ASSESSORIA DE EDUCAÇÃO PROVÍNCIA DO PARANÁ Colégio Madre Clélia. Pré-modernismo. Prof. Eliana Martens

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Transcrição:

ASSESSORIA DE EDUCAÇÃO PROVÍNCIA DO PARANÁ Colégio Madre Clélia Pré-modernismo Prof. Eliana Martens

O Brasil começa a se conhecer verdadeiramente "Porque não no-los separa um mar, separam-nolos três séculos..." Os Sertões - O Homem

Momento Histórico Primeiras décadas séc. XX; Europa: preparação para 1ª GM. República do Café com leite ; Período áureo do café e da borracha; Ex-escravos marginalizaram-se e vinda dos colonos europeus; Italianos indústria paulista idéias anarquistas e socialistas; Greves na cidade, sindicatos;

Revolta de Canudos - Bahia; Padre Cícero Ceará; Cangaço: Lampião; 1904 Revolta da Vacina; 1910 Revolta da Chibata; Rápida urbanização São Paulo e concentração de renda elite econômica x proletariado.

Pré-modernismo Ainda existiam (com força) o Parnasianismo e o Simbolismo; Variadas tendências e estilos; Inicia em 1902 com Os sertões de Euclides da Cunha e Canaã de Graça Aranha; Termina em 1922 Semana da Arte Moderna

Principais autores: Lima Barreto Euclides da Cunha Augusto dos Anjos

Monteiro Lobato Graça Aranha Simões Lopes Neto

Há certo rompimento com o academicismo: Linguagem de Augusto dos Anjos, cheia de palavras não-poéticas. Ex.: cuspe, vômito, escarro, vermes. Afronta ao Parnasianismo. Lima Barreto ironiza escritores parnasianos e seus leitores: "Quanto mais incompreensível é ela (a linguagem), mais admirado é o escritor que a escreve, por todos que não lhe entenderam o escrito" (Os bruzundangas).

Denúncia da realidade brasileira o Brasil não oficial : vida dos caboclos do interior Nordeste, Vale do Paraíba, etc, subúrbios do Rio de Janeiro. Regionalismo - vasto painel brasileiro: o Norte e o Nordeste com Euclides da Cunha; o vale do Paraíba e o interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito Santo com Graça Aranha; o subúrbio carioca com Lima Barreto.

Marginalizados: o sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários públicos, os mulatos. Aproximação entre a realidade e a ficção: Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto - retrata o governo de Floriano e a Revolta da Armada; Os sertões, de Euclides da Cunha - um relato da Guerra de Canudos; Cidades mortas, de Monteiro Lobato - mostra a passagem do café pelo vale do Paraíba paulista); Canaã, de Graça Aranha - um documento sobre a imigração alemã no Espírito Santo.

Guerra de Canudos Dados da Guerra de Canudos: - Período: de novembro de 1896 a outubro de 1897. - Local: interior do sertão da Bahia - Envolvidos: de um lado os habitantes do Arraial de Canudos (jagunços, sertanejos pobres e miseráveis, fanáticos religiosos) liderados pelo beato Antônio Conselheiro. Do outro lado as tropas do governo da Bahia com apoio de militares enviados pelo governo federal. Causas da Guerra: O governo da Bahia, com apoio dos latifundiários, não concordavam com o fato dos habitantes de Canudos não pagarem impostos e viverem sem seguir as leis estabelecidas. Afirmavam também que Antônio Conselheiro defendia a volta da Monarquia. Por outro lado, Antônio Conselheiro defendia o fim da cobrança dos impostos e era contrário ao casamento civil. Ele afirma ser um enviado de Deus que deveria liderar o movimento contra as diferenças e injustiças sociais. Era também um crítico do sistema republicano, como ele funcionava no período. Os conflitos militares Nas três primeiras tentativas das tropas governistas em combater o arraial de Canudos nenhuma foi bem sucedida. Os sertanejos e jagunços se armaram e resistiram com força contra os militares. Na quarta tentativa, o governo da Bahia solicitou apoio das tropas federais. Militares de várias regiões do Brasil, usando armas pesadas, foram enviados para o sertão baiano. Massacraram os habitantes do arraial de Canudos de forma brutal e até injusta. Crianças, mulheres e idosos foram mortos sem piedade. Antônio Conselheiro foi assassinado em 22 de setembro de 1897. Significado do conflito A Guerra de canudos significou a luta e resistência das populações marginalizadas do sertão nordestino no final do século XIX. Embora derrotados, mostraram que não aceitavam a situação de injustiça social que reinava na região.

