SURDOS NA UNIVERSIDADE: ENEM É UMA BARREIRA? Palavras Chaves: Educação Inclusiva, Educação e Surdez, Vestibular, ENEM, Imagens na Educação.



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Transcrição:

SURDOS NA UNIVERSIDADE: ENEM É UMA BARREIRA? Naiara Tank Pereira UFSCar Sorocaba Eixo Temático: avaliação pedagógica Palavras Chaves: Educação Inclusiva, Educação e Surdez, Vestibular, ENEM, Imagens na Educação. 1. Introdução Este estudo tem como motivação, a atuação de uma estudante da UFSCar campus Sorocaba, de licenciatura plena em ciências biológicas, que desenvolve um trabalho problematizado a partir de uma investigação com alunos surdos que frequentaram a escola, e concluíram o ensino médio, considerados aptos a cursarem o ensino superior. O presente estudo é um recorte do Trabalho de Conclusão de Curso que teve início a partir de uma dúvida após cursar a disciplina de Libras. Onde estariam os surdos no âmbito do ensino superior? Ou mais precisamente na universidade pública? Visto que, para assegurar o ingresso em uma universidade pública o aluno necessita ultrapassar uma barreira chamada processo seletivo que pode ser o vestibular ou ENEM. Para o aluno surdo essa barreira é ainda maior, pois o vestibular não esta na sua L1 (primeira língua). Na maioria das universidades federais o acesso é por meio do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), no qual os candidatos surdos têm direito a um tradutor/interprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras), capacitados para prestar esse serviço. O principal motivo de indagação dos concorrentes é que a tradução é apenas de termos por ele apontada, que muitas vezes não existe sinal (tradução) para a mesma, já que a Libras e a Língua Portuguesa não apresentam uma correspondência direta, outra questão se dá, no item registrado mais difícil por parte dos alunos surdos, a redação. A linguagem é responsável pela construção do sujeito, pois é ela que permite interações para a construção do conhecimento. (Vigotski, 2001). A vida social esta inteiramente relacionada com a linguagem, que é adquirida na vida social onde o sujeito se constrói suas características humanas, pois consegue interagir com a sociedade que faz uso

dessa linguagem. (Lacerda, 2006). Sendo assim os sujeitos surdos sofrem com uma dificuldade, pois não conseguem um contato com a língua do grupo social que estão inseridos. No ensino aprendizado dos surdos o campo visual é fundamental (BAVELIER et al, 2001), além da Libras, o trabalho com imagens, animações podem facilitar o entendimento. É necessário, no entanto, alertar que o trabalho com imagens não auxilia apenas pessoas surdas, mas todos os alunos. Segundo Reily (2003) os contatos iniciais com a Língua de Sinais precisam de referências da linguagem visual com que tenham possibilidades de interagir, onde possam construir um significado. A partir da afirmação da autora pode-se dizer que fazer uso dessas representações visuais dentro de uma proposta pedagógica, é uma estratégia de ensino inclusivo essencial, pois ela favorece a apropriação de significados pela criança, e também possibilita a representação mental de experiências. (Nery; Batista. 2004). O trabalho com imagens demonstra que as crianças surdas podem ser favorecidas na aprendizagem, e assim pode se expandir para alunos mais velhos, já que hoje os estudos de surdos no país, se baseiam em sua grande maioria com em alunos das series iniciais. Por conta dessa defasagem, do trabalho com imagens, é que conta-se hoje com um vestibular com conteúdos cobrados somente com textos, deixando de explorar nos candidatos outras formas de se pensar. Objetivos Visto a importância do ingresso do aluno surdo na universidade, criar uma ponte entre o aluno, o processo seletivo, e o conhecimento que ajude a superar as diferenças linguísticas na influencia comunicativa. Criar uma proposta de perguntas mais visuais dentro desse processo especificamente no ENEM, tentando trabalhar outra forma de interpretação, designar uma familiaridade com a linguagem por meio de imagens, não só aos alunos surdos, como também aos ouvintes. Após um trabalho na disciplina de biologia, onde são pouco muitos conceitos são trabalhados imagens, mas não de forma clara, e suas interpretações, revertendo essa ocorrência pode apresentar grande facilidade no ingresso da universidade, por meio de vestibular, onde agrega imagens como fator de interpretação. Métodos

