Direito Coletivo do Trabalho



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Transcrição:

SÉRIE PROVAS E CONCURSOS Direito Coletivo do Trabalho TEORIA E QUESTÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO, MAGISTRATURA DO TRABALHO, PROCURADOR DO ESTADO E PROCURADOR DO MUNICÍPIO o ATUALIZADO DE ACORDO COM A LEI N 12.353/2010 Patrick Maia Merísio CONCURSOS

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Direito Coletivo do Trabalho TEORIA E QUESTÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO, MAGISTRATURA DO TRABALHO, PROCURADOR DO ESTADO E PROCURADOR DO MUNICÍPIO o ATUALIZADO DE ACORDO COM A LEI N 12.353/2010

2011, Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei n o 9.610, de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Copidesque: Vânia Coutinho Santiago Revisão: Irênio Silveira Chaves Editoração Eletrônica: SBNIGRI Artes e Textos Ltda. Coordenador da Série: Sylvio Motta Elsevier Editora Ltda. Conhecimento sem Fronteiras Rua Sete de Setembro, 111 16 o andar 20050-006 Centro Rio de Janeiro RJ Brasil Rua Quintana, 753 8 o andar 04569-011 Brooklin São Paulo SP Brasil Serviço de Atendimento ao Cliente 0800-0265340 sac@elsevier.com.br ISBN 978-85-352-3159-5 (recurso eletrônico) Nota: Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação, impressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Atendimento ao Cliente, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão. Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou bens, originados do uso desta publicação. CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ M532d Merísio, Patrick Maia Direito coletivo do trabalho [recurso eletrônico] / [Patrick Maia Merísio]. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. recurso digital (Provas e concursos) Formato: PDF Requisitos do sistema: Adobe Acrobat Reader Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia ISBN 978-85-352-3159-5 (recurso eletrônico) 1. Direito do trabalho. 2. Livro eletrônicos. I. Título. II. Série. 11-1884. CDU: 349.2

Pois sabedoria é melhor que pérolas, e todas as coisas desejáveis não podem ser comparadas a ela. Eu, a sabedoria, moro com sagacidade e descubro conhecimento das perspicácias. (Provérbios 8:11,12)

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Dedicatória À Silvana, meu diamante indestrutível, liberdade e união eterna.

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Agradecimentos À minha mãe, eterna professora, incentivadora e amiga. Ao Deus Altíssimo, Senhor do Céu, o Nome mais digno de ser pronunciado. A todos os autores, professores e amigos que me ajudaram nessa jornada, não só com informações bibliográficas, mas, por vezes, por uma simples palavra.

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O Autor Patrick Maia Merísio Graduação em Direito Universidade Federal do Rio de Janeiro Mestrado em Sociologia e Direito Universidade Federal Fluminense Procurador do Trabalho Procuradoria Regional do Trabalho da 1 a Região Professor de Noções Gerais de Direito e Formação Humanística/Direito Internacional Toga Estudos Jurídicos Professor de Direito do Trabalho Instituto de Ensinos Superiores Unilasalle

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Apresentação Prezado leitor, O Direito Coletivo do Trabalho tem se tornado uma das matérias mais importantes para concursos públicos que exigem conhecimentos de Direito do Trabalho. Magistratura do Trabalho, Ministério Público do Trabalho, Advocacia Pública (AGU, procurador do estado e do município) e outros concursos têm exigido do candidato estudo sobre os temas abordados neste livro. Este livro trata dos assuntos mais relevantes do Direito Coletivo, dentre eles: sindicatos (por exemplo, a nova regulamentação jurídica da Central Sindical), convenção e acordo coletivo, greve (em especial do servidor público), temas com base na norma legal, jurisprudência dos Tribunais Superiores (Supremo Tribunal Federal e Tribunal Superior do Trabalho), precedente do Direito Internacional do Trabalho da Organização Internacional do Trabalho e doutrina. Tem, ainda, a pretensão de apresentar todo o conteúdo de forma simples, porém profunda e exaustiva (com o tratamento adequado de todos os temas e conhecimentos específicos não só do Direito do Trabalho, mas também do Direito Constitucional, Processual e Internacional), sem que o candidato precise recorrer a obras isoladas e específicas. A cada um que se lança, com coragem, na meta da vitória, com confiança nos seus próprios méritos e esforços, desejo a constante renovação das forças, até que se atinja o sucesso! Não existe atividade mais nobre do que servir ao bem comum.

