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Transcrição:

MANDADO DE SEGURANÇA 29.454 DISTRITO FEDERAL RELATOR IMPTE.(S) ADV.(A/S) IMPDO.(A/S) : MIN. DIAS TOFFOLI :RENATO ANTUNES BORBA :RENATO ANTUNES BORBA :PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA DECISÃO: Vistos. Cuida-se de mandado de segurança, com pedido de liminar, de Renato Antunes Borba em face de ato do Procurador Geral da República, com o objetivo de anular o item 10.1 do Edital n. 01 PGR/MPU de 30 de junho de 2010, do concurso público destinado ao provimento de cargos de técnico de apoio especializado/segurança do quadro do Ministério Público da União, e de permitir sua continuidade no certame. O impetrante, após ser aprovado na primeira e segunda etapas, impugna o item 10.1 do edital, concernente à exigência de apresentação, no momento da terceira etapa do concurso, de carteira de habilitação na categoria D, como requisito para a realização da prova prática de direção veicular. Defende que a apresentação dos documentos deve ser feita somente no momento da posse. Requereu os benefícios da justiça gratuita e a concessão da medida liminar para determinar a suspensão do ato previsto no item 10.1 do edital, ao qual se refere à terceira fase do certame, e, por conseguinte, permitir a participação do candidato nas demais fases do processo seletivo (...). No mérito, pugna pela confirmação da medida liminar, julgando-se procedente o presente mandado de segurança para fins de consolidar a situação do Impetrante no sentido de que lhe seja assegurado o prosseguimento, caso obtenha êxito, normalmente no concurso público, anulado o item 10.1 do edital, para que se apresente a respectiva habilitação no momento da posse/investidura no cargo público. Em aditamento à inicial, requereu, ainda, por absoluta falta de razoabilidade e proporcionalidade, em função de na prática não haver a menor necessidade da utilização de veículo automotor para o exercício do cargo de Técnico Especializado em Segurança, uma vez que o próprio edital prevê o cargo específico para motorista (Técnico Especializado em Transporte), tendo em vista

ser totalmente dispensável em virtude da natureza do cargo; além de que, apesar desta exigência estar prevista no edital, a Lei 11.415 de 2006, a qual dispõe sobre as carreiras dos Servidores do Ministério Público da União não exigir como requisito para investidura no cargo de Técnico na área de Segurança, que o candidato tenha carteira de habilitação na categoria D. Pede-se, deste modo, que a exigência da referida categoria de habilitação seja anulada, ou ainda, suspensa até decisão definitiva do mérito deste mandamus. O pedido liminar foi deferido. O Procurador-Geral da República apresentou informações pela denegação da ordem. O Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (CESPE/UnB) comunicou que o candidato Renato Antunes Borba realizou a prova prática de direção veicular, em cumprimento à decisão liminar deferida nos presentes autos, e foi considerado apto. É o relatório. Decido. O mandamus ataca a exigência constante no Edital n. 01 PGR/MPU, de 30 de junho de 2010, relativa à apresentação, no momento de realização da terceira etapa do concurso, de carteira de habilitação na categoria D, como requisito para realização da prova prática de direção veicular. Destaco que, em casos análogos ao presente, esta Suprema Corte tem entendido tanto pela inexistência de violação legal ou constitucional na exigência de realização de prova prática de direção veicular e apresentação de Carteira Nacional de Habilitação da categoria D, como requisitos para a investidura no cargo de Técnico na área de Segurança do Ministério Público da União, quanto pela razoabilidade de necessidade de apresentação do documento de habilitação no momento do teste de direção. Vide: MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO PARA OS CARGOS DE TÉCNICO DE APOIO ESPECIALIZADO SEGURANÇA E TRANSPORTE. LEGALIDADE DA EXIGÊNCIA DA PROVA PRÁTICA DE 2

