VII-039 AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONTAMINAÇÃO DO MANANCIAL SUBTERRÂNEO DE FEIRA DE SANTANA/BA-BRASIL, 2000 A 2004.

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Transcrição:

VII-039 AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONTAMINAÇÃO DO MANANCIAL SUBTERRÂNEO DE FEIRA DE SANTANA/BA-BRASIL, 2000 A 2004. LEVANTAMENTO GEOGRÁFICO E DA QUALIDADE BACTERIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA. Rita de Cassia Assis da Silva (1) Graduada em Ciências Biológicas, Universidade Católica do Salvador-Bahia-Brasil; Especialista em Microbiologia, Fundação Severino Sombra - Rio de Janeiro-Brasil; Especialista em Direito Sanitário, Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS, Feira de Santana-Bahia-Brasil; Mestre em Saúde Coletiva, UEFS; Bióloga da EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. - Unidade de Negócios de Feira de Santana. Erimar de Freitas Nascimento Graduado em Administração de Empresas, Instituto Adventista de Estudos do Nordeste IAENE, Cachoeira- Bahia-Brasil; Técnico em Química, Colégio Estadual da Bahia, Salvador-Bahia; Técnico em Processamento de Dados, Escola de Engenharia Eletromecânica da Bahia, Salvador-Bahia. Endereço (1) : Rua Artemia Pires Freitas, 2.905, Cond. Santa Helena, nº 5, CEP 44.100.000, Feira de Santana Bahia, Fone: (0xx75) 625.7520, Fax: (0xx75) 623.0359, e-mail: bioritassis@superig.com.br. RESUMO O consumo humano de água fora dos padrões de potabilidade estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde, e no Brasil pela Portaria nº 518/04, do Ministério da Saúde, é fator de risco e agravos à saúde. ASSIS DA SILVA (2001), avaliando a água coletada em poços rasos localizados em dois bairros da cidade de Feira de Santana, encontrou 90,8% de amostras com presença de coliformes totais, 65,8% de amostras com coliformes fecais e 88,2% de amostras com nitrato acima do recomendado legalmente. O objetivo deste trabalho é avaliar o nível de contaminação bacteriológica e físico-química da água do manancial subterrâneo de Feira de Santana e verificar a área geográfica de maior grau de contaminação, através da localização dos poços estudados. Trata-se de estudo epidemiológico do tipo ecológico, de comparação espacial e tendência temporal, baseado em dados secundários de análises realizadas em amostras de água coletadas em poços rasos localizados na cidade de Feira de Santana-Bahia. Encontrou-se coliformes totais em 56,3% das amostras estudada e coliformes fecais em 28,9%. Em 70,4% das amostras o teor de nitrato foi acima do recomendado legalmente. Em 84,1% das amostras verificou-se ph ácido e em 9,5%, turbidez acima do 5 ut. Verificou-se comprometimento do aqüífero em todas as áreas investigadas. Concluiu-se que o consumo de água de manancial subterrâneo em Feira de Santana é fator de risco à saúde. PALAVRAS-CHAVE: Manancial subterrâneo, qualidade bacteriológica, qualidade físico-química, localização geográfica. INTRODUÇÃO O consumo humano de água fora dos padrões de potabilidade recomendados na Portaria nº 518/04, do Ministério da Saúde, é fator de risco para o acometimento de doenças gastrintestinais, infecções de pele, olhos, ouvidos e doenças causadas por substâncias ou elementos químicos prejudiciais à saúde. A metahemoglobinemia, doença causada pela ingestão de água com níveis de nitrato acima de 10 mg NO 3 -N/L, pode trazer graves conseqüências à saúde, principalmente de crianças e idosos, podendo levar à morte (OPS, 2000). ASSIS DA SILVA (2003), avaliando a qualidade da água coletada em poços rasos localizados em domicílios de dois bairros da cidade de Feira de Santana, encontrou 90,8% de amostras com presença de coliformes totais, 65,8% de amostras com coliformes fecais e 88,2% de amostras com nitrato acima do recomendado legalmente. Nestes domicílios esta água era utilizada para consumo humano, sem nenhum tipo de tratamento e foi encontrada prevalência de 27% de domicílios utilizando água de manancial subterrâneo. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1

Em junho de 2001, em torno de 80% do destino final do esgoto doméstico gerado na cidade era feito em fossa, a céu aberto ou na rede coletora de água pluvial (ASSIS DA SILVA, 2001). Segundo dados da EMBASA (2004), entre os anos de 2001 a outubro de 2004 foram realizadas mais 14.590 ligações de esgoto domestico. A infiltração dos resíduos de fossas ou tanques sépticos ou negros se constitui uma das principais fontes de contaminação do aqüífero não confinado ou livre por microorganismos patogênicos, nitratos, altas concentrações de sais e até solventes orgânicos. Segundo FOSTER (1993), as águas subterrâneas usadas para abastecimento público e poluídas por sistemas de esgoto constitui-se numa das principais causas de surtos e epidemias. Para o autor, esse é o resultado de urbanizações que empregam saneamento in situ e constroem poços escavados ou tubulares particulares para substituir ou aumentar as fontes comunais de água. O nitrato no solo e nas águas subterrâneas resulta da degradação microbiana de substâncias orgânicas nitrogenadas, como proteínas, a íons de amônia (NH 4 + ), as quais são biologicamente oxidadas para nitrito e nitrato. No ano de 1998 foram notificados 4.000.000 de casos de diarréia/1.000 habitantes no mundo (OPS, 2005). Segundo a OPS (2005), no ano de 2001 ocorreram 2.124 mortes por diarréia/1.000 hab. no mundo, e o consumo humano de água insalubre é um dos fatores que vem contribuindo para esta alta prevalência. No Brasil, em 2002 ocorreram 5,32 mortes por doenças infecciosas e parasitárias/100 habitantes. Na Bahia no mesmo período, este percentual foi de 6,63% (Ministério da Saúde/SVS, 2005). Segundo o Ministério da Saúde (2005), em 2002,a mortalidade proporcional por doença diarréica aguda em menores de cinco anos de idade no Brasil foi de 4,44%. Na região nordeste encontrava-se o maior percentual, 6,84%, do País. Na Bahia o percentual para este indicador foi de 5,39%. O número de mortes por doença diarréica aguda em menores de cinco anos ocorridas na Bahia, 6.311 só foi menor que o ocorrido em São Paulo, 11.149 mortes em 2002. Este trabalho tem como objetivo avaliar o nível de contaminação do manancial subterrâneo de Feira de Santana entre 2000 e 2004; e verificar a área geográfica de maior grau de contaminação, através da localização dos poços estudados. METODOLOGIA Tipo de estudo - Estudo epidemiológico do tipo ecológico, de comparação espacial e tendência temporal. População estudada Foram estudados resultados de laudos de análises de amostras de água coletadas em poços rasos localizados no município de Feira de Santana-Bahia-Brasil, entre 2000 e 2004. Critérios amostrais Foram estudados os resultados de 216 laudos de análises de amostras de água coletadas em poços localizados no município de Feira de Santana, entre 2000 e 2004 (ano 2000, 24 amostras; 2001, 50 amostras; 2002, 50 amostras; 2003, 48 amostras e 2004, 44 amostras). Foram selecionados todos os resultados de análises de amostras de água coletadas diretamente de poços. Não foram considerados resultados de amostras provenientes de qualquer tipo de reservatório ou amostra coletada após qualquer tipo de tratamento. Instrumentos de pesquisa Foram utilizados dados secundários de laudos de análises fornecidos pelo Controle de Qualidade da Água e Esgoto da Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. - Unidade de Negócios de Feira de Santana. Para avaliar o nível de contaminação do manancial subterrâneo segundo a área geográfica, dividiu-se o mapa atualizado da cidade de Feira de Santana em quatro áreas. Esta divisão foi baseada em duas vias principais que cortam a cidade nos sentidos norte-sul e leste-oeste. Localizou-se no mapa geográfico todos os poços estudados, por ano de realização da coleta da amostra. Na área 1 estão localizados os bairros Asa Branca, Barroquinha, Calumbi, Campo Limpo, Jardim Cruzeiro, Pampalona, Matriz, Nova Esperança, Novo Horizonte, Rua Nova, Sobradinho, Tanque da Nação e parte do Centro da cidade. Na área 2 localizamse os bairros CIS, Chácara São Cosme, Jardim Acácia, Muchila, Olhos D Água, Pedra do Descanso, Senador Quintino, parte do Tomba e parte do Centro. A área 3 compreende os bairros Aviário, Brasília, Capuchinhos, Eucaliptos, Fraternidade, Limoeiro, Ponto Central, Santa Mônica, Subaé, parte do Tomba e parte do Centro. Na área 4 estão compreendidos os bairros Caeira, Caseb, Cidade Nova, Conceição, Estação Nova, Kalilândia, ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2

Mangabeira, Papagaio, Parque Getúlio Vargas, Parque Ipê, Queimadinha, Santo Antônio dos Prazeres, SIM e parte do Centro (Figura 1). Figura 1: Mapa geográfico da cidade de Feira de Santana com a representação das quatro áreas de estudo. Feira de Santana, 2004. Área 1 Área 2 3 2 1 4 16 18 5 17 12 13 14 11 6 7 8 15 9 10 Área 4 Área 3 Legenda 1 Campo Limpo 2 Sobradinho 3 Jardim Cruzeiro 4 Chácara São Cosme 5 CIS 6 Brasília 7 Capuchinhos 8 Santa Mônica 9 Lagoa Subaé 10 Limoeiro 11 Ponto Central 12 Kalilândia 13 Estação Nova 14 Parque Getúlio Vargas 15 SIM 16 Cidade Nova 17 Parque Ipê 18 Centro A amostra estudada está relacionada no quadro 1. Análise dos dados A avaliação da qualidade da água foi feita através dos resultados de análises obtidos, comparados aos padrões de potabilidade recomendados na Portaria nº 518/04, do Ministério da saúde. A qualidade bacteriológica da água foi avaliada por resultados de análises do Número Mais Provável (NMP) de Coliformes total/fecal e a qualidade físico-química pelos dados referentes a análises dos parâmetros de cor, método colorimétrico; nitrato, método da redução de cádmio; ph, método potenciométrico e turbidez, método por espectrofotometria. Estimou-se a freqüência de poços cuja água não atendia aos padrões recomendados legalmente e a prevalência destes poços por bairro. A área de maior comprometimento do aqüífero foi determinada pelo cálculo da prevalência de poços cujas análises não atendiam aos padrões de potabilidade recomendados na legislação vigente. Quadro 1: Número de amostras estudadas segundo o ano, área de coleta e parâmetro investigado. Ano Parâmetro Área 2000 2001 2002 2003* 2004 Total n % n % n % n % n % n % 1 8 14,0 18 31,6 17 29,8 9 15,8 5 8,8 57 28,2 Coliforme 2 2 9,5 - - 5 23,8 10 47,6 4 19,0 21 10,4 total/fecal 3 7 10,3 20 29,4 14 20,6 12 17,6 15 22,1 68 33,7 4 7 12,5 12 21,4 12 21,4 10 17,9 15 26,8 56 27,7 Amostra estudada 24 100,0 50 100,0 48 100,0 41 100,0 39 100,0 202 100,0 1 - - 1 8,3 4 33,3 4 33,3 3 25,0 12 22,2 Cor 2 - - - - 2 33,3 3 50,0 1 16,7 6 11,1 3 - - - - 4 19,0 4 19,0 13 61,9 21 38,9 4 1 6,7 1 6,7 3 20,0 1 6,7 9 60,0 15 27,8 ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3

