Situação e análise das normas brasileiras de certificação orgânica para a criação de peixes

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Transcrição:

16561 - Situação e análise das normas brasileiras de certificação orgânica para a criação de peixes Situation and analysis of Brazilian standards for organic fish farming certification MUELBERT, Betina 1 ; BORBA, Maude Regina de 1 ; NUNES, José Simões 2 ; REMOR, Eliane 2 ; AMORIN, Desieli Gomes 3. 1 Docente Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Laranjeiras do Sul, PR, betina.muelbert@uffs.edu.br, maude.borba@uffs.edu.br; 2 Mestrando(a) Programa de Pós-graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável UFFS, Laranjeiras do Sul, PR, simoesjn@hotmail.com, eremor@gmail.com; 3 Acadêmica de graduação Curso de Engenharia de Aquicultura UFFS, Laranjeiras do Sul, PR, desieli.amorin@gmail.com. Resumo: Normas para os sistemas orgânicos de produção aquícola são recentes no Brasil e existem poucas experiências integrando a produção de peixes em sistemas de base ecológica. Este trabalho objetivou analisar as normas publicadas em 2011 e verificar a situação atual desta certificação na criação de peixes no país. Foram realizadas pesquisas bibliográficas e documentais, bem como contato com técnicos que atuam na área. Não foram encontradas unidades produtivas certificadas para a produção destes animais e a análise das normas mostrou que existem entraves para sua implementação, tais como a falta de fontes alternativas alimentares para a criação de peixes. A norma é recente e os entraves só serão superados a medida que pesquisadores, técnicos e produtores se dediquem na construção de conhecimento na área. Palavras-chave: Piscicultura, Normas técnicas, Sistemas orgânicos. Abstract: Standards for organic aquaculture production systems in Brazil are recent and there are only few experiences integrating fish production in ecologically-based systems. The aims of this study were to analyze the regulations published in 2011 and check the current status of this certification in Brazilian fish farming. Bibliographical and documentary surveys were conducted, as well as contact with technicians that work in the area. Certified fish production units were not found and this analysis showed some obstacles to the implementation of organic certification, such as the lack of alternative food sources for fish farming. The standards are recent and obstacles will be overcome only if researchers, technicians and producers get engaged in the construction of knowledge in the area. Keywords: Fish production, Standards, Organic systems. 1

Introdução A produção de organismos aquáticos é uma prática milenar, mas somente no último quarto do século XX os volumes produzidos alcançaram níveis significativos em relação à pesca que praticamente estagnou (FAO, 2014). Este período de grande crescimento do setor tem sido chamado de Revolução Azul e o desenvolvimento da atividade vem seguindo o mesmo modelo da agricultura industrial, baseado na introdução intensiva de energia e insumos. A mudança para uma produção de alimentos mais saudáveis e conservação dos recursos naturais no Brasil emerge de uma crescente preocupação de organizações sociais do campo. Neste sentido, a criação de peixes integrando a produção agroecológica pode contribuir de maneira expressiva para a promoção da soberania e segurança alimentar e diversificação das fontes de renda na agricultura familiar e camponesa. No entanto, existem poucas iniciativas desta forma de produção e isto se deve principalmente a falta de pesquisas e capacitação técnica. Segundo Valenti (2002) pouca atenção tem sido dada pela pesquisa no Brasil a estes sistemas, talvez devido a sua complexidade que desencoraja os pesquisadores. De acordo com Boscolo et al. (2012) no Paraná, em 2005, houve uma experiência na produção de tilápia (Oreochromis niloticus) seguindo princípios agroecológicos, mas foi interrompida por inviabilidade econômica. Estudos realizados com utilização de rações orgânicas na criação peixes nativos, como o pacu (Piaractus mesopotamicus) e jundiá (Rhamdia voulezi) em sistemas de monocultivo em tanques rede demonstraram resultados positivos no desempenho zootécnico destas espécies (BOSCOLO et al., 2012; FEIDEN et al., 2010). Em Santa Catarina, a Empresa de Pesquisa em Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) desenvolveu um policultivo de peixes integrado a produção de suínos e aves (CASACA et al. 2005) e, mais recentemente, um policultivo integrado a produção vegetal (peixe-verde), baseado na alimentação da carpa capim, espécie principal, integrado com vegetais cultivados (CASACA, 2008). A diferenciação de produtos orgânicos e agroecológicos é feita por meio de certificação. No Brasil o selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SisOrg) é obtido por meio de Certificação por Auditoria ou por Sistema Participativo de Garantia. A certificação auditada, consolidada mundialmente, utiliza uma terceira parte isenta e de credibilidade entre produtores, comerciantes e consumidores, e estabelece a garantia de que os produtos respeitaram procedimentos orgânicos até chegarem ao consumidor final. A certificação participativa, por outro lado, está baseada na construção de redes de credibilidade que envolvem agricultores, consumidores e comerciantes, estabelecendo a confiança necessária entre as partes para que a comercialização ocorra. A legislação reconhece também o papel das Organizações de Controle Social (OCS) no caso de agricultores familiares camponeses que comercializam no sistema de venda direta. 2

