Turma e Ano: Magistratura Estadual 2015/2016 Matéria / Aula: Processo Civil 03 Professor: Raphael Corrêa Monitor: Yasmin Aula 03 Execução Panorama Histórico da Execução A Execução teve relevantes mudanças com a Lei nº 11.232/05. Hoje nós temos a fase de processo de conhecimento e fase executória, entre elas existe uma intimação, diferente do panorama anterior. Quando em 1994 houve a inserção da tutela antecipada no Código de Processo Civil, passamos a usufruir de efeitos da sentença que só seria possível ao final do processo. Essa tutela tem natureza jurídica de decisão interlocutória, que tem como características o fato de não ser uma decisão definitiva e sim uma decisão provisória; a cognição do juízo ser sumária e a decisão pode ser revogável a qualquer tempo (precária). Para que essa decisão seja efetivada é necessária uma intimação. Logo, para que as tutelas jurisdicionais sejam efetivas, seja ela sentença, decisão interlocutória ou acórdão, é melhor dispor da intimação e que o processo seja encarado como um todo e dentro dele tenham diversas fases. O processo passa a ser chamado de sincrético ou misto. Título executivo judicial (art. 475-N, CPC) e título executivo extrajudicial (art. 585, CPC) Não é possível conceituar os títulos judiciais e extrajudiciais. A definição deles é legal, ou seja, estão presentes no rol dos artigos 475-N e 585, do CPC. A tentativa do legislador era acabar com processo autônomo de execução para os títulos executivos judiciais, porém, ainda existem 05 títulos que, embora sejam judiciais, demandam a instauração de um novo processo. São eles: (i) sentença arbitral; (ii) homologação de sentença estrangeira; sentença penal condenatória transitada em julgado; (iv) quando da revisão criminal restar indenização e (v) quando a Fazenda Pública for executada. Dentro desses 05 títulos acima haverá processo executivo e não fase executiva.
Execução Provisória X Definitiva: é definitiva quando ocorre o trânsito em julgado e é provisória quando houver pendência de recurso. A pendência do recurso não significa propriamente ter havido interposição dele, mas basta ter prazo para sua interposição. Há possibilidade de execução, enquanto pendente o recurso, desde que o mesmo seja admitido no efeito devolutivo. A execução definitiva é aquela que acontece de um título transitado em julgado. Dessa forma, a execução de um título executivo extrajudicial será sempre definitiva, mas se for execução de um título executivo judicial poderá ser provisória (quando tiver possibilidade de recurso e no efeito devolutivo) ou definitiva. Os recursos poderão ser recebidos nos efeitos suspensivo ou devolutivo, excepcionalmente serão recebidos somente no efeito devolutivo (art. 520 do CPC). Não é o recurso que atribui efeito. Questão: Por que contra a Fazenda só é possível a execução quando do trânsito em julgado? Por que o legislador criou a execução provisória? Porque não existe hipótese da Fazenda Pública ser insolvente. A execução provisória existe por conta da possibilidade do executado cair em insolvência. Logo, o fundamento da execução definitiva contra a Fazenda não é a necessidade de precatório e sim o fato da Fazenda não ser insolvente. Por isso contra ela só cabe execução definitiva. No entanto, o risco de insolvência não é requisito para ter a execução provisória. OBS: Quando o título não for executivo utiliza-se o nulla executio sine titulo. O título judicial e extrajudicial será executivo quando ele for certo, líquido e exigível. Se faltar um desses requisitos, ele não será executivo. Certo é quando respeita alguma forma prescrita em lei ou quando houver tipicidade, se não respeita a formalidade o título não será certo. Exigível quando houver necessidade de implementar uma condição ou um termo. Líquido é tudo aquilo que certeza e exigibilidade não respondem (quanto se deve, a quem se deve, a quem cabe a escolha do que se deve, etc). Feito isso, inaugura-se a fase de cumprimento de sentença ou o processo autônomo de execução. O cumprimento de sentença vai cuidar de cumprir um título judicial e o processo autônomo vai cuidar de um título judicial (dentro das 5 hipóteses) e extrajudicial.
Se o título não for executivo, faltar liquidez, é possível o processo autônomo? Não, é preciso passá-lo no processo de conhecimento para que a sentença daquele processo lhe dê liquidez. Após ocorrerá o cumprimento de sentença. Liquidação Houve uma sentença ilíquida. Necessária a liquidação para torná-lo um título executivo. 1 Liquidação incidental feita pelo credor: Não é fase processual, é incidente dentro do cumprimento de sentença. Pode haver análise pericial. Ex: Atualização Monetária - Sai hoje uma sentença: Rafael deve a Marcos 100 mil reais desde a data da citação, que foi a 6 anos atrás. Esta sentença não é líquida, pois exige atualização monetária. Neste caso, não é preciso instaurar uma fase de liquidação e sim trazer dentro da fase de cumprimento de sentença uma memória de cálculo, não é preciso instauração de outra fase. 2 Liquidação por arbitramento: Há necessidade que haja análise pericial. A liquidação por arbitramento ocorre porque as partes convencionaram; porque o objeto discutido impedia a análise pericial ou porque a sentença assim determinou. Entre a sentença e o cumprimento de sentença ocorrerá a fase de liquidação. 3 Liquidação por artigos Pretende a demonstração de fato novo (art. 475-F, CPC). Fato novo é a ideia de fato desconhecido a época do processo de conhecimento. Embora esse fato seja desconhecido, ele precisa ter uma ligação com o processo, com o que foi discutido no processo de conhecimento. Da sentença de liquidação caberá agravo de instrumento, ver artigo 475-H, CPC. Execução Toda execução (cumprimento de sentença e processo autônomo de execução) tem uma fase primeira chamada de cumprimento voluntário e uma fase segunda chamada de execução forçada.
