SEMINÁRIO Mulheres na Ciência: contributo para o crescimento inteligente CIEJD, 2 de Março de 2011 Boas-vindas Agradecimento às oradoras, Prof. Ana Maria Trindade Lobo, Dra. Maria João Botelho e Dra. Graça Mira-Gomes, É com muito gosto que o Centro Jacques Delors, integrado na DGAE desde 2008, se associa à Conselheira para a Igualdade de Género no MNE e Subdirectora-geral de Política Externa, Graça Mira Gomes, para a realização deste encontro que contou também com a colaboração do Instituto Diplomático. Uma palavra de agradecimento ao Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto que quis apoiar este encontro. Graças à sua colaboração vamos poder apreciar um excelente vinho do Porto. Com esta iniciativa, que se pretende enquadrada no Dia Internacional da Mulher, no ano em que se comemora o Centenário da sua celebração, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, no quadro do seu Plano Sectorial para a Igualdade, está empenhado em contribuir para a divulgação de informação nacional e europeia em matéria de igualdade. O tema que escolhemos para esta tarde é o da Igualdade de Género sob uma dupla perspectiva, na actividade científica em Portugal e no quadro da nova estratégia europeia de crescimento e emprego, designada Europa 2020, que sucedeu à Estratégia de Lisboa. Naturalmente que muito gostaríamos também de poder abordar o tema da integração das questões do género na ciência e investigação a nível
da UE, analisar as mudanças registadas no plano da igualdade com o 7º Programa-Quadro, o desenvolvimento de instrumentos que encorajem as mulheres a optar e a progredir em carreiras científicas, as mudanças estruturais que devem ocorrer nas instituições de investigação, na sua cultura organizacional. São de facto temas da maior relevância e interesse que merecem ser debatidos, provavelmente noutro seminário que se organize. Contudo parece-me oportuno relevar, a nível da UE, alguns tópicos recentes que constituem pontos positivos, neste caminho que visa tornar realidade o equilíbrio entre homens e mulheres nas múltiplas áreas de actividade. Reconhecemos os esforços da Comissão Europeia no reforço do seu compromisso em prol da igualdade entre homens e mulheres. Todos os contributos são importantes para este objectivo que queremos alcançar. Para falar apenas do último ano, destaco a Carta da Mulher, uma declaração política, com cinco domínios essenciais de acção pela qual a Comissão se compromete a introduzir a perