Chuvas Intensas em Brasília nos últimos cinco anos. Nadir Dantas de Sales nadir.dantas@inmet.gov.br; Expedito Rebello expedito.rebello@inmet.gov.br; José de Fátima da Silva- jose.fatima@inmet.gov.br Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Eixo Monumental Sul Sudoeste. CEP: 70680-900 Brasília-DF. ABSTRACT The objective of the present work was to analyze the behavior of intense rains in elapsing of the months in Brasilia, mainly in the rainy months that the April goes of October, in the last five years (2005 the 2009). The work still makes a comparison of the characteristics of daily rains of Brasilia - DF in the last five years with the monthly totals of the period of 1963 the 2004 and period of return of intense rains in twenty and four hours. In terms still of the rain totals in 24 hours, (Pfafstetter, 1982), the rain occurrence was calculat ed to Brasilia DF, Brazil with totals above of 133,0 mm (02%) and long period of return (40 years) and was evidenced it low probability of occurrence of this value. Palavra Chave: Chuvas Intensas, Climatologia, Período de Retorno. 1-INTRODUÇÃO Brasília se encontra em uma altitude média de 1.100m e a Estação Climatológica do Instituto Nacional de Meteorologia - INMET, a 1.161m, na área mais central da capital, sendo pois, bastante representativa das condições climatológicas da cidade.seu clima Tropical de Savana possui, dada a sua grande altitude, marcantes características de temperado. O período de chuvas se estende de setembro a maio, sob o domínio da Massa Equatorial Continental, cuja origem na região aquecida e coberta de vegetação do continente, de elevado teor de umidade, confere a capital condições de tempo, em geral, nublado e evoluindo a tarde para encoberto com pancadas de chuvas e trovoadas, as vezes queda de granizo e ventos de rajadas moderadas a fortes. A fase seca corresponde ao inverno, com predominância da Massa Equatorial Atlântica, originária do centro de ação do Atlântico, também úmida, porém somente nos níveis inferiores e seca na parte superior, que avança para o interior trazendo condições de bom tempo a todo o Planalto Central, com sucessivos dias de céu claro pela manhã e a noite, nublado a tarde, com forte incidência de névoa seca, especialmente ao final do inverno. Na primavera, a intensificação das frentes polares situadas na Argentina provoca um declínio de pressão, aumento de temperatura e limpeza do céu, com ventos de E (este). Logo que a frente polar atinge o sul do Brasil, descontinuidades tropicais surgem provindas de oeste e trazendo chuvas correntes de NW (noroeste) e SW (sudoeste), trovoadas e declínio de temperatura. Ao se aproximar a frente do limite S (sul) de Goiás, estacionando em São Paulo, ocorre novo declínio de pressão, a temperatura se eleva cerca de 3ºC enquanto a nebulosidade se reduz. O quadro de verão não é muito diverso, contudo a frente polar fica mais ao sul e a sua dissolução permite a subida do barômetro, declínio de temperatura e ventos de W (oeste), acompanhados de chuvas, sob céu encoberto.
No outono, a situação geral é de chuvas continentais, com frente polar no Trópico, a 20 S. O tempo oscila para a limpeza do céu e aquecimento com qualquer dissolução daquela frente. Este caso, reforçado quando ocorre nova Frontogênese na Argentina, corresponde ao domínio do Anticiclone do Atlântico, trazendo seca e aquecimento. No inverno, a predominância do Anticiclone do Atlântico é permanente. O céu é de pouca nebulosidade, ventos predominantes do quadrante E (este), temperaturas mínimas relativamente baixas, pressões altas e incidência de névoas, úmida e seca e nevoeiros. (Marcshall, C., 1985) 2- MATERIAL E MÉTODOS Inicialmente se determinou a distribuição dos totais médios e máximos de chuva mensal e dos totais máximos de chuvas em 24 horas, a partir de dados diários de chuva dos períodos 1963-2004 (para se determinar as características pluviométricas e os extremos de chuva em 24 horas) e 2005-2009 (para se quantificar os extremos de chuvas), com dados provenientes da estação meteorológica da Brasília, situada a 15 47'S, 47 56'W. Posteriormente definiu-se o regime das chuvas de Brasília tendo-se por base a determinação de períodos de chuva (período 1963-2004), no sentido de se relacionar os totais pluviométricos máximos de 24 horas com o regime dominante das chuvas, nos dois períodos (chuvoso e seco). Foi calculado o período de retorno de acordo com o método utilizado por Pfafstetter, 1982, em que a período mais intenso de cada chuva foi definido pelas precipitações máximas no período de 24 horas, designados por duração. O presente trabalho teve por objetivo analisar o comportamento das chuvas intensas no decorrer dos meses em Brasília, nos últimos cinco anos (2005 a 2009). Os resultados apresentados servem principalmente para o estudo hidrológico das enchentes dos cursos de água pelo método racional. A parte mais intensa de cada chuva foi definida pelas precipitações máximas, observadas em diversos intervalos de tempo, designados por duração. Na análise de freqüência das chuvas, as precipitações de determinada duração foram caracterizadas pelo tempo de recorrência, definido pela relação: Sendo: T- Tempo de recorrência em anos; n- número de anos de observação; M- número de ordem que a precipitação considerada ocupa numa série em que as precipitações são dispostas em magnitude decrescente. 3- RESULTADOS e DISCUSSÃO Período: 1963-2009, Na Fig. 1 estão plotados os totais extremos (máximos) mensais de chuva, os meses mais chuvosos (totais mensais de chuva acima de 250 mm ) ocorreram entre outubro a abril, e os meses menos chuvosos ( totais de chuva abaixo de 80mm a mínimos de 0,2mm ) entre maio a setembro. A maior diferença entre os totais mensais de chuva registrou-se entre os meses dezembro (248,6 mm) e junho (8,8mm). Essa distribuição de chuva mensal caracterizou dois períodos de chuva em Brasília: um chuvoso, que se estende de outubro a abril e outro de estiagem (SECO) que abrange os meses de maio, junho, julho e agosto e setembro.