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Sumário PARTE I TEORIA GERAL DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO Capítulo 1 O Direito Coletivo do Trabalho na Teoria do Direito... 3 1.1. Fontes do Direito... 3 1.2. Hierarquia e técnica na ciência do Direito... 5 1.3. Ação normativa do Ministério do Trabalho... 6 1.4. Primazia da lei e do Estado de Direito... 8 1.5. Competência da Justiça do Trabalho... 8 Capítulo 2 Liberdades Constitucionais e Direitos Fundamentais: Pressupostos do Direito Coletivo... 10 2.1. Os Direitos Fundamentais Constitucionais... 10 2.1.1. Direito de reunião... 11 2.1.2. Liberdade de associação... 13 2.1.3. Liberdade de consciência e de crença... 14 2.1.4. Direito ao devido processo legal, acesso à Justiça e ao juiz natural... 15 Capítulo 3 Liberdade Sindical... 16 3.1. Dimensão individual e coletiva... 16 3.1.1. Direito de associação do servidor público... 19 3.2. Conteúdo... 19

3.2.1. Direito de informação aos associados... 20 3.2.2. Direito de acesso e de assembleia nos locais de trabalho... 21 3.2.3. Liberdade de filiação a organizações internacionais... 22 3.2.4. Democracia sindical interna... 24 PARTE II SUJEITOS DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO Capítulo 4 Teoria Geral do Sindicato... 29 4.1. Sindicato sujeito da construção normativa e social do Direito do Trabalho... 29 4.2. Origem histórica mundial... 29 4.2.1. Fundamentos históricos no Brasil... 30 4.3. Influências ideológicas na formação e atuação dos sindicatos... 31 4.4. Conceito normativo... 32 4.5. Criação e registro... 33 4.6. Prerrogativas e funções... 36 4.6.1. Homologação de termo de rescisão de contrato de trabalho... 39 4.6.2. Assistência jurídica... 39 4.7. Deveres e condições de funcionamento... 40 4.8. Dissolução e suspensão de sindicato... 42 Capítulo 5 Representatividade Sindical... 44 5.1. Categoria... 44 5.1.1. Conceito sociológico... 44 5.1.2. Conceito normativo... 46 5.1.3. Distinção entre categoria e função... 47 5.1.4. Base territorial... 48 5.2. Unicidade e pluralidade sindical... 49 5.3. Enquadramento sindical... 52 5.4. Reconhecimento da representatividade sindical pelo empregador... 54 5.5. Substituição processual... 54 5.5.1. Interesse coletivo... 56 5.6. Sindicato de trabalhadores domésticos... 59 5.7. Sindicato de profissionais liberais... 60 5.8. Sindicato da categoria econômica (patronal)... 60

Capítulo 6 Gestão Administrativa e Financeira do Sindicato... 61 6.1. Estatuto... 61 6.2. Gestão administrativa... 63 6.2.1. Órgãos sindicais... 63 6.2.1.1. Assembleia... 63 6.2.1.2. Administração do sindicato: Diretoria Executiva e Conselho Fiscal... 65 6.2.2. Eleições sindicais... 66 6.3. Gestão financeira do sindicato... 68 6.3.1. Contribuições sindicais... 69 6.3.1.1. Contribuição sindical compulsória... 69 6.3.1.2. Contribuição confederativa... 72 6.3.1.3. Contribuição assistencial... 72 6.3.1.4. Mensalidade associativa... 72 6.3.1.5. Requisito de autorização expressa para desconto de contribuição confederativa, assistencial, participativa, negocial ou análoga... 73 6.3.1.6. Liberdade sindical e cláusulas de segurança sindical: closed shop, union shop, agency shop, reserva de vantagens, manteinance of membership clauses e check-off... 74 6.3.2. Imunidade tributária... 76 Capítulo 7 Associações Sindicais de Grau Superior... 78 7.1. Federação... 79 7.2. Confederações sindicais... 80 7.3. Administração da federação e confederação... 80 7.4. Central Sindical... 81 Capítulo 8 Pluralismo Subjetivo do Direito Coletivo do Trabalho... 84 8.1. A empresa... 84 8.2. Representante de empregados... 85 8.3. Comissão de empregados... 85 8.4. Colônia de pescadores... 86 8.5. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa)... 87 8.6. Associações solidárias (mutualistas)... 88

