Memorias Convención Internacional de Salud Pública. Cuba Salud La Habana 3-7 de diciembre de 2012 ISBN



Documentos relacionados
2ª Região SP Ano de 2013

Região Metropolitana de São Paulo Panorama socioeconômico

BENEFÍCIOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA EXPANSÃO DO SANEAMENTO NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

1. APRESENTAÇÃO QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS QUESTÕES COMENTADAS GABARITO FINALIZAÇÃO DA AULA...20

55ª REUNIÃO DO FÓRUM PAULISTA DE SECRETÁRIOS E DIRIGENTES PÚBLICOS DE TRANSPORTE E TRÂNSITO DEPARTAMENTO DE FISCALIZAÇÃO DE SÃO PAULO DFS

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê CBH-AT no uso de suas atribuições legais e no âmbito de suas respectivas competências, e

CONTROLE SOCIAL e PARTICIPAÇÃO NO SUS: O PAPEL DO CONSELHO ESTADUAL DE SAÚDE

LEI COMPLEMENTAR Nº 1.139, DE 16 DE JUNHO DE 2011

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO ÁREA DE PROTEÇÃO DE MANANCIAIS: INJUSTIÇAS SOCIOAMBIENTAIS EM RELAÇÃO À AGUA

Evolution of mobility in the 10 last years and future perspectives in Sao Paulo - Brazil

PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO. Agosto de 2017 Boletim n º 393. Taxa de desemprego recua de 18,3% para 17,9%

Concursos EBSERH Prova EBSERH Comentada Parte 4! Prof.ª Natale Souza

Cabeçote rpm (regime contínuo) 235,4 N.m. Cabeçote rpm (regime contínuo) 746 N.m

Com uma equipe própria e uma central de monitoramento que trabalha sem parar, a Ituran garante

Principais desafios para desligamento da TV Analógica e implantação da TV Digital José Alexandre Bicalho

Manual para preenchimento do formulário de envio de informações à Base de Dados de Gestores de Patrimônio

Sistema Único de Saúde

SIMULADO Lei 8142/90

DIREITO À SAÚDE: SUS, HUMANIZAÇÃO E CONTROLE SOCIAL

MODELO DE LEI DO CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE

O que vêm à sua mente?

LEI Nº 496/2013 DE 15 DE OUTUBRO DE 2013

COMUNICADO. JORGE LUIZ GONÇALVES DE ALMEIDA Presidente Nacional da Comissão Organizadora REGIONAL: SPM

CONTROLE SOCIAL ESPAÇO DE PARTICIPAÇÃO E DELIBERAÇÃO: 14 a CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CESS Comissão de Estudo de Saúde Suplementar

Novas Tabelas de Relacionamento

Objeto de Aprendizagem. Bases Legais do SUS: Leis Orgânicas da Saúde

Chuva interrompe sequência de queda no nível do Cantareira. Escrito por Admin Global [Vitor - Exibir Comunicação] Ter, 04 de Novembro de :49

Manual de Vendas PLANOS PESSOA FÍSICA E PEQUENA E MÉDIA EMPRESA

Item Cidade KM Região

Projetos Especiais NOVABRASIL FM 2017

º. 03 Horas 2 MILHÕES * * ** *

ALTERAÇÃO DA TENSÃO NOMINAL SECUNDÁRIA DO SISTEMA DELTA COM NEUTRO

ANÁLISE DOS LOCAIS DE RESIDÊNCIA E TRABALHO DA POPULAÇÃO OCUPADA CONSTRUÇÃO DE NOVO INDICADOR PARA OS ESTUDOS DE MOBILIDADE URBANA

O CENÁRIO ECONÔMICO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS E O PAPEL DAS ENTIDADES

Atenciosamente, Renato Alexandre Gerente de Vendas

XXVIII CONGRESSO DE SECRETÁRIOS MUNICIPAIS DE SAÚDE DO ESTADO DE SÃO PAULO

º. 2 MILHÕES Horas * * ** *

6/8/14. Estratégia e Polí/cas para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro 14/05/2014. Mauro Osorio

