EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E OS AMBIENTES VIRTUAIS DE APREDIZAGEM Edivan Claudino Soares da Silva RESUMO O presente trabalho é fruto de uma adaptação do seminário de uma disciplina do Mestrado em Educação Brasileira do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Alagoas. O objetivo do trabalho foi mostrar que com o desenvolvimento da educação a distância o seu ambiente de aprendizagem também vai sendo mudado, se adequando a demanda social vigente. O trabalho ainda pretende fazer uma reflexão teórica sobre os ambientes virtuais de aprendizagem, mostrando suas características, suas ferramentas usuais e suas potencialidades para a educação a distância, procurando mostrar que os avas não se tratam apenas em um conjunto de ferramentas eletrônicas voltadas ao processo de ensino aprendizagem; Para fundamentar, o trabalho foi realizado sob o olhar de Pereira (2007), Santos (2003), Kenski (2005), Castells ( 1999). PALAVRAS CHAVE: Educação a distância, Ambientes Virtuais de aprendizagem e Gerações. INTRODUÇÃO A Educação a Distância surgiu a partir necessidade do preparo profissional e cultural de milhões de pessoas que, por vários motivos, não podiam freqüentar um estabelecimento de ensino presencial e evoluiu com as tecnologias disponíveis em cada momento histórico da sociedade.
No cenário mundial alguns teóricos classificam em três gerações de desenvolvimento da Ead. A primeira geração é a que visa o ensino por correspondência, De acordo com Palhares (2009, p. 48) a onda da correspondência é a primeira e a mais longa de todas, hoje ainda é presente alguns cursos via correspondência, no Brasil o principal curso por correspondência presente ainda hoje é o Instituto Universal Brasileiro (IUB), que foi fundado pelos irmãos Jacob Warghaftig e Michael Warghaftig, também pioneiro na modalidade educação a distância por correspondência, como acontece até hoje. No IUB, foram oferecidos cursos de rádio e TV tais como: corte e costura, desenho artístico, mecânico de automóveis, auxiliar de escritório e contabilidade. Cursos esses que visam sempre atender às diferentes áreas do mercado de trabalho. A considerada segunda geração da EAD é a geração chamada de Teleducação/Telecursos, onde o ensino era ministrado via rádio ou televisão. O ensino via rádio no Brasil se desenvolveu a partir dos anos 60, como mostra Bianco (2009, p. 56): As experiências de educação pelo rádio no Brasil desenvolveram-se nos anos 60 e 70 e teve características meramente instrucionais, com oferta de cursos regulares destinados a alfabetização de adultos, educação supletiva e capacitação para o mercado de trabalho. No ensino via televisão a experiência iniciada nos anos 70 que permeia até hoje é o do Telecurso 2º grau, atualmente intitulado de Tele Curso 2000, foi implantado nos anos 70, em convênio com a Fundação Roberto Marinho e Sistema FIESP, com o objetivo de oferecer alternativas de escolarização para jovens e adultos com defasagem educacional visando dar suporte à preparação dos alunos para os exames oficiais de supletivo.
A considerada terceira geração é a dos ambientes interativos, no qual utilizam o computador, as redes e as mídias para promover o processo de ensino- aprendizagem, como mostra Abio (2010, p. 42). Com o desenvolvimento tecnológico acontecido nessas mesmas décadas dos anos 80 e 90, como a chegada dos primeiros satélites de comunicação e envio de dados por fibra óptica, os próprios sistemas de áudio e teleconferência foram ficando mais velozes, eficientes e com capacidade de transmitir dados de forma bidirecional. Além disso, a ampliação do uso de microcomputadores e softwares (a partir da década de 1970), assim como a chegada da Internet (nos anos 90), facilitou a disseminação dos sistemas interativos que permitem a troca de informações, de forma síncrona (teleconferências, chats) ou assíncrona (fóruns, correio eletrônico, weblogs, etc.). Essa terceira geração é uma geração em constante realimentação, pois as tecnologias estão cada vez desenvolvendo formas de comunicação mais aperfeiçoadas, mais velozes e mais eficientes para o homem, o que contribui para a implantação de uma educação a distância cada vez mais presente. No desenvolvimento dessa geração o computador e posteriormente a internet deram uma maior possibilidades de comunicação possibilitando o acesso à informação em qualquer lugar do mundo em tempo real ( síncrona) ou temporal (assíncrona). Castells (1999, p. 369) afirma que: A rede Internet é a espinha dorsal da comunicação global mediada por computadores dos anos 90, uma vez que liga gradativamente a maior parte das redes. Em meados da década de 90, a Internet conectava 44 mil redes de computadores cerca de 3,2 milhões de computadores principais em todo o mundo, com mais ou menos 25 milhões de usuários, e estava se expandindo de forma acelerada Esses números de Castells só cresceram com o tempo, em 2009, a IDC¹ estima que 1,6 bilhão de dispositivos acessaram a internet no mundo, número que deve chegar a 2,7 bilhões nos próximos quatro anos.
E com todo esse desenvolvimento tecnológico o cenário da Ead vai mudando e se adequando as realidades da sociedade, o curso que antes era mediado por correspondência ou ouvido pelo rádio hoje integra várias mídias como texto, som, vídeo e imagem em um ambiente digital interligado a rede que são denominados de Ambientes virtuais de Aprendizagem. AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM ( AVAS) Os ambientes virtuais de aprendizagem estão presentes em grande parte dos cursos de Educação a distância hoje; devido a essa demanda de utilização dos Avas cabe discutirmos sobre seu conceito; um Ava pode ser concebido de acordo com Pereira (2007) como mídias que utilizam o ciberespaço para veicular conteúdo e permitir interação entre os atores do processo educativo, essa opção de mídia está sendo utilizada para mediar o processo ensino-aprendizagem a distância. Santos (2003) conceitua o Ava como um "espaço fecundo de significação onde seres humanos e objetos técnicos interagem, potencializando assim a construção de conhecimentos, logo a aprendizagem". ¹ A IDC é uma empresa líder mundial n área de market intelligence, serviços de consultoria e organização de eventos para os mercados das tecnologias de informação, telecomunicações e eletrônica de consumo. Podemos ver que Pereira conceitua os Avas como mídias, ou seja, textos, vídeos, imagens, sons que vão fazer uso do ciberespaço para mediar o processo de ensino aprendizagem, o mesmo ainda enfatiza a interação entre os atores do processo educativo que são professores, tutores, e alunos; já Santos mostra a interação entre seres humanos e objetos técnicos para a construção do conhecimento e gerando assim aprendizagem. Segundo Kemczinski (2005) os Avas são: sistemas computacionais disponíveis na Internet, destinados ao suporte de atividades de ensino-aprendizagem, mediados pelas tecnologias de
informação e comunicação. Estes se apresentam integrando múltiplas mídias, linguagens e recursos tendo em vista atingir determinados objetivos de aprendizagem. As atividades desenvolvem-se no tempo, ritmo de aprendizagem e espaço em que cada participante se localiza, de acordo com uma intencionalidade explícita e um planejamento prévio. Essa discussão sobre o conceito dos Avas, é muito complexa como podemos ver Kemczinski apresenta o conceito como uma forma mais técnica, como sistema computacional, integração de mídias ou integração de recursos, mas independente da nomenclatura todos apresentam o mesmo o mesmo objetivo que é o da promoção do processo ensino-aprendizagem de modo virtual. Pereira (2007) mostra que os principais recursos tecnológicos utilizados nesses ambientes são agrupados em quatro eixos importantes, Como podemos observar na Figura 1. Gerenciamento Pedagógico e Administrativo Produção AVA Comunicação Documentação / Informação Figura 1- Os quatro eixos importante de um Ambiente Virtual de Aprendizagem Como a autora apresenta, esses quatro eixos que são importantes para um bom ambiente virtual de aprendizagem; o eixo Documentação e informação permitem
apresentar as informações institucionais do curso, veicular conteúdos e materiais didáticos, fazer upload e download de arquivos e oferecer suporte ao uso do ambiente; o eixo Comunicação pretende facilitar a comunicação de forma síncrona e assíncrona; o Gerenciamento pedagógico e administrativo permite, por exemplo, acessar as avaliações e o desempenho dos aprendizes e consultar a secretaria virtual do curso; e no eixo Produção permite o desenvolvimento de atividades e resoluções de problemas dentro do ambiente. Todos os Avas apresentam estrutura e características muito parecidas, Pereira (2007), apresenta como principais características dos avas: Controle de Acesso ( senha) Organização do Ambiente Controle de tempo para as atividades Comunicação síncrona e assíncrona Espaço privativo Arquivos atualizados e adequados Apoio online ( tutor) Avaliação e Auto-avaliação FERRAMENTAS USUAIS EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM Os Avas fornecem um conjunto de ferramentas que auxiliam na comunicação, no acesso e no controle dos usuários do sistema em geral. As funcionalidades mais comuns que provêem a interatividade entre os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem são basicamente de dois tipos: As ferramentas síncronas que permitem uma comunicação simultânea e instantânea entre os participantes, nessa perspectiva de comunicação temos : o Chat ou