Capítulo 9 Conduta Antissindical e Práticas Antirrepresentativas na Empresa... 89 9.1. Legitimidade subjetiva... 89 9.2. Sindicato fantoche... 90 9.3. Estabilidade e proteção contra discriminação por exercício de ação sindical... 91 9.3.1. Efetividade judicial da proteção... 94 9.3.2. Proteção do dirigente sindical da categoria econômica... 95 9.3.3. Estudo de caso... 95 PARTE III AUTONOMIA PRIVADA COLETIVA Capítulo 10 Participação dos Trabalhadores na Gestão, Lucros, Resultados da Empresa e nos Colegiados dos Órgãos Públicos do Estado... 99 10.1. Participação dos trabalhadores na gestão da empresa... 100 10.1.1. Fundamentos: valorização da motivação e das relações interpessoais... 100 10.2. Representação dos trabalhadores na empresa... 102 10.2.1. Representação unitária no Direito espanhol... 103 10.2.2. Direito de queixa dos trabalhadores... 104 10.3. Participação nos lucros e resultados... 105 10.3.1. Negociação e legitimidade subjetiva... 106 10.3.2. Produtividade... 106 10.3.3. Natureza jurídica da retribuição... 107 10.4. Participação acionária do trabalhador na empresa... 109 10.5. Estudo de caso... 109 10.6. Participação dos trabalhadores nos colegiados dos órgãos públicos do Estado... 110 10.6.1. Participação de empregados nos conselhos de administração de empresa pública e sociedade de economia mista...112 Capítulo 11 Negociação Coletiva... 113 11.1. Classificação... 115 11.2. Princípios... 117 11.2.1. Liberdade... 117 11.2.2. Subsidiariedade da ação estatal... 117 11.2.3. Boa-fé... 118 11.2.4. Direito de informação... 120

11.2.5. Lealdade e paz social... 120 11.2.6. Isonomia jurídica... 121 11.2.7. Obrigatoriedade da participação sindical... 121 11.2.8. Adequação setorial negociada... 122 11.3. Funções... 122 11.4. Flexibilização e desregulamentação do Direito do Trabalho: redução salarial e negociação coletiva... 124 11.5. Fixação e reajuste salarial por negociação coletiva: intervenção do Estado... 126 11.6. Data-base... 128 11.7. Negociação coletiva e jornada de trabalho... 128 11.8. Dispensa coletiva... 132 11.9. Negociação coletiva e individual... 134 Capítulo 12 Convenção Coletiva e Acordo Coletivo de Trabalho... 136 12.1. Fundamentos históricos... 136 12.2. Fundamentos sociológicos... 137 12.3. Paradigmas constitucionais: princípio da aplicação da norma mais favorável e da especialidade... 138 12.4. Funções... 140 12.5. Natureza jurídica... 141 12.5.1. Teorias contratualistas... 141 12.5.2. Teorias extracontratuais... 142 12.5.3. Teoria normativa... 143 12.5.4. Teoria mista... 144 12.6. Obrigatoriedade da convenção coletiva sobre os contratos individuais... 144 12.7. Contrato coletivo de trabalho... 145 12.8. Pacto social... 146 12.9. Conteúdo da convenção coletiva... 147 12.10. Procedimentos e requisitos relativos à convenção coletiva... 148 12.10.1. Assembleia... 149 12.10.2. Negociação coletiva... 149 12.10.3. Depósito... 150 12.10.4. Prazo de vigência... 150 12.10.5. Prorrogação... 151 12.10.6. Revisão... 151

