Boletim Climatológico Mensal Março 2009

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1 Boletim Climatológico Mensal Março 2009 CONTEÚDOS 01 Resumo Mensal 04 Resumo das Condições Meteorológicas 05 Caracterização Climática Mensal 05 Temperatura do Ar 06 Precipitação Total 08 Outros elementos 09 Fenómenos Relevantes IM Figura 1 Número de dias em onda calor - Março de 2009 RESUMO MENSAL Março Quente e Seco (Continente) Boletim Climatológico Mensal de Março 2009 Produzido por Instituto de Meteorologia, I.P. Também disponível em No mês de Março, em Portugal Continental, a média da quantidade de precipitação, 20.9 mm, foi bastante inferior ao valor médio ( ), 61.2 mm, classificando-se este mês como seco a extremamente seco. De salientar que o mês de Março de 2009 é o mais seco dos últimos 11 anos. Em relação à temperatura do ar em Março, em Portugal Continental, é de realçar que a média da temperatura máxima, 19.9ºC, corresponde ao 4º valor mais elevado desde 1931 (23.3ºC em 1997; 20.2ºC em 1961; 20.1ºC em 1998) e com uma anomalia em relação ao valor médio de +2.9ºC. A estação meteorológica de Alcácer do Sal registou o valor mais elevado de 29.9 C no dia 27, o extremo absoluto desta estação foi de 30.6 C no dia 31 de Março de Também a média da temperatura média em Portugal Continental foi superior ao valor normal , com uma anomalia de +1.7ºC, correspondendo ao 6º valor mais elevado para este mês (13.6ºC) desde 1931 (valor mais elevado ocorreu em 1997 com 15.9ºC). Em relação à média da temperatura mínima do ar no Continente esta também foi superior ao valor normal mas apenas em +0.5ºC. Mais informação na pág. 02 Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 1/11

2 Resumo Mensal De salientar ainda neste mês a ocorrência de ondas de calor no Continente, em grande parte das regiões do interior Norte e Centro e parte do Sul. As estações meteorológicas onde se registou o maior número de dias nesta situação foram Penhas Douradas, com 21 dias e Bragança, Mirandela, Miranda do Douro e Monção com 18 dias. No Funchal os valores médios da temperatura máxima, mínima e média do ar foram superiores aos valores médios Os desvios em relação aos valores médios foram de +0.9ºC, +1.0ºC e +1.0ºC, respectivamente. Em Porto Santo os valores médios da temperatura máxima, mínima e média do ar foram inferiores mas próximos dos valores médios ( ) em -0.6ºC, -0.1ºC e -0.4ºC, respectivamente. Os valores da quantidade de precipitação foram inferiores aos valores normais ( ) no Funchal e Porto Santo. Nos Açores os valores médios das temperaturas máxima, mínima e média do ar foram próximos aos valores normais ( ) em quase todos os grupos do Arquipélago. Os valores da quantidade de precipitação foram inferiores aos normais ( ) em todo o Arquipélago. De salientar que nos grupos Ocidental, Central e Oriental verificaram-se desvios em relação aos valores normais ( ) de mm, mm e mm respectivamente. Estações Tabela 1_Resumo Climatológico Mensal Março 2009 Temp. Máx. Ocorrida (ºC) Dia Temp. Min. Ocorrida (ºC) Dia Prec. Máx. Diária (mm) Dia Bragança Porto/P. Rubras Penhas Douradas Coimbra/Cernache Castelo Branco Lisboa/Geofísico Évora/ CC Faro Funchal Ponta Delgada Temp. Máx. Ocorrida / Dia - Maior valor da Temperatura máxima ocorrida neste mês e respectiva data - valor ocorrido entre as 09 UTC do dia anterior as 09UTC do próprio dia Temp. Min. Ocorrida / Dia - Menor valor da Temperatura mínima ocorrida neste mês e respectiva data - valor ocorrido entre as 09 UTC do dia anterior as 09UTC do próprio dia Prec. Máx. Diária / Dia - Maior valor da Precipitação diária ocorrida neste mês e respectiva data valor acumulado desde as 09 UTC doa dia anterior às 09UTC do próprio dia Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 2/11

3 Estações Tabela 2_Climatologia Mensal Comparada Março 2009 Temp. Máx. Mês (ºC) Média Temp. Min. Mês (ºC) Média Prec. Total Mês (mm) Média Nº dias Temp 25 ºC Bragança Porto/P. Rubras (1) (1) (1) 3 1 (1) Penhas Douradas Coimbra/Cernache (2) (2) (2) 7 2 (2) Castelo Branco Lisboa/Geofísico Évora/ CC (4) (4) (4) 7 1 (4) Faro Continente (3) Funchal Ponta Delgada Média (1) Normais da estação meteorológica de Porto/S. Gens (2) Normais de Coimbra/Geofísico Mudança de estação (3) Valor médio calculado com base em 54 estações meteorológicas do Continente (4) Normais da estação meteorológica de Évora/Cidade Figura 2. Precipitação Total em Março (esq.2a) e Temperatura máxima em Março em Portugal Continental (dir.2b). Desvios em relação à média Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 3/11