Através da Fig. 1 pode-se observar ainda que os maiores desvios entre os totais mais elevados (1963 2004) e as Normais Climatológicas de chuva (1961-1990) ocorreram no período chuvoso, nos meses de janeiro ( 367 mm), novembro (211), dezembro (205 mm), outubro (199 mm), fevereiro (193 mm), março (181 mm) e abril (174 mm). As diferenças entre o período de 2005 a 2009 e as Normais Climatológicas (1961 1990) ocorreram mudanças significativas entre as diferenças nos períodos e ocorreram os máximos no início e término do período chuvoso outubro (354), (abril ( 251 mm), março (208 mm). Período: 2005-2009 Na Fig. 2 (Gráficos a,b e c), estão plotados os seguintes montantes de chuva: totais médios mensais, totais máximos mensais e totais máximos de chuva em 24 horas, do período relacionado ao período 2005-2009, onde se pode observar os seguintes aspectos: 1-A distribuição dos totais médios mensais das chuvas nos cinco anos mais recentes, seguiu em geral o padrão registrado nos trinta anos passados (ver Fig.2a), com os meses mais chuvosos ocorrendo entre outubro a abril e com os meses menos chuvosos ocorrendo entre maio a agosto, tendo sido verificando além dos períodos chuvoso e de estiagem 2-A distribuição dos totais máximos mensais de chuva nos cinco anos mais recentes apresentou variação em relação ao padrão apresentado pela série de trinta anos ( ver Fig2b), sendo que os valores alcançados foram em geral inferiores aos registrados na série de trinta anos em alguns meses como janeiro, fevereiro, novembro e dezembro, enquanto, que os meses de março ( 208 mm), abril ( 251 mm) e outubro (354 mm ), foram os mais chuvosos. 3-Em termos de totais máximos de chuva em 24 horas verificou-se nítida variação na distribuição dos valores registrados nos dois períodos analisados (ver Fig2c) e pequena variação em relação aos limites dos valores máximos assinalados durante os meses. Nos últimos cinco anos (2005 2009), os maiores montantes no decorrer dos meses oscilaram entre 0,2mm (julho) 110,7mm ( fevereiro) enquanto que no período de (1963 2004) os limites estiveram entre 29,8mm em junho e 132,8mm em novembro.
TOTAIS MÉDIOS MENSAIS DE PRECIPITAÇÃO TOTAIS MÁXIMOS MENSAIS DE PRECIPITAÇÃO TOTAIS MÁXIMOS DE PRECIPITAÇÃO EM 24 h
3- CONCLUSÕES As chuvas mais intensas em Brasília nos últimos cinco anos ocorreram dentro do esperado em termos de sazonalidade com os períodos chuvosos (Outubro a abril) e secos (maio até setembro), mas em termos de magnitude houve mudanças nos meses de maior ocorrência das chuvas na série de 1963 2004, foi registrado 132,8mm em novembro enquanto que na série de 2005 2009, foi registrado 110,7 em fevereiro. Os totais extremos de chuvas mensais e de 24 horas nos últimos cinco anos foram um pouco menos elevados que os registrados nos trinta anos do passado recente, com a diferença mais visível tanto em relação aos montantes ocorridos em 24 horas como mensais. Em termos ainda dos totais de chuva em 24 horas, (Pfafstetter, 1982), foi calculado a ocorrência de chuvas com totais acima de 133,0 mm (02%) e longo período de retorno (40 anos) e constatou-se a baixa probabilidade de ocorrência desse valor. 4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BASTOS, T. X; MARQUES, A. F. S., ROCHA, M.S.S.; OLIVEIRA, R.P., PACHECO, N.A, SÁ T. D. A. Chuvas Máximas de 24 horas em Belém, Pobabilidade de Ocorrência e Tempo de Retorno. In: Anais do X Congresso Brasileiro de Meteorologia. Brasilia, 1998. BASTOS, T.X. Delineating Agroclimatic Zones For Deforested Areas In Para State. Brazil. Hawaii; University of Hawaii, 1990.169p. (Teses Doutorado). GUYOT, G. Climatologie de lénvironnment. Paris. MASSON, 1997. 505p. JACKSON, I J. Climate, Water & Agriculture in the Tropics. Longman Group UK Limited. Londom. Second edition 1989. 377p. MARCSHALL, C., Climatologia de Brasília DF, 1985, INMET/MA, Brasília-DF. NECHET, D. Análise da precipitação em Belém-PA, de 1896 a 1991, Boletim de Geografia Teorética, Rio Claro-SP, Vol. 23, n 45-46, 1993. NORMAIS CLIMATOLÓGICAS (1961-1990); DNMET/SENIR/MA, 1992. PFAFSTETTER, O. ; Chuvas Intensas no Brasil, Rio de Janeiro, DNOCS, pags. 09-21, 1982. OLDEMAN, L. R.; FRÉRE, M. A. A study of the agroclimatology of the humid tropics of Southeast Asia. Rome: FAO, 1982. 229p.