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SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS PARTE I CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO... 25

Transcrição:

Número do 1.0175.09.014684-6/001 Númeração 0146846- Relator: Relator do Acordão: Data do Julgamento: Data da Publicação: Des.(a) Teresa Cristina da Cunha Peixoto Des.(a) Teresa Cristina da Cunha Peixoto 16/07/0015 27/07/2015 EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - SUSCITAÇÃO DE DÚVIDA - OFICIALA DO REGISTRO DE IMÓVEIS DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO - RETIFICAÇÃO DE ÁREA - IMÓVEL RURAL -MEMORIAL DESCRITIVO - CERTIFICAÇÃO DO INCRA - LEI N.º 10.267/01 - DECRETO N.º 4.449/02 - OBRIGATORIEDADE. 1. A Lei n.º 10.267/2001 instituiu o novo sistema de medição de imóveis com o auxílio do GPS, via satélite, atribuindo identidade física do imóvel de forma precisa, inclusive, no tocante ao cumprimento da legislação ambiental e benfeitorias existentes no imóvel, vez que possibilita à parte interessada proceder a plotagem de áreas com cobertura fotográfica, sendo obrigatória a certificação do imóvel rural pelo INCRA para toda alteração de área ou de seus titulares em cartório, na forma do Decreto n.º 4.449/02, com a redação dada pelo Decreto n.º 5.570/05 2. Recurso desprovido. APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0175.09.014684-6/001 - COMARCA DE CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO - APELANTE(S): ETECCO EMPRESA TÉCNICA ESTUDOS CONSULTORIA CONSTRUÇÕES LTDA - APELADO(A)(S): KARLA GUERRA MOREIRA THOMAZ A C Ó R D Ã O Vistos etc., acorda, em Turma, a 8ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO. 1

DESA. TERESA CRISTINA DA CUNHA PEIXOTO RELATORA. A SRA. DESA. TERESA CRISTINA DA CUNHA PEIXOTO (RELATORA) V O T O Conheço do recurso, presentes os pressupostos de sua admissibilidade. Cuidam os autos de "Dúvida" suscitada por Karla Guerra Moreira Thomaz, Oficiala do Registro de Imóveis da Comarca da Conceição do Mato Dentro, alegando que foi apresentado naquela serventia, pelo patrono da Empresa Técnica de Estudos Consultoria e Construções Ltda. - ETECCO, um mandado de retificação de registro judicial para averbação, tendo por objeto o registrado sob o n.º 01, matrícula 2044, livro 2-F de Registro Geral, fl. 245, datado de 14-09-1982, referente ao terreno com área aproximada de 5.1476,00ha, que englobará a área de 6.061,5062, conforme memorial descritivo. Afirmou que em razão da constatação, pela serventia, da impossibilidade da averbação requerida, foi apresentado requerimento para suscitação da dúvida. Aduziu que "a requerente buscou satisfazer as exigências, elaborando novo levantamento planimétrico e memorial descritivo de forma georreferenciada, sem, contudo, proceder à certificação junto ao INCRA, ponto imprescindível em tal procedimento" (fl. 03), concluindo que "independente da sentença ter transitado em julgado antes ou após a vigência do Decreto n.º 5570/05, para que se possa proceder a averbação basta a requerente apresentar juntamente ao 2

mandado de retificação o memorial descritivo da área georreferenciada acompanhado da certificação do INCRA, exigência imposta pelo art. 16, do decreto em foco" (fl. 11-verso). O MM. Juiz de Direito da Comarca de Conceição do Mato Dentro julgou procedente a dúvida erigida pela Oficiala do Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Conceição do Mato Dentro, "para declarar a impossibilidade de averbação do mandado de retificação apresentada pelo interessado Etteco - Empresa Técnica de Estudos Consultoria e Construções Ltda., referente aos autos de n.º 0175.02.000517-9, até que haja a devida certificação junto ao INCRA, nos termos do art. 9º, 9º, do Decreto 5.570/05" (fls. 217/218). Inconformada, apelou a ETECCO - Empresa Técnica de Estudos Consultoria e Construções Ltda. (fls. 222/231), alegando que "quando da propositura da Ação de Retificação de Registro nº 0005179-67.2002.8.13.0175 em 03/11/1998, foi integralmente observada a legislação vigente à época para retificação do registro do imóvel da ação" (fl. 226) e que "mesmo que se entendesse sobre sua aplicabilidade ao fato, não caberia mais tal discussão, uma vez que a decisão que determinou a retificação já transitou em julgado, sob pena, portanto, de afronta aos princípios da coisa julgada e da segurança jurídica" (fl. 227). Acrescentou que "não havendo nenhuma alteração às demarcações, limitações e confrontações do imóvel, havendo apenas um erro quanto ao tamanho de sua área, e, não se encontrando nas hipóteses de obrigatoriedade da certificação do memorial junto ao INCRA, evidente o é a improcedência da dúvida erigida pela Oficiala" (fl. 231), pugnando pelo provimento do recurso. Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 234-verso). A douta Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais apresentou parecer às fls. 241/243, opinando pelo desprovimento do recurso. Sobre o thema, de se registrar o que dispõe o art. 198 da Lei nº 6.015/73: 3