12.10.7. Denúncia e revogação... 151 12.10.8. Conciliação das divergências entre os convenentes por motivo da aplicação dos dispositivos convencionados... 152 12.11. Eficácia territorial da convenção e do acordo coletivo do trabalho... 152 12.12. Convenção Coletiva e Administração Pública... 153 12.13. Efeitos da extinção da convenção coletiva sobre os contratos individuais de trabalho... 154 12.13.1. Teoria da incorporação... 154 12.13.2. Teoria da não incorporação... 155 12.13.3. Teoria da ultranormatividade... 156 12.14. Extensão... 156 12.14.1. Extensão dos convênios coletivos no Direito espanhol... 157 12.15. Anulação de convenção coletiva e acordo coletivo de trabalho... 157 PARTE IV MECANISMOS DE COMPOSIÇÃO DE CONFLITOS COLETIVOS TRABALHISTAS Capítulo 13 Greve... 163 13.1. Os conflitos coletivos... 163 13.2. Fundamentos históricos... 164 13.3. Fundamentos constitucionais... 164 13.4. Natureza jurídica... 165 13.5. Liberdade em face do Estado... 166 13.6. Conceito normativo... 167 13.7. Interesses tutelados... 167 13.8. Greve política e de solidariedade... 169 13.9. Modalidades... 170 13.10. Pressupostos e requisitos do direito de greve... 171 13.10.1. Pressupostos: frustração da negociação ou de composição por arbitragem, estatuto, assembleia e pauta de reivindicação... 171 13.10.2. Requisitos... 172 13.10.2.1. Legitimidade: sindicato e comissão de negociação. Atividade combinada... 172 13.10.2.2. Comunicação prévia... 173 13.10.2.3. Manutenção de maquinário e equipamentos em funcionamento... 173

13.11. Direitos e deveres dos grevistas... 174 13.12. Greve nos serviços e atividades essenciais... 176 13.13. Greve do servidor público... 177 13.14. Proibição de greve do militar... 178 13.15. Efeitos da greve nos contratos individuais de trabalho... 179 13.16. Abuso de direito de greve... 179 13.17. Responsabilidade pelo exercício irregular do direito de greve... 182 13.17.1. Responsabilidade penal... 183 13.18. Greve ambiental... 185 13.19. Lockout... 185 13.20. Ações possessórias... 188 13.21. Estudo de caso... 190 Capítulo 14 Formas Voluntárias e Cooperativas de Composição de Conflitos... 192 14.1. Conciliação... 192 14.2. Mediação... 193 14.3. Arbitragem... 195 14.3.1. Restrições históricas à arbitragem... 196 14.3.2. Arbitrabilidade... 197 14.3.2.1. Arbitrabilidade subjetiva... 198 14.3.2.2. Arbitrabilidade objetiva... 198 14.3.3. Modalidades de arbitragem permitidas no Direito Coletivo do Trabalho... 200 14.3.4. Arbitragem de direitos coletivos e individuais trabalhistas na jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho... 200 14.3.5. Devido processo legal arbitral... 201 14.3.5.1. Contraditório no devido processo legal arbitral e no direito arbitral internacional... 202 14.3.5.2. Duração razoável do processo arbitral... 203 14.3.5.3. Medidas cautelares... 204 14.3.5.4. Sentença arbitral... 204 14.3.6. O árbitro... 205 14.3.6.1. Nomeação... 205 14.3.6.2. Poderes... 205 14.3.7. Escolha da norma aplicável... 206 14.3.8. Ministério Público do Trabalho como árbitro... 208