DIREÇÃO VEICULAR. PRECEDENTES. SEGURANÇA DENEGADA. (MS 30.926/PE, Rel. Min. Cármen Lúcia, Primeira Turma, Dje 14/6/12). Agravo regimental em mandado de segurança. 2. Concurso público. MPU. 3. Técnico de Apoio Especializado/Segurança. Exigência de prova prática de direção veicular não viola a Constituição Federal. Precedentes. 4. Exigência de Carteira Nacional de Habilitação da categoria D como habilidade específica. Possibilidade. Precedentes. Razoabilidade da exigência no momento do teste de direção veicular, ante a possibilidade de a prova ser realizada em veículo de passeio, de transporte de passageiros ou de carga, em área urbana e aberta a outros veículos - situação em que a própria legislação de trânsito impõe o porte obrigatório. 5. Ausência de argumentos suficientes para infirmar a decisão agravada. 6. Agravo regimental a que se nega provimento. (MS 30.149-DF/AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, Dje 29/9/11). Agravo regimental em mandado de segurança. 2. Concurso público. MPU. 3. técnico de apoio especializado/segurança. 3. Exigência de carteira Nacional de Habilitação na categoria D como habilidade específica. Possibilidade. Precedentes. Razoabilidade da exigência no momento do teste de direção veicular, ante a possibilidade de a prova ser realizada em veículo de passeio, de transporte de passageiros ou de carga, em área urbana e aberta a outros veículos situação em que a própria legislação de trânsito é que lhe impõe porte obrigatório. 4. Ausência de argumentos suficientes para infirmar a decisão agravada. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (MS 30.474-DF/AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, Primeira Turma, DJ de 11/10/11). Ademais, embora haja precedentes desta Corte no sentido de que a comprovação da experiência exigida nos editais de concurso público, de 3

maneira geral, deve ocorrer no ato da posse (MS 26.668/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Pleno, DJ de 29/5/09), impõem-se avaliar as peculiaridades de cada carreira no serviço público, bem como, seus respectivos certames. Nesse sentido, ficou assentado por esta Corte, na oportunidade do julgamento da ADI nº 3.640, especificamente, acerca da exigência do exercício de atividade jurídica para os cargos da magistratura e de membros do Ministério Público, que deve ser feita no momento da inscrição definitiva. No caso em análise, o impetrante impugna o item 10.1 do Edital n. 01 PGR/MPU de 30 de junho de 2010. Vide: DA PROVA PRÁTICA DE DIREÇÃO VEICULAR 10.1 O candidato convocado para a prova prática de direção veicular, obrigatoriamente, deverá comparecer para a realização da referida prova portando carteira de habilitação categoria D, no mínimo. 10.2 Para a prova prática de direção poderá ser utilizado um veículo de passeio, de transporte de passageiros ou de carga. 10.3 A prova prática consistirá de verificação da prática de direção, em percurso a ser determinado por ocasião da realização da prova, seguindo em área urbana aberta a outros veículos. 10.4 O tempo de duração da prova prática de direção não deverá exceder a 30 minutos, contados a partir da entrada do candidato e dos examinadores no veículo até o desligamento do veículo pelo candidato, salvo ocorrência de fatos que, independentemente da atuação do candidato, forcem a ultrapassagem do tempo inicialmente previsto. 10.5 A pontuação na prova prática de direção dar-se-á da seguinte forma: (...) Alega o impetrante ser ilegítima a exigência concernente à apresentação de carteira de habilitação na categoria D no momento da 4