bate-papo que é o recurso que permite que o tutor realize uma conversa em tempo real, síncrona, ou seja, com troca simultânea de informações com todos os participantes conectados, mesmo estando em locais diferentes; alguns cursos com uma tecnologia de ponta podemos ter também com ferramenta de comunicação a videoconferência que é uma comunicação bidirecional através de envio de áudio e vídeo em tempo real via WEB através de câmeras acopladas e computador; a teleconferência: definida como todo tipo de conferência à distância em tempo real, envolvendo transmissão e recepção de diversos tipos de mídia, assim como suas combinações e a áudio-conferência: sistema de transmissão de áudio, recebido por um ou mais usuários simultaneamente As ferramentas síncronas, como vantagens, permitem a realização de um encontro virtual dando chance à socialização; constituem mecanismos de comunicação rápida existindo diversas ferramentas ou canais de comunicação disponíveis em tempo real com o educador. As ferramentas assíncronas provêem à comunicação em tempos diferentes e são encontradas com maior freqüência, as principais encontradas nos avas são: e-mail ou correio eletrônico esta opção funciona como um servidor de correio eletrônico (e-mail) usual, permitindo aos participantes do curso uma troca de mensagens de uma pessoa para outra ou para várias; fórum que permite a opção, que o tutor ou qualquer outro participante, pode colocar em discussão, de uma maneira assíncrona (ou seja, não é necessário que todos os participantes estejam conectados simultaneamente), assuntos que sejam de interesse comum para o grupo. O fórum ainda pode ser concebido como um espaço coletivo organizado em tópicos e contribuições atua como elemento aglutinador através de discussões monitoradas pelo tutor e mantendo o histórico das discussões; FTP (transferência de arquivos) e download (carga),disponibilização de arquivos contendo áudio, texto, imagens e vídeo; mural de recados: é um mecanismo de transmissão de avisos de interesse comum onde as informações aparecem assim que um participante acessa o ambiente/curso; cronograma onde o professor ou o tutor pode disponibilizar para os participantes do curso a relação das atividades com suas
respectivas características: tipo, assunto, descrição, data de início, data de término; links, para poder disponibilizar, para que todos possam ter acesso, endereços da Internet bem como comentários sobre os endereços apresentados, criando uma biblioteca que pode ser utilizada como repositório de documentos ou banco de dados para realização de diferentes atividades. O que vai proporcionar a aprendizagem nesse ambiente, não é a ferramenta, por si só, e sim objetivo que o professor vai proporcionar para cada atividade proposta com a ferramenta; um curso com diferentes ferramentas, diversas formas de interação vai proporcionar ao aluno formas de aprendizagem diversas, contribuindo assim para seu aprendizado. ANALISE DAS CARACTERISTICAS E FERRAMENTAS DO AMBIENTE MOODLE DA UFAL O Moodle é considerado um Software Livre. Este termo tem diversos aspectos envolvidos, mas, numa tradução simples e rápida, podemos dizer que é um software gratuito, podendo ser baixado, utilizado e/ou modificado por qualquer indivíduo em todo o mundo. Assim, este ambiente vem sendo utilizado por diversas instituições no mundo todo, possuindo uma grande comunidade cujos membros estão envolvidos em atividades que abrangem desde correções de erros e o desenvolvimento de novas ferramentas à discussão sobre estratégias pedagógicas de utilização do ambiente e suas interfaces. O moodle na Universidade Federal de Alagoas é usado como ambiente virtual em diversos cursos de Ead, a plataforma ainda é usado como suporte em curso presencias da Universidade, podendo ser acessado através do site: www.ead.ufal.br ; na fig. 2 podemos ver sua interface inicial.
