CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE ITAPEVA E DE SUA ÁREA DE ENTORNO, SÃO PAULO, BRASIL

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Transcrição:

VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE ITAPEVA E DE SUA ÁREA DE ENTORNO, SÃO PAULO, BRASIL Dimas Antonio da Silva. Instituto Florestal/SMA, São Paulo, Brasil. dimas@if.sp.gov.br Marina Mitsue Kanashiro. Instituto Florestal/SMA, São Paulo, Brasil. marina@if.sp.gov.br Mônica Pavão. Instituto Florestal/SMA, São Paulo, Brasil. monicapavao@if.sp.gov.br Michele Martins Delaterra. Acadêmica do curso de Geografia/Fafil/FSA. michelemd@if.sp.gov.br INTRODUÇÃO A Estação Ecológica de Itapeva abriga remanescentes da vegetação de cerrado, ecossistema que foi quase que totalmente devastado no Estado de São Paulo, em função do avanço da agricultura e mais recentemente, da expansão urbana. Essa unidade de conservação de proteção integral tem como objetivo básico a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas. Conforme o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza SNUC, criado pela Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, as unidades de conservação devem possuir um plano de manejo que estabelece o seu zoneamento interno, a zona de amortecimento e as normas que devem presidir o uso da área. São apresentados a seguir, conforme IBAMA (2002), alguns critérios estabelecidos com base nos atributos do meio físico, que se destinam à organização do zoneamento em unidades de conservação de proteção integral. Um dos critérios é o da variabilidade ambiental que está condicionado principalmente pela compartimentação do relevo. Isto é, as áreas caracterizadas por relevo muito recortado e diferenças acentuadas de altitude apresentam vários ambientes e portanto, devem integrar as zonas de maior grau proteção (zona intangível e primitiva). Outro critério refere-se à suscetibilidade ambiental, ou seja, as áreas frágeis que não suportam pisoteio, como aquelas com solo susceptível a erosão e encostas íngremes; áreas úmidas como banhados e lagoas; e nascentes, devem ser estar contidas em zonas mais restritivas. Quanto ao entorno da unidade de conservação, os critérios de inclusão de áreas na zona de amortecimento são: as micro-bacias dos rios que fluem para a unidade de conservação; áreas de recarga de aqüíferos; áreas úmidas com importância ecológica para 1

Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais a unidade de conservação; áreas sujeitas a processos de erosão, de escorregamentos de massa, que posam afetar a integridade da unidade de conservação; e ocorrência de acidentes geográficos e geológicos notáveis ou aspectos cênicos próximos à unidade de conservação. Conforme Christofoletti (1995), o conhecimento geomorfológico insere-se no diagnóstico das condições ambientais, contribuindo para orientar a alocação e o assentamento das atividades humanas. Santos (2004) acrescenta que, as informações sobre o relevo, somadas aos dados geológicos e de solo, permitem avaliar os tipos de terreno, com suas relações de fragilidades e potencialidades naturais, bem como as conseqüências da intervenção antrópica. Com base nas considerações anteriormente apresentadas, este trabalho tem, portanto como objetivo realizar a caracterização geomorfológica da Estação Ecológica de Itapeva e de sua área de entorno, com ênfase na compartimentação do relevo, de modo a auxiliar a elaboração do plano de manejo. MATERIAL E MÉTODO Área de Estudo A Estação Ecológica de Itapeva, com área de 106,77 ha, localiza-se no município de Itapeva, Estado de São Paulo, Brasil, entre as seguintes coordenadas geográficas: 24 o 04 22 a 24 o 04 51 de latitude Sul e 49 o 03 57 a 49 o 05 06 de longitude Oeste (Figura 1). Está inserida na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) nº. 14 - Alto do Paranapanema e é drenada pelo Rio Pirituba. Em relação à vegetação, segundo IBGE (1994) a Estação Ecológica de Itapeva está em área de Tensão Ecológica, havendo contato entre a Savana e a Floresta Estacional Semidecidual. A região onde está localizada a Estação Ecológica de Itapeva é dominada pelo clima, classificado segundo Köppen, como sendo do tipo Cfb, ou seja, mesotérmico úmido sem estação seca com verão brando. Conforme o balanço hídrico climatológico elaborado por Sentelhas et al. (1999) para o município de Itapeva, a temperatura média anual é de 20,5 C e a precipitação média anual é de 1184,00 mm. 2

VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 Figura 1. Mapa de localização da área de estudo Conforme IPT (1981a), essa unidade de conservação é constituída predominantemente, por arenitos de granulação variada da Formação Itararé, do Grupo Tubarão, e secundariamente, por arenitos esbranquiçados de granulação média a grosseira da Formação Furnas, do Grupo Paraná. Ao longo dos canais de drenagem ocorrem restritos depósitos aluviais. Quanto aos solos, destacam-se os Latossolos Vermelhos Distróficos típicos, textura argilosa, A fraco e moderado. Nos setores mais íngremes da encostas ocorrem os solos pouco evoluídos, tais como, os Cambissolos Háplicos e os Neossolos Litólicos, e nas planícies fluviais, os Gleissolos Háplicos (IPT, 2001). 3

Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais Metodologia Segundo o IBAMA (2002), o limite de 10 km ao redor da unidade de conservação deverá ser o ponto de partida para a definição da zona de amortecimento. Desta forma, realizou-se, inicialmente, a caracterização geomorfológica do entorno de 10 km da Estação Ecológica de Itapeva com base em revisão bibliográfica e cartográfica. Foram consultados, dentre outros, os trabalhos de Ab Sáber (1969), IPT (1981b) e Ross & Moroz (1997). Posteriormente, a Estação Ecológica de Itapeva foi mapeada em escala detalhada conforme a proposta taxonômica de classificação do relevo de Ross (1992), ou seja, as vertentes foram caracterizadas pela sua morfologia e declividade dominante. Foram identificadas também, as formas de relevo geradas por processos geomórficos atuais e por ação antrópica, como por exemplo, os sulcos, ravinas, voçorocas, depósitos aluvionares e bancos de assoreamento. Para tanto, foram utilizadas aerofotos coloridas da BASE S. A., na escala aproximada de 1: 30.000, do ano de 2005 e trabalhos de campo. Para auxiliar a caracterização geomorfológica foram confeccionados os mapas geológico, hipsométrico e clinográfico. RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização geomorfológica regional A Estação Ecológica de Itapeva está inserida regionalmente, segundo Ross & Moroz (1997), na unidade morfológica denominada Depressão do Paranapanema que, por sua vez, integra a morfoescultura Depressão Periférica Paulista. Toda a drenagem, nesta unidade de relevo, é tributária do Rio Paranapanema e apresenta um padrão paralelo. Conforme IPT (1981b), o entorno de 10 km da Estação Ecológica de Itapeva é caracterizado por Morros Alongados, Colinas Médias, Morrotes Alongados e Espigões relacionados à Depressão do Paranapanema. Estas formas de relevo são sustentadas por arenitos das formações Itararé e Furnas, da Bacia do Paraná. Na porção sul da área de estudo, destaca-se a ocorrência do Escarpamento Estrutural Furnas que marcam o limite entre a Depressão do Paranapanema e o Planalto Guapiara. Afloram aí, as rochas do Embasamento Cristalino representadas por filitos, quatzo filitos e metassiltitos. Segundo Souza & Souza (2000), o Escarpamento Estrutural Furnas constitui um sítio geomorfológico raro no Brasil, pois apresentam um conjunto de paleoformas que 4

VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 guardam importantes informações paleoambientais e estratigráficas. O sítio engloba as escarpas devonianas e um conjunto expressivo de feições geomorfológicas tais como relevo ruiniforme, pedimentos, morros testemunhos, pináculos, rios que formam canhões, cachoeiras e corredeiras, além de grutas e pequenas cavernas em arenitos que guardam vestígios arqueológicos. Segundo Nakazawa; Freitas & Diniz (1994), no relevo de colinas e morros predominam os terrenos com baixa suscetibilidade à erosão linear e movimentos de massa. Ao longo do escarpamento ocorrem os terrenos com alta suscetibilidade a escorregamentos naturais e induzidos e terrenos com alta suscetibilidade a afundamentos cársticos. Ross & Moroz (1997) acrescentam que, nos relevos mais dissecados o nível de fragilidade é alto, estando esses terrenos sujeitos a processos erosivos agressivos, com probabilidade de ocorrência de movimento de massa e erosão linear com voçorocas. Caracterização geomorfológica local Na Estação Ecológica de Itapeva as altimetrias predominantes estão entre 740 a 760m e as declividades das vertentes entre 2 a 6%. O relevo, conforme Ross & Moroz (1997), é caracterizado por formas denudacionais cujo modelado constitui-se por colinas de topos tabulares (aplanados). Ao longo do rio Pirituba e córregos menores destacam-se restritas planícies fluviais de natureza sedimentar quaternária, geradas por processos de agradação. Conforme Ross (1992), estas formas de relevo foram compartimentadas nas unidades I (planícies fluviais) e II (colinas). A Unidade II, por sua vez, foi compartimentada nas subunidades IIa - vertentes retilíneas com declividades inferiores a 6%, IIb - vertentes retilíneas com declividades superiores a 6% e IIc - topos aplanados (Figura 2 e Quadro 1). 5

Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais Figura 2. Mapa de compartimentação morfológica da Estação Ecológica de Itapeva. 6

VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 Quadro 1. Quadro simplificado da classificação do relevo da Estação Ecológica de Itapeva. Unidade Mofoestrutural/ Morfoescultural/ Morfológica Formas de relevo Tipos de vertentes Litologia e Solo dominantes Processos atuais Fragilidade Bacia Sedimentar do Paraná/ Depressão Periférica Paulista/ Depressão do Paranapanema Planícies fluviais (I). Relevo de agradação. Terrenos planos, de natureza sedimentar quaternária, com declividades inferiores a 2%. Encontram-se dispostas junto às margens dos rios. Apresentam lençol freático pouco profundo e sedimentos com baixa capacidade de suporte. Colinas de topos tabulares (II). Relevo de denudação. Formas de dissecação média, com vales entalhados e densidade de drenagem média. Vertentes retilíneas com declividades inferiores a 6% (IIa). Vertentes retilíneas com declividades superiores a 6% (IIb). Sedimentos fluviais arenosos e argilosos inconsolidados. Gleissolo Háplico. Arenitos da Formação Itararé. Latossolo Vermelho. Arenitos da Formação Furnas. Cambissolo Háplico e Neossolo Litólico. Sedimentação aluvionar. Inundações periódicas. Assoreamento dos canais de drenagem. Solapamento das margens dos rios. Erosão laminar e concentração do escoamento superficial (erosão linear). Erosão linear (sulcos e ravinas) desenvolvida a partir do escoamento concentrado das águas pluviais. Alta Baixa Alta Topos aplanados com declividades inferiores a 6% (IIc). Arenitos da Formação Itararé. Latossolo Vermelho. Percolação da água nos horizontes do solo e pedogenização. Erosão superficial laminar. Baixa A Unidade I, representada pelas planícies fluviais, ocupa apenas 5,42 ha (5,31 %) da Estação Ecológica de Itapeva. As planícies fluviais constituem-se em terrenos planos, com declividades inferiores a 2%, dispostos juntos às margens dos rios. São formadas por aluviões recentes, sobre os quais se desenvolvem os solos do tipo Gleissolos Háplicos. Apresentam lençol freático pouco profundo e sedimentos inconsolidados com baixa capacidade de suporte. Estão sujeitas às inundações periódicas, assoreamento dos cursos d água por sedimentos gerados pela erosão a montante e solapamento das margens dos rios. Possuem portanto, 7

Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais alto potencial de fragilidade e devem integrar as zonas de maior grau de proteção, conforme preconiza IBAMA (2002). A subunidade IIb corresponde às vertentes retilíneas com declividades superiores a 6% e ocupa 19,95 ha (19,55%) da área de estudo. É formada por arenitos da Formação Furnas e os solos são do tipo Cambissolos Háplicos e Neossolos Litólicos, pouco profundos, com pedregosidade e/ou rochas expostas na superfície. Nos trabalhos de campo realizados pode-se observar a ocorrência de sulcos e ravinas desenvolvidos a partir do escoamento concentrado da águas pluviais ao longo das vias de circulação. Essa subunidade apresenta alta fragilidade em face da erosão linear e deve integrar as zonas de maior grau de proteção. A subunidade IIc com 14,34 ha (14,05%), se refere ao topo aplanado do relevo colinoso. As altimetrias predominantes estão entre 760 a 780m e as declividades são inferiores a 6%. É sustentada por arenitos da Formação Itararé, os quais dão origem ao Latossolos Vermelhos. Por apresentar topos aplanados cobertos por solos profundos, esta subunidade apresenta potencial de fragilidade baixo, com baixo potencial erosivo e portanto, pode compor as zonas de uso menos restritivo. Com base na bibliografia consultada e nas observações realizadas em campo, são destacadas a seguir, recomendações gerais para o uso dos terrenos da Estação Ecológica de Itapeva e de sua área de entorno: - evitar a concentração do escoamento das águas pluviais ao longo das vias de circulação; - recuperar as áreas degradadas e comprometidas pela erosão; - preservar e recuperar a vegetação natural nas áreas de preservação permanente (setores escarpados, cabeceiras de drenagem e fundos de vale); - nas atividades agropecuárias e florestais adotar práticas de conservação do solo. CONCLUSÃO O relevo da Estação Ecológica de Itapeva e sua área de entorno de 10 km é constituído basicamente por colinas de topos tabulares sustentadas por rochas areníticas, sobre as quais se desenvolvem os Latossolos Vermelhos, com textura argilosa e profundos. Por sua vez, na unidade de conservação predominam as vertentes retilíneas de fraca declividade e topos aplanados que apresentam um nível de fragilidade baixo, com baixo 8

VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 potencial erosivo. Já os setores íngremes das encostas e as planícies fluviais são susceptíveis, respectivamente à erosão linear e às inundações periódicas e devem portanto, integrar as zonas de maior grau de proteção. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ab Sáber, A. N. 1969, 'A depressão periférica paulista: um setor de circundesnudação póscretácea na Bacia do Paraná'. Geomorfologia, 15,11p. IGEOG/USP, São Paulo. Brasil. Ministério de Minas e Energia. Serviço Geológico do Brasil. 2006, Mapa Geológico do Estado de São Paulo. CPRM, São Paulo. Escala 1:750.000. Christofoletti, A. 1995, 'Aplicabilidade do Conhecimento Geomorfológico nos Projetos de Planejamento' in: Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. Org. Antonio Texeira Guerra e Sandra Baptista cunha. 2 ed. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. 1994, Atlas Nacional do Brasil - Mapa. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. 2002, Roteiro Metodológico de Planejamento Parque Nacional, Reserva Biológica, Estação Ecológica, 135 p. IBAMA/MMA, Brasília. Instituto de Pesquisas Tecnológicas Estado de São Paulo - IPT. 1981, 'Mapa Geológico do Estado de São Paulo'. Série Monografias n. 6, v.1, 126 p. IPT, São Paulo. ------. 1981, 'Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo'. Série Monografias n. 5, v.1, 94 p. IPT, São Paulo. ------. 2001, 'Estudos do meio físico para a implantação de distritos agrícolas irrigados na zona rural do município de Itapeva, SP'. Relatório Técnico n. 50.725, v. 1 e 2, 79 p. IPT, São Paulo. Nakazawa, V. A., Freitas, C. G. L. de & Diniz, N. C. 1994, Carta Geotécnica do Estado de São Paul., v. 1 e 2. 22p. IPT, São Paulo. 9

Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais Ross, J. L. S. 1992, 'O registro cartográfico dos fatos geomórficos e a questão da taxonomia do relevo'. Revista do Departamento de Geografia, n. 6, p.17-30. FFLCH/USP, São Paulo. ------. 1994, 'Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais e antropizados'. Revista do Departamento de Geografia, n. 8, p. 63-73, FFLCH/USP, São Paulo. ------; Moroz, I. C. 1997, Mapa geomorfológico do Estado de São Paulo. 64p. FFLCH- USP/IPT/FAPESP, São Paulo. Santos, R. F. dos. 2004, Planejamento ambiental: teoria e prática, 184 p. Oficina de Textos, São Paulo. São Paulo. Departamento De Águas E Energia Elétrica. 1981, Estudos de Águas Subterrâneas Região Administrativa 4 Sorocaba. São Paulo, 2v. Sentelhas, P. C., Pereira, A. R., Marin, F. R., Angelocci, L. R., Alfonsi, R. R., Caramori, P. H., & Swart, S. 1999, Balanços Hídricos Climatológicos de 500 localidades brasileiras do Brasil. Disponível em: http://www.lce.esalq.usp.br/nurma.html. Souza, C.R.G. & Souza, A. P. 2000, O Escarpamento Estrutural Furnas, SP/PR. Raro sítio geomorfológico brasileiro. In: Schobbenhaus, C.; Campos, D. A.; Queiroz, E.T.; Winge, M.; Berbert-Born, M. (Edit.). Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. Disponível em: http://www.unb.br/ig/sigep/sitio080/sitio080.htm. 10