O cumprimento voluntário ocorre pela intimação ou citação do sujeito. Ao término do prazo para cumprimento voluntário, ocorre a execução forçada. O ato que inaugura a execução forçada é a penhora. Por que na obrigação de pagamento de quantia certa a publicação da sentença não faz o acontecimento do cumprimento voluntário? Pois a sentença ainda não é líquida, falta atualização monetária, logo, é preciso a intimação para dar início ao cumprimento voluntário (art. 475-J, CPC). Nas obrigações de fazer, não fazer e entregar o momento do cumprimento voluntário se dá com a publicação da sentença. Essa sentença é autoexequível, do contrário, faltará liquidez para dar seguimento ao cumprimento de sentença. Ex: Sentença diz pague 15 mil e entregue cavalo. É obrigação de dar quantia certa e de entregar. A obrigação de entregar cavalo é líquida e a quantia de 15 mil é ilíquida, mas essa iliquidez não demanda uma fase de liquidação. É possível inaugurar a fase de cumprimento de sentença em relação às 02 obrigações. O cumprimento voluntário já está acontecendo em relação à entrega do cavalo a partir da publicação da sentença, porém em relação aos 15 mil é necessária provocação. Se as obrigações não forem cumpridas dentro do prazo estipulado caberá a execução forçada. A execução forçada da obrigação de dar quantia certa se inicia com a penhora do valor a ser pago, mais multa de 10%, e a iniciação da execução forçada da entrega da coisa se inicia por busca e apreensão. Caso o oficial de justiça não encontre o bem, no caso o cavalo, será necessária a mensuração de quanto vale o cavalo, neste momento ocorrerá a liquidação por arbitramento. Se, no entanto, com a publicação da sentença, o devedor recorrer, essa execução será provisória. Se mais adiante o recurso for provido, aquele que antes era exequente, quando se executa provisoriamente a coisa, trás prejuízo a aquele que entes era executado. É necessário apurar o prejuízo através de liquidação, após será prolatada sentença, que deverá ser cumprida. Aquele que antes era devedor passa a ser credor. Dessa forma, é possível executar provisoriamente, mas há pendência de recurso. Se houver provimento do recurso, a execução perde seus efeitos naquilo que o provimento tocar. Ex2: Sentença que trata de cavalo e de 15 mil reais. Contra essa sentença foi proposto recurso de apelação. É necessária análise desse recurso, saber qual foi o seu efeito, se foi recebido no duplo efeito. Se for recebido no duplo efeito, não haverá execução provisória. No exemplo exposto, o recurso foi recebido no efeito devolutivo. O momento seguinte é o cumprimento
de sentença. Em relação a quantia certa faz-se uma liquidação incidental, para atualização do valor, e em relação ao cavalo a sentença fixa 30 dias para o cumprimento. Em relação a quantia é necessário peticionar atualizando o valor e diante disso intimar o devedor para cumprimento voluntário no prazo de 15 dias, a contar da intimação. A execução forçada acontece se com 31 dias não for entregue o cavalo e se com 15 dias não for pago o valor, conforme norma do artigo 475-J do CPC esse valor será acrescido de multa de 10% e ocorrerá a penhora. Em relação ao cavalo ocorrerá a busca e apreensão. Caso o recurso seja provido, o antes apelante/executado não precisa pagar e entregar o cavalo, ele sai de devedor e a passa a uma situação de credor. Imediatamente deve ocorrer a restituição do valor pago e do cavalo. Caso o sujeito tenha prejuízo é necessário iniciar uma fase de liquidação, que termina por intermédio de uma sentença, depois do valor apurado, e que contra ela caberá agravo de instrumento (art. 475-H, CPC). Esse agravo discute se o valor dado pelo perito é ou não o mais adequado. Após, pode começar a execução provisória, aguardando ainda o julgamento do agravo. Se for dado provimento ao agravo, ocorrerá outra liquidação. Tudo isso será chamado de processo. Nos casos em que houver sentença com parte líquida e ilíquida ocorrerá uma fase de cumprimento de sentença e outra de liquidação por arbitramento. Se começa a execução, e o sujeito for intimado para pagamento do valor e este valor já tiver sido pago, caberá impugnação. O simples ato de impugnar não faz atribuir efeito suspensivo ao cumprimento de sentença, significa que deve ser feito requerimento. Se não houver requerimento, o cumprimento de sentença continuará a ocorrer. O juiz poderá atribuir suspensão, quando recebe a impugnação, se houver fumus boni iuris e periculum in mora, até que seja julgada a impugnação. Atos que não importam em expropriação do bem ou em transferência de patrimônio não vão ser atingidos pela suspensão do processo. Suspensão é ato jurisdicional, cuja natureza é de decisão interlocutória, contra ela caberá agravo de instrumento. O artigo 475-M do CPC significa dizer que se o exequente, que virou impugnado, oferecer caução o cumprimento de sentença volta a acontecer. OBS: Não corre prazo prescricional durante o processo suspenso.