Art. 198 - Havendo exigência a ser satisfeita, o oficial indicá-la-á por escrito. Não se conformando o apresentante com a exigência do oficial, ou não a podendo satisfazer, será o título, a seu requerimento e com a declaração de dúvida, remetido ao juízo competente para dirimí-la, obedecendo-se ao seguinte: (Renumerado do art 198 a 201 "caput" com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975). I - no Protocolo, anotará o oficial, à margem da prenotação, a ocorrência da dúvida; Il - após certificar, no título, a prenotação e a suscitação da dúvida, rubricará o oficial todas as suas folhas; III - em seguida, o oficial dará ciência dos termos da dúvida ao apresentante, fornecendo-lhe cópia da suscitação e notificando-o para impugná-la, perante o juízo competente, no prazo de 15 (quinze) dias; IV - certificado o cumprimento do disposto no item anterior, remeterse-ão ao juízo competente, mediante carga, as razões da dúvida, acompanhadas do título. Havendo dúvida quanto ao registro e resistência do interessado em relação às disposições do oficial de registro de imóveis, por discordância ou impossibilidade, poderá o juiz dirimir a questão, cuja decisão tem natureza administrativa, e a suscitação deverá se dar, como se depreende dos dispositivo supra, pelo oficial do registro, admitindo-se excepcionalmente, diante de sua eventual inércia, a provocação do Poder Judiciário pela parte apresentante, pelo princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional ancorado no art. 5º, XVVV, da CR/88. Posto isto, no caso em análise, a Oficiala do Registro de Imóveis da Comarca da Conceição do Mato Dentro pretendeu a apreciação da (im)possibilidade de averbação do mandado de retificação de registro judicial apresentado pela Empresa Técnica de Estudos Consultoria e 4

Construções Ltda. - ETECCO, sem a devida certificação do INCRA. Nesse aspecto, estipulam os artigos 176 e 225, da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de 1973, com a redação dada pela Lei n.º 10.267/2001: Art. 176 - O Livro nº 2 - Registro Geral - será destinado, à matrícula dos imóveis e ao registro ou averbação dos atos relacionados no art. 167 e não atribuídos ao Livro nº 3. 1º A escrituração do Livro nº 2 obedecerá às seguintes normas: I - cada imóvel terá matrícula própria, que será aberta por ocasião do primeiro registro a ser feito na vigência desta Lei; II - são requisitos da matrícula: (...) 3) a identificação do imóvel, que será feita com indicação: (Redação dada pela Lei nº 10.267, de 2001) a - se rural, do código do imóvel, dos dados constantes do CCIR, da denominação e de suas características, confrontações, localização e área; (Incluída pela Lei nº 10.267, de 2001) b - se urbano, de suas características e confrontações, localização, área, logradouro, número e de sua designação cadastral, se houver.(incluída pela Lei nº 10.267, de 2001) (...) 3o Nos casos de desmembramento, parcelamento ou remembramento de imóveis rurais, a identificação prevista na alínea a do item 3 do inciso II do 1o será obtida a partir de memorial descritivo, assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, contendo as 5

coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, georeferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área não exceda a quatro módulos fiscais. (Incluído pela Lei nº 10.267, de 2001) 4o A identificação de que trata o 3o tornar-se-á obrigatória para efetivação de registro, em qualquer situação de transferência de imóvel rural, nos prazos fixados por ato do Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 10.267, de 2001) 5º Nas hipóteses do 3o, caberá ao Incra certificar que a poligonal objeto do memorial descritivo não se sobrepõe a nenhuma outra constante de seu cadastro georreferenciado e que o memorial atende às exigências técnicas, conforme ato normativo próprio. (Incluído pela Lei nº 11.952, de 2009) Art. 225 - Os tabeliães, escrivães e juizes farão com que, nas escrituras e nos autos judiciais, as partes indiquem, com precisão, os característicos, as confrontações e as localizações dos imóveis, mencionando os nomes dos confrontantes e, ainda, quando se tratar só de terreno, se esse fica do lado par ou do lado ímpar do logradouro, em que quadra e a que distância métrica da edificação ou da esquina mais próxima, exigindo dos interessados certidão do registro imobiliário. (...) 3o Nos autos judiciais que versem sobre imóveis rurais, a localização, os limites e as confrontações serão obtidos a partir de memorial descritivo assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, geo-referenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área 6

não exceda a quatro módulos fiscais. (Incluído pela Lei nº 10.267, de 2001) Destarte, a Lei n.º 10.267/2001 instituiu o novo sistema de medição de imóveis com o auxílio do GPS, via satélite, atribuindo identidade física do imóvel de forma precisa, inclusive, no tocante ao cumprimento da legislação ambiental e benfeitorias existentes no imóvel, vez que possibilita à parte interessada proceder a plotagem de áreas com cobertura fotográfica, sendo obrigatória a certificação do imóvel rural pelo INCRA para toda alteração de área ou de seus titulares em cartório, na forma do Decreto n.º 4.449/02, com a redação dada pelo Decreto n.º 5.570/05, que dispõe: Art. 9o A identificação do imóvel rural, na forma do 3o do art. 176 e do 3o do art. 225 da Lei no 6.015, de 1973, será obtida a partir de memorial descritivo elaborado, executado e assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro, e com precisão posicional a ser estabelecida em ato normativo, inclusive em manual técnico, expedido pelo INCRA. 1o Caberá ao INCRA certificar que a poligonal objeto do memorial descritivo não se sobrepõe a nenhuma outra constante de seu cadastro georreferenciado e que o memorial atende às exigências técnicas, conforme ato normativo próprio. 2o A certificação do memorial descritivo pelo INCRA não implicará reconhecimento do domínio ou a exatidão dos limites e confrontações indicados pelo proprietário. 3o Para os fins e efeitos do 2o do art. 225 da Lei no 6.015, de 1973, a primeira apresentação do memorial descritivo segundo os ditames do 3o do art. 176 e do 3o do art. 225 da mesma Lei, e nos termos deste Decreto, respeitados os direitos de terceiros confrontantes, não caracterizará irregularidade impeditiva de novo registro desde que presente o requisito do 13 do art. 213 da Lei no 7

6.015, de 1973, devendo, no entanto, os subseqüentes estar rigorosamente de acordo com o referido 2o, sob pena de incorrer em irregularidade sempre que a caracterização do imóvel não for coincidente com a constante do primeiro registro de memorial georreferenciado, excetuadas as hipóteses de alterações expressamente previstas em lei. (Redação dada pelo Decreto nº 5.570, de 2005) 4o Visando a finalidade do 3o, e desde que mantidos os direitos de terceiros confrontantes, não serão opostas ao memorial georreferenciado as discrepâncias de área constantes da matrícula do imóvel. (Redação dada pelo Decreto nº 5.570, de 2005) 5o O memorial descritivo, que de qualquer modo possa alterar o registro, resultará numa nova matrícula com encerramento da matrícula anterior no serviço de registro de imóveis competente, mediante requerimento do interessado, contendo declaração firmada sob pena de responsabilidade civil e criminal, com firma reconhecida, de que foram respeitados os direitos dos confrontantes, acompanhado da certificação prevista no 1o deste artigo, do CCIR e da prova de quitação do ITR dos últimos cinco exercícios, quando for o caso. (Redação dada pelo Decreto nº 5.570, de 2005) 6o A documentação prevista no 5o deverá ser acompanhada de declaração expressa dos confinantes de que os limites divisórios foram respeitados, com suas respectivas firmas reconhecidas. 7o Quando a declaração for manifestada mediante escritura pública, constituir-se-á produção antecipada de prova. 8o Não sendo apresentadas as declarações constantes do 6o, o interessado, após obter a certificação prevista no 1o, requererá ao oficial de registro que proceda de acordo com os 2o, 3o, 4o, 5o e 6o do art. 213 da Lei no 6.015, de 1973. (Redação dada pelo Decreto nº 5.570, de 2005) 9o Em nenhuma hipótese a adequação do imóvel às exigências do 8

