, através de parâmetros físico-químicos e biológicos, durante a estação seca do ano de 2012, em dois pontos de amostragem, à montante e à jusante do Lixão do Jangurussu. Devido à importância de avaliar a qualidade desse corpo hídrico tornando necessárias ações que visem auxiliar na definição de medidas de monitoramento da qualidade da água e da gestão ambiental no seu entorno. 2

MATERIAL E METÓDOS Para a realização deste trabalho foram realizadas duas coletas antes (Montante) e após (Jusante) o lixão do Jangurussu nos meses de setembro e dezembro. A temperatura foi obtida in loco por meio de um termômetro comum. As amostras de água para análises físicas, químicas e biológicas foram coletadas cuidadosamente na superfície e transportadas ao laboratório de análises da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE). Foram realizadas as análises de ph (peagâmetro Microsol Tipo B374), turbidez (turbidímetro AP 1000/II), fósforo total (método de digestão com Persulfato), amônia (espectrofotômetro DR 2000), nitrato e nitrito (método de Griess Ilosvay). A determinação dos teores de clorofila a foi realizada por meio da filtração das em membrana de fibra de vidro GF 50-A, 47 mm em bomba de vácuo em local protegido da luz. As membranas com o material resultante do processo de filtração das amostras, foram centrifugadas a 4000 rpm por 15 min e maceradas até homogeneização com solução de acetona 90%. Em seguida, foi realizada a leitura em espectrofotômetro no comprimento de onda de 664 nm e 750 nm. Os índices de oxigênio dissolvido e da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) foram obtidos segundo o método de Winkler. A determinação dos coliformes termos tolerante (Escherichia coli) foi 3

realizada segundo a metodologia de Tubos Múltiplos e a leitura feita após formação de gases nos tubos de Durhan. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os valores do potencial hidrogênico (ph) da água do Rio Cocó não sofreu muita variação durante os períodos estudados. Em ambos os pontos (montante e jusante) o ph permaneceu num valor intermediário variando de 7,2 à 7,5 obtendo uma média geral de 7,38. Essa estabilidade em valores intermediários de ph indicam que o corpo d água possui um balanço entre a produção do íon H+ e das reações de íon carbonato e bicarbonato com a molécula de água. Os valores de ph encontrados nesse estudo estão dentro dos limites estabelecidos pela resolução 430/2011 do CONAMA para águas doces classe 2 (ph entre 5 e 9). Valores diferentes dessa faixa de ph não são adequados à manutenção da vida aquática, influenciando diretamente sobre a fisiologia de diversas espécies (LANGMUIR, 1997). A temperatura sofreu uma pequena redução de -1,15 o C entre o meses de Setembro e Dezembro, sendo a média de 28,3 o C em Setembro e 29,5 o C em Dezembro. Essa pequena variação observada variou de 30 o C em Janeiro e 28,6 o C em Setembro, com média anual de 29,5 o C. Sabe-se que a solubilidade dos gases em água diminui com a elevação 4

da temperatura (FIORUCCI E FILHO, 2004), e por isso é de suma importância relacionar a temperatura aos níveis de oxigênio dissolvido. Neste caso, o oxigênio dissolvido no mês de setembro foi inferior ao mês de Dezembro, porém não podemos inferir que esta diminuição ocorreu apenas pelo aumento da temperatura, pois a presença de oxigênio na água depende de outros fatores como a presença de organismos fotossintetizantes representados pelos fitoplânctons (MANTOURA et al., 1997). A presença desses organismos produtores de oxigênio (fitoplânctons) nos pontos de coleta é media pela quantidade de clorofila a. Neste estudo a quantidade de clorofila a no mês de setembro foi superior ao mês de dezembro. Na montante foram detectados 0,52 µg/l e na jusante 1,03 µg/l de clorofila a no mês de setembro, enquanto que no mês de dezembro foi observada a ausência de clorofila a em ambos os pontos. Isso significa que houve uma maior produtividade primária em setembro e, consequentemente, uma maior concentração de oxigênio foi observada neste mês (1,4 mg/l na montante e 2,1 mg/l) quando comparada a dezembro (1,2 mg/l na montante e 0,82 mg/l na jusante). Dentre os fatores mais relevantes para a produtividade dos fitoplânctons, podemos ressaltar a quantidade de radiação solar na coluna água. Esta radiação solar por sua vez é dependente da turbidez da água, de forma que quanto maior a turbidez, menor a 5

disponibilização de radiação solar para os fitoplânctons e consequentemente menor a produção de oxigênio (ALLAN, 1996). Esta relação pôde ser observada neste trabalho, pois, no mês de dezembro, a turbidez da água apresentou-se muito alta (34 UT) relacionando-se com a ausência de clorofila a e a diminuição do oxigênio dissolvido. Outro fator que está relacionado à diminuição do oxigênio dissolvido é a presença de matéria orgânica na água devido à demanda de oxigênio para a decomposição desse material orgânico por bactérias. A diminuição do oxigênio dissolvido foi observado principalmente à jusante do antigo lixão do Jangurussu, que passou de 2,1mg/L em setembro para 0,82 mg/l em dezembro, enquanto que à montante observou-se uma diminuição muito sutil (de 1,4 para 1,2 mg/l). Essa observação indica que a passagem do rio pelo lixão alterou este parâmetro provavelmente pelo maior aporte de matéria que ainda é despejada. Além da necessidade de radiação solar, os fitoplânctons dependem da disponibilidade de nutrientes dissolvidos na água, especialmente fosfato, amônia e nitrito. (PESSOA, 2002). A concentração de nitrogênio é um importante parâmetro para avaliação da qualidade das águas, pois o nitrogênio na forma de amônia é um tóxico que restringe bastante à vida dos peixes, sendo que muitas espécies não suportam concentrações acima de 5 mg.l -1. Ao mesmo tempo, a amônia ao ser 6

oxidada biologicamente promove o consumo de oxigênio dissolvido nas águas naturais, à chamada DBO de segundo estágio (ESTEVES, 1998). Tabela 1. Média dos valores dos parâmetros avaliados no Rio Cocó Montante (antes de passar pelo Lixão do Jangurussu) e Jusante (após passar pelo Lixão do Jungurussu). PARÂMETROS PONTO DE COLETA MÉDIA ph Montante 7,45 Jusante 7,3 Temperatura C Montante 28,6 Jusante 29,25 Turbidez Montante 19,0 Jusante 25,0 Nitrato mg/l Montante 3,7 Jusante 5,15 Nitrito mg/l Montante 0,02 Jusante 0,02 Amonia mg/l Montante 2,73 Jusante 2,73 Fósforo total mg/l Montante 0,59 Jusante 0,43 OD mg/l Montante 1,3 Jusante 1,46 DBO mg/l Montante 34,5 Jusante 47,6 Clorofila a µg/l Montante 0,26 Jusante 1,03 Col term (E. coli) NMP/100mL Montante 16000 Jusante 16000 Neste trabalho, durante a coleta do mês de setembro, os resultados demonstram que no ponto coletado da Montante no Rio Cocó não houve teor de nitrogênio amoniacal, porém no ponto da Jusante foi encontrada 0,23 mg.l -1. Em dezembro, o valor encontrado para esse 7

parâmetro foi 2,3 e 5,23 mg.l -1 na Montante e Jusante, respectivamente. Quando avaliados as concentrações de nitrato foram detectadas 2,40 mg.l -1 na Montante e 3,30 mg.l -1 na Jusante no mês de setembro, enquanto que em dezembro os valores encontrados foram 5,00 mg.l -1 e 7,00 mg.l -1 antes e após passar pelo lixão, respectivamente. Os valores de amônia estão associados à contaminação recentes, provavelmente a esgotos clandestinos. Ao avaliar a concentração média de nitrito, observou-se que não ocorreu variação entre os meses de setembro e dezembro no teor de nitrito (0,3 mg.l -1 ) no percurso do rio antes e após passar pelo lixão. Por apresentar uma fase intermediária entre amônia e o nitrato, a presença deste composto indica processos biológicos ativos por poluição orgânica recente. O fósforo é outro composto que vem sendo utilizado como o principal responsável pela limitação da produção de massa nos corpos d água continentais que pela legislação federal em vigor, na Resolução CONAMA no 357/05 que o valor ideal 0,062 mg.l -1 de fósforo total para corpos hídricos de classe 1. Neste trabalho a concentração de fósforo total verificada na Montante foi 0,47 mg.l -1 e 0,73 mg.l -1 durante os mês de setembro e dezembro de 2012, enquanto que neste mesmo período foram 0,43 mg.l -1 e 0,0 mg.l -1 na Jusante. 8

Outra análise que é bastante avaliada é o número de coliformes encontrado na água, pois em princípio existe correlação entre as doenças de transmissão hídrica. Além disso, a presença de determinada concentração da bactéria coliforme Termotolerantes deve ser encarada como um sinal de alerta, porque indica a possibilidade de haver uma poluição sanitária mostra-se mais significativo que o uso da bactéria coliforme "total", porque as bactérias termotolerantes estão restritas ao trato intestinal de animais de sangue. Para a análise bacteriológica, o valor médio de coliformes termotolerantes encontrado neste estudo foi de 16000 NMP/100mL nos meses de setembro e dezembro tanto na Montante como na Jusante. Segundo a Resolução n 357 do CONAMA (17/03/2005), as águas que são próprias para o consumo humano ou animal, possuem um limite máximo de 1.000 coliformes termotolerantes/100 ml. Entretanto, nestes meses podemos constatar ultrapassou em 16 vezes esse limite classificando estas águas de baixa qualidade. CONCLUSÃO O antigo Lixão do Jangurussu, mesmo desativado, ainda influencia negativamente na qualidade da água do Rio Cocó. Além disso, a alta concentração de enterobactérias (Escherichia coli) indica a falta de 9

saneamento no local. Diante disso podemos perceber a necessidade de ações de educação ambiental e fiscalização sanitária na área estudada. REFERÊNCIAS ALLAN, J.D. Stream Ecology. Structure and function of running waters. London: Chapman & Hall, 1996. CARNEIRO, T.G; LEITE, F. Cianobactérias e suas toxinas. Rev Analyt. 2008;(32):36-41. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB). Alterações físicas e químicas. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/mortandade/causas_contaminantes_amonia.php > Acesso em: 20/01/2013. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução n 353 de 13 de julho de 2005. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução n 397 de 3 de abril de 2008. EMBRAPA. Boas Práticas de Manejo (BPMs) para a Produção de Peixes em Tanques-redes. Disponível em: <http://www.cpap.embrapa.br/publicacoes/online/doc47.pdf>. Acesso em: 23/01/2013. EMLURB- EMPRESA MINUCIPAL DE LIMPEZA E URBANIZAÇÃO. Relatório das Atividades Desenvolvidas pela Diretoria de Limpeza Urbana- DLU no ano de 2005. Fortaleza, 2006. ESTEVES, F. Fundamentos da liminologia. Rio de Janeiro: Interciência/FINEP. 1998. 574p. FERREIRA, R. L. U. C.; FARIAS, M. K.; SILVA, F. J. A. - Prospecto recente da degradação do principal corpo hídrico da região Metropolitana de Fortaleza, Ceará. In: 22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Joinville /SC. Anais... Joinville: ABES. 2003. 10

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