MAPA DE AÇÕES DE GESTÃO POR BACIAS HIDROGRÁFICAS



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Transcrição:

MAPA DE AÇÕES DE GESTÃO POR BAIAS HIDROGRÁFIAS Brasília DF Outubro 2006

1. INTRODUÇÃO No presente relatório, apresenta-se a proposta para adoção de uma base territorial de unidades de planejamento e gestão dos recursos hídricos, bem como uma tipologia para a gestão. Tal iniciativa se enquadra no contexto do detalhamento do subprograma I.4 do Plano Nacional de Recursos Hídricos, relativo aos estudos para a definição de unidades territoriais para a instalação de modelos institucionais e respectivos instrumentos de gestão de recursos hídricos, cuja execução se acha sob responsabilidade da ANA. A Lei das Águas definiu a bacia hidrográfica como unidade territorial para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos PNRH. No entanto, as dimensões do país, a diversidade das condições socioeconômicas, culturais e hidrográficas, assim como os diferentes domínios constitucionais dos corpos hídricos criam a necessidade do estabelecimento de critérios de apoio à implantação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos SINGREH, no que tange à definição dessas unidades territoriais. Nesse contexto, a proposta considera um diagnóstico dos aspectos hidroambientais, socioeconômicos e político-institucionais no País e a aplicação da denominada análise de clusters para a definição de alternativas de conglomerados de unidades territoriais, considerando como base inicial para a definição dessas unidades as doze regiões hidrográficas estabelecidas pelo onselho Nacional de Recursos Hídricos NRH e as unidades de planejamento e gestão de recursos hídricos definidas no âmbito dos Estados federados. Ao cumprir com os objetivos apresentados, buscam-se a formulação e a implementação de um mapa de ações de gestão por bacias e regiões hidrográficas, de forma a orientar e integrar as ações dos entes do SINGREH, compatibilizando-o com as diretrizes do Plano Nacional de Recursos Hídricos. 2. DELIMITAÇÃO DA BASE TERRITORIAL PARA A GESTÃO A delimitação de uma base territorial para a gestão dos recursos hídricos visa a orientar as ações dos entes dos SINGREH, de forma a direcionar os esforços da União, dos Estados e do Distrito Federal para a consolidação do Sistema. Nesse sentido, a base territorial para gestão pode ser definida como o conjunto de unidades territoriais adequadas ao exercício planejado de ações para a gestão dos recursos hídricos de uma ou mais bacias hidrográficas, integrando e articulando as 2

políticas públicas com abrangência nesse território, considerando que a gestão das águas necessita da execução de ações transversais e que o planejamento dos usos dos recursos hídricos também interfere na execução das demais políticas. No âmbito de boa parte das Unidades da Federação do Brasil, foram definidas divisões territoriais para a gestão e planejamento dos recursos hídricos, conforme apresentado na Figura 1, no contexto das Regiões Hidrográficas estabelecidas pelo NRH, em sua Resolução n o 32/2003. Figura 1 Regiões Hidrográficas Estabelecidas pelo NRH e Unidades Estaduais de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos UEPGRH (Fonte de dados: SA/ANA, 2004) Assim sendo, adotou-se como premissa inicial que unidades nacionais deveriam ser criadas considerando-se a existência dessas unidades estaduais, buscando a harmonização de ações e a definição de critérios que indicassem as necessidades de integração entre essas unidades para a gestão plena dos recursos hídricos em uma dada bacia hidrográfica. Para tanto, foram propostos os seguintes critérios: ritérios hidroambientais Bacias hidrográficas representativas, que compreendem as bacias cujo exutório é contribuinte direto do curso ou cursos principais da Região Hidrográfica Nacional, agrupando as unidades estaduais, cujas áreas são envolvidas por essa bacia. Unidades de conservação ambiental, que compreendem as integrantes do Sistema Nacional de Unidades de onservação (SNU), incluindo as reservas indígenas. Aqüíferos subterrâneos. Reservatórios para produção hidrelétrica. Principais interligações de bacias, cujas participações relativas são importantes no planejamento da disponibilidade hídrica das bacias doadoras e receptoras. 3