Esta certificação de produtos da agricultura orgânica está bem estabelecida, porém, a regulamentação para produção orgânica aquícola é recente. Somente em 2011 foi publicada a Instrução Normativa Interministerial MAPA/MPA nº 28, específica para os Sistemas Orgânicos de Produção Aquícola (BRASIL, 2011). A partir da consolidação desta legislação é possível que práticas de produção aquícola orgânica sejam mais difundidas. Segundo Muelbert et al. (2013) não foi possível identificar propriedades com certificação orgânica para a produção de peixes, sendo reportados dois empreendimentos com certificação apenas no âmbito da maricultura. O presente trabalho tem por objetivo analisar as normas de certificação orgânica brasileiras e verificar a situação atual desta certificação no que concerne a piscicultura interior. Metodologia Foi realizada pesquisa bibliográfica e documental, complementado com busca em sites específicos de certificadoras da produção orgânica nacionais. Para mapeamento da situação dos cultivos de peixes orgânicos no país foi feito contato com os Organismos de Avaliação da Conformidade Orgânica (OAC) cadastrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Também foram sistematizados resultados de reuniões com o Núcleo de Agroecologia da Rede Ecovida Luta Camponesa, que iniciou suas atividades em 2010 e está localizado na região Centro Sul do Paraná. Por meio de procedimentos de análise exploratória, foi realizado estudo da Instrução Normativa Interministerial Nº 28/2011 e discutidas algumas dificuldades referentes à sua implantação. Resultados e discussões A análise do cadastro no Ministério da Agricultura de Organismos de Avaliação da Conformidade Orgânica mostra que existem 23 OACs no país, sendo que 17 certificam produtos Primários de Origem Animal (PPA), foco desta pesquisa. Até o presente momento, nenhum dos organismos que atuam na certificação por Auditoria certificou projetos que envolvessem piscicultura. O mesmo ocorreu com relação aos Organismos de Certificação por Sistemas Participativos (OPAC), que indicaram não terem certificado unidades de produção de peixes. Percebe-se que em dois anos (2012 a 2014), apesar do número de instituições credenciadas no MAPA ter aumentado de 10 para 23, não houve mudança no cenário relatado por Muelbert et al. (2013). Ou seja, não existem unidades de produção de cultivo de peixes certificadas no Brasil. São 10.510 produtores regularizados, sendo que o número de produtores com certificação primária de origem animal é de 2.254. Destes, 2.093 por auditoria e 161 de forma participativa. Os números são baixos e provavelmente não 3