Saúde Coletiva Prof (a) Responsável: Roseli Aparecida de Mello Bergamo

Legislação do SUS. Prof.ª Andrea Paula

INTEGRAÇÃO ENSINO E SERVIÇO: EXPERIÊNCIA

Seminário: A Iluminação Pública por conta dos Municípios

São Paulo TABELA DE VENDAS ADESÃO ENTIDADES ABERTAS

INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DE SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL UM BREVE HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DO SUS NO BRASIL

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) - Questões de 18 a 22


EVOLUÇÃO DAS VIAGENS COM UTILIZAÇÃO DE METRÔ E TREM METROPOLITANO RESULTADOS DA PESQUISA DE MOBILIDADE 2012

PROJETO TIETÊ III. Secretária Dilma Pena 22 de novembro de 2010 SECRETARIA DE SANEAMENTO E ENERGIA

MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE GESTÃO ESTRATÉGICA E PARTICIPATIVA

Lei n o de 28/12/1990

Análise do Financiamento do Sistema Único de Saúde: o caso da Região Metropolitana de São Paulo

Edição Número 10 de 15/01/2007 Ministério da Educação Gabinete do Ministro v PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 45, DE 12 DE JANEIRO DE 2007

LEI Nº TÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

XII Semana FIESP-CIESP de Meio Ambiente. Estratégias de Proteção da Qualidade das Águas Superficiais na RMSP

CONSULTA PÚBLICA Nº 0

Conselhos de Saúde (participação social) Teleconsultora Enfermeira Mabel Magagnin Possamai

PESQUISA DE PREÇO DE MERCADO Nº 003/2018

Tabela 1 - Preços da gasolina nos municípios do Estado de São Paulo

PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

PRINCIPAIS HOSPITAIS CREDENCIADOS Ampla cobertura no Estado de SP. Hospital Nipo-Brasileiro Melhor relação custo-benefício

2 A 29 VIDAS LINHA SMART. FAIXA Smart 200* Smart 300 Smart 400 Smart 400 Smart 500 Smart 500

PARTICIPAÇÃO SOCIAL: CONCEITUAÇÃO, FORMAS DE PARTICIPAÇÃO. Histórico da participação social nas áreas de saúde e de alimentação e nutrição no Brasil

Art. 2º O Conselho Estadual de Cultura tem por competências: II - acompanhar e fiscalizar a execução do Plano Estadual de Cultura;

Aula 8 Resumo das Conferências Nacionais de Saúde. Princípios e desafios do SUS. Legislação básica. Antônio Leite Ruas Neto:

Novo Fluxo p/ distribuição BiPAP Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica

Projeto TRILHAS, do Instituto Natura, chega a mais de cinco mil escolas da rede pública do São Paulo

Diretrizes Aprovadas nos Grupos de Trabalho ou na Plenária Final. Por Ordem de Votação nos Eixos Temáticos

PORTARIA Nº 666, DE 13 DE ABRIL DE 2016

PESQUISA. Abril/2015

AULA 3 DIREITO À SAÚDE SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

ENFERMAGEM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA. Parte 1. Profª. Lívia Bahia

Desafios da Crise Fluminense

CONTROLE SOCIAL EM SAÚDE Conceito: (...) é a capacidade que tem a sociedade organizada de intervir nas políticas públicas... (BRASIL, 1992)

Procuradoria Geral do Município

ENFERMAGEM LEGISLAÇÃO EM SAÚDE. Lei do SUS - Lei nº de 1990 Parte 1. Profª. Tatiane da Silva Campos

6 a a ,95 5,93 18, x

1º lugar entre as emissoras qualificadas. por dia. Média de ouvintes por minuto, no. target Ambos os sexos AB 25+ anos.

HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL. Laís Caroline Rodrigues Economista Residente Gestão Hospitalar

TERMO ADITIVO À CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2009/2011

(SIMNPAS = INAMPS + INPS + IAPAS)

1. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) - Regiões Metropolitanas

PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL NO SUS: UMA ANÁLISE DO CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE DE CACHOEIRA (BA)

REGIMENTO PARA A 9ª CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE SAÚDE 2015 CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE DE DIADEMA

Talento Jovem Programa de Bolsas de Estudos

Circular 014/2016 São Paulo, 05 de janeiro de 2016.

minutos por dia. 1º lugar entre as emissoras qualificadas. 4º lugar no ranking geral entre todas as FMs de São Paulo.

2.6. Sistemas de Abastecimento de Água

1. Produto Interno Bruto Municipal de 2012

Dispõe sobre a Região Metropolitana da Grande São Paulo

Lei 8.080/90 Lei Orgânica da Saúde

REGIMENTO 1ª CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE SAÚDE DAS MULHERES DE VARGINHA

Prefeitura Municipal de Santa Cruz da Vitória publica:

UMA EXPERIÊNCIA DE SÃO BERNARDO DO CAMPO A SER SOCIALIZADA

Lei do Estado de Pernambuco nº , de

PESQUISA. Setembro/2015

1. Execução Orçamentária

Art. 1º - A 8ª Conferência de Saúde do DF, convocada pelo Governador do Distrito Federal por meio do

Estabelece incentivo de custeio para estruturação e implementação de ações de alimentação. e nutrição

REGIMENTO DA 5ª CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE DE CAMPO LIMPO PAULISTA CAPÍTULO I DO TEMÁRIO

Transcrição:

A REPRESENTAÇAO FORMAL DAS INSTITUIÇOES DE ENSINO SUPERIOR NOS CONSELHOS MUNICIPAIS DE SAUDE DO DEPARTAMENTO REGIONAL DE SAUDE - 1 DO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA REALIDADE BRASILEIRA. LA REPRESENTACIÓN FORMAL DE LAS INSTITUCIONES DE EDUCACIÓN SUPERIOR EN CONSEJOS MUNICIPALES DE SALUD DEL DEPARTAMENTO REGIONAL DE SALUD - 1 DE SÃO PAULO: UNA REALIDAD BRASILEÑA Larissa Gabrielle Ramos 1, Wilson Mestriner Junior 2, Bárbara Grazielle Ramos 3 RESUMO: A participação da sociedade civil nas políticas públicas, o Controle Social, faz parte da história recente do país. O Movimento Sanitário foi fundamental neste processo, em especial na VIII CNS cujo projeto de sociedade apresentado inspirou a Constituição de 1988. Mas foi somente com a Lei 8.142 de 1990 que se oficializam os Conselhos de Saúde com paridade na representação da sociedade para a gestão do SUS. As primeiras reflexões sobre a Reforma Sanitária Brasileira ocorreram através dos movimentos sociais e no interior das instituições de Saúde, incluindo as formadoras de recursos humanos. Este estudo teve por objetivo reconhecer a participação atual das Instituições de Ensino Superior (IES) em saúde nos espaços de Controle Social, identificando os representantes das IES nos Conselhos Municipais de Saúde (CMS) do 1 Cirurgião Dentista residente pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade. (Universidade Federal de São Carlos) / SP Brasil. lari.gabrielle@gmail.com 55 16 8101-1618 2 Cirurgião Dentista Professor Doutor da Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Departamento de Clinica Infantil e Odontologia Preventiva e Social / SP Brasil. 3 Fisioterapeuta residente pelo Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Integral a Saúde. (Universidade de São Paulo campus Ribeirão Preto) / SP Brasil.

