GLOSSÁRIO. Absolvição. Ação penal originária. Apelação. Agravo regimental. Ausência de subsunção típica

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Transcrição:

GLOSSÁRIO Absolvição A sentença de absolvição no processo penal deve ser fundamentada pelo juiz, conforme previsão da lei. A depender do caso concreto, o juiz pode absolver o acusado por entender que o fato não é crime ou incidir causa excludente de ilicitude, como a legítima defesa (art. 386, inciso III e VI, Código de Processo Penal). Também é possível a absolvição pela ausência de provas sobre a existência do fato, do cometimento do crime pelo acusado ou de indícios suficientes para a condenação (art. 386, inciso II, V e VII, Código de Processo Penal). Por outro lado, absolve- se caso seja provado que o fato não ocorreu ou que o acusado não cometeu o crime (art. 386, inciso I e IV, Código de Processo Penal). No julgamento da Ação Penal 470, a Procuradoria Geral da República pediu pela absolvição do acusado Luiz Gushiken com fundamento no inciso VII do artigo 386 do Código de Processo Penal, que se refere à ausência de prova suficiente para a condenação. A defesa pretende alterar o fundamento, para que o STF decida pela absolvição pela comprovação de que o acusado não cometeu crime algum (art. 386, IV, Código de Processo Penal). Ação penal originária Ação penal originária é uma das hipóteses nas quais o Supremo Tribunal Federal exerce competência originária é no julgamento de ações penais nos quais pessoas que ocupam determinados cargos são julgadas como rés de determinados crimes específicos. É caso de ação penal originária, por exemplo, o julgamento de infrações penais comuns nos quais são réus membros do Congresso Nacional ou o Presidente da República. Apelação Espécie de recurso cabível contra sentença judicial para o seu reexame em instância superior, de modo que se obtenha nova decisão que confirme ou modifique a primeira. Agravo regimental É um recurso judicial previsto apenas nos regimentos internos dos tribunais para a revisão de uma decisão, geralmente pelo próprio órgão decisório que a prolatou. Ausência de subsunção típica Invocada pelo advogado de Breno Fischberg, significa que a conduta do acusado não se amolda à descrição legal do crime que a acusação pretende imputar a ele neste caso,

crime de quadrilha. Segundo a defesa, o crime de quadrilha exige que pessoas se reúnam com o fim de cometer crimes, mas as relações profissionais do acusado eram de natureza lícita e visavam à prática de delitos. Sem que haja perfeita correspondência entre a descrição legal do crime e a conduta provada do acusado, não há crime. Diz- se, nesses casos, que a conduta é atípica, porque a descrição abstrata da conduta criminal na lei é chamada de tipo penal. Ato jurídico perfeito É o ato emanado por indivíduo capaz e de objeto lícito, que obedece a forma prescrita ou não proibida por lei, e se entende consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. É um instituto especialmente protegido pela Constituição Federal. Ato de oficio Ato praticado por funcionário público dentro das atribuições da função deste servidor. O ato de oficio é pressuposto do crime de corrupção ativa, crime no qual é oferecida ou prometida vantagem a funcionário público encarregado de praticar ou omitir ato. A prática, omissão ou retardamento de ato de ofício motivado por vantagem indevidamente recebida é também causa de aumento de pena do crime de corrupção passiva. Ato Ilícito É a conduta, de ação ou omissão, que é contrária à ordem e às normas jurídicas. Na esfera criminal, o fato ilícito é aquele que constitui infração penal (crime ou contravenção). Há crime quando a conduta ilícita é apenada com reclusão ou detenção; contravenção, quando é apenada com prisão simples ou multa. Corrupção ativa Crime de oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para fazê- lo praticar, omitir ou retardar ato funcional (art. 333, Código Penal). Corrupção passiva Crime usualmente cometido por funcionário público ao solicitar ou receber vantagem indevida ou aceitar promessa de vantagem em razão da função pública (art. 317, Código Penal). Correlação entre acusação e sentença Princípio de processo penal que exige que as decisões judiciais considerem apenas os fatos e circunstâncias expressamente descritas da denúncia. É um desdobramento dos princípios do contraditório e ampla defesa, pois limita o objeto possível da condenação aos