ritérios socioeconômicos Regiões metropolitanas. Unidades nacionais de planejamento do Ministério da Integração Nacional, que compreendem as unidades definidas por esse Ministério e utilizadas pelo Governo Federal no planejamento regional. Mesoregiões econômicas do IBGE. ritérios político-institucionais omitês de bacia de rios de domínio da União; omitês de bacia de rios de domínio estadual; Unidades federadas. O agrupamento das unidades estaduais em unidades nacionais é auxiliado pela utilização de modelagem matemática, que possibilita a análise comparativa dos critérios de integração definidos anteriormente, sob os aspectos quantitativos (Figura 2). No estudo em questão, optou-se por utilizar a análise de clusters para a criação dos agrupamentos, em cuja aplicação, a distância representativa total (D) é calculada por: D 2 N i= 1 = FBR N k = 1 F. P i P k i Em que: FBR = bacia representativa (0 ou 1) F i = fator de integração segundo os critérios citados P i = peso específico Figura 2 Bacias 1 e 2, com áreas A 1 e A 2 e atributos a 1 e a 2 4

Os resultados dessa proposta são apresentados na Figura 3 e na Tabela 1, que contempla 137 Unidades Nacionais de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos, sendo 26 de abrangência interestadual e 111 de abrangência estadual. Figura 3 - Unidades Nacionais de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos: delimitação das bacias hidrográficas 5

Tabela 1 Relação das Unidades Nacionais de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos Região Hidrográfica Amazônica Tocantins-Araguaia Atlântico Nordeste Ocidental Parnaíba Atlântico Nordeste Oriental São Francisco Atlântico Leste Atlântico Sudeste Paraná Bacia Hidrográfica abrangência interestadual Amazônica Tocantins-Araguaia Gurupi Parnaíba Piranhas-Açu urimataú (Trairi / Pirangi Jacú / Grajaú / ati) Goiana/Litoral Sul PB Una/Jacuípe Mundaú (Pratagi Alagoas /São Miguel / ELMM) São Francisco (incluindo Bacia do Rio Verde Grande) Vaza Barris (Real/Piauí SE), Jequitinhonha/Pardo (Araçua/Extremo Sul BA - Baixo/Jucuruçu/ Itanhaém / Buranhém) Mucuri / Extremo Sul BA Itaúnas /São Mateus Doce/Barra Seca Itabapoana/Itapemirim Paraíba do Sul Ribeira do Iguape/Litoral Sul SP Paranaíba Grande Iguaçu Piracicaba/apivari/Jundiaí PJ Paranapanema Uruguai Uruguai Atlântico Sul Mampituba/Araranguá/Urussanga Paraguai Paraguai 111 Bacias Estaduais (Unidades Estaduais de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos) 3. TIPOLOGIA DE GESTÃO DOS REURSOS HÍDRIOS Dada a proposição das Unidades Nacionais de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos, era necessário definir a natureza das ações a serem priorizadas em cada uma dessas unidades. Buscando subsidiar esse planejamento, identificou-se o estágio atual do SINGREH e avaliou-se a necessidade de implementação dos instrumentos de gestão em cada unidade nacional, dada a demanda por gestão, considerando, de um lado, as peculiaridades regionais e, de outro, a necessidade de se direcionarem os esforços para o fortalecimento do SINGREH. Por essa razão, e diante desse diagnóstico, pôde-se fundamentar a proposição de classes diferenciadas de gestão de recursos hídricos, em função da integração entre as demandas por gestão e os instrumentos e estruturas necessários. 6