DRS-I do Estado de São Paulo. Os municípios da DRS-I que possuem IES com cursos na área da saúde foram identificados através de uma fonte de dados secundários, a seguir verificou-se a composição dos CMS destes municípios através da consulta a canais públicos de informação. Dos 39 municípios que compõem a DRS-1, 14 possuem IES com algum curso na área da saúde, destes, 3 apresentam 1 vaga para representação destas instituições no CMS e 1 município tem 2 vagas não ocupadas no mandato vigente. Essa primeira aproximação alerta para a fragilidade quantitativa da participação das IES nos CMS, caracterizando a necessidade de, numa segunda etapa, se investigar sobre os motivos deste esvaziamento e a real contribuição da participação atual. PALAVRAS-CHAVES: Participação Social, Controle Social, Conselhos de Saúde, Instituições de Ensino Superior. Introdução A participação da sociedade civil nas políticas públicas faz parte da história recente do país. Desde a Constituição Federal de 1988 recebeu diversas denominações como participação da comunidade, participação da sociedade e, o termo que usaremos neste trabalho, o Controle Social. Este último apresenta certa ambiguidade, pois pode expressar tanto as formas de controle do Estado sobre a sociedade, quanto o controle da sociedade civil sobre o Estado. Aqui o trataremos como a ação da sociedade civil na gestão das políticas públicas para atender às demandas e os interesses da coletividade (1). Durante as décadas de 1970 e 1980, no contexto da transição/crise do autoritarismo do regime militar, ocorreu o fortalecimento da democratização e o aprimoramento da institucionalização da relação Estado-sociedade com a participação da sociedade organizada. O controle repressivo, centralizador e unidirecionado do Estado para a sociedade, transitou para o controle social, expresso pela coresponsabilidade entre Estado e sociedade nos diferentes conselhos (2).

Nesta conjuntura os movimentos sociais reivindicavam por demandas reprimidas durante o período autoritário como habitação, saúde, e educação. O Movimento Sanitário, os Movimentos Populares, o Movimento Sindical, passaram a abranger diversas temáticas como a questão das mulheres, dos negros, de crianças, dos índios e do meio ambiente, o que influenciou no processo de democratização e na formulação das políticas sociais, além de marcar a incorporação de órgãos de representação da sociedade à Constituição (3,4). Desde 1941 já havia espaços para a participação da sociedade nas políticas públicas de saúde, as Conferências Nacionais de Saúde (CNS). Porém as sete primeiras conferências apresentavam um caráter técnico e baixa representatividade social, tendo participação restrita a gestores e técnicos governamentais. O conceito e a forma de apresentação do Controle Social aparecem na VIII CNS, em março de 1986, na qual o poder executivo convoca a sociedade civil para o debate de políticas ou programas de governo (2). Nesta Conferencia, o Movimento Sanitário, movimento surgido das instituições de saúde incluindo as formadoras de recursos humanos, associações e profissionais de todas as categorias, em especial, as Universidades, os cursos de pós-graduação e outros, como a Associação Brasileira de Pós-Graduação (ABRASCO) e o Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (CEBES) que canalizava o debate sobre as políticas de saúde, tornase grande catalisador das forças sociais dispersas. O que garantiu a proposição para a reformulação do Sistema Nacional de Saúde, através do movimento denominado Reforma Sanitária, orientando a proposta do movimento sanitarista no processo constituinte de 1988 e registrando o projeto de sociedade convergente de diversos grupos e atores sociais presentes naquele momento. (5). Como produto final da VIII CNS, tem-se a proposição do Estado em assumir uma política de saúde cujo controle seria realizado pela população, a garantia do acesso da população às informações necessárias ao controle social e a organização de um Conselho Nacional de Saúde cujas atribuições seriam de orientação do desenvolvimento e de avaliação do Sistema Único de Saúde, incluindo a definição de políticas, orçamento

