INFORMAÇÃO TÉCNICO-JURÍDICA Nº 02/2011, SEM CARÁTER VINCULATIVO, AOS ÓRGÃOS DE EXECUÇÃO
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- Adriano Fidalgo Ramires
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1 INFORMAÇÃO TÉCNICO-JURÍDICA Nº 02/2011, SEM CARÁTER VINCULATIVO, AOS ÓRGÃOS DE EXECUÇÃO Goiânia, 08 de julho de 2011 Assunto: Orientação quanto às solicitações de proprietários rurais sobre celebração de TAC visando viabilizar registro de imóveis sem a aprovação do georreferenciamento pelo INCRA Senhor(a) Promotor(a), O CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DO MEIO AMBIENTE, por meio de seu Coordenador em exercício que esta subscreve, com fundamento no art. 33, II, da Lei nº 8.625/93 e art. 60, inciso II, da Lei Complementar Estadual nº 25/1998 (LOEMP), e 01. CONSIDERANDO que cabe ao Ministério Público a efetiva defesa do meio ambiente, consoante o disposto, dentre outros, no art. 129, inciso III, da Constituição Federal e no art. 25, IV, b, da Lei n.º 8.625/93, bem como o combate aos atos de improbidade administrativa previstos na Lei n /92; 02. CONSIDERANDO que o art. 225 da Constituição Federal estabelece que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações; 03. CONSIDERANDO que imóvel rural é o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina à exploração extrativa 1
2 agrícola, pecuária ou agro-industrial, conforme definição do Estatuto da Terra (Lei Federal nº 4.504/64); 04. CONSIDERANDO que o georreferenciamento consiste no mapeamento de um imóvel rural, referenciando os vértices de seu perímetro ao Sistema Geodésico Brasileiro, definindo, assim, sua área e sua posição geográfica; 05. CONSIDERANDO que a Lei Federal nº 6.015/73, alterada pela Lei Federal nº /01, no que se refere à identificação do imóvel para fins de registro junto ao Cartório de Registro de Imóveis, tornou obrigatória a realização do georreferenciamento em todas as propriedades rurais do país: Art O Livro nº 2 - Registro Geral - será destinado, à matrícula dos imóveis e ao registro ou averbação dos atos relacionados no art. 167 e não atribuídos ao Livro nº 3. 1º A escrituração do Livro nº 2 obedecerá às seguintes normas: I - cada imóvel terá matrícula própria, que será aberta por ocasião do primeiro registro a ser feito na vigência desta Lei; II - são requisitos da matrícula: 1) o número de ordem, que seguirá ao infinito; 2) a data; 3) a identificação do imóvel, que será feita com indicação: a - se rural, do código do imóvel, dos dados constantes do CCIR, da denominação e de suas características, confrontações, localização e área; b - se urbano, de suas características e confrontações, localização, área, logradouro, número e de sua designação cadastral, se houver. 4) o nome, domicílio e nacionalidade do proprietário, bem como: a) tratando-se de pessoa física, o estado civil, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda ou do Registro Geral da cédula de identidade, ou à falta deste, sua filiação; b) tratando-se de pessoa jurídica, a sede social e o número de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda; 5) o número do registro anterior; III - são requisitos do registro no Livro nº 2: 1) a data; 2) o nome, domicílio e nacionalidade do transmitente, ou do devedor, e do adquirente, ou credor, bem como: a) tratando-se de pessoa física, o estado civil, a profissão e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda ou do Registro Geral da cédula de identidade, ou, à falta deste, sua filiação; b) tratando-se de pessoa jurídica, a sede social e o número de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda; 3) o título da transmissão ou do ônus; 2