art.176, 3o e 4o, e do art. 225, 3o, da Lei no 6.015, de 1973, poderá ser feita sem a certificação do memorial descritivo expedida pelo INCRA. (Incluído pelo Decreto nº 5.570, de 2005) Art. 10. A identificação da área do imóvel rural, prevista nos 3o e 4o do art. 176 da Lei no 6.015, de 1973, será exigida nos casos de desmembramento, parcelamento, remembramento e em qualquer situação de transferência de imóvel rural, na forma do art. 9o, somente após transcorridos os seguintes prazos: (Redação dada pelo Decreto nº 5.570, de 2005) I - noventa dias, para os imóveis com área de cinco mil hectares, ou superior; A esse respeito, a doutrina de ANTONIO MOURA BORGES: Na realidade é um sistema inovador implantado no Brasil de medição de terras, tendo como finalidade a descrição do imóvel rural quanto ao seu perímetro, com precisão absoluta de limites e confrontações, para individuação da propriedade na matrícula de modo a atender o princípio informativo da propriedade georreferenciada. (...) Assim, aos interessados em geral (proprietários rurais) terão que contratar o profissional da engenharia para realizar o trabalho, procurado previamente saber se o mesmo está habilitado junto ao INCRA para este tipo de trabalho e, depois que realizar a medição e receber a certificação pelo Órgão Competente, deve levar ao Registro de Imóveis do Termo para as averbações de estilo. (...) Depois de aprovado e certificado o georreferenciamento, a planta e o memorial será devolvido ao proprietário com a certificação, para ser levado ao registro imobiliário para as averbações de estilo. 9

(p. 664/669) Ainda sobre o georreferenciamento, dispõe a lição de MARCELO RODRIGUES: O trâmite do georreferenciamento no serviço de registro imobiliário obedece ao disposto no art. 176, 3º a 7º, da Lei 6.015, de 1973, no Decreto Federal 4.449, de 30 de outubro de 2002 e em suas modificações posteriores. O georreferenciamento é averbado em casa matrícula, ainda que mais de uma matrícula tenha sido certificada pelo INCRA ao mesmo tempo. Juntamente com o requerimento de georreferenciamento, são apresentados, pelos interessados, os seguintes documentos: 1. Planta e memorial de cada matrícula a ser georreferenciada, elaborados, executados e assinados por profissional habilitado e certificados pelo INCRA, com o número da certificação expedida, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro, e com precisão posicional a ser estabelecida em ato normativo, inclusive em manual técnico, expedido pelo INCRA; 2. Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, com prova de sua quitação; 3. Declarações expressas, com reconhecimento de firma, dos confinantes de que os limites divisórios foram respeitados; 4. Certificação do INCRA de que a poligonal objeto do memorial descritivo não se sobrepõe a nenhuma outra constante de seu cadastro georreferenciado e que o memorial atende ás exigências técnicas, conforme ato normativo próprio; 10

5. Declaração conjunta do proprietário e do responsável técnico, firmada sob pena de responsabilidade civil e criminal, de que não houve alteração das divisas do imóvel registrado e que foram respeitados os direitos dos confrontantes; 6. Certificado de Cadastro de Imóvel Rural - CCIR - com prova de sua quitação; 7. Certidão Negativa de Débitos Relativos ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, ou, alternativamente, guias e respectivos comprovantes de recolhimento, do ITR dos últimos cinco exercícios fiscais. A averbação do georreferenciamento acarreta, automaticamente, a abertura de uma nova matrícula, que conterá, além dos requisitos do art. 176, 1º, II, da Lei 6.015, de 1973, o número da certificação expedida pelo INCRA, bem como o encerramento da matrícula anterior no serviço de registro de imóveis da respectiva circunscrição territorial. Para os fins e efeitos do 2º do art. 225 da Lei 6.015, de 1973, a primeira apresentação do memorial descritivo segundo os ditames do 3º do art. 176 e do 3º do art. 225 da mesma lei, e nos termos do Decreto 4.449, de 2002, respeitados os direitos de terceiros confrontantes, não caracterizará irregularidade impeditiva de novo registro desde que presente o requisito do 13 do art. 213 do referido diploma legal, devendo, no entanto, os subseqüentes estar rigorosamente de acordo com o referido 2º, sob pena de incorrer em irregularidade sempre que a caracterização do imóvel não for coincidente com a constante do primeiro registro de memorial georreferenciado, excetuadas as hipóteses de alterações expressamente previstas em lei. Realizado o georreferenciamento das matrículas, novos desmembramentos, parcelamentos e (ou) fusões das áreas das matrículas georreferenciadas não exigem nova certificação do INCRA. Por sua vez, essa certidão não implica reconhecimento do domínio ou 11