terceira etapa do concurso, e não no momento da posse, quando passaria ao efetivo exercício do cargo. Ocorre, no entanto, que o caso posto nos autos configura situação peculiar. Isso porque se trata de concurso público destinado ao provimento de cargos de técnico de apoio especializado/segurança do quadro do Ministério Público da União, em que se faz necessária a prova prática de direção. Em consonância com o assentado acima, estabelece o item 10 e seguintes do edital que a prova de direção será realizada em área urbana aberta a outros veículos, sendo permitida a utilização de veículo de passeio, de transporte de passageiros ou de carga. O que faz ser imprescindível para a realização da prova prática de direção o porte da habilitação na categoria mencionada no edital, a carteira de habilitação, no mínimo, na categoria D, na medida em que o candidato trafegará em área urbana aberta a outros veículos, na qual a própria legislação de trânsito é que lhe impõe o porte obrigatório. Como salientado, pelo eminente Ministro Gilmar Mendes, em caso análogo: Da mesma forma, destaco que é razoável a exigência de demonstração dessa habilitação específica no momento da realização do teste de direção veicular. Como ressaltado na decisão agravada, a prova de direção tem por objetivo a verificação da habilidade prática por parte do candidato para dirigir veículo de passeio, de transporte de passageiro ou de carga (itens 10.2 e 10.3 do Edital n. 1) e, no momento da prova, qualquer um desses veículos poderá ser utilizado. Além disso, o item 10.3 do referido edital estabelece que a prova prática consistirá de verificação da prática de direção, em percurso a ser determinado por ocasião da realização da prova, seguindo em área urbana aberta a outros veículos. Assim, a exigência de porte da habilitação da categoria mencionada no edital é imprescindível não só para aferir 5

habilidades para condução de veículo de transporte de passageiros ou de carga, mas também pelo fato de que o candidato trafegará em área urbana aberta a outros veículos, onde a própria legislação de trânsito impõe o porte obrigatório. (MS 30.149-DF/AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, Dje 29/9/11). Tem-se, portanto, que a exigência prevista no edital, ora impugnada, não é um requisito apenas para o exercício do cargo, mas para viabilizar a própria realização do concurso. Ademais, a ausência da Carteira Nacional de Habilitação, ou o porte de categoria diferente da exigível para o veículo que esteja conduzindo, poderia configurar infrações tipificadas pelo Código Nacional de Trânsito, in verbis: Art. 161. Constitui infração de trânsito a inobservância de qualquer preceito deste Código, da legislação complementar ou das resoluções do CONTRAN, sendo o infrator sujeito às penalidades e medidas administrativas indicadas em cada artigo, além das punições previstas no Capítulo XIX. Parágrafo único. As infrações cometidas em relação às resoluções do CONTRAN terão suas penalidades e medidas administrativas definidas nas próprias resoluções. Art. 162. Dirigir veículo: I - sem possuir Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir: Infração - gravíssima; Penalidade - multa (três vezes) e apreensão do veículo; II - com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir cassada ou com suspensão do direito de dirigir: Infração - gravíssima; Penalidade - multa (cinco vezes) e apreensão do veículo; III - com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir de categoria diferente da do veículo que esteja conduzindo: 6

Infração - gravíssima; Penalidade - multa (três vezes) e apreensão do veículo; Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação; (...) Forçoso reconhecer, assim, a ausência do direito líquido e certo a amparar a pretensão do impetrante; mostra-se de rigor, portanto, denegar-se a ordem. Anote-se, por oportuno que, nos termos do artigo 205 do Regimento Interno desta Corte, em hipóteses como a presente, em que o mandado de segurança versar matéria objeto de jurisprudência consolidada do Tribunal, poderá o relator decidi-lo monocraticamente. E tal tipo de agir, conferido ao relator do feito, também já foi submetido ao crivo do Plenário desta Corte, o qual referendou tal possibilidade, ao apreciar o MS nº 27.236-AgR/DF, relator o Ministro Ricardo Lewandowski (DJe de 30/4/10), cuja ementa assim dispõe, na parte em que interessa: (...) Nos termos do art. 205 do Regimento Interno do STF, pode o Relator julgar monocraticamente pedido que veicule pretensão incompatível com a jurisprudência consolidada desta Corte, ou seja, manifestamente inadmissível. IV - Agravo regimental improvido. Ante o exposto, defiro o pedido de justiça gratuita dada a presença dos requisitos legais e, na linha da jurisprudência da Corte, nego seguimento ao mandado de segurança (art. 21, 1º e 205, do RISTF, e art. 10, 6º, da Lei 12.016/2009), cassando a liminar deferida. Publique-se. Intime-se. Brasília, 21 de agosto de 2012. Ministro Dias Toffoli Relator Documento assinado digitalmente 7