Figura 2: Interface inicial do Moodle/ Ufal. Podemos ver em sua interface inicial duas das características citadas por Pereira, anteriormente, que é a questão da senha, na qual só poderá acessar o ambiente indivíduos cadastrados no respectivo curso pelo administrador do Ava, tornando assim a interface um ambiente privativo; em sua interface inicial o ambiente apresenta as logomarcas da Universidade a qual faz parte e do Cied, que é a coordenadoria Institucional de Educação a Distância da Universidade. O Moodle é dotado de uma interface simples, seguindo uma linha de portal. As páginas dos cursos são divididas em três colunas que podem ser personalizadas pelo professor, inserindo elementos em formato de caixas como Calendário, Usuários Online, Lista de Atividades, dentre outros. Estas caixas são dispostas nas colunas à direita e à esquerda da tela podendo ser deslocadas de um lado para o outro pelo professor.
Na fig. 3 poderemos encontrar outras característica presentes no Moodle de acordo com as características dos ambientes virtuais de aprendizagem proposta por Pereira, e ainda poderemos identificar as principais ferramentas presentes neste ambiente virtual de aprendizagem. Figura 3 : Página Inicial de um aluno Na barra esquerda podemos notar a presença de ferramentas de comunicação assíncronas como fóruns e tarefas; uma lista onde terá todos os cursistas da disciplina/curso e um ícone referente a administração onde o aluno poderá acompanhar seu desempenho no curso, vendo todas as suas notas, que serão postadas pelo professor; Na parte central é onde fica todo o conteúdo do curso; os links para acessar os arquivos, a maior parte dos arquivos estão em pdf, o espaço para discussão e postagem de todas as tarefas etc.; já no lado direto podemos ver um mural onde é os alunos vão observar e ver os próximos eventos/atividades que estão se encerrando, as atividades postadas
recentemente e mais abaixo, um espaço onde identifica todos os usuários online ou que acessaram o ambiente nos últimos dez minutos. Ainda é possível identificar algumas características das colocadas por Pereira, como organização do Ambiente, pois o mostrado na fig. 3 apresenta uma boa estrutura e de fácil manuseio das atividades, apresenta um espaço onde vai ter o controle de tempo para as atividades e apresenta formas de comunicação síncrona e assíncrona. CONSIDERAÇÕE IMPORTANTES Na sociedade tecnológica atual não cabe mais a Ead um modelo de educação que fuja dos princípios da colaboração, da interação; pautados em um modelo de aprendizagem significativa, contextual e reflexiva para os alunos; mas para que esse processo de aprendizagem aconteça tem que estar claro para os educadores que usar os ambiente virtuais de aprendizagem não significa transpor um curso/matéria do presencial para o digital o virtual, pois os avas dispõe de uma serie de recursos como foi apresentado anteriormente, que se trabalhados de forma significativa poderá contribuir para a construção do conhecimento. REFERÊNCIAS ALVES, J. R. M. A história da EAD no Brasil. In. LITTO, F. M. FORMIGA, M. (org.) Educação a distância o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil,2009. BIANCO, N.R. Del. Aprendizagem por rádio. In. LITTO, F. M. FORMIGA, M. (org.) Educação a distância o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil,2009. CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
GONZALO, A. Educação e novas tecnologias da informação e da comunicação. Maceió: 3ª Ed. 2010. Disponível em <http://www.ead.ufal.br/file.php/710/recursos_eadped/leituras/apostila_educacao_e_n ovas_tecnologias_texto_completo_gonzalo_2010b.pdf>.acesso em: 05 Jul. 2010. KEMCZINSKI, A. Método de avaliação para ambientes e-learning. Tese Doutorado em Engenharia da Produção da UFSC Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis-SC, 2005. PALHARES, R. Aprendizagem por correspondência. In. LITTO, F. M. FORMIGA, M. (org.) Educação a distância o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. PEREIRA, A. T. C. Ambientes virtuais de aprendizagem em diferentes contextos. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda, 2007. SANTOS, E. O. Articulação de saberes na EAD online: por uma rede interdisciplinar e interativa de conhecimentos em ambientes virtuais de aprendizagem. In: SILVA, M. (Org.). Educação online: teorias, práticas, legislação, formação corporativa. São Paulo: Loyola, 2003, p.218-230.