4 Resumo das Condições Meteorológicas Continente De 1 a 3 o estado do tempo no Continente foi influenciado pela acção conjunta de um anticiclone e de uma depressão centrada a oeste de Sagres. O céu esteve em geral pouco nublado a Norte, e por vezes muito nublado no Centro e Sul. Ocorreram aguaceiros, que foram pontualmente fortes nas regiões do Centro e Sul, por vezes acompanhados de trovoada. De 4 a 7, o Continente foi influenciado por uma circulação de oeste, alternada pela passagem de superfícies frontais. O céu esteve temporariamente muito nublado e ocorreram períodos de chuva ou aguaceiros, que foram, pontualmente nos dias 4 e 5, de neve nas terras mais altas do Norte e Centro. Nos dias 4 e 5, o vento soprou de noroeste moderado a forte, com rajadas que atingiram os 120 km/h nas terras altas. De 8 a 18, o estado do tempo foi predominantemente influenciado por um anticiclone. O céu esteve em geral limpo, a temperatura do ar subiu e o vento soprou do quadrante leste, tornando-se a partir de dia 16 moderado a forte nas regiões do centro e do sul. A partir de dia 19, uma depressão centrada a Norte do Arquipélago da Madeira alterou este cenário meteorológico. Neste dia verificou-se um aumento da nebulosidade, em especial por nuvens altas. E a partir de dia 20, o céu manteve-se em geral limpo no Norte e Centro e com períodos de muito nublado no Sul. Ocorreram aguaceiros no Alentejo e no Algarve, por vezes acompanhados de trovoada e de granizo. Verificou-se uma descida gradual dos valores da temperatura do ar. De 27 a 29, o vento foi de norte moderado, soprando forte e com rajadas no litoral e nas terras altas. A partir de dia 30, o vento rodou novamente para o quadrante leste e diminuiu de intensidade. Tabela 3_Resumo Sinóptico Mensal Continente Março 2009 Período 1 a 3 4 a 7 8 a a a 29 Regime Tempo Aguaceiros, que foram pontualmente fortes no Centro e no sul e acompanhados de trovoada. Chuva ou aguaceiros. Queda de neve nas terras mais altas do Norte e do Centro nos dias 4 e 5. Céu limpo. Temperaturas máximas acima da média Aguaceiros no Alentejo e Algarve, por vezes acompanhados de trovoada e de granizo Vento de norte forte no litoral e terras altas Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 4/11

5 Madeira Até dia 3, o Arquipélago foi condicionado por uma depressão centrada a oeste de Sagres. Ocorreram períodos de céu muito nublado, aguaceiros, que foram sob a forma de neve nas terras mais altas da ilha da Madeira, e vento moderado de norte, sendo fraco no Funchal. De 4 a 7 e de 10 a 15, predominou a influência de um anticiclone, o céu esteve pouco nublado, temporariamente muito nublado, e ocorreu precipitação fraca (4 a 7). A partir de dia 16, uma depressão centrada inicialmente na região e com deslocamento lento para nordeste condicionou o estado do tempo na Madeira e em Porto Santo. Ocorreram aguaceiros, por vezes fortes e acompanhados de trovoada. Nos últimos dias, o vento soprou do quadrante norte, forte nas terras altas. Açores De 10 a 18, o estado do tempo nos Açores foi condicionado pela passagem de depressões, às quais por vezes estiveram associadas superfícies frontais. O céu esteve frequentemente muito nublado e ocorreram períodos de chuva ou aguaceiros, por vezes fortes. Nos restantes dias do mês predominou a influência de um anticiclone. O céu esteve por vezes muito nublado e ocorreu precipitação, embora fraca. O vento nestes dias predominou de nordeste. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 5/11

6 Caracterização Climática Mensal 1. Temperatura do Ar Os valores médios da temperatura máxima e média do ar em Portugal Continental em Março foram bastante superiores ao valor normal ( ) em +2.9ºC e +1.7ºC respectivamente; a temperatura mínima do ar também esteve acima da normal, em +0.5ºC. Os valores médios mensais da temperatura máxima variaram entre 12.9 C em Penhas Douradas e 23.6 C em Alcácer; os desvios em relação à normal variaram entre +1.0ºC em Faro +4.3ºC em Monção; os valores médios mensais da temperatura mínima variaram entre 2.0 C em Chaves, Miranda do Douro e Mirandela e 12.0 C em Cabo Carvoeiro e Lisboa; os desvios em relação à normal variaram entre 1.8ºC em Mirandela e +2.5ºC em Portalegre (Figura 3). Figura 3 Distribuição espacial da temperatura mínima, média e máxima do ar em Março e respectivos desvios em relação à média Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 6/11 Rua C Aeroporto de Lisboa Lisboa Portugal Tel.: (351) Fax: (351) informacoes@meteo.pt URL:

7 2. Precipitação Total A média regional da quantidade de precipitação em Portugal Continental foi bastante inferior ao valor médio ( ) para o mês, classificando-se Março como um mês extremamente seco a seco em quase todo o território. Os valores da quantidade de precipitação em Março de 2009 variaram entre 2.2 mm em Mogadouro e Zebreira e 74.0 mm em Lamas de Mouro e foram inferiores ao valor médio em todas as regiões do território. Em termos de percentagem, em relação ao período , a quantidade de precipitação foi inferior a 75% em grande parte do território, excepto nalguns locais, em particular do Sul, onde foi superior. Figura 4 Precipitação total em Março (esq.) e respectiva percentagem em relação à média (dir.). Nota: Para a análise da precipitação foram utilizadas 43 estações do INAG e 50 do IM. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 7/11

8 2.1. Precipitação acumulada desde 1 de Outubro de 2008 Os valores da quantidade de precipitação acumulada no período entre 1 de Outubro de 2008 e 31 de Março 2009 são inferiores aos valores médios de em todo o território do Continente (Figura 5). Variaram entre 185 mm em Coruche e 917 mm em Cabril e em termos de percentagem da quantidade de precipitação acumulada, em relação aos valores médios, esta é inferior a 80% em quase todo o território. Figura 5 Precipitação acumulada desde 1 de Outubro 2008 (esq.) e percentagem em relação à média (dir.) Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 8/11

9 3. Outros Elementos Climáticos Insolação Os valores da insolação variaram entre 234 horas em Anadia e 289 horas em Bragança e foram bastante superiores aos valores normais (71-00) em todo o território. Água no solo Os valores em percentagem de água no solo, em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas, em 31 de Março de 2009 eram inferiores a 75% em todo o território. Os valores são inferiores aos normais para a época em todo o território do Continente. Figura 6 Insolação em Março Figura 7 Percentagem de água no solo em Março Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 9/11

10 Fenómenos Climáticos Relevantes 1. Onda de Calor e Dias quentes O período de 8 a 28 de Março foi caracterizado por valores altos da temperatura máxima do ar muito superiores aos respectivos valores médios , e superiores aos correspondentes valores do percentil 90 (dias quentes), isto é, aos maiores valores da temperatura máxima do ar, que apenas ocorrem em 10% dos casos. Os valores da temperatura máxima, durante o período de ocorrência da onda de calor, apresentaram desvios em relação aos valores médios da ordem dos 6 a 12 C, em grande parte do território e em particular nas regiões do interior. Das estações meteorológicas analisadas em Portugal Continental verificou-se que em cerca de 37% das estações ocorreram mais de cinco dias com temperatura máxima superior ou igual a 25 C. As estações que apresentaram mais dias nesta situação apresentam-se na tabela 4. O número médio de dias com temperatura máxima superior ou igual a 25 C em Portugal Continental ocorrido neste mês de Março foi superior aos valores normais ( ).. Tabela 4_ Nº de dias com Tmax 25 C em Março 2009 em Portugal Continental Locais Nº de dias com Tmax 25 C Média Tmax 25 C Coruche 13 4 Monção 12 2 Alcácer do Sal 12 3 Anadia 11 2 Santarém Fonte Boa 11 3 Alvalade 10 3 Os valores mais elevados da temperatura máxima do ar ocorreram em geral entre os dias 17 e 28, sendo que em geral a maior parte das estações do Norte e Centro registaram o valor mais elevado no dia 17 e as estações do Sul registaram os valores mais elevados no dia 27. Na tabela 5 apresentamse os locais e respectivos dias com a temperatura máxima mais elevada durante o mês de Março. Tabela 5 - Valores da Temperatura Máxima mais altas em Março em Portugal Continental Local Temperatura máxima (ºC) Dia Alcácer do Sal Coruche P te Lima Alvega Monção Aveiro F. Foz Setúbal Amareleja Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 10/11

11 Entre 7 e 9 de Março iniciou-se uma onda de calor 1 nas regiões do interior Norte e Centro e em grande parte da região Sul (Figura 8). As estações meteorológicas onde se registou maior número de dias em onda de calor foram Penhas Douradas, com 21 dias e Bragança, Mirandela, Miranda do Douro e Monção18 dias. Figura 8- Número de dias em onda de calor em Março 2. Situação de Seca Meteorológica Em 31 de Março de 2009 e segundo o índice de seca meteorológica PDSI 2, a situação de seca em Portugal Continental agravou-se em todas as regiões do Continente. Deste modo, 34% do território estava naquela data em situação de seca fraca, 58% em situação de seca moderada e 8% em seca severa (Figura 9). Figura 9 Distribuição espacial do Índice de Seca Meteorológica em Março de Considera-se que ocorre uma onda de calor (do ponto de vista climatológico) quando num intervalo de pelo menos 6 dias consecutivos, a temperatura máxima do ar é superior em 5 C ao respectivo valor médio diário da temperatura máxima 2 PDSI - Palmer Drought Severity Index - Índice que se baseia no conceito do balanço da água tendo em conta dados da quantidade de precipitação, temperatura do ar e capacidade de água disponível no solo; permite detectar a ocorrência de períodos de seca e classifica-os em termos de intensidade (fraca, moderada, severa e extrema). Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 11/11