3 4) a forma do título, sua procedência e caracterização; 5) o valor do contrato, da coisa ou da dívida, prazo desta, condições e mais especificações, inclusive os juros, se houver. 2º Para a matrícula e registro das escrituras e partilhas, lavradas ou homologadas na vigência do Decreto nº 4.857, de 9 de novembro de 1939, não serão observadas as exigências deste artigo, devendo tais atos obedecer ao disposto na legislação anterior. 3 o Nos casos de desmembramento, parcelamento ou remembramento de imóveis rurais, a identificação prevista na alínea a do item 3 do inciso II do 1 o será obtida a partir de memorial descritivo, assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, geo-referenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área não exceda a quatro módulos fiscais. 4 o A identificação de que trata o 3 o tornar-se-á obrigatória para efetivação de registro, em qualquer situação de transferência de imóvel rural, nos prazos fixados por ato do Poder Executivo. 5º Nas hipóteses do 3 o, caberá ao Incra certificar que a poligonal objeto do memorial descritivo não se sobrepõe a nenhuma outra constante de seu cadastro georreferenciado e que o memorial atende às exigências técnicas, conforme ato normativo próprio. 06. CONSIDERANDO que a obrigatoriedade do georreferenciamento dos imóveis rurais para fins de registro foi regulamentada pelo Decreto Federal nº 4.449/02, que fixa prazos para a realização desta identificação do imóvel rural: Art. 10. A identificação da área do imóvel rural, prevista nos 3 o e 4 o do art. 176 da Lei n o 6.015, de 1973, será exigida nos casos de desmembramento, parcelamento, remembramento e em qualquer situação de transferência de imóvel rural, na forma do art. 9 o, somente após transcorridos os seguintes prazos: I - noventa dias, para os imóveis com área de cinco mil hectares, ou superior; II - um ano, para os imóveis com área de mil a menos de cinco mil hectares; III - cinco anos, para os imóveis com área de quinhentos a menos de mil hectares; IV - oito anos, para os imóveis com área inferior a quinhentos hectares. 1 o Quando se tratar da primeira apresentação do memorial descritivo, para adequação da descrição do imóvel rural às exigências dos 3 o e 4 o do art. 176 e do 3 o do art. 225 da Lei n o 6.015, de 1973, aplicar-se-ão as disposições contidas no 4 o do art. 9 o deste Decreto. 2 o Após os prazos assinalados nos incisos I a IV do caput, fica 3
4 defeso ao oficial do registro de imóveis a prática dos seguintes atos registrais envolvendo as áreas rurais de que tratam aqueles incisos, até que seja feita a identificação do imóvel na forma prevista neste Decreto: I - desmembramento, parcelamento ou remembramento; II - transferência de área total; III - criação ou alteração da descrição do imóvel, resultante de qualquer procedimento judicial ou administrativo. 3 o Ter-se-á por início de contagem dos prazos fixados nos incisos do caput deste artigo a data de 20 de novembro de CONSIDERANDO que toda a documentação necessária para a identificação dos imóveis rurais exigida pelo art. 176, 3º da Lei Federal nº 6.015/73, inclusive o georreferenciamento, deve ser submetida à análise do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA, para certificação, conforme estabelecido na Norma de Execução INCRA nº 96/2010; 08. CONSIDERANDO que a exigência do georreferenciamento vem auxiliar na reorganização do território rural brasileiro, formatando um novo mapa das propriedades rurais do País; 09. CONSIDERANDO que o georreferenciamento possibilita determinar a localização e descrição precisos do imóvel rural, o que contribui para a melhoria no planejamento das ações da administração pública, além de adequar a área tributável e, o mais importante, evitar casos de sobreposição de propriedades rurais; 10. CONSIDERANDO que através do georreferenciamento é possível identificar as áreas de preservação permanente, reserva legal, áreas de especial proteção, lavouras, pastagens, reflorestamento e também áreas inservíveis ou mesmo com benfeitorias, proporcionando uma maior segurança jurídica aos registros públicos; 4