Cangaço - Lampião Entre o final do século XIX e começo do XX (início da República), surgiu, no nordeste brasileiro, grupos de homens armados conhecidos como cangaceiros. Estes grupos apareceram em função, principalmente, das péssimas condições sociais da região nordestina. O latifúndio, que concentrava terra e renda nas mãos dos fazendeiros, deixava as margens da sociedade a maioria da população. Entendendo o cangaço Portanto, podemos entender o cangaço como um fenômeno social, caracterizado por atitudes violentas por parte dos cangaceiros. Estes, que andavam em bandos armados, espalhavam o medo pelo sertão nordestino. Promoviam saques a fazendas, atacavam comboios e chegavam a seqüestrar fazendeiros para obtenção de resgates. Aqueles que respeitavam e acatavam as ordens dos cangaceiros não sofriam, pelo contrário, eram muitas vezes ajudados. Esta atitude, fez com que os cangaceiros fossem respeitados e até mesmo admirados por parte da população da época. Os cangaceiros não moravam em locais fixos. Possuíam uma vida nômade, ou seja, viviam em movimento, indo de uma cidade para outra. Ao chegarem nas cidades pediam recursos e ajuda aos moradores locais. Aos que se recusavam a ajudar o bando, sobrava a violência. Como não seguiam as leis estabelecidas pelo governo, eram perseguidos constantemente pelos policiais. Usavam roupas e chapéus de couro para protegerem os corpos, durante as fugas, da vegetação cheia de espinhos da caatinga. Além desse recurso da vestimenta, usavam todos os conhecimentos que possuíam sobre o território nordestino (fontes de água, ervas, tipos de solo e vegetação) para fugirem ou obterem esconderijos. Existiram diversos bandos de cangaceiros. Porém, o mais conhecido e temido da época foi o comandado por Lampião (Virgulino Ferreira da Silva), também conhecido pelo apelido de Rei do Cangaço. O bando de Lampião atuou pelo sertão nordestino durante as décadas de 1920 e 1930. Morreu numa emboscada armada por uma volante, junto com a mulher Maria Bonita e outros cangaceiros, em 29 de julho de 1938. Tiveram suas cabeças decepadas e expostas em locais públicos, pois o governo queria assustar e desestimular esta prática na região. Depois do fim do bando de Lampião, os outros grupos de cangaceiros, já enfraquecidos, foram se desarticulando até terminarem de vez,no final da década de 1930.

Revolta da Vacina O início do período republicado da História do Brasil foi marcado por vários conflitos e revoltas populares. O Rio de Janeiro não escapou desta situação. No ano de 1904, estourou um movimento de caráter popular na cidade do Rio de Janeiro. O motivo que desencadeou a revolta foi a campanha de vacinação obrigatória, imposta pelo governo federal, contra a varíola. Situação do Rio de Janeiro no início do século XX A situação do Rio de Janeiro, no início do século XX, era precária. A população sofria com a falta de um sistema eficiente de saneamento básico. Este fato desencadeava constantes epidemias, entre elas, febre amarela, peste bubônica e varíola. A população de baixa renda, que morava em habitações precárias, era a principal vítima deste contexto. Preocupado com esta situação, o então presidente Rodrigues Alves colocou em prática um projeto de saneamento básico e reurbanização do centro da cidade. O médico e sanitarista Oswaldo Cruz foi designado pelo presidente para ser o chefe do Departamento Nacional de Saúde Pública, com o objetivo de melhorar as condições sanitárias da cidade. Campanha de Vacinação Obrigatória A campanha de vacinação obrigatória é colocada em prática em novembro de 1904. Embora seu objetivo fosse positivo, ela foi aplicada de forma autoritária e violenta. Em alguns casos, os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força, provocando revolta nas pessoas. Essa recusa em ser vacinado acontecia, pois grande parte das pessoas não conhecia o que era uma vacina e tinham medo de seus efeitos.