3.1 Definição da tipologia Para a definição da tipologia, foram propostos os seguintes critérios, tendo em vista os aspectos relativos à complexidade do processo de gestão e à estrutura institucional de gestão. omplexidade do processo de gestão Escassez / Balanço Hídrico a escassez hídrica sob os aspectos quantitativos é fonte inicial de qualquer conflito pelo uso da água e será definida como a relação entre a demanda e a disponibilidade hídrica em uma bacia hidrográfica. Qualidade das águas a disponibilidade das águas será afetada diretamente em virtude da necessidade de utilização dos mananciais para a diluição de cargas poluidoras oriundas das atividades antrópicas da Bacia. A relação entre a disponibilidade hídrica e a carga poluidora potencial gerada é forte indicador da necessidade permanente de monitoramento e gestão das águas. Eventos críticos (secas e enchentes) a ocorrência de eventos críticos, sejam enchentes que provoquem danos materiais ou humanos, sejam secas que submetam determinadas regiões a regimes críticos de abastecimento, deve resultar em ações de gestão para a prevenção ou mitigação desses problemas. Proteção estratégica dos recursos hídricos (reservas da biosfera e potencial de geração hidrelétrica) a importância dos recursos hídricos de determinada bacia, para o atendimento às demandas de ecossistemas importantes na regulação ecológica ou para a preservação estratégica no atendimento aos projetos nacionais e regionais em que a água é importante insumo, deverá caracterizar a necessidade de implantação de gestão sistemática. Estrutura institucional de gestão Plano de recursos hídricos a existência de Plano de Recursos Hídricos indica conhecimento da bacia hidrográfica, quanto ao uso das águas e às soluções com relação aos aspectos físicos, institucionais e financeiros, razão pela qual pode potencializar a gestão. Outorga de direito de uso a existência de outorga de direito de uso indica a capacidade dos organismos estaduais atuarem na regulação do uso das águas, razão pela qual pode potencializar a gestão. Define-se como outorga plena aquela que é exercida pelos organismos estaduais consideradas as ferramentas legais e o resultado apresentado até então, enquanto outorga incipiente é 7

definida como aquela que não tem apresentado resultados significativos, apesar de contar com instrumentos legais e operacionais já desenvolvidos. Sensitividade política e social por se tratar de um sistema de gestão compartilhado entre os organismos de Estado, o conjunto de usuários e a sociedade civil, a parceria e a mobilização social para a gestão dos recursos hídricos são fatores imprescindíveis para a construção do sistema. Para a classificação das unidades, optou-se pela adoção de uma matriz de interação, conforme apresentado na Figura 4, com definição de uma tipologia, com quatro tipos de situação, às quais estão associadas estratégias diferenciadas de implantação do SINGREH. Estrutura institucional omplexidade do processo de gestão Muito alta Alta Média Baixa Muito bem estruturada D D D Estruturada Pouco estruturada Incipiente D D D B B B A B B A A Figura 4 Matriz de Interação: Estrutura institucional x omplexidade do processo de gestão, indicando a adoção de uma tipologia com quatro classes diferenciadas, conforme as letras apresentadas Para a definição das classes, foram consideradas as seguintes condicionantes: (a) os órgãos estaduais e nacional de gestão de recursos hídricos devem estar adequadamente estruturados para o exercício de suas funções; (b) a instituição e o funcionamento do omitê de Bacia devem ser apoiados por estrutura específica de apoio técnicoadministrativo e pela efetivação, pelas autoridades públicas competentes, da outorga, da fiscalização, do monitoramento e do sistema de informação no âmbito de sua área de atuação; (c) a Agência de Água deve suceder à implantação plena dos instrumentos de gestão na bacia, à existência do omitê da Bacia e à decisão de implementação da cobrança pelo uso da água. Dadas essas considerações, para a construção contínua e progressiva do Sistema, são propostas as seguintes classes, que refletem diferentes graus de implementação do SINGREH por unidade de planejamento e gestão (Figura 5). 8