fatos expressamente imputados ao réu na acusação, para que ele possa defender- se com efetividade durante o processo. Em outras palavras, o juiz não pode prover diversamente do que lhe foi pedido` (Gustavo Badaró, Correlação entre acusação e sentença) e tampouco decidir sobre questões que não foram debatidas pelas partes no processo. A decisão da sentença não pode estar além, aquém ou fora do pedido formulado na denúncia apresentada pela acusação. Conduta típica Conduta típica (ou fato típico) é um dos requisitos necessários à caracterização de um crime, pelo qual uma ação humana somente pode ser punida criminalmente se a conduta estiver claramente prevista em lei penal. Por exemplo, o fato típico do crime de homicídio é matar alguém. Competência originária do STF O Supremo Tribunal Federal, além de julgar recursos de processos iniciados em outros órgãos judiciais, também realiza julgamento como primeira (e última) instância judicial. Nestes casos, o Supremo Tribunal Federal exerce a chamada competência originária, como ocorre, por exemplo, na ação penal originária e na ação direta de inconstitucionalidade. Conditio sine qua non Brocado em latim que significa condição imprescindível. Normalmente a expressão é utilizada para expressar uma relação de necessidade lógica entre dois objetos. Por exemplo, o crime antecedente é conditio sine qua non para a configuração do crime de lavagem de dinheiro. Convenção de Palermo Trata- se da Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, incorporada na legislação brasileira pelo Decreto nº 5.015/2004. A Convenção define como grupo criminoso organizado (organização criminosa) como aquele estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas na Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material (Art.2, a). A defesa do acusado Enivaldo Quadrado menciona a Convenção de Palermo para sustentar que o crime de organização criminosa não está definido na legislação criminal brasileira, e a única referência legislativa a respeito está na referida Convenção.

Conditio sine qua non Brocado em latim que significa condição imprescindível. Normalmente a expressão é utilizada para expressar uma relação de necessidade lógica entre dois objetos. Por exemplo, o crime antecedente é conditio sine qua non para a configuração do crime de lavagem de dinheiro. Circunstância qualificadora Circunstâncias que se agregam à figura de um crime, aumentando suas penas mínimas e máximas. Devem estar previstas expressamente em lei, e o juiz deve considerar tais circunstâncias na aplicação da pena. São exemplos de circunstâncias qualificadoras o motivo fútil ou torpe no crime de homicídio (art. 121, 2º do Código Penal), ou a fraude no cometimento do furto (art. 155, 4º do Código Penal). Diligência Termo técnico relativo a medidas tomadas dentro do processo judicial para complementação ou viabilização das pretensões das partes. Nesse sentido, o Oficial de Justiça realiza diligência quando entrega citação ao réu, ou ainda, são diligências, por exemplo, a oitiva de testemunhas, o bloqueio da conta bancária de um réu, uma busca e apreensão ou uma perícia no local de um crime. Evasão de divisas Crime consistente em efetuar operação de câmbio não autorizada, com efetiva saída de moeda ou divisas do território nacional (Lei 7492/1986). Empresa estatal É o termo que designa a empresa e o Estado tem o controla acionário. Elas podem ser de dois tipos, sociedade de economia mista e empresa pública. Em ambos os casos, apesar do controle ser estatal, a personalidade jurídica é de direito privado. Ambas devem ser criadas por meio de lei específica. Excludentes de ilicitude e de culpabilidade São condições expressamente previstas no Código Penal que eximem o agente de punição por uma conduta que seria, a princípio, criminosa, mas que, em vista dos fatos, perdeu sua reprovabilidade. Um exemplo de excludente de ilicitude (condições previstas no artigo 23 do Código Penal) é o seguinte: matar alguém é um crime a princípio, mas aquele que mata outra pessoa em legítima defesa (comprovada em juízo) não pode ser condenado. Um