Revolta da Chibata A Revolta da Chibata foi um importante movimento social ocorrido, no início do século XX, na cidade do Rio de Janeiro. Começou no dia 22 de novembro de 1910. Neste período, os marinheiros brasileiros eram punidos com castigos físicos. As faltas graves eram punidas com 25 chibatadas (chicotadas). Esta situação gerou uma intensa revolta entre os marinheiros. Causas da revolta O estopim da revolta ocorreu quando o marinheiro Marcelino Rodrigues foi castigado com 250 chibatadas, por ter ferido um colega da Marinha, dentro do encouraçado Minas Gerais. O navio de guerra estava indo para o Rio de Janeiro e a punição, que ocorreu na presença dos outros marinheiros, desencadeou a revolta. O motim se agravou e os revoltosos chegaram a matar o comandante do navio e mais três oficiais. Já na Baia da Guanabara, os revoltosos conseguiram o apoio dos marinheiros do encouraçado São Paulo. O clima ficou tenso e perigoso. Reivindicações O líder da revolta, João Cândido (conhecido como o Almirante Negro), redigiu a carta reivindicando o fim dos castigos físicos, melhorias na alimentação e anistia para todos que participaram da revolta. Caso não fossem cumpridas as reivindicações, os revoltosos ameaçavam bombardear a cidade do Rio de Janeiro (então capital do Brasil).

Objetivo: a descoberta do Brasil real. O pré-modernismo é uma fase de transição. Traço conservador: A permanência de características realistas e naturalistas, na prosa, e parnasianas e simbolistas na poesia.

Traço Renovador: A literatura incorpora as tensões sociais do período. O regionalismo o escritor não quer idealizar uma realidade, mas denunciar, com sua crítica severa, os desequilíbrios dessa realidade. Esse tom de denúncia é a inovação nessa tentativa de "pintar" um retrato do Brasil. Linguagem simples, próxima do coloquial.

Relação entre o assunto e a realidade contemporânea ao escritor: Em Triste fim de Policarpo Quaresma, romance mais importante de Lima Barreto, o escritor denunciou a burocracia no processo político brasileiro, o preconceito de cor e de classe e incorporou fatos ocorridos durante o governo do Marechal Floriano. Em Os Sertões, Euclides da Cunha fez a narrativa quase documental da Guerra de Canudos.

Em Canaã, Graça Aranha analisa minuciosamente os problemas da fixação dos imigrantes em terras brasileiras. Em Urupês e Cidades mortas, Monteiro Lobato destaca a decadência econômica dos vilarejos e da população cabocla do Vale do Paraíba, durante a crise do café. Na poesia, o único poeta importante a romper com o bem-comportado vocabulário parnasiano foi Augusto dos Anjos.

Autores: Augusto dos Anjos (1884/1914) Formou-se em direito, mas foi sempre professor de Literatura. Nervoso e solitário, morreu de pneumonia. Publicou apenas um único livro de poesias, Eu, mais tarde reeditado como Eu e outras poesias. Sua obra é cientificista, profundamente pessimista. Sua visão da morte como o fim, o linguajar e os temas usados por muitos são considerados como sendo de mau gosto, mas caracterizam sua poesia como única na literatura brasileira.

Trabalhou, assim como parnasianos e simbolistas, com sonetos e verso decassílabo. Há uma aflição pessoal demonstrada com intensidade dramática, além do pessimismo. Constância da morte, desintegração e os vermes.

Versos Íntimos Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão esta pantera Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!

Euclides da Cunha (1866/1909) Exerceu a função de engenheiro civil no meio militar. Foi membro da ABL, do Instituto Histórico e professor de Lógica no Colégio Dom Pedro II. Viajou muito e escreveu Os Sertões por ter testemunhado a Guerra de Canudos como correspondente jornalístico. Envolvido num grande escândalo familiar, foi assassinado em duelo pelo amante da esposa. Positivista, florianista e determinista, seu estilo pessoal e inconformismo caracterizam-no como um pré-modernista. Foi o primeiro escritor brasileiro a diagnosticar o subdesenvolvimento do país, apontando os 2 Brasis (litoral e sertão).

Graça Aranha (1866/1931) Aluno de Tobias Barreto, seguiu a carreira diplomática depois de ser juiz no Maranhão e no Espírito Santo. Participou ativamente do movimento modernista, como orientador. Colaborou na fundação da ABL (mesmo sem ter livro publicado) e da Semana de Arte Moderna de 22, por isso sendo considerado por muitos um modernista. Não é considerado modernista porque sua única obra "modernista", A viagem maravilhosa, é feita em um estilo extremamente artificial. Morreu em 1931.