lasse A: ênfase para a construção do Sistema, com atuação no planejamento estratégico, rede de monitoramento, sistema de informação e capacitação, e em demais intervenções pontuais. a) Sistema de Gestão a ser implantado: organismos estaduais de recursos hídricos e onselhos Estaduais de Recursos Hídricos, atuando de forma articulada e integrada com os demais Estados envolvidos e com a União, por intermédio de articulação interestadual para gestão de bacia hidrográfica; b) Instrumentos e Mecanismos de Gerenciamento Mínimos: rede de monitoramento, sistema de informação e processos de planejamento e capacitação. lasse B: ações da lasse A, com ênfase para a implementação de instrumentos de regulamentação do uso da água (outorga e fiscalização) e constituição de organismos de bacia em regiões críticas e em demais intervenções pontuais. a) Sistema de Gestão a ser implantado: organismos estaduais de recursos hídricos e onselhos Estaduais de Recursos Hídricos, atuando de forma articulada e integrada com os demais Estados envolvidos e com a União, por intermédio de articulação interestadual para gestão de bacia hidrográfica, bem como omitês ou outros organismos instituídos em bacias críticas, aprovados pelos onselhos Estaduais; b) Instrumentos e Mecanismos de Gerenciamento Mínimos: rede de monitoramento, sistema de informação, processos de planejamento e capacitação, regulamentação do uso e do aproveitamento da água (outorga e fiscalização) e estrutura estadual de apoio a organismos de bacia. lasse : ações da lasse B, com ênfase para o avanço na implementação da regulação do uso da água, focando no refinamento e na abrangência dos instrumentos de regulamentação (sistema de outorga, fiscalização e cadastro) e na consolidação de organismos de bacia em regiões críticas, e em demais intervenções pontuais. a) Sistema de Gestão a ser implantado: organismos estaduais de recursos hídricos e onselhos Estaduais de Recursos Hídricos, atuando de forma articulada e integrada com os demais Estados envolvidos e com a União, por intermédio de articulação interestadual para gestão de bacia hidrográfica, bem como omitês ou outros organismos instituídos em bacias críticas, aprovados pelos onselhos Estaduais; b) Instrumentos e Mecanismos de Gerenciamento Mínimos: rede de monitoramento, sistema de informação, processos de planejamento e capacitação, regulamentação do uso e do aproveitamento da água (sistema de outorga, fiscalização e cadastro) e estrutura estadual de apoio a organismos de bacia. lasse D: ações da lasse, com ênfase para o avanço na implantação do omitê e Agência de Água; implementação de plano da bacia e enquadramento; implementação da cobrança pelo uso dos recursos hídricos, e em intervenções articuladas, diversificadas e disseminadas na Bacia. a) Sistema de Gestão a ser implantado: organismos estaduais de recursos hídricos e onselhos Estaduais de Recursos Hídricos, atuando de forma articulada e integrada com os demais Estados envolvidos e com a União, por intermédio de articulação interestadual para gestão de bacia hidrográfica; omitês ou outros organismos instituídos em bacias críticas, aprovados pelos onselhos Estaduais; omitê da Bacia e Agência de Água; b) Instrumentos e Mecanismos de Gerenciamento Mínimos: rede de monitoramento, sistema de informação, processos de planejamento e capacitação, regulamentação do uso e do aproveitamento da água (sistema de outorga, fiscalização e cadatro), estrutura estadual de apoio a organismos de bacia, plano de recursos hídricos, enquadramento e cobrança pelo uso da água. Figura 5 Definição de classes para o sistema de gestão e os instrumentos e mecanismos de gestão 9

