Conceito. Emendatio e mutatio libelli.
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- Mikaela Salvado Franca
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1 Conceito. Emendatio e mutatio libelli. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A REALIZAÇÃO DA APRESENTAÇÃO DA SENTENÇA NO PROCESSO PENAL Sentença
2 CONCEITO E REQUISITOS DA SENTENÇA A sentença é um ato jurisdicional realizado pelo magistrado. É uma decisão definitiva por meio da qual o juiz põe fim ao processo penal, julgando o mérito da causa, ou seja, a pretensão punitiva do Estado. A sentença, no âmbito do processo penal brasileiro, pode ser classificada em três categorias distintas: SENTENÇA ABSOLUTÓRIA, SENTENÇA CONDENATÓRIA e DECISÕES TERMINATIVAS DE MÉRITO. Na sentença absolutória o juiz julga a improcedência da pretensão punitiva sustentada na denúncia ou queixa-crime, afastando o pedido condenatório. A sentença condenatória é aquela por meio da qual o juiz acolhe a pretensão punitiva do Estado, ainda que parcialmente, outorgando ao acusado uma pena. Ademais, a decisão terminativa de mérito é aquela por meio da qual o juiz julga o mérito, no entanto, não absolve nem mesmo condena o acusado, tal como a decisão que declara a extinção da punibilidade, com base em uma das hipóteses previstas no Art. 107 do Código Penal. Todas as sentenças devem, necessariamente, para produzir validamente todos os seus efeitos, conter determinados requisitos fundamentais, previstos no Art. 381 do Código de Processo Penal. Tais requisitos estruturantes da sentença são: o RELATÓRIO, a FUNDAMENTAÇÃO, a parte DISPOSITIVA, bem como a parte AUTENTICATIVA. O RELATÓRIO é uma narrativa que deverá expor, ainda que sucintamente, todos os fatos importantes para o processo decisório. Assim, o relatório deverá fazer referência aos nomes das partes envolvidas no processo penal, bem como as alegações realizadas pela acusação e defesa, conforme Art. 381, incisos I e II do Código de Processo Penal. A FUNDAMENTAÇÃO, terá como base as indicações dos motivos de fato e direito que originaram a decisão, bem como referência aos dispositivos de lei aplicados no caso. O juiz é livre para decidir conforme sua convicção, no entanto, deverá explicitar adequadamente suas razões decisórias. Nesse sentido é o disposto no Art. 93, inciso IX da Constituição da República que exige a motivação de todos os atos jurisdicionais, inclusive das sentenças. Aliás, toda sentença deverá conter a parte DISPOSITIVA, ou seja, a decisão ou conclusão que implicará na absolvição ou condenação do acusado. Ademais, a sentença deverá conter a parte AUTENTICATIVA, pois deverá estar devidamente assinada pela autoridade judiciária competente. É importante salientar que no Juizado Especial Criminal (JECRIM), conforme Art. 81 3º, o Juiz poderá dispensar o relatório, em homangem aos princípios da celeridade e da economia processual (vide Art. 98, inciso I do CPP). NÃO SE ESQUEÇA: toda vez que a sentença apresentar obscuridade, ambigüidade, contradição ou omissão, qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, opor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, haja vista o disposto no Art. 382 do Código de Processo Penal. PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO
3 O princípio da CORRELAÇÃO ENTRE A SENTENÇA E A DENÚNCIA OU QUEIXA-CRIME é muito importante no processo penal, pois exige que exista conexão entre o fato descrito na petição inicial (denúncia ou queixa-crime) e a sentença. Assim, segundo GUSTAVO BADARÓ deve haver identidade entre a acusação formulada e a sentença prolatada, ou seja, o réu deve ser, necessariamente, julgado pelos fatos que constam da acusação formal (BADARÓ, 2014, p. 378). A não observância do princípio da correlação gera violação ao sagrado princípio constitucional da AMPLA DEFESA, conforme previsto no Art. 5º, inciso LV da Constituição da República. EMENDATIO LIBELLI O Art. 383 do Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei /2008, determina que o juiz pode dar ao fato definição jurídica diversa da que constar na denúncia ou na queixa-crime, ainda que tenha de aplicar pena mais grave. Trata-se, no caso, da figura denominada "emendatio libelli". Assim sendo, o juiz poderá, sem, contudo, alterar os fatos descritos na denúncia, modificar a capitulação jurídica do fato, ou seja, tipificar o fato de maneira diversa do que consta na acusação formulada. Significa dizer que o juiz não está vinculado ao tipo penal indicado pelo acusador (Ministério Público ou Querelante). O Art º do Código de Processo Penal dispõe que o juiz, no caso de nova definição jurídica do fato, se cabível, poderá viabilizar ao Ministério Público para que avalie a possibilidade jurídica do oferecimento de proposta da SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO (vide Art. 89 da Lei /95). A "emendatio libelli" pode ser observada, também, em segunda instância, salvo a proibição de "reformatio in pejus", ou seja, em recurso exclusivo da defesa a "emendatio libelli" não poderá resultar em aplicação de pena mais grave ao acusado (vide Art. 617 do CPP). MUTATIO LIBELLI A denominada "mutatio libelli" está prevista no Art. 384 do Código de Processo Penal. Trata-se da oportunização ao Ministério Público, após encerramento da instrução, de inclusão de nova situação factual em decorrência da divergência entre os fatos narrados na denúncia e aqueles apurados na instrução processual penal. Portanto, o Art. 384 do Código de Processo Penal regulamenta a situação em que, durante a produção das provas, há alteração dos fatos imputados e, não simplesmente a mudança do tipo penal.