14.4. Dispute boards e cláusulas escalonadas... 209 14.5. Comissões de Conciliação Prévia... 211 Capítulo 15 Dissídio Coletivo... 214 15.1. Fundamentos históricos... 214 15.2. Pressuposto processual: comum acordo... 214 15.3. Condição da ação: legitimidade das partes... 215 15.4. Formas de dissídio coletivo... 216 15.4.1. Dissídio de natureza econômica... 216 15.4.1.1. Pressupostos processuais... 216 15.4.1.2. Frustração da negociação coletiva... 217 15.4.1.3. Desenvolvimento e extinção da relação jurídica processual... 218 15.4.1.4. Sentença normativa... 219 15.4.2. Dissídio de natureza jurídica... 222 15.4.3. Dissídio originário... 222 15.4.4. Dissídio coletivo de extensão... 222 15.4.5. Dissídio revisional... 222 15.4.6. Dissídio coletivo de declaração de abusividade de greve... 223 15.5. Ação de cumprimento... 223 PARTE V QUESTÕES Questões Objetivas... 227 Questões Dissertativas... 243 Gabarito... 245 Referências Bibliográficas... 247

Parte I Teoria Geral do Direito Coletivo do Trabalho

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Capítulo 1 O Direito Coletivo do Trabalho na Teoria do Direito O Direito Coletivo exige um conhecimento aprofundado não só das fontes formais internas (Constituição da República, Consolidação das Leis do Trabalho e leis específicas, tais como a Lei n o 7.783/1989), mas também das convenções e recomendações internacionais do trabalho. A técnica normativa não pode ser unilateral, haja vista que o pensamento jurídico contemporâneo não pretende buscar rivalidades superadas como entre Direito Público e Privado, Interno e Internacional, e sim buscar formas intrinsecamente justas e efetivas de acesso à Justiça (acesso a uma ordem jurídica justa e efetiva). A especificidade da dimensão coletiva exige a necessidade de apreciação sobre as fontes do Direito, principalmente sobre a hierarquia entre elas, de forma a se entender o abuso normativo do Ministério do Trabalho, restringindo liberdades públicas e privadas consagradas em Direitos Fundamentais Constitucionais, devendo predominar os valores relativos ao Estado de Direito e à primazia da pessoa humana. O reconhecimento da competência da Justiça do Trabalho para apreciar e julgar conflitos decorrentes das relações coletivas de trabalho revela-se pressuposto fundamental de autonomia do Direito Coletivo e de sua efetividade. 1.1. FONTES DO DIREITO A classificação preliminar das fontes do Direito Objetivo, em materiais e formais, revela a necessidade de se tratar o fenômeno jurídico de forma pluralista, ou seja, o texto não é autossuficiente, pois existem fatos sociais, condicionantes políticas e econômicas, exigências morais e éticas que são os elementos geradores da norma. A distinção, todavia, não deixa de ser superficial, pois o estudo das fontes materiais é o tratamento filosófico ou sociológico dos motivos éticos ou dos fatos

