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Transcrição:

Antecedentes filosóficos da fenomenologia França René Descartes (1596 1650) Inglaterra John Locke (1632 1704) e David Hume - ( 1711 1776) Alemanha Immanuel Kant (1724 1804) Os gregos indagavam: Como o erro é possível? Os Modernos perguntaram: Como a verdade é possível? Para os modernos trata-se de compreender e explicar como os relatos mentais, nossas idéias, correspondem ao que se passa verdadeiramente na realidade. Apesar dessas diferenças, os modernos retomaram o modo de trabalhar filosoficamente proposto por Sócrates, Platão e Aristóteles, qual seja, começar pelo exame das opiniões contrárias e ilusórias para ultrapassá-ias em direção à verdade. Herdamos da filosofia platônica e aristotélica a idéia de uma dimensão intelectual da alma, ou seja, a alma possui uma atividade intelectual e racional que é a capacidade de conhecer. Antes de abordar o conhecimento verdadeiro, Bacon e Descartes examinaram exaustivamente as causas e as formas do erro, inaugurando um estilo filosófico que permanecerá na filosofia, isto é, a análise das causas e formas dos nossos preconceitos. Descartes - (1596 1650) Descartes era um matemático Matemática: ciência teórica dividida internamente em: - Geometria = medida da terra - Aritmética = estuda as operações numéricas - Álgebra (A palavra Al-jabr da qual álgebra foi derivada significa "reunião", "conexão" ou "complementação", generaliza as questões numéricas representando ordinariamente as grandezas por letras). Para os gregos a matemática era a geometria, mas diferentemente dos egípcios que pensavam e utilizavam a matemática empiricamente para as demarcações da terra que se alteravam conforme as cheias do Nilo, os gregos pensavam a matemática teoricamente, isto é, eles transformaram o fato empírico em teórico. 1

Descartes vive em um período em que as crenças da Idade Média estão abaladas, há uma incerteza pairando no ar, o mundo é incerto e inseguro, o homem sente-se perdido, uma vez que tudo é possível. A Idade Moderna, na busca de certezas, acena com três saídas: a fé, a experiência e a razão. Descartes defende a última delas. Para Descartes é possível conhecer a verdade, mas isso só é possível pelo uso da razão, e com o uso do método que permita utilizar a razão de forma adequada para a obtenção de idéias claras e distintas (verdades indubitáveis). O modelo de raciocínio utilizado por ele é o da matemática. Localizava a origem do erro em duas atitudes que chamou de infantis ou preconceitos da infância: 1. Prevenção; 2. Precipitação. Prevenção: Facilidade com que nosso espírito se deixa levar pelas opiniões e idéias alheias, sem se preocupar em verificar se são ou não verdadeiras (colocados em nós por pais, professores, livros, autoridades) - escravizam nosso pensamento, impedindo-nos de pensar e de investigar. Precipitação: Facilidade e velocidade com que nossa vontade nos faz emitir juízos sobre as coisas antes de verificarmos se nossas idéias são ou não verdadeiras. (originam-se no conhecimento sensível, na imaginação, na linguagem e na memória). Assim, para Descartes o erro situa-se no conhecimento sensível (na sensação, percepção, imaginação, memória e linguagem). Portanto, o conhecimento verdadeiro é puramente intelectual, fundado nas operações de nosso intelecto ou entendimento e tem como ponto de partida: ou idéias inatas (existentes em nossa razão) ou observações que foram inteiramente controladas pelo pensamento. Para ele é possível vencer os defeitos do conhecimento, por meio de uma reforma do entendimento e das ciências. Essa reforma deve ser feita pelo sujeito do conhecimento ao instituir um método. O sujeito do conhecimento descobre-se como uma consciência que parece não poder contar com o auxílio do mundo para guiá-lo, desconfia dos conhecimentos sensíveis e dos conhecimentos herdados. Conta apenas com seu próprio pensamento. Por isso precisa de um método para guiar seu pensamento em direção aos 2