Amostra estudada 1 100,0 2 100,0 13 100,0 12 100,0 26 100,0 54 100,0 1 - - - - 7 53,8 5 38,5 1 7,7 13 27,1 2 - - - - 3 60,0 - - 2 40,0 5 10,4 Nitrato 3 - - 1 7,7 2 15,4 6 46,2 4 30,8 13 27,1 4 - - - - 5 29,4 6 35,3 6 35,3 17 35,4 Amostra estudada - - 1 100,0 17 100,0 17 100,0 13 100,0 48 100,0 1 - - 1 7,7 5 38,5 4 30,8 3 23,1 13 19,1 2 - - - - 2 22,2 6 66,7 1 11,1 9 13,2 ph 3 - - 1 3,7 6 22,2 7 25,9 13 48,1 27 39,7 4 1 5,3 - - 4 21,1 4 21,1 10 52,6 19 27,9 Amostra estudada 1 100,0 2 100,0 17 100,0 21 100,0 27 100,0 68 100,0 1 - - 1 7,7 5 38,5 4 30,8 3 23,1 13 21,0 2 - - - - 2 22,2 6 66,7 1 11,1 9 14,5 Turbidez 3 - - 1 4,0 6 24,0 5 20,0 13 52,0 25 40,3 4 1 6,7 - - 3 20,0 2 13,3 9 60,0 15 24,2 Amostra estudada 1 100,0 2 100,0 16 100,0 17 100,0 26 100,0 62 100,0 *Coliforme fecal: área 1 = 9 amostras (23,7%), área 2 = 9 (23,7%), área 3 = 10 (26,3%) e área 4 = 10 (26,3%) RESULTADOS ÁREA 1 - Nesta área, em 57,9% das amostras houve crescimento de coliformes totais e em 28,1% cresceram coliformes fecais. Encontrou-se maior percentual de amostras coletadas na parte do centro da cidade localizada na área 1 e de coletas realizadas nos bairros Jardim Cruzeiro e Sobradinho (Figura 1). Nas amostras coletadas na área 1 central da cidade, entre 2000 e 2004 verificou-se redução no percentual de amostras com coliformes totais e fecais. Nos três últimos anos não foram encontradas amostras com presença de coliformes fecais nesta região central da cidade. Em relação os resultados de amostras coletadas no Jardim Cruzeiro e Sobradinho, o percentual de amostras com coliformes totais e fecais oscilou a cada ano, não sendo possível verificar tendência quanto a qualidade da água dos poços investigados. Quando se considera a média do percentual de amostras com presença de coliformes totais nesta área (58%), nos cinco anos avaliados, e o percentual de amostras com este tipo de coliforme em 2000, verifica-se redução de 22,7% de amostras com presença destas bactérias. O decréscimo quanto a coliformes fecais foi de 60,5% (Tabela 1). O parâmetro de nitrato foi avaliado em amostras coletadas entre 2002 e 2004. Na área 1, em 76,9% das amostras analisadas o nitrato foi acima do recomendado na Portaria nº 518/04-MS (10 mg NO 3 -N/L). Nestes três anos verificou-se aumento expressivo no percentual de amostras com nitrato acima do estabelecido legalmente (Gráfico 1). Quanto ao ph, durante os quatro anos nos quais o ph de água subterrânea foi avaliado, encontrou-se percentual elevado de amostras com ph ácido, < 6,0, não atendendo a faixa de ph recomendado para água para consumo humano (Tabela 2). Em 100% das coletas realizadas nesta área o parâmetro de turbidez atendeu ao recomendado na Portaria nº 518/04-MS. ÁREA 2 O menor percentual de amostras estudadas durante os cinco anos foram coletadas nesta área. Em 57,1% das amostras coletadas nesta área verificou-se presença de coliformes totais. Coliformes fecais foram encontrados em 9,5% das amostras. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4

Nesta região, 95% das amostras foram coletadas no Centro Industrial do Subáe (CIS) (Figura 1). As outras amostras foram coletadas no bairro Chácara São Cosme (Figura 1). Neste bairro as coletas foram realizadas em 2000 e 2004, apenas uma amostra por ano. Em 100% das amostras encontrou-se apenas coliformes totais. Entre os resultados de análises investigadas no CIS verificou-se redução no percentual de amostras com coliformes totais e fecais. Amostras coletadas em 2003 e 2004 não apresentaram crescimento de coliformes fecais. Em 2004, em 100% das amostras não foram encontradas bactérias coliformes. Só foram analisadas amostras para nitrato em coletas realizadas em 2002 e 2004. Amostra com nitrato acima de 10 mg NO 3 -N/L só foi encontrada em 2002 (Gráfico 1). Considerando-se a média do percentual de amostras com presença de coliformes totais nesta área (40%), e o percentual de amostras encontrado com este tipo de bactéria no ano de 2000, verifica-se redução de 60% de amostras com presença deste tipo de bactéria (tabela 1). Contudo, esta área apresentou menor representatividade do estudo. Nos cinco anos avaliados, apenas 10,4% das amostras haviam sido coletadas na área 2 (Quadro 1). Nesta área, em 100% das amostras coletadas em 2002 e 2003, nas quais o ph foi avaliado, a