4 Direito Coletivo do Trabalho Patrick Maia Merísio ELSEVIER econômicos que condicionam o aparecimento e as transformações das regras de Direito. 1 Tércio Sampaio Ferraz 2 acusa a ambiguidade geradora de confusão diante de conteúdos completamente diversos (a norma, em sua origem histórica, sociológica e psicológica, e em sua gênese analítica; processos de elaboração e de dedução de regras obrigatórias; e, por fim, a natureza filosófica do Direito, seu fundamento e obrigação), o que viola o método científico. A distinção conduz à desvalorização da fonte formal, cuja função seria apenas o de revelar o Direito. Fontes do Direito são as manifestações dos processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória (vigência e eficácia no contexto de uma estrutura normativa). Implicam uma estrutura normativa de poder, pois a gênese de qualquer regra de Direito só ocorre em virtude da interferência de um centro de poder, o qual, diante de um complexo de fatos e valores, opta por dada solução normativa, com características de objetividade. O Direito não é essencialmente um dado (da natureza ou sagrado), mas uma construção elaborada no interior da cultura humana. Existe um pluralismo jurídico ordenado surgimento contínuo e múltiplo de normas de comportamento sem perder de vista a segurança e a certeza das relações. O sistema jurídico não é apenas um repertório de informações soltas, mas sim um conjunto de relações conforme regras. Dizer que a lei é a primeira fonte do Direito vai significar a existência de uma regra que institucionaliza a entrada de uma norma no sistema, dentro do qual ela poderá ser reconhecida como legal ou lei no sentido estrito. O Direito do Trabalho, por sua vez, necessita de uma teoria científica das fontes jurídicas, pois o seu pluralismo jurídico é notável e constante. Os princípios da aplicação da norma mais favorável e da primazia da realidade exigem do jurista trabalhista valorização constante das relações entre as diferentes fontes e do reconhecimento dos pressupostos legais pelos quais o ato se transforma em fonte. Colaboração decisiva para a existência de uma ciência de Direito Coletivo do Trabalho foi acórdão do Tribunal Superior do Trabalho cominando invalidade à convenção coletiva, que não preencheu o requisito prévio da convocação e realização de Assembleia-Geral (art. 612, parágrafo único, CLT), em desrespeito à exigência de forma expressa para manifestação de vontade, ainda que para fins de repetir cláusula anterior. 1 REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. 27 a ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 140. 2 FERRAZ JR., Tércio. Introdução ao estudo do Direito: técnica, decisão, dominação. 3 a ed. São Paulo: Atlas, 2001, p. 221.

CAMPUS Parte I Capítulo 1 O Direito Coletivo do Trabalho na Teoria do Direito 5 Qualquer ato jurídico depende da vontade e de sua exteriorização. O negócio jurídico contratual se forma mediante a exteriorização de vontades livres e válidas, para fins de produção de efeitos. Convenção e acordo coletivo também devem resultar de manifestação de vontades, dotadas de voluntariedade, consciência e liberdade, e também podem ser objeto de vícios do negócio jurídico (coação, erro, dolo, fraude e simulação, conforme a previsão dos arts. 86 a 113 do Código Civil). As normas coletivas são inválidas quando forem provadas questões relativas a vícios, tais como corrupção de negociador, ameaça às lideranças sindicais, simulação de negociação coletiva, informações econômicas e financeiras fraudulentas da empresa. A repetição de cláusula em convenção coletiva não torna prescindível a assembleia, pois o sindicato nada mais é do que o representante da coletividade que o compõe, podendo a diversidade dos sindicalizados e dos membros da categoria se alterar no curso do tempo, o que define o significado do art. 614, 3 o da CLT, ao estipular a duração máxima de convenção ou acordo coletivo em dois anos. 3 A forma de transformação do acordo coletivo em fonte do Direito revela que a sua recepção não decorre apenas da conjunção de vontade, mas também que se preencham os pressupostos legais. 1.2. HIERARQUIA E TÉCNICA NA CIÊNCIA DO DIREITO A hierarquia das fontes na ciência e na técnica do Direito torna-se um problema a ser sempre enfrentado em sociedade que multiplica suas normas de forma exponencial, exigindo do Direito solução para problemas não só jurídicos, mas também sociais, econômicos etc. A Constituição deve ser reconhecida como lei fundamental, pois é um conjunto de normas básicas e articuladas, dotadas de conteúdo técnico, que estruturalmente viabilizam os procedimentos para que realmente a atividade organizada da sociedade possa se desenvolver. Norma e lei não são noções idênticas. Norma é uma prescrição, enquanto lei é a forma que a reveste em decorrência do cumprimento de uma série de procedimentos institucionalizados (sanção, promulgação e publicação), os quais conferem à norma o seu caráter jurídico (o caráter legal). A publicação tem função cardeal: não significa a eliminação da ignorância, mas a sua neutralização, nos termos do art. 3 o da Lei de Introdução ao Código Civil. 3 Processo n o TST-AIRR-2072/2001-652-09-40.4, Rel. Ministro Lélio Bentes Côrrea, Primeira Turma do TST, julgamento em 26/08/2009.