exemplo de excludente de culpabilidade (condições previstas nos artigos 20, 21, 26 e 28, 1º) é o seguinte: o furto realizado por pessoa que tenha o desenvolvimento mental incompleto, a ponto de ser incapaz de compreender a ilicitude do fato, não deve ser penalizado. Erro de proibição Consiste no erro do indivíduo que acredita ser sua conduta admitida pelo direito, quando ela é proibida por lei. O indivíduo supõe, por erro, que seu comportamento é lícito (Mirabete, Manual de Direito Penal, Parte Geral, p. 187). A pessoa faz um juízo equivocado sobre o que é permitido fazer, de acordo com a opinião predominante em seu meio social. Foro por prerrogativa de função Garantia constitucional assegurada a algumas autoridades que determina o seu julgamento em instância diversa do que ocorreria em regra, em razão da função por elas exercida. No STF, há prerrogativa de função para os Ministros de Estado e os Comandantes das Forças Armadas, membros de Tribunais Superior e chefes de missão diplomática. Fato Ilícito É a conduta, de ação ou omissão, que é contrária à ordem jurídica e às normas jurídicas em geral. Na esfera criminal, o fato ilícito é aquele que constitui infração penal (crime ou contravenção). Gestão fraudulenta de instituição financeira Crime de praticar atos de gestão de instituição financeira utilizando- se de fraude (Lei 7492/1986). Instrução Criminal Fase do processo penal que se inicia logo após o recebimento da peça de acusação (denúncia ou queixa), pelo juiz ou tribunal, e antecede o julgamento da causa. Durante a instrução, são realizadas as providências relacionadas à produção de provas que visam a elucidar, com a maior precisão possível, os fatos ocorridos e a efetiva conduta dos acusados. Na fase de instrução criminal são produzidas provas como o interrogatório do réu, a inquirição de testemunhas, a realização de perícias, a juntada de documentos, entre outras. Essas provas dão fundamento para que o juiz ou tribunal forme sua convicção a respeito dos fatos pertinentes à acusação e à defesa.

Mútuo empréstimo de bem fungível Bem fungível é aquele que não é único, podendo ser substituído por outro da mesma qualidade de equivalente peso, medida ou contagem. Dinheiro ou sacos de arroz são exemplos comuns de bens fungíveis e podem ser objeto de mútuo. Materialidade do crime Prova da existência dos fatos que constituem a conduta criminosa, sem a qual não é possível condenar o acusado. Por exemplo, a alteração de data de nascimento em documento de identidade, comprovada por perícia, é materialidade do crime de falsidade material de documento público. Ne Bis in idem Mencionado na defesa oral do advogado Marcio Thomaz Bastos, é termo latino utilizado para se referir, no campo penal, à proibição de que uma única conduta (ação ou omissão) seja enquadrada como mais de uma infração penal. Por exemplo, se uma pessoa rouba alguém e depois a mata, ela não pode ser condenada por roubo, homicídio e por latrocínio, mas apenas por latrocínio, para que não se incida em bis in idem. Há situações distintas, nas quais crimes podem ser cumulados, o chamado concurso de crimes. Bastos sustentou que as condutas de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e evasão de divisas referiam- se aos mesmos fatos, sendo vedada a condenação cumulativa pelos diversos delitos. Princípio do duplo grau de jurisdição Sem expressa previsão constitucional, esse princípio determina a possibilidade de revisão de decisões judiciais por uma segunda instância. Assim, os processos podem ser reexaminados por outro órgão judiciário, a fim de garantir a idoneidade da decisão proferida e assegurar não ter havido proteção de interesses particulares. Pacto de São José da Costa Rica Marcio Thomaz Bastos fez referência à adesão do Brasil ao Pacto de San José da Costa Rica, que dá a todo réu o direito de recorrer a uma instância superior em caso de condenação. O tratado foi assinado em 1969 e ratificado pelo Brasil em 1992. Como a Constituição não prevê expressamente o duplo grau de jurisdição, o fundamento desse princípio estaria no Pacto.