faixa recomendada pela Portaria nº 518/04 não foi atendida. Em 2004 o ph da única amostra analisada atendeu a faixa recomendada legalmente. Porém, esta amostragem obteve menor representativida que a dos dois anos anteriores (Quadro 1). A freqüência de amostras com turbidez acima de 5,0 ut, padrão de potabilidade estabelecido na Portaria nº 518/04-MS, foi decrescente entre 2002 e 2004. Porém, em 2004 foi avaliado o parâmetro de turbidez em apenas uma amostra, que obteve a menor representatividade entre os anos estudados. ÁREA 3 Nesta área foram coletadas 33,7% das amostras avaliadas, obtendo a maior representatividade do estudo. Em 61,8% das amostras houve crescimento de coliformes totais e em 25% cresceram coliformes fecais. Foi expressivo o percentual de amostras coletadas nos bairros Capuchinhos e Santa Mônica (Figura 1), nos cinco anos estudados. Em 2000 e 2004, quando foi encontrado maior expressividade de amostras com coliformes, a média de coletas nestes dois bairros foi de 61,9%. Nestes dois anos o percentual de amostras com presença de coliformes fecais foi 1,3 vezes a média encontrada nos cinco anos. Em relação a coliformes fecais, esta razão de proporção foi de 1,8 vezes a média. Apenas no ano de 2001, no bairro Limoeiro (35%) (Figura 1) e em 2003, na parte do Centro localizada nesta região (33,3) os percentuais de amostras coletadas foram mais elevados que nos bairros referidos acima. Relacionando-se a média de amostras com presença de coliformes totais nos cinco anos estudados (65,2%) com o percentual de amostras com coliformes totais em 2000 (85,7%), verificou-se decréscimo de 23,9% de amostras com este tipo de coliforme. Quanto a coliformes fecais este redução foi de 39,2% (Tabela 1). Os dados indicaram que o percentual de amostras com nitrato acima do recomendado legalmente foi decrescendo a cada ano. Em 2001, a única amostra (100%) analisada para nitrato não atendeu ao recomendado. Em 2004, quando foram analisadas quatro amostras, este percentual foi de 25% (Gráfico 1). Entre 2001 e 2004 o percentual de amostras com ph ácido, fora do recomendado legalmente, foi decrescendo a cada ano (Tabela 2). A representatividade da amostragem foi inversamente proporcional ao mencionado. (Quadro 1). Amostra mais representativa implicou em percentual de amostra atendendo ao padrão da Portaria 518/04-MS mais elevado. Em 2003, as amostras que atenderam ao padrão de potabilidade foram coletadas no bairro Brasília (Figura 1). Do total do estudo, 100% das amostras com cor acima do recomendado para consumo humano (15 uh) foram coletadas nesta área. Só foram encontradas amostras com este parâmetro fora do padrão entre as coletadas em 2003 e 2004. No ano de 2003, em 25% das amostras coletadas nesta área encontrou-se co de 30 uh. No ano de 2004 este percentual foi de 38,5% e correspondeu a amostras coletadas na região do Santa Mônica, Capuchinhos e Lagoa Subaé. Nesta região foram coletadas amostras de água com até 80 uh. Não foram realizadas análises do parâmetro de turbidez nas amostras coletadas em 2000. Entre 2001 e 2004 o percentual de amostras com turbidez acima do estabelecido em lei elevou-se a cada ano. Em 2001 e 2002 ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 5