6 Direito Coletivo do Trabalho Patrick Maia Merísio ELSEVIER A dogmática abrange a definição, hierarquia e organização das fontes do Direito, o que se torna fundamental para o mapeamento das competências estatais. Uma fonte prevalece sobre a outra não necessariamente por conta da generalidade mais ampla, podendo ser critério decisivo a hierarquia para fins de validade, sendo a regra fundamental do controle de constitucionalidade. O Direito do Trabalho depende do reconhecimento da hierarquia das fontes legais, o que é desprezado por uma ampliação excessiva e abusiva do princípio da aplicação da norma mais favorável, o qual não exclui a observância dos procedimentos válidos e regulares para a produção de uma fonte do Direito. 1.3. AÇÃO NORMATIVA DO MINISTÉRIO DO TRABALHO A atitude normativa do Ministério do Trabalho e Emprego, inúmeras vezes, tem superado o âmbito de sua competência e usurpado o processo legislativo necessário, conforme o inciso I do art. 22 da Constituição Federal. Exemplo significativo é a Instrução Normativa n o 3/2002 do Ministério do Trabalho e Emprego, pela qual se estabelece que a competência para a homologação da rescisão do contrato de trabalho é preferencial e prioritária dos sindicatos, em completa violação do 1 o do art. 477 da CLT (norma competente que estipula a liberdade de opção de empregado e empregador entre Ministério do Trabalho e sindicato da categoria profissional, em condições de igualdade, para a homologação). A restrição da liberdade de milhões de empregados e empregadores os sujeita a taxas e contribuições extorsivas sindicais (o que gera um acréscimo de ofensa à lei, especificamente o 6 o, do art. 477, da CLT). O Ministério Público do Trabalho/Procuradoria Regional do Trabalho da 1 a Região propôs ação civil pública 4 em face da Delegacia Regional do Trabalho do Rio de Janeiro para que observasse o procedimento legal previsto no 1 o do art. 477 da CLT, pedido que foi julgado totalmente procedente pela 9 a Vara do Trabalho do Rio de Janeiro. O Supremo Tribunal Federal julgou procedente, nos autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade n o 3.206, pedido formulado em ação direta ajuizada por diversas confederações de trabalhadores para declarar a inconstitucionalidade da Portaria n o 160/2004, do ministro de Estado do Trabalho e Emprego, que, disciplinando as contribuições instituídas pelos sindicatos em Assembleia-Geral da categoria, referindo-se à confederativa (CF, art. 8 o, IV) e à assistencial (CLT, art. 513, e), dispõe, entre outras coisas, sobre a obrigatoriedade e o desconto obrigatório em folha de pagamento de salário das contribuições devidas 4 ACPU 985-2007-009-01-00-0. Sentença proferida em 12/02/2008.