Princípio do juiz natural Estabelece que deve haver regras objetivas que indiquem qual autoridade judicial tem poder para processar e julgar as diferentes pessoas e matérias que podem ser levadas ao Poder Judiciário. Tais regras, chamadas regras de competência, devem garantir a independência e a imparcialidade do órgão julgador, que são pressupostos de um julgamento justo. Todas as constituições brasileiras, exceto a de 1937, contemplaram o princípio. Peculato Crime cometido por funcionário público que se apropria de valor ou bem de que tem posse em razão do cargo (art. 312, Código Penal). Prescrição Encerramento de prazo para o Estado processar ou punir o acusado de um crime. Este prazo varia de acordo com a pena do crime previsto na lei ou daquela aplicada no caso concreto. O prazo prescricional tem início com a ocorrência do crime, e pode ser interrompido em determinados momentos processuais, como o recebimento da denúncia ou publicação da sentença, por exemplo. (Código Penal, art. 109). Princípio do Contraditório Princípio constitucional (art.5º, inciso LV, Constituição Federal) que assegura a acusação e defesa a ciência e participação dos atos no processo e a possibilidade de contestá- los. Na definição de Aury Lopes Jr. (Direito Processual Penal e sua conformidade constitucional), consiste no direito de participar, de manter uma contraposição em relação à acusação e de estar informado de todos os atos desenvolvidos no iter procedimental. Princípio da culpabilidade Significa que ninguém será penalmente punido se não houver agido com dolo ou culpa (art. 18 do Código Penal). A regra presente no Código Penal assegura que ninguém será punido por fato previsto como crime, salvo se praticá- lo com intenção (dolo) ou, excepcionalmente e quando expressamente previsto em lei, sem intenção (culpa). O princípio da culpabilidade protege os indivíduos de eventual excesso repressivo pelo Estado, impondo que a pena a ser aplicada esteja circunscrita à conduta praticada pelo agente.

Princípio da legalidade penal O princípio da legalidade estabelece que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei. Este princípio se desdobra de maneira específica em diferentes áreas do direito, como o direito administrativo e o direito penal. O princípio da legalidade penal é sintetizado no artigo 1º do Código Penal: não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Por este princípio, alguém só pode ser punido se, anteriormente ao fato por ele praticado, existir uma lei que o considere como crime (Mirabete, Manual de Direito Penal, Parte Geral, p. 39). Da legalidade decorre o princípio da reserva legal, que consiste na prerrogativa do poder legislativo para definir crimes e penas. Quadrilha Crime de associação de mais de três pessoas para o fim de cometer crimes (art. 288, Código Penal). Qualificadora Circunstâncias que se agregam à figura de um crime, aumentando suas penas mínimas e máximas. Devem estar previstas expressamente em lei, e o juiz deve considerar tais circunstâncias na aplicação da pena. São exemplos de circunstâncias qualificadoras o motivo fútil ou torpe no crime de homicídio (art. 121, 2º do Código Penal), ou a fraude no cometimento do furto (art. 155, 4º do Código Penal). Responsabilidade objetiva É uma teoria da responsabilidade jurídica que dispensa elementos de efetiva conduta ou participação do autor para sua condenação. Trata-se, em outras palavras, da responsabilidade sem culpa. Essa forma de responsabilidade existe em outros ramos do direito, como o direito do consumidor, no qual um fornecedor pode ser responsabilizado mesmo sem ter efetivamente participado da venda de um produto defeituoso, mas não no direito penal. O advogado do acusado José Genoino relembrou a inexistência de responsabilidade objetiva no direito penal brasileiro. Alegando que Genoino seria réu apenas porque foi [presidente do PT], e não por suas ações ou omissões.