4 É importante observar que a mudança factual pode se referir a ELEMENTOS DE UM TIPO PENAL ou CIRCUNSTÂNCIAS MAJORANTES ou QUALIFICADORAS. Exemplo de "mutatio libelli" ocorre quando o Parquet narra uma subtração e pede a condenação por crime de furto previsto no Art. 155 do Código Penal. Todavia, durante a instrução é revelado que o fato foi praticado mediante violência na execução do crime, o que descaracteriza o furto para roubo previsto no Art. 157 do Código Penal. Assim, conforme o disposto nos parágrafos do Art. 384 do Código de Processo Penal, o juiz deve abrir vistas ao Ministério Público para aditamento da denúncia (complementação da denúncia) no prazo de 5 (cinco) dias. Posteriormente, o defensor se manifestará também em 5 (cinco) dias, havendo novo interrogatório e oitiva de até 3 (três) testemunhas (vide Art º,3º e 4º do CPP). Portanto, a defesa precisa de manifetar a respeito do aditamento realizado pelo Ministério Público. Em decorrência da aplicação do instittuto é possível o oferecimento de proposta de SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO ou de REMESSA DOS AUTOS AO JUÍZO COMPETENTE (vide Art º do CPP). A "mutatio libelli" só tem aplicação às AÇÕES PENAIS PÚBLICAS, bem como na AÇÃO PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA. Ademais, é vedada a "mutatio libelli" em segunda instância, haja vista a possibilidade de ocorrência de supressão de instância. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula 453. Quiz
5 1 Aditada a denúncia, o juiz: Baixará o processo para que a defesa fale no prazo de oito dias e, se quiser, produza provas, podendo ser ouvidas até três testemunhas. Ouvirá o defensor do acusado no prazo de cinco dias e, admitido o aditamento, designará dia e hora para continuação da audiência, podendo cada parte, no prazo de cinco dias, arrolar até três testemunhas, realizando-se novo interrogatório. abrirá prazo de três dias à defesa, que poderá oferecer prova, arrolando até três testemunhas. ouvirá o defensor do acusado no prazo de cinco dias e, admitido o aditamento designará dia e hora para continuação da audiência, podendo cada parte, no prazo de três dias, arrolar até cinco testemunhas, dispensando novo interrogatório. 2 Entendendo o juiz sentenciante ser possível dar nova definição jurídica ao fato criminoso da qual resultará pena mais grave, ainda que não modifique a descrição do fato contido na denúncia, deverá: Baixar os autos em cartório para as partes se manifestarem. Abrir vista ao Ministério Público pra aditamento da denúncia, no prazo de 5 (cinco) dias. proceder a emendatio libelli.
6 Proceder a mutatio libelli. Referências ALENCAR, Rosmar Rodrigues; TÁVORA, Nestor. Curso de Direito Processual Penal. 8.ed. Salvador, BA: JusPODIVM, BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Processo Penal. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Correlação entre acusação e sentença. 2.ed. São Paulo: RT, BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de processo penal. 7.ed. São Paulo: Saraiva, LOPES, Aury. Direito Processual Penal. 9.ed. São Paulo: Saraiva, NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal comentado. 14.ed. Rio de Janeiro: Forense, NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 22.ed. São Paulo: Atlas, REIS, Alexandre Cebrian Araújo. Direito Processual Penal esquematizado. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
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