a exatidão dos limites e confrontações indicados pelo proprietário. (in Tratado de Registros Públicos e Direito Notarial. São Paulo: Atlas, 2014, p. 200) No caso dos autos, a empresa interessada ETTECO - Empresa Técnica de Estudos Consultoria e Construções Ltda. requereu a averbação do mandado judicial decorrente do processo n.º 0175.02.000517-9, que julgou procedente o pedido inicial, determinando "seja retificado, no ofício de imóveis competente, a área da Fazenda Vargem do Rio das Pedras de propriedade da autora, que passará oficialmente a englobar a área de 6.061,5062 hectares, conforme memorial descritivo de fls. 17-37" (fl. 88 e 91), tendo a oficiada suscitante exigido a apresentação do memorial descritivo da área georreferenciada acompanhado da certificação do INCRA. Com efeito, a legislação atual exige, para retificação da área no registro de imóveis, que a medição de terras seja realizada pelo sistema de Georreferenciamento, apurando-se as limitações de acordo com o auxílio de GPS via satélite e conseqüente certificação pelo INCRA, o que visa dissipar dúvidas fundiárias, uma vez que o imóvel é identificado com precisão, privilegiando a segurança jurídica quanto ao registro imobiliário. Nesse sentido: EMENTA: SUSCITAÇÃO DE DÚVIDA - REGISTRO DE IMÓVEL RURAL - 1.078,80 HECTARES - CERTIFICAÇÃO DA POLIGONAL EMITIDA PELO INCRA - OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO PARA EFETIVAR A TRANFERÊNCIA - REQUISITO NÃO CUMPRIDO - IMPOSSIBILIDADE DE EFETUAR O REGISTRO A apresentação da Certificação da Poligonal é dispositivo legal em vigor e com obrigatoriedade da apresentação ao oficial, acompanhando o memorial descritivo, para que possa ser averbada, na respectiva matrícula, a mencionada adequação antes da alienação do imóvel. (TJMG - Apelação Cível 1.0216.10.003656-7/001, 12

Relator(a): Des.(a) Vanessa Verdolim Hudson Andrade, 1ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 11/02/2014, publicação da súmula em 19/02/2014) Nem se diga que o reconhecimento da legalidade da exigência Cartorária de certificação da medição das terras rurais pelo INCRA violaria os princípios da irretroatividade da lei, da coisa julgada ou da segurança jurídica, tendo em vista que segundo o disposto no artigo 16 do Decreto n.º 4.449/02, com a redação dada pelo Decreto n.º 5.570/05, os títulos judiciais, relativos a imóveis rurais, lavrados anteriormente à publicação do apontado Decreto, que importem em transferência de domínio, desmembramento, parcelamento ou remembramento de imóveis rurais, e que exijam a identificação da área, poderão ser objeto de registro, acompanhados de memorial descritivo elaborado nos termos do referido Decreto. Assim, bem andou o magistrado singular ao julgar procedente a Dúvida suscitada pela Oficiala do Cartório de registro de Imóveis da Comarca de Conceição do Mato Dentro, para declarar a impossibilidade de averbação do mandado de retificação apresentada pela interessada ETTECO - Empresa Técnica de Estudos Consultoria e Construções Ltda., até que haja a certificação perante o órgão competente - INCRA. Com tais considerações, nego provimento ao recurso. Custas recursais, pelo apelante. DES. ROGÉRIO COUTINHO (REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a). DES. PAULO BALBINO - De acordo com o(a) Relator(a). 13

SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO" 14