Na Figura 6 são resumidos os sistemas e instrumentos propostos para cada classe. Sistema de Gestão Instrumentos e Mecanismos de Gestão de Recursos Hídricos lasse Organismos Estaduais de Recursos Hídricos onselhos Estaduais de Recursos Hídricos Instâncias de Articulação Interestaduais omitês ou outros organismos de Bacias em unidades estaduais omitê da Bacia Escritório técnico Agência de Água Rede de monitoramento Sistema de Informações Planejamento Estratégico apacitação e Fortalecimento Institucional Outorga Fiscalização Estrutura Estadual de Apoio a Organismos de Bacia adastro Plano de Recursos Hídricos Enquadramento obrança lasse A lasse B lasse lasse D Figura 6 Proposta de tipologia para o sistema de gestão e os instrumentos e mecanismos de gestão Na Figura 7 apresenta-se o mapa das unidades nacionais classificadas conforme a tiplogia adotada. A = Monitoramento, Planej. Estratégico, Sist. de Informações e apacitação B = (A) + Outorga, Fiscalização e Organismos de bacias em regiões críticas = (B) + Sistema de Outorga, Fiscalização e adastro D = () + omitê, Plano de Bacia, Agência e obrança Abrangência Estadual Figura 7 Unidades de Planejamento e Gestão classificadas conforme a tipologia proposta 10

Destaca-se que as unidades que abrangem somente o território de uma Unidade da Federação não são inicialmente classificadas na Figura 7, conforme discutido na seqüência. 3.2 Escalas de articulação associadas às Unidades Nacionais de Planejamento e Gestão Dada a classificação apresentada anteriormente e considerando, de um lado, a condição constitucional de domínio diferenciado dos corpos hídricos, e, de outro, as peculiaridades regionais existentes no país, pôde-se promover a definição de uma segunda tipologia, estabelecendo diferentes escalas de articulação, visando a fundamentar a identificação de bacias com questões de natureza nacional, regional, estadual e local. Essa definição contempla, também, a observância aos princípios da subsidiariedade e do Pacto Federativo estabelecido no Brasil. Na Figura 8 apresenta-se a correlação entre as escalas de articulação e as classes de implantação do SINGREH, visando a incorporar as condições apontadas. Escala de articulação Tipologia lasse A lasse B lasse lasse D Nacional Amazônica Paraguai Tocantins- Araguaia Uruguai Paraíba do Sul PJ São Francisco inclui Verde Grande Doce Paranaíba Grande Regional Paranapanema Piranhas-Açu Iguaçu Parnaíba Ribeira do Iguape/ Litoral Sul SP Estadual / Local Gurupi urimataú Itabapoana/ Itapemirim Mucuri/ Extremo Sul BA Jequitinhonha/ Pardo/... Vaza Barris Itaúnas/ São Mateus Una/Jacuípe Goiana/ Litoral Sul PB Mundaú Mampituba/ Ararangua/ Urussanga Figura 8 lassificação quanto à Escala de Articulação nas Unidades Nacionais de Planejamento e Gestão 11

onforme apresentado na Figura 7, evidenciam-se unidades com demanda por articulação em escala nacional, considerados os aspectos socioeconômicos e relativos à gestão dos recursos hídricos. Nesse caso, a bacia contempla questões estratégicas nacionais, tal como as bacias Amazônica, Paraguai, Uruguai, São Francisco, Paraíba do Sul, Grande, Doce, Paranaíba, Piracicaba, apivari e Jundiaí e Tocantins-Araguaia. Adicionalmente, existem unidades nacionais cuja escala de articulação é, por vocação, regional, uma vez que a problemática associada aos recursos hídricos é mais restrita às unidades federadas que compõem a bacia hidrográfica. Tal é o caso das bacias dos rios Piranhas-Açu, Iguaçu, Parnaíba, Ribeira do Iguape/Litoral Sul de SP e Paranapanema. Ademais, destacam-se algumas unidades nacionais que possuem necessidades de articulação diferenciadas e cuja abrangência poderia ser classificada como estadual ou local, mesmo incluindo cursos d água de domínio da União. Nessas unidades, a problemática é mais restrita aos limites de um só Estado, ou até mesmo de uma subregião específica. Nesse caso, a atuação da União deverá ser objeto de avaliação futura, com tendência para ações de delegação da gestão aos Estados abrangidos pela Unidade e com ênfase para a articulação entre os Sistemas Estaduais e a harmonização de critérios e procedimentos para a aplicação dos instrumentos. Observa-se, ainda, que as ações de delegação também poderão ser implementadas nas outras unidades nacionais, com demanda por articulação em escala nacional ou reginal, caso seja necessário e conforme a conveniêcia para a implementação dos instrumentos de gestão. Na Figura 9, apresenta-se um mapa das unidades de natureza estadual ou local inicialmente identificadas. Figura 9 Unidades de Planejamento e Gestão com atuação focada em ações de delegação 12