e ações; a formação de conselhos de saúde nos níveis municipal, regional e estadual, cuja composição deveria incluir representantes eleitos pela comunidade (usuários e prestadores de serviços) e cuja atuação deveria abranger o planejamento, a execução e a fiscalização dos programas de saúde (2). A Constituição Federal de 1988 (6), promulgada após mais de dois anos da VIII CNS, incorpora em seu texto as principais diretrizes da 8ª CNS, porém, a participação da sociedade civil é apresentada de forma ambígua diante da ausência de critérios para sua efetivação, com o encaminhamento de que seja realizada de forma direta (nas instâncias colegiadas) ou indireta (por representantes eleitos). O texto não esclarece as condições em que esta ocorrerá, nem tampouco cita a dinâmica de constituição dos Conselhos e Conferências (1). A Lei Orgânica de Saúde (Lei nº 8.080/90) foi sancionada em setembro de 1990 e instituiu o SUS de acordo com princípios doutrinários e operacionais, tais como: universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência, integralidade de assistência, equidade, descentralização político-administrativa, regionalização e hierarquização e participação da comunidade (7). O texto desta Lei não foi aprovado na íntegra pelo ex-presidente do Brasil, Fernando Collor de Mello, que vetou o artigo 11, o qual previa que, em cada esfera de governo, fossem realizadas conferências de saúde e instituídos conselhos de saúde que teriam um caráter deliberativo. O veto teve como justificativa o fato de que caberia ao Presidente da República criar órgãos da Administração Pública. (2). Esse veto induz o Movimento Sanitário a pressionar o poder legislativo para uma tomada de posição, a fim de garantir a participação popular, no que seria logo depois traduzido na nova Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de1990 (8), que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. Esta Lei prevê a realização das Conferências Nacionais de Saúde e a constituição do Conselho Nacional de Saúde, cujo objetivo é regulamentar a participação comunitária na

formulação e fiscalização das políticas de saúde exercidas pelo Estado. Em relação à forma de composição da representação dos usuários nos Conselhos e Conferências, a Lei nº 8.142/90, em seu parágrafo 4, estabelece que esta composição deverá ser paritária em relação aos demais segmentos. Quanto à organização das instâncias, o parágrafo 5 apresenta a proposição de que ambos deverão aprovar regimento para definir suas normas de organização (1). No ano de 1992, o Plenário do Conselho Nacional de Saúde aprovou a Resolução n. 33 de 3/12/1992, com o título Recomendações para constituição dos Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde e encerra a distribuição da representação dos Conselhos. Tal Resolução define a paridade na representação da sociedade, sendo ela composta por 50% de representantes de usuários, 25% de representantes de trabalhadores da saúde e 25% de representantes de prestadores de serviços de saúde tanto públicos como privados (9). As Instituições de Ensino Superior em saúde teriam sua participação enquadrada dentre as vagas dos representantes dos trabalhadores e prestadores de serviços de saúde. Objetivo Norteado pela importância histórica dos movimentos sociais para a consolidação do Controle Social no SUS e pelo protagonismo das instituições de saúde dentre elas as instituições formadoras de recursos humanos através do Movimento Sanitário, o presente estudo teve por objetivo reconhecer a participação atual das Instituições de Ensino Superior (IES) em saúde nos espaços de Controle Social, tendo como unidade de análise os Conselheiros representantes das IES nos Conselhos Municipais de Saúde (CMS) do Departamento Regional de Saúde, DRS-I, do Estado de São Paulo, Brasil. Metodologia

A divisão administrativa da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo se faz através dos Departamentos Regionais de Saúde - DRS, atendendo ao Decreto DOE nº 51.433, de 28 de dezembro de 2006, o qual dividiu o Estado em 17 Departamentos de Saúde, que são responsáveis por coordenar as atividades da Secretaria de Estado da Saúde no âmbito regional e promover a articulação intersetorial, com os municípios e organismos da sociedade civil (10). O DRS-I foi selecionado por ser a região que abrange a capital do Estado de São Paulo, com maior numero de habitantes e que apresenta o maior numero de IES. Os municípios do DRS-I que possuem IES com cursos na área da saúde foram identificados através de uma fonte de dados secundários, o site do Ministério da Educação, e-mec (11). O levantamento de dados foi realizado no mês de julho do ano de 2011, no qual se verificou a composição dos CMS destes municípios através da consulta a canais públicos de informação e comunicação como sites, ouvidorias e diários oficias, visto que a comunicação é um direito fundamental, sendo inviável pensar em políticas sociais democráticas, debatidas pela sociedade no espaço público, dissociadas da democratização desse espaço, através da comunicação e da inclusão dos diferentes atores sociais. Resultados O Departamento Regional de Saúde I (DRS-I) é composto por 39 municípios. Através da consulta ao site do Ministério da Educação, foram listados 14 municípios deste departamento que apresentam IES com um ou mais cursos na área da saúde listados na tabela 1. TABELA 1: Municípios pertencentes ao DRS-I Municípios do DRS-I com IES em saúde BARUERI CARAPICUIBA Municípios do DRS-I sem IES em saúde ARUJÁ BIRITIBA-MIRIM