conhecimentos verdadeiros e distingui-los dos falsos. É por este motivo que Descartes escreve o "Discurso do método". Descartes define o método como um conjunto de regras. São quatro grandes regras do método: 1. Regra da evidência; 2. Regra da divisão; 3. Regra da ordem; 4. Regra da enumeração Regra da Evidência: Só admitir como verdadeiro um conhecimento evidente, isto é, no qual e sobre o qual não caiba a menor dúvida. O procedimento é a dúvida metódica (não se aceitam nenhum pensamento ou nenhuma idéia em que possa haver a menor dúvida). O sujeito do conhecimento analisa cada um de seus conhecimentos, conhece e avalia as fontes e as causas de cada um. Regra da Divisão: Para conhecermos realidades complexas precisamos dividir as dificuldades e os problemas em suas parcelas mais simples, examinando cada uma delas em conformidade com a regra da evidência. Regra da Ordem: Os pensamentos devem ser ordenados em séries que vão dos mais simples aos mais complexos, dos mais fáceis aos mais difíceis - a ordem consiste em distribuir os conhecimentos de tal maneira que possamos passar do conhecido ao desconhecido. Regra da Enumeração: A cada conhecimento novo obtido, fazer a revisão completa dos passos dados, dos resultados parciais e dos encadeamentos que permitiram chegar ao novo conhecimento. Descartes separa a experiência sensível (sujeita a erros) do conhecimento verdadeiro (puramente intelectual), mas para ele o conhecimento sensível pode e deve ser empregado por nós, mas submetido ao método e controlado pelo entendimento. A base do sistema cartesiano é a dúvida. Ele duvida da existência de todas as coisas, principalmente das que se originam dos sentidos. A única coisa que não é atingida pela dúvida é o pensamento, pois se estou duvidando é porque estou pensando, decorre daí a conclusão: cogito, ergo sum (penso, logo existo). Ao refletir sobre a dúvida o filósofo é levado a pensá-la 3

como uma imperfeição se comparada ao conhecimento. Procurando a origem da idéia da perfeição nele, ser imperfeito, chega a conclusão que deve provir de algo perfeito e exterior a ele: Deus Assim, (...) é impossível que a idéia de Deus que em nós existe não tenha o próprio Deus por causa (Descartes, Meditações). Portanto, a primeira verdade indubitável é a da existência do pensamento humano e a segunda a da existência de Deus. O método assegura o uso adequado da razão em suas duas operações intelectuais fundamentais: a intuição e a dedução. Intuição: Apreensão de evidências indubitáveis que não são extraídas da observação por meio dos sentidos, mas são fruto do espírito humano, da razão, sobre as quais não paira qualquer dúvida. Dedução: Processo pelo qual se chega a conclusões, a partir de certas verdades-princípios. Central no pensamento cartesiano são as idéias claras e distintas. Estas se encontram ligadas à noção de inato, ou seja, a existência de Deus, da alma que pensa etc. são idéias das quais não podemos duvidar, são claras e distintas, e existem no próprio homem, como as idéias matemáticas (por exemplo, a idéia de triângulo). O mundo verdadeiro não é o dos nossos sentidos que nos enganam, o mundo verdadeiro é o que a razão pura e clara reencontra em si mesma. René Descartes contribuiu diretamente para a história da psicologia moderna Simbolizou a transição da Renascença para a moderna era científica, ao aplicar a idéia do mecanismo do relógio ao corpo humano. Trabalho mais importante de Descartes em favor da psicologia é a tentativa de resolver o problema mente-corpo. Desde Platão a maioria dos pensadores assumia uma posição dualista: A mente (ou alma, ou espírito) e o corpo são de natureza diferentes; Acreditavam que a mente podia exercer enorme influência sobre o corpo, mas este tinha pouco impacto sobre ela. (Como o manipulador e a marionete). Descartes aceitou a posição dualista, (mente e corpo são naturezas distintas), mas em sua teoria a mente influencia o corpo e este pode exercer sobre ela 4

grande influência também. Desta forma não se sustentava mais a idéia de que a mente era o mestre das duas entidades e certas funções antes atribuídas à mente passarão a ser consideradas pertencentes ao corpo. Descartes alegava que a mente só tinha uma função: a de pensar. Todos os outros processos eram funções do corpo. A concepção cartesiana do corpo: composto de matéria física, tem as características comuns a toda a matéria: extensão no espaço e capacidade de movimento. Sendo matéria as leis da física e da mecânica que explicam o movimento e a ação no mundo físico tem também de aplicar-se a ele. Assim, o corpo é uma máquina cuja operação pode ser explicada pelas leis mecânicas que governam o movimento dos objetos no espaço. Na Europa do século 17 ocorre o milagre da máquina. Exemplo mais importante por seu impacto no pensamento científico é o relógio. Idéia básica da filosofia do século 17 a 19 - espírito do mecanismo - a imagem do universo é como uma grande máquina - todos os processos naturais são mecanicamente determinados e podem ser explicados pelas leis da física. (a física era conhecida como filosofia natural). O relógio era a metáfora perfeita para o espírito mecanicisita do século 17 - eram modelos para o universo físico - o mundo seria um grande relógio construído e movido pelo Criador. Descartes desviou a atenção do conceito abstrato da alma para o estudo da mente e suas operações. Como resultado, os métodos de pesquisa deixaram a análise metafísica e abraçaram a observação objetiva. Enquanto só se podia especular sobre a existência da alma, era possível observar a mente e os seus processos. Embora a mente seja imaterial (não composta de matéria física), era capaz de abrigar o pensamento e a consciência, e, em conseqüência, nos proporciona conhecimentos sobre o nosso mundo exterior. A mente não tem nenhuma das propriedades da matéria; sua característica mais importante é a capacidade de pensar, o que a afasta do mundo material. Como percebe e tem vontade, a mente tem de influenciar o corpo e ser influenciada por ele de alguma maneira. Quando ela decide deslocar-se de um ponto a outro essa decisão é concretizada pelos nervos e músculos do corpo. E, 5

dessa forma, quando o corpo é estimulado (pela luz ou calor, por exemplo), é a mente que reconhece e interpreta esses dados sensoriais, determinando a resposta apropriada. Ao formular a teoria sobre a interação dessas duas entidades, Descartes precisou encontrar um ponto físico onde a mente e o corpo se engajasem em sua influência mútua. Concebeu a alma como uma entidade unitária, o que significava que ela devia interagir com apenas uma parte do corpo. Ele também acreditava que o ponto de interação se localizava em algum lugar do cérebro, porque a pesquisa demonstrara que as sensações se deslocam para o cérebro e que é nele que o movimento tem origem. Assim, estava claro que o cérebro tinha de ser o ponto focal das funções mentais. A única estrutura cerebral simples e unitária (isto é, não dividida nem duplicada nos dois hemisférios) é a glândula pineal ou "conarium", e Descartes a considerou a escolha lógica como sede da interação. Descartes propôs que a mente dá origem a duas espécies de idéias: idéias derivadas e idéias inatas. Idéias derivadas: produzidas pela aplicação direta de um estímulo externo, como o som de um sino ou a visão de uma árvore. Assim, as idéias derivadas são produto das experiências sensoriais. Idéias inatas: não são produzidas por objetos do mundo exterior que entram em contato com os sentidos. Elas se desenvolvem a partir apenas da mente ou consciência. A existência potencial de idéias inatas independe de experiências sensoriais, embora essas idéias possam ser concretizadas ou manifestadas na presença de experiências apropriadas. A função principal da alma é pensar, produzir conhecimento desvendando o que as coisas são por meio da razão. É por meio da razão que chegamos à verdadeira essência das coisas. A função da experiência (sensível) (observação e experimentação) é confirmar as suposições deduzidas dos princípios gerais revelados pela razão. A experiência está subordinada à razão. Na união do corpo e da alma temos as experiências humanas das sensações (luz, som, cheiro, gosto, etc.), das emoções (alegria, amor, cólera, etc.) e dos apetites (comer, beber). 6