Lima Barreto (1881/1922) Nascido de pai português e mãe escrava, era mulato e pobre. Afilhado do Visconde do Ouro Preto, conseguiu estudar e ingressar aos 15 anos na Escola Politécnica. Lá sofreu toda sorte de humilhações e preconceitos e, quando estava no 3º ano, teve de trabalhar e sustentar a família, pois o pai enlouquecera. Presta concurso para escriturário no Ministério da Guerra, permanecendo nessa modesta função até aposentar-se. Socialista influenciado por autores russos, Lima Barreto vive intensamente as contradições do início do século, torna-se alcoólatra e passa por profundas crises depressivas, sendo internado por duas vezes. Em todos os seus romances, percebe-se traço autobiográfico, principalmente através de personagens negros ou mestiços que sofrem preconceitos.

Mostra um perfeito retrato do subúrbio carioca, criticando a miséria das favelas e dos cortiços. Posiciona-se contra o nacionalismo ufanista, a educação recebida pelas mulheres, voltada para o casamento, e a República com seu exagerado militarismo. Utiliza-se da alta sociedade para desmascará-la, desmitificá-la em sua banalidade. Seus personagens são humildes funcionários públicos, alcoólatras e miseráveis. Sua linguagem é jornalística e até panfletária.

Obras principais: Romance: Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909) Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915) Numa e Ninfa (1915) Vida e Morte de M. J. Gonzaga e Sá (1919) Clara dos Anjos (1948) Conto: História e Sonhos (1956) Sátira Política e Literária: Os Bruzundangas (1923) Coisas do Reino do Jambon (1956)

Monteiro Lobato (1882/1948) Escritor, editor, relojoeiro, fazendeiro, promotor, industrial, comerciante, professor, adido comercial etc. Tem por formação o Direito e participa de grupos e jornais literários, entre eles o Minarete. Torna-se editor com a instalação da Editora Monteiro Lobato. No ano de 1925, funda a Companhia Editora Nacional e começa a escrever sua vasta obra de literatura infantil. Faz campanhas nacionais favor da exploração das riquezas do subsolo: petróleo e minérios. Funda a Companhia de Petróleo do Brasil, acreditando no nosso desenvolvimento e denunciando o monopólio internacional.

Defende a modernização do Brasil nos moldes capitalistas. Faz uma crítica fecunda ao Brasil rural e pouco desenvolvido, como no Jeca Tatu (estereótipo do caboclo abandonado pelas autoridades governamentais) do livro Urupês. Obras: Contos: Urupês (1919) Idéias de Jeca Tatu (1918) Cidades Mortas (1919) Negrinha (1920) Mundo da Lua (1923) O Macaco que se Fez Homem (1923) O Choque das Raças ou O Presidente Negro (1926)

Literatura Infantil: Reinações de Narizinho Viagem ao Céu O Saci Caçadas de Pedrinho Hans Staden Histórias do Mundo para Crianças Memórias de Emília Peter Pan Emília no País da Gramática Aritmética de Emília Geografia de Dona Benta Serões de Dona Benta História das Invenções D. Quixote para as Crianças O Poço do Visconde Histórias de Tia Nastácia O Pica-pau Amarelo A Reforma da Natureza O Minotauro Fábulas Os Doze Trabalhos de Hércules O Marquês de Rabicó

Simões Lopes Neto (1865-1916) O Capitão publicou três livros em toda a vida, todos no RS: Cancioneiro Guasca, Lendas do Sul e Contos Gauchescos. Fez teatro e, apesar de suas obras terem sempre cunho tradicionalista, era um homem de hábitos urbanos. Acalentava grandes sonhos literários, mas seu reconhecimento só foi póstumo. "E do trotar sobre tantíssimos rumos; das pousadas pelas estâncias dos fogões a que se aqueceu; dos ranchos em que cantou, dos povoados que atravessou; das coisas que ele compreendia e das que eram-lhe vedadas ao singelo entendimento; (...) entre o Blau - moço, militar - e o Blau - velho, paisano -, ficou estendida uma longa estrada semeada de recordações - casos, dizia -, que de vez em quando o vaqueano recontava, como quem estende no sol, para arejar, roupas guardadas ao fundo de uma arca." Contos Gauchescos.