Para inicio do trabalho houve uma pesquisa bibliográfica a respeito do tema, e analisou-se o conteúdo das questões na área de ciências da natureza e suas tecnologias, na prova do ENEM, pode-se observar que as questões não trabalham o visual, se baseando apenas na interpretação de texto. O que confirmou a analise geral, que mesmo a inclusão sendo realizado, em partes, pelas escolas, o visual é pouco trabalhado com os alunos, e com os alunos surdos. Sendo assim o processo é um reflexo desse trabalho, e pode-se dizer que mais do que as escolas, ele, a seleção, exclui qualquer outra forma de discussão e interpretação que poderia ser trabalhado. Foram analisados três anos consecutivos das provas do ENEM, na área de ciências da natureza e suas tecnologias, sendo elas de 2015, 2014 e 2013. Nessa área existem 45 perguntas, totalizando 135 questões analisadas. Após essa analise serão selecionadas algumas questões que envolvem o conteúdo específico da biologia, para pensar em uma nova versão da mesma pergunta, sem que seja reduzido o conteúdo e tornando a questão mais visual, proporcionando assim uma inclusão da prática de leitura e interpretação de imagens, bem como uma menor exclusão de candidatos surdos que venham concorrer ao processo seletivo que não esta na sua língua. Em uma segunda etapa, alguns surdos que já realizaram a prova do ENEM relatarão essa experiência através de entrevistas, contando as dificuldades que encontraram na área de ciências da natureza e suas tecnologias além de serem apresentados as novas alterações e dessa forma questionar quais seriam alternativas de melhorar o acesso ao surdo. Resultados Como a pesquisa ainda se encontra em andamento, os resultados são parciais, as questões do ENEM analisadas são elaboradas com textos grandes e existe algumas em que o candidato não precisa compreender totalmente a escrita toda, dificultando o entendimento do candidato surdo. A área de biologia, uma área onde recursos visuais auxiliam na compreensão, é pouco explorada, ficando somente a cargo de conteúdo escrito. Com isso a dificuldade de alunos surdos é maior, e a defasagem sobre interpretações visuais fica evidente.

Outra grande dificuldade nesse processo está na redação, pois construir uma redação em outra língua exige um domínio e um poder de negociação entre língua muito complexo que o coloca em desvantagem aos demais candidatos que produzem em sua língua de origem. Alem disso o ENEM disponibiliza interpretes que podem auxiliar os alunos surdos, porem existe especulações de se é a maneira mais adequada a seguir, já que os mesmos só podem realizar a tradução de palavras, ou se não é mais uma maneira de dizer que há inclusão onde na verdade não existe. Discussão Com base na metodologia apresentada, existe uma grande dificuldade em tornar uma mesma pergunta do ENEM, que contem somente texto, visual. As bibliografias e estudos com surdos são, na maior parte delas, nos ensinos básicos (fundamental I e fundamental II), deixando de lado os estudos com os alunos de ensino médio. Visto que ainda é recente essa inclusão do aluno surdo no ensino regular, os alunos que hoje estão aptos para prestar o vestibular, não tiveram um ensino realmente inclusivo, não sendo trabalhadas imagens como forma de interpretação, por isso o vestibular, com ele o ENEM não utiliza desse como um meio de avaliação. Ou seja, mesmo que o surdo tenha mais facilidade na compreensão de conteúdos por intermédio de imagens, o uso ainda é relativamente novo nas escolas. Por isso há grande dificuldade de transformar questões escritas para questões visuais, sem que altere o conteúdo da pergunta. Conclusão Essa parte do trabalho, nos mostra que as questões apresentam textos muito grandes que dificultam a leitura dos próprios ouvintes se torna um fator de represamento da comunidade surda. Outra questão que se coloca é que o serviço disponibilizado para os surdos como recurso inclusivo, não é efetivo, uma vez que a Língua de Sinais e a Língua Portuguesa não se correspondem de forma biunívoca e que a tradução de termos precisa se amparar no contexto, como se tratam de línguas diferentes nem sempre é possível traduzir em um sinal apenas um termo em Língua Portuguesa.

A redação sendo solicitada numa língua estrangeira, deveria ser corrigida de forma a priorizar o conteúdo e não a forma, essas são conclusões parciais que serão lapidadas no decorrer do trabalho. Referências BAVELIER, D., BROZINSKY, C., TOMANN, A., MITCHELL, T.; NEVILLE, H.; LIU, G. Impact of early deafness and early exposure to sign language on the cerebral organization for motion processing. The Journal of Neuroscience, 2001. BISOL, C. A., VALENTINI, C. B., SIMIONI, J. L., ZANCHIN, J. Estudantes surdos no ensino superior: reflexões sobre a inclusão. Cadernos de pesquisa, v. 40, n.139, p.147 172, janeiro/abril, 2010. CAPOVILLA, F. C.; CAPOVILLA, A. G. S. Educação da criança surda: o bilinguismo e o desafio da descontinuidade entre a língua de sinais e a escrita alfabética. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v.8, n.2, p.127-156, maio, 2002. NERY, C. A., BATISTA, C. G.. Imagens visuais como recurso pedagógico na educação de uma adolescente surda: um estudo de caso. Campinas, v.14, p.287, 2004. VIGOTSKI, L.S. A Construção do Pensamento e da Linguagem. 1 ed. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2001