100% das amostras analisadas atenderam ao padrão de potabilidade legal. Contudo, em 2001 o padrão de turbidez só foi analisado em uma amostra, que representava 4% da amostragem total desta área (Quadro 1). ÁREA 4 Foram encontrados coliformes totais em 50% das amostras coletadas nesta área. Em relação a coliformes fecais este percentual foi de 32,1%, o mais elevado do estudo. Durante o estudo houve variação entre os locais de coleta das amostras, observando-se maior percentual de coletas em determinados bairros. No ano 2000 observou-se maior freqüência de coletas realizadas no Parque Ipê e Cidade Nova (57,1%) (Figura 1). Em 2001 a coleta das amostras foi equivalente em diversos bairros desta área. No ano de 2002, na região compreendida entre os bairros Ponto Central e Estação Nova (Figura 1), foram coletadas 58,3% das amostras. Neste ano, as coletas realizadas na Cidade Nova representaram 33,3%. Em 2003, a maior freqüência foi de amostras coletadas no Ponto Central (40%). Em 2004, 40% das amostras foram coletadas nos bairros SIM e Parque Getúlio Vargas (Figura 1), e 20% no Ponto Central e Kalilândia (Figura 1). No ano 2000, em 75% das amostras coletadas na região onde estão localizados os bairros Parque Ipê e Cidade Nova, encontrou-se coliformes totais e fecais. Em 2001 (33,3%) e 2002 (75%) as amostras com coliformes totais também foram mais freqüentes na região destes bairros. Contudo, encontrou-se coliformes fecais apenas em amostras coletadas em 2002 (25%). Neste período, em amostras coletadas na região onde se localizam os bairros Ponto Central e Estação Nova só foram encontrados coliformes totais no ano de 2002 (14,3%) e 100% das amostras estudadas não apresentaram crescimento de coliformes fecais. Em 2003, onde houve maior percentual de coletas no Ponto Central/Estação Nova, em 25% das amostras encontrou-se coliformes totais. Não foi encontrada amostra com coliforme fecal. No ano seguinte, 2004, a maior expressividade de amostras com coliformes totais (80%), e coliformes fecais (66,7%), foi verificada entre as coletas realizadas no SIM e Parque Getúlio Vargas. Neste ano, em 33,3% das amostras coletadas no Ponto Central/Estação Nova encontrou-se coliformes totais e fecais. Considerando-se a média do percentual de amostras com presença de coliformes totais (51,9%), em relação ao percentual encontrado em 2004 (71,4%), verificou-se redução de 27,3% no percentual de amostras com este tipo de bactéria. Quanto ao percentual de amostras com coliformes fecais o decréscimo foi de 51,1% (Tabela 1). Verificou-se nitrato acima do recomendado legalmente em 76,5% do total de amostras estudadas nesta área. Nesta área, o percentual de amostras com nitrato acima de 10 mg NO 3 -N/L se manteve elevado, sem variação expressiva entre os anos investigados. O maior percentual de amostras nas quais foi analisado o parâmetro de nitrato, 35,4% foram coletadas na área 4. Deste modo, quanto ao parâmetro de nitrato, esta área obteve maior representatividade no estudo. O parâmetro de ph não foi avaliado no ano de 2001. O percentual de amostras com ph ácido, coletadas entre 2002 e 2004 foi elevado, com média de 85% das amostras fora do padrão de potabilidade. O percentual de amostras com turbidez acima de 5,0 ut oscilou anualmente entre zero e 33,3%.Contudo, em 2000 e 2003, quando 100% das amostras analisadas atenderam ao padrão de potabilidade legal, os percentuais de amostras analisadas nestes anos foram os mais baixos desta área, obtendo assim, menor representatividade. No estudo foram encontradas amostra com até 2.400 coliformes totais e fecais/100 ml. O teor de nitrato mais elevado foi de 50 mg NO 3 -N/L, encontrado em amostra coletada na área 4. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 6