refletem o total de produtores. É necessário investimento na divulgação destes mecanismos e fomento a adesão para ampliar o número de produtores e organizações que atuam sob amparo da regulamentação (MDA, 2013). Além disso, é importante ressaltar que grupos em transição não estão cadastrados. A partir do levantamento realizado, foi possível constatar que não existem experiências de certificação em piscicultura em nenhum dos 40 grupos do núcleo da Rede Ecovida Luta Camponesa. Este fato demonstra que não houve diferença do mapeamento, realizado em 2012, da piscicultura nas unidades de produção certificadas orgânicas ou em processo de transição agroecológica que compõem o Núcleo, o qual revelou que apenas 27% das famílias cultivam peixes prioritariamente para autoconsumo (HOSEL et al., 2014). Destas famílias, 33% afirmaram terem interesse em participar de pesquisa com produção de peixes de base ecológica, fato que pode ser considerado como uma demonstração da intenção de início de produção comercial. Analisando a Instrução Normativa 28, observa-se que a mesma prevê, por meio de 70 artigos, garantir a implantação de um sistema de manejo orgânico com a manutenção ou construção ecológica da vida e da fertilidade da água, com estabelecimento do equilíbrio do agroecossistema e da preservação da diversidade biológica dos ecossistemas naturais e modificados. Estabelece que a unidade de produção orgânica deva possuir registros de procedimentos de todas as operações envolvidas na produção por um período mínimo de cinco anos e dispor de um Plano de Manejo atualizado. Este instrumento é fundamental e deve contemplar desde o histórico de utilização da área, até as formas de manutenção da biodiversidade, manejo dos resíduos, conservação do solo e da água. No plano devem constar também procedimentos para pós-produção, envase, armazenamento, processamento, transporte e comercialização e medidas para prevenção e mitigação de riscos de contaminação externa, inclusive Organismos Geneticamente Modificados (OGM) e derivados. Por esta razão, é imprescindível a implantação de ações que evitem contaminações internas e externas, tais como proteção em relação às fontes de contaminantes e o controle da qualidade da água. Devem ser feitas visitas e inspeções para levantar informações que serão a base para a conversão para unidade de produção orgânica, sendo levado em consideração o conhecimento dos produtores e trabalhadores dos princípios, das práticas e da regulamentação da produção orgânica. Neste sentido, a capacitação continuada e o contato com grupos ligados a área deve fazer parte das ações. A duração do período de conversão é estabelecida pelo OAC ou pela OCS e varia de acordo com o tipo de exploração e a utilização anterior da unidade de produção. O período de conversão é de 12 meses para sistemas de viveiros de terra construídos em áreas anteriormente cultivadas em sistemas não orgânicos. No caso de viveiros de terra novos, em áreas não cultivadas anteriormente, não é necessário período de conversão. Já no que se refere à produção parcial ou paralela, fica 4

estipulado um período de no máximo cinco anos. Este período é similar ao de outros produtos vegetais e animais e suficiente para que o produtor possa ingressar definitivamente no sistema orgânico. No que diz respeito à reprodução e cultivo dos peixes, não são permitidos poliploides, organismos geneticamente modificados, organismos sexualmente revertidos e populações artificialmente esterilizadas. A reprodução induzida artificialmente e a reversão sexual, em especial no caso da tilápia, são hoje os principais mecanismos para a propagação e obtenção de alevinos no setor. Novas técnicas precisam ser pesquisadas no intuito de sanar este gargalo na produção orgânica. A norma estabelece a utilização de métodos naturais de reprodução que interfiram minimamente no comportamento da espécie cultivada, sendo proibido o uso de hormônios em qualquer etapa. A hipofisação, aplicação de hormônios naturais presentes na glândula pituitária (hipófise) de peixes maduros, é uma técnica amplamente utilizada para induzir a maturação final na reprodução de peixes em cativeiro no Brasil. Considerando o desenvolvimento atual da piscicultura, é praticamente impossível a obtenção de alevinos das principais espécies cultivadas (tambaqui Colossoma macropomum, pacu Piaractus mesopotamicus e pintado Pseudoplatystoma corruscans) sem o uso da hipofisação. Neste sentido, cabe a OAC ou OCS estabelecer prazos para o desenvolvimento de tecnologia alternativa a hipofisação. Cabe ressaltar que a norma é muito recente, não existem produtores de alevinos em sistema orgânico e o produtor que desejar a certificação dos peixes cultivados terá que adquirir alevinos em unidades de produção convencionais. A norma brasileira é similar às normas internacionais que também restringem o uso destas técnicas não naturais. Mesmo em países como a China, com produção orgânica estabelecida, os piscicultores têm dificuldades na obtenção de alevinos produzidos de forma orgânica (XIE et al., 2013). Uma alternativa é o uso de espécies que não demandam a indução artificial como carpa comum (Cyprinus carpio). No caso da tilápia (Oreochromis niloticus) seriam utilizados apenas exemplares não revertidos, sem nenhum uso de hormônio de reversão sexual. Neste sentido, a norma parece estar adequada, pois por um lado estimula a pesquisa e desenvolvimento de tecnologia e ao mesmo tempo não restringe o uso de formas jovens convencionais, sempre que aprovada pelos organismos de controle. Outro fator que também demanda mais pesquisas é na questão da preferência que o piscicultor deve dar as espécies nativas, uma vez que, a despeito da grande diversidade aquática brasileira, a aquicultura nacional ainda está concentrada em um número relativamente reduzido de espécies majoritariamente exóticas, como no caso da tilápia. Segundo Istchuck et al. (2013) a intensificação de pesquisas e o desenvolvimento de tecnologia para a produção de espécies nativas é um dos principais desafios apontados por pesquisadores brasileiros para o país se tornar um grande produtor de pescados cultivados. Sobre o bem estar dos organismos aquáticos a regulamentação indica que se deve dar preferência por espécies adaptadas às condições climáticas e ao tipo do manejo 5

empregado, bem como respeitar as cinco liberdades dos animais: nutricional, sanitária, comportamental, psicológica e ambiental. Evidências sugerem fortemente a existência de capacidade de ter consciência de sensações (senciência) em peixes o que legitima o conceito de bem-estar aos teleósteos (OLIVEIRA e GALHARDO, 2007). A norma estabelece que etapas de recria e engorda em sistemas intensivos não são permitidas na produção orgânica. Porém, não deixa claro quais sistemas são considerados intensivos. Segundo a resolução que normatiza o licenciamento ambiental da aquicultura, CONAMA nº 413 de 2009, o sistema de cultivo intensivo é um sistema de produção em que as espécies cultivadas dependem integralmente de alimentação artificial tendo como uma de suas características a alta densidade variando de acordo com a espécie utilizada. Neste caso, sistemas de criação em altas densidades, amplamente difundidos na piscicultura brasileira, ficam impedidos da certificação. Já o sistema em tanques rede seria possível, em densidades não elevadas, desde que os parâmetros físicos, químicos e biológicos da água atendam as necessidades de conforto dos animais. Com relação à nutrição, os peixes devem receber alimentação orgânica provenientes da própria unidade de produção ou de outra em sistema de produção orgânico. Em casos de escassez ou em condições especiais será permitida a utilização de alimentos não orgânicos, na proporção da ingestão diária, de até 20% (matéria seca). Este é um grande desafio na produção de peixes já que as rações orgânicas teriam que ser fabricadas pelo produtor, pois atualmente não existe no mercado nacional este tipo de ração. Inclusive, todas as rações comerciais convencionais produzidas no país contêm milho e soja transgênicos, refletindo a dificuldade cada vez maior em se conseguir grãos livres de organismos geneticamente modificados. O uso de ração como único componente da dieta será permitido para organismos aquáticos alojados em instalações revestidas de material impermeável, com sistema de circulação de água semifechado apenas para fins de reprodução e produção de formas jovens, quarentena e o tratamento terapêutico e profilático. A norma permite o uso de probióticos, suplementos minerais e vitamínicos naturais na dieta. Permite também o uso de fertilizantes orgânicos para disponibilizar nutrientes naturais no ambiente de cultivo. Porém, é proibido uso de aditivo, pigmentos sintéticos, carcaças, vísceras ou restos de animais terrestres in natura e dejetos animais na alimentação direta. Neste último caso, de proibição do uso de dejetos animais na alimentação direta, não fica claro se não é permitido o consorciamento com outros animais de granja, cuja principal vantagem preconizada é o aumento da produtividade primária do sistema de cultivo com a incorporação direta nos viveiros das fezes dos animais criados de forma integrada, como marrecos e suínos. O Modelo Alto Vale do Itajaí de Piscicultura Integrada (MAVIP) é exemplo da criação bem sucedida de peixes consorciados com suínos, que impulsionou a piscicultura catarinense, com grande aumento na produtividade e diminuição de custos ao produtor rural (SOUZA FILHO et al., 2002). Desta forma, tendo em vista a possibilidade de estabelecer um sistema de reciclagem de matéria 6

orgânica proveniente de outras atividades agropecuárias, com baixo impacto ambiental, alta lucratividade e sem riscos ao consumidor (PILARSKI et al., 2004), este sistema de produção consorciada não deveria ser proibido e sim incentivado, quando em condições propícias. Quanto ao uso de aditivos, como no caso de produtos aglutinantes não nutritivos (lignosulfonatos, alginatos, carboximetilcelulose, bentonita, goma guar), cuja inclusão tem por objetivo conferir maior estabilidade às rações para aquicultura, estudos demonstram que de fato os resultados obtidos com estes produtos variam consideravelmente, havendo, inclusive, relatos de efeitos negativos, com prejuízo no crescimento e até mesmo morte em algumas espécies (ROSAS et al., 2008). Sendo assim, a utilização de produtos ou subprodutos da agroindústria que permitam substituir os aglutinantes não nutritivos é de grande interesse para o setor aquícola, pois além de minimizar custos, não resultam em problemas fisiológicos aos animais (PEZZATO et al., 1995). Adicionalmente, é importante destacar que não existe no mercado nacional nenhuma ração orgânica comercial para peixes, tornando prioritário o desenvolvimento de estudos voltados para elaboração de rações orgânicas destinadas à piscicultura de base ecológica. Com relação aos taludes dos viveiros para peixes, devem estar recobertos com vegetação adequada, preferencialmente nativa para fins de controle de erosão. No que tange à confecção de estruturas, os materiais deverão preferencialmente ser naturais, reciclados, reutilizados ou livres de resíduos de substâncias não permitidas para uso em sistemas orgânicos de produção. Os sistemas produtivos deverão ser projetados preferencialmente com tanques de decantação, filtros biológicos ou mecânicos para remover os resíduos e melhorar a qualidade dos efluentes. Impedindo a fuga dos organismos para o ambiente. A norma está adequada e em consonância com a legislação que prevê que empreendimentos de piscicultura devem dispor de mecanismos de proteção que evitem fuga e não realizem lançamentos diretos de efluentes líquidos e sedimentos de fundo em corpos d água (SEMA, 2013). As propostas de inclusão e exclusão de substâncias e práticas para uso na produção orgânica deverão ser submetidas à apreciação de comissões, que as encaminharão, acompanhadas de parecer, à Coordenação de Agroecologia - COAGRE, do MAPA, que deliberará sobre a matéria, ouvindo a Secretaria de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura, do Ministério da Pesca e Aquicultura. Vale ressaltar que os casos omissos e as dúvidas suscitadas na execução da IN serão resolvidos pelo MAPA, em conjunto com o Ministério da Pesca e Aquicultura - MPA. A IN 28 possui anexos os quais listam a relação de substâncias permitidas e produtos autorizados; valores de referência utilizados como limites máximos. Fica claro na norma que o produtor deverá comunicar ao OAC ou à OCS qualquer alteração que surgir ou não constar no plano de manejo e em muitos casos depende da aprovação destas instituições para poder realizar algum procedimento não 7

acordado previamente. A dúvida é se estes organismos terão embasamento técnico e científico para tomarem decisões e orientarem os produtores. As normas para piscicultura orgânica são uma ferramenta importante para a adoção de práticas agroecológicas, porém, é fundamental que o produtor perceba a atividade como algo econômico. Neste sentido, um dos desafios é a inserção da piscicultura no sistema de produção agroecológico da propriedade. Cabe ressaltar que está prevista uma atualização das normas de produção orgânica de organismos aquáticos em 2015. As contribuições de técnicos e pesquisadores da área serão fundamentais para uma melhor adequação das mesmas a realidade. Estas contribuições só serão possíveis na medida em que as pesquisas avancem concomitantemente com a integração do cultivo de peixes nas unidade de produção de base agroecológica. Conclusões Não foi possível identificar na piscicultura brasileira algum empreendimento certificado como orgânico. Observa-se que o cultivo de peixes não está inserido na agricultura familiar camponesa de maneira formal. A norma, de uma maneira geral, traz exigências difíceis de cumprir, especialmente na questão da alimentação e nutrição dos peixes. Os inúmeros gargalos técnicos só serão superados a medida que pesquisadores, técnicos e produtores conjuntamente se dediquem no preenchimento das lacunas na área. O Núcleo de Estudos em Aquicultura com enfoque agroecológico da Universidade Federal da Fronteira Sul está se desafiando a pensar a produção da piscicultura considerando os princípios da Agroecologia e a realidade do produtor na busca de adequar, entre outras técnicas, a alimentação dos peixes com o que se produz na propriedade. Cada espécie tem necessidades alimentares que precisam ser consideradas. Neste sentido é imperativo estudar as espécies nativas da região, seus hábitos alimentares para com isso identificar possíveis fontes alternativas disponíveis na propriedade. Através dos princípios da agroecologia é possível pensar em uma produção que não dependa tanto de insumos externos e que considere o saber popular na construção do conhecimento científico. Normativas são estabelecidas para atender um mercado especifico, no entanto, mesmo que o produtor esteja adequado às normas, não significa que a sua produção seja baseada nos princípios da agroecologia Agradecimentos Os autores agradecem o apoio financeiro ao Núcleo de Estudos em Aquicultura com enfoque Agroecológico, Edital n. 81/2013 CNPq/MPA/MAPA/MDA/MCTI/MEC. 8

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