COTIA DIADEMA GUARULHOS MAUÁ MOGI DAS CRUZES OSASCO SANTANA DO PARNAIBA SANTO ANDRE SÃO BERNARDO DO CAMPO SÃO CAETANO DO SUL SÃO PAULO TABOÃO DA SERRA CAIEIRAS CAJAMAR EMBU EMBU-GUAÇU FERRAZ DE VASCONSELOS FRANCISCO MORATO FRANCO DA ROCHA GUARAREMA ITAPECERICA DA SERRA ITAPEVI ITAQUAQUECETUBA JANDIRA ----------- JUQUITI ------------ MAIRIPORA ----------- PIRAPORA DO BOM JESUS ----------- POA ----------- RIBEIRÃO PIRES ----------- RIA GRANDE DA SERRA ----------- SALESOPOLIS ----------- SANTA ISABEL ----------- SÃO LOURENÇO ----------- SUZANO ----------- VARGEM GRANDE PAULISTA Em consulta aos sites dos municípios, de suas secretarias de saúde e de seus Conselhos Municipais de Saúde, consulta a ouvidorias e diários oficiais foram analisadas as composições dos Conselhos e identificados 4 municípios cujo CMS

apresenta vagas para representação das IES, dentre eles estão Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul que apresentam 1 vaga para representação destas instituições no CMS e São Paulo cujas 2 vagas disponíveis não estavam ocupadas no mandato daquele presente ano, como ilustra a figura 1. FIGURA 1: Conclusão As instituições formadoras em saúde têm como função a construção e a divulgação do conhecimento, assumindo papéis importantes na elaboração e disseminação de correntes pensadoras e na proposição de políticas públicas. Considerando o termo políticas públicas com a conotação de res publica, coisa de todos, estas poderiam ser pensadas e realizadas a partir do trabalho coletivo e do diálogo, sua eficácia e abrangência seriam diretamente proporcionais ao resultado do diálogo que foi estabelecido. Assim, para um trabalho mais resolutivo, a parceria das IES com os CMS seria de grande importância, ponto inicial para o incentivo a participação da comunidade acadêmica no Controle Social.

Essa primeira aproximação alerta para a fragilidade quantitativa da participação das IES nos CMS, espaço de representação paritária para a gestão do SUS. Caracterizase assim a necessidade de, em uma segunda etapa, se investigar sobre os motivos deste esvaziamento e a real contribuição da participação atual. Referências bibliográficas 1) Lacaz FAC, Flório SMR. Controle social, mundo do trabalho e as Conferências Nacionais de Saúde da virada do século XX. Ciência & Saúde Coletiva, 14(6):2123-2134, 2009. 2). Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. A construção do SUS: histórias da Reforma sanitária e do Processo Participativo. Brasília: Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa: 2006. 3) Gerschman, S. Conselhos Municipais de Saúde: atuação e representação das comunidades populares. Cad. Saúde Pública,Rio de Janeiro, v. 20, n. 6, p. 1670-81, 2004. 4) Soares do Bem, A. A centralidade dos movimentos sociais na articulação entre o estado e a sociedade brasileira nos séculos XIX e XX. Educ. Soc., Campinas, v. 27, n. 97, p. 1137-1157, set./dez. 2006 5) Martins, AA. Relações entre estado-sociedade e políticas públicas de saúde. Saúde e Sociedade, 5(1):55-79,1996. 6) Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%c3%a7ao.htm>

7). Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/l8080.htm> 8). Lei nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Siatema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências entregovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm> 9) Brasil. Ministério da Saúde. Resolução CNS nº 33, de 3/12/1992. Dispõe sobre Recomendações para constituição dos Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde. Diário Oficial da União 1992; 4 jun. 10) Disponível em http://www.saude.sp.gov.br/ses/institucional/departamentosregionais-de-saude/regionais-de-saude. 11) http://emec.mec.gov.br/