5 11. CONSIDERANDO, também, a notícia de caso concreto no qual o proprietário rural que compareceu ao gabinete do Ministério Público local solicitando que fosse celebrado um termo de ajuste de conduta para, após comprovação pelo interessado de que houve o protocolo do georreferenciamento junto ao INCRA, viabilizar o registro junto ao cartório de registro de qualquer um dos atos mencionados na legislação mencionada nos itens 5 e 6 desta; 12. CONSIDERANDO que os proprietários rurais podem recorrer à via do Mandado de Segurança para combater eventual demora do INCRA em atender às solicitações de certificação do georreferenciamento, conforme se observa nos julgados abaixo: ADMINISTRATIVO E MANDADO DE SEGURANÇA. REQUERIMENTO FORMULADO PERANTE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (INCRA). GEORREFERENCIAMENTO DE ÀREA RURAL. LEI /2001. DEMORA NA SUA ANÁLISE. OFENSA AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. FIXAÇÃO DE PRAZO PARA O SEU EXAME A demora excessiva e injustificável na apreciação de requerimento formulado pelo cidadão à Administração Pública atenta contra o princípio da razoabilidade, bem como o dever de eficiência do administrador, que lhe impõe a obrigação de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional.2. Confirma-se a sentença que fixou prazo de quinze dias para a análise do pedido.3. Remessa oficial desprovida. (6400 MT , Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL DANIEL PAES RIBEIRO, Data de Julgamento: 26/05/2008, SEXTA TURMA, Data de Publicação: 14/07/2008 e-djf1 p.67) CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO ADMINISTRATIVO COM VISTAS À EXPEDIÇÃO DE CERTIFICADO DE GEORREFERENCIAMENTO PROTOCOLIZADO JUNTO AO INCRA. APRECIAÇÃO ASSEGURADA. OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, DA EFICIÊNCIA E DA MORALIDADE.I - Formulado requerimento administrativo objetivando a expedição de Certificado de Georreferenciamento, tal pleito deve ser analisado pela Administração, assegurando-se à impetrante a observância da garantia constitucional do devido processo legal, devida a todos os litigantes, na esfera judicial ou administrativa (Constituição Federal, art. 5º, LIV e LV), afigurando-se passível de correção, pela via do mandado de segurança, por ofensa ao princípio da eficiência e da moralidade inerentes aos atos administrativos, a abusiva demora do Poder Público em apreciar o pleito. Constituição Federal5ºLIVLVII - Remessa oficial desprovida. Sentença confirmada. (9567 MT , Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE, Data de Julgamento: 01/08/2008, SEXTA TURMA, Data de Publicação: 01/09/2008 e-djf1 p.97) 5
6 13. CONSIDERANDO que a não realização do georreferenciamento das propriedades rurais implica no impedimento da efetivação do registro, em qualquer situação de transferência do imóvel rural; expede a seguinte Informação Técnico-Jurídica, sem caráter vinculativo, aos órgãos de execução do Ministério Público do Estado de Goiás, com atuação na área do meio ambiente e registros públicos: a) A exigência do georreferenciamento da propriedade rural para qualquer alteração no registro de imóvel é prevista em lei e assim deve ser cumprida pelo oficial de registro; b) a celebração de Termo de Ajustamento de Conduta permitindo alterações no registro de imóvel rural sob a condição de posterior certificação do georreferenciamento da propriedade pelo INCRA é, em princípio, medida inadequada em face da expressa dicção legal; c) diante de caso concreto conforme descrito no item 11 desta, sugere-se seja oficiado ao Ministério Público Federal em Goiás noticiando a demora do INCRA em apreciar o georreferenciamento protocolizado pelos proprietários de imóveis rurais, e os prejuízos decorrentes dessa demora, em especial a impossibilidade de concretização definitiva da transmissão do domínio nos termos da lei civil, com vistas a apuração dos motivos dos atrasos; Ao ensejo, renovo-lhe protestos de elevada estima e distinta consideração, colocando-me à vossa disposição para auxiliá-lo no que for necessário. Atenciosamente, Umberto Machado de Oliveira Coordenador do Centro de Apoio Operacional do Patrimônio Público em substituição no CAOMA 6
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