Tabela 1: Número e percentual de amostras com coliformes totais e fecais por região. Feira de Santana- Ba, 2000 a 2004. Região Ano 1 2 3 4 C. Total C. Fecal C. Total C. Fecal C. Total C. Fecal C. Total C. Fecal Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % 2000 6 75,0 6 75,0 2 100,0 0 0,0 6 85,7 3 42,9 5 71,4 5 71,4 2001 11 61,1 4 22,2 - - - - 9 45,0 4 20,0 7 58,3 5 41,7 2002 8 47,1 3 17,6 2 40,0 1 20,0 8 57,1 2 14,3 4 33,3 1 8,3 2003 6 66,7 3 33,3 2 20,0 0 0,0 7 58,3 0 0,0 5 50,0 2 20,0 2004 2 40,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 12 80,0 8 53,3 7 46,7 5 33,3 Média 6,6 58,0 3,2 29,6 1,5 40,0 0,3 5,0 8,4 65,2 3,4 26,1 5,6 51,9 3,6 34,9 Gráfico 1: Percentual de amostras com nitrato acima de 10 mg NO3-N/L. Feira de Santana-Ba, 2000-2004 % 120 100 80 60 40 20 0 2000 2001 2002 2003 2004 Área 1 Área 2 Área 3 Área 4 Tabela 2: Número e percentual de amostras com ph fora do padrão de potabilidade recomendado na Portaria nº 518/04_MS, por região. Feira de Santana-Ba, 2000 a 2004. Região Ano 1 2 3 4 Total Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % 2000 - - - - - - 1 100,0 1 100,0 2001 1 100,0 - - 1 100,0 - - 2 100,0 2002 3 60,0 2 100,0 4 66,7 3 75,0 12 70,6 2003 4 100,0 6 100,0 5 71,4 4 100,0 19 90,5 2004 2 66,7 0 0,0 6 46,2 8 80,0 16 59,3 Média 2,5 81,7 2,7 66,7 4 71,1 4 88,8 10 84,1 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS O percentual de amostras com coliformes totais e fecais foi elevado em todas as áreas estudadas e em todos os anos investigados. A média mais expressiva do percentual de amostras com coliformes totais foi encontrada entre as coletas realizadas na área 3. A região central incluída nesta área conta com sistema de coleta de esgotamento doméstico. Nos bairros Santa Mônica e Capuchinhos, vem sendo implantada a rede coletora de esgotamento doméstico há três anos. Considerando-se este mesmo dado para coliformes fecais, verificou-se índice mais elevado na área 4. Nesta área, apenas a região central conta com rede coletora de esgotamento doméstico. Portanto, o elevado percentual de amostras com coliformes fecais pode estar relacionado ao elevado uso de fossas para destino final do esgotamento doméstico. Apesar disto, quando se considera o percentual de amostras investigadas no total do estudo desta área, observou-se índice mais elevado na redução de amostras com presença de coliformes totais entre 2000 e a média de amostras com este tipo de coliforme. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 7

Quando se observa o inverso, a área 2 apresentou média de amostras com coliformes totais e fecais mais baixa. Contudo, como a quase totalidade das amostras foi coletada no Centro Industrial do Subaé, onde os poços pesquisados estavam localizados em indústrias, com a probabilidade, desta forma, de possuírem maior profundidade, os valores encontrados podem ser em conseqüência deste fato. Além disto, como ser trata de área industrial, o volume de esgoto doméstico lançado em fossas é inferior ao das demais áreas do estudo. Entre o percentual de amostras com coliformes fecais encontrado no ano 2000 e a média de amostras com presença deste coliforme, foi expressivo o decréscimo encontrado na região 1. Esta região apresenta o maior índice de cobertura do sistema de coleta de esgoto doméstico. O achado pode estar relacionado a este fato. A presença de coliformes na água para consumo humano é fator de risco à saúde. Coliformes fecais indicam contaminação por despejo doméstico, proveniente de fossas. Portanto, consumir água com este tipo de bactéria possibilita a ingestão de microorganismos patogênicos, causadores de doenças gastrointestinais, hepatite, verminoses, dentre outras. Foi expressivo o comprometimento do manancial subterrâneo de Feira de Santana com nitrato acima do recomendado para consumo humano, 10 mg NO 3 -N/L. Contudo as áreas 1 e 4 apresentaram os percentuais mais elevados. Durante o período investigado, apenas na área 1 houve crescimento no percentual de amostras com nitrato acima do recomendado, indicando degradação crescente do manancial subterrâneo. O consumo de água com elevado teor de nitrato está associado a metahemoglobinemia, também conhecida por síndrome do bebe azul. Está doença se caracteriza pelo transporte ineficaz de oxigênio, devido a conversão da hemoglobina em metahemoglobina, provocando asfixia e podendo levar à morte (OPS, 2000). Segundo a OPS (2000), concentração elevada de nitrato na água para consumo humano pode influir no desenvolvimento de câncer gastrointestinal. Em todas as áreas foi elevado o percentual de amostras de água com ph ácido, abaixo do recomendado legalmente para consumo humano. Cor acima do determinado na Portaria nº 518/04-MS só foi encontrada em amostras coletadas na área 3, durante os anos de 2003 e 2004. Foram encontradas amostras com turbidez acima do estabelecido na Portaria nº 518/04-MS nas área 2, 3 e 4, entre as coletas realizadas nos anos 2002, 2003 e 2004. Porém, em 2000 e 2001 o percentual de amostras nas quais foi analisado o parâmetro de turbidez foi baixo. Nestes anos, a ausência de amostras com turbidez elevada pode estar associada a este achado. A área que apresentou maior freqüência de amostras com turbidez acima de 5,0 ut (área 2), obteve, para avaliação desta variável, a menor representatividade do estudo. O inverso ocorre quando se avalia área com menor freqüência de amostras com turbidez acima do determinado legalmente (área 3). A turbidez da água pode estar associada à contaminação microbiológica visto que, as partículas em suspensão protegem os microorganismos, dificultando o processo de tratamento por desinfecção. CONCLUSÕES A água do manancial subterrâneo de Feira de Santana encontra-se contaminada por coliformes totais e fecais, além de nitrato acima do recomendado na Portaria nº 518/04-MS. Apesar do nível de contaminação por coliformes totais/fecais e nitrato dos poços investigados indicarem melhoria da qualidade da água entre os anos de 2000 a 2004, o consumo humano de água de manancial subterrâneo em Feira de Santana é fator de risco à saúde. Trata-se de um grave problema de saúde pública que necessita ser solucionado pelas autoridades competentes, através de políticas públicas que universalizem o acesso ao consumo de água tratada, atendendo aos padrões de potabilidade estabelecidos na Portaria nº 518/04, do Ministério da Saúde. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 8

Como o consumo de água de manancial subterrâneo é disseminado entre os feirenses, é necessário que a população seja informada do risco a que estão expostos, através da divulgação de dados que se referem a qualidade da água do aqüífero de Feira de Santana e das possíveis doenças que podem ser acometidos em decorrência do consumo humano desta água. Não podemos esquecer que a Saúde (Art. 196), e o Acesso à Informação (Art. 5º), são direitos constitucionais garantido a todos os brasileiros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ASSIS DA SILVA, R. C, 2001. Consumo humano da água do manancial subterrâneo nos bairros Campo Limpo e Santa Mônica Feira de Santana-Ba/2000 Perfil sócio-econômico dos consumidores e qualidade da água consumida. Feira de Santana. 2001. Dissertação de Mestrado. Departamento de Saúde-Universidade Estadual de Feira de Santana BA. 2. ASSIS DA SILVA, R. C. & ARAÚJO, T. M, 2003. Qualidade da água do manancial subterrâneo em áreas urbanas de Feira de Santana (BA). CIÊNCIA & SAÚDE COLETIVA 8(4):1019-1028, ABRASCO. 3. FOSTER, S, 1993. Determinação do risco de contaminação das águas subterrâneas: um método baseado em dados existentes. Tradução Ricardo Hirata; Sueli Yoshinaga; Seiju Hassuda; Mara Iritani. São Paulo: Instituto Geológico. 4. ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. La salud y el ambiente en el desarrollo sostenible. Publicación Científica n. 572. Washington, D.C: OPS, 2000. 5. BRASIL. Ministério da Saúde/SVS Sistema de Informação de Mortalidade (SIM). Internet, 11 de abril de 2005. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 9