CAMPUS Parte I Capítulo 1 O Direito Coletivo do Trabalho na Teoria do Direito 7 pelos empregados sindicalizados, quando fixadas em convenção ou acordo coletivo e em sentença, exigindo a autorização do empregado não associado, sob pena de sujeitar-se o empregador à autuação administrativa, bem como impõe a cobrança de juros da mora e multa, caso não recolhida a importância descontada no prazo nela estipulado. Entendeu-se que o ato normativo questionado extrapola a competência conferida aos ministros de Estado de expedir instruções para a execução de leis, decretos e regulamentos (CF, art. 87, parágrafo único, II), a qual deve estar direcionada ao funcionamento em si do Ministério, descabendo reconhecer ao ministro de Estado alçada para definir a espécie de instrumento própria à previsão de contribuição, bem como consignar a finalidade desta última. Salientou-se, também, que a referida portaria, ao dispor sobre a contribuição prevista na alínea e do art. 513 da Consolidação das Leis do Trabalho estabelecendo a necessidade de previsão em convenção ou acordo coletivo e destinação do que foi arrecadado ao custeio de atividades assistenciais, à melhoria e ao crescimento sindical, além de viabilizar a participação nas negociações por melhores condições de trabalho, acabou por aditar a CLT, invadindo campo reservado ao legislador. No que se refere à exigência de notificação do valor das contribuições e à necessidade da prévia e expressa autorização do empregado não associado para desconto em folha, considerou-se que se introduziu exigência estranha ao art. 513, e, da CLT, salientando-se que o art. 545 desse diploma, ao estabelecer a necessidade de autorização, refere-se a mensalidades devidas ao sindicato, e não à contribuição sindical de que cuida aquele dispositivo. O STF não alterou seu entendimento clássico e consolidado na sua Súmula n o 666, segundo a qual é ilícita a cobrança de contribuição confederativa sem a autorização expressa dos não associados, mas apenas anulou a portaria ilegal, completamente desnecessária, que quis arrogar uma competência que não possui. O sistema da hierarquia admite que uma fonte possa delegar à outra aquilo que originalmente seria competência da norma superior. O art. 200 da CLT estipula como atribuição do Ministério do Trabalho estabelecer disposições complementares às normas de saúde e segurança do trabalho, previstas na CLT, competência que tem sido exercida de forma plena nas Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança, o que não tem sido questionado, pois o procedimento legal institucionalizado foi observado, com a criação de normas técnicas e especializadas, com ampla participação dos atores sociais.

8 Direito Coletivo do Trabalho Patrick Maia Merísio ELSEVIER O Ministério do Trabalho e Emprego, historicamente, usurpa todas as competências, agindo como se fosse o soberano do Direito do Trabalho, esvaziando as funções do Congresso e aquelas relativas à autonomia individual e coletiva, o que será objeto de crítica em todo o presente livro. 1.4. PRIMAZIA DA LEI E DO ESTADO DE DIREITO A hierarquia das fontes exige um tratamento metodológico aprimorado no Direito do Trabalho, com a primazia da lei. A regra da aplicação da norma mais favorável poderá ser excepcionada pela lei estatal e não se pode pensar em hierarquia entre as fontes autônomas (convenção coletiva e contrato individual de trabalho), tal como ocorre entre a lei e as demais fontes. 5 O Estado de Direito exige a vinculação entre direitos humanos civis e sociais (não pode um pretender esvaziar a eficácia do outro), devendo cada instituição zelar pelo respeito às liberdades públicas e privadas, sintetizadas na primazia da pessoa humana. 1.5. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO Diversos assuntos relacionados ao Direito Coletivo do Trabalho não faziam parte da competência material da Justiça do Trabalho (permanece dela afastada qualquer consideração relativa aos direitos da relação trabalhista estatutária travada entre o servidor público e a Administração Pública). A Lei n o 8.984/1995 ampliou a competência da Justiça do Trabalho para conciliar e julgar os dissídios que tenham origem no cumprimento de convenções coletivas de trabalho ou acordos coletivos de trabalho, mesmo quando ocorram entre sindicatos ou entre sindicatos de trabalhadores e empregador. Existiu doutrina, todavia, que restringiu a competência da Justiça do Trabalho por entender que a redação do art. 114 da Constituição não permitia a ampliação da competência da Justiça do Trabalho, por não se tratar de dissídio entre trabalhador e empregador, 6 entendimento que merece ser questionado, pois a controvérsia prevista na Lei n o 8.984/1995 em sua causa remota refere-se diretamente a assunto relacionado ao contrato de trabalho. A atual redação do art. 114 da Constituição da República, por força da Emenda Constitucional n o 45/2004, vincula a competência material da Justiça do Trabalho a controvérsias decorrentes da relação de trabalho, atribuindo-lhe compe- 5 VALLEBONA, Antonio. Istituzioni di Diritto del Lavore (I Il Diritto Sindacale). 6 a ed. Verona, Itália: Cedam, 2008. 6 HINZ, Henrique Macedo. Direito Coletivo do Trabalho. 2 a ed. São Paulo: LTr, 2009, p. 85.