Por último, devem ser consideradas algumas unidades que abrangem somente o território de um Estado, mas que possuem características tais, que extrapolam as escalas local e estadual. Essas unidades são identificáveis a partir da existência de unidades nacionais de conservação, de obras hidráulicas, como barragens, açudes, estruturas de transposição, entre outras, assim como regiões que são áreas de implementação de políticas e ações públicas federais. Essas unidades podem demandar, assim, um envolvimento institucional da União, considerando os aspectos socioeconômicos e relativos à gestão dos recursos hídricos. Nesses casos, a União deve apoiar a ação dos Estados, de forma a evoluir na implementação dos instrumentos de gestão nessas unidades. Utilizando-se da mesma metodologia de classificação das unidades nacionais, foram identificadas nessa categoria as unidades apresentadas na Figura 10. Figura 10 Unidades estaduais de planejamento e gestão com relevância nacional (desconsiderando as unidades já abrangidas pelas Unidades Nacionais) Assim sendo, a atuação dos entes do SINGREH, notadamente da União, pode ser orientada no sentido de direcionar esforços para a implementação dos instrumentos de gestão adequados, em cada caso, conforme a escala de articulação, de forma negociada com os Estados envolvidos. É importante ressaltar que a classificação em escalas de articulação não está relacionada diretamente com a determinação de ações prioritárias. 13

Na Figura 11, apresentam-se os resultados finais da classificação em escalas de articulação, em conformidade com as condições descritas. Figura 11 Unidades Nacionais de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos classificadas em escalas de articulação 3.3 Detalhamento das Ações por Unidade da Federação Dada a classificação das Unidades Nacionais de Planejamento e Gestão, foi analisado o reflexo das ações propostas por bacia hidrográfica nos Estados. Para tanto, promoveu-se o rebatimento das classes para as respectivas Unidades da Federação, conforme ilustrado na Figura 12. A correlação com as classes propostas para as Unidades Nacionais, incluindo as unidades estaduais de relevância nacional, induz a uma classificação também das Unidades da Federação, haja vista a necessidade de organização do Sistema nesse nível. Teoricamente, visando a uma atuação homogênea nos territórios das unidades nacionais, as Unidades da Federação deveriam adequar sua estrutura de gestão de acordo com a tipologia de maior demanda por instalação dos instrumentos de gestão. Na 14

prática, porém, observa-se uma grande dificuldade para a estruturação e fortalecimento das Unidades da Federação na área de recursos hídricos. A = Monitoramento, Planej. Estratégico, Sist. de Informações e apacitação B = (A) + Outorga, Fiscalização e Organismos de bacias em regiões críticas = (B) + Sistema de Outorga, Fiscalização e adastro D = () + omitê, Plano de Bacia, Agência e obrança Abrangência Estadual Figura 12 Unidades da Federação versus caracterização das classes por unidade nacional 4. ONSIDERAÇÕES FINAIS O conceito de unidades nacionais engloba não-somente as bacias hidrográficas que possuem rios de domínio da União, mas, também, aquelas que possuem apenas rios de domínio estaduais e que demandam um envolvimento institucional da União, considerando os aspectos socioeconômicos e relativos à gestão dos recursos hídricos. A presente proposta visa a subsidiar os tomadores de decisão, de forma a orientar as ações da União para a implantação do SINGREH e a implementação dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos nas unidades nacionais de planejamento e gestão de recursos hídricos. onsiste, portanto, em uma proposta de articular ações e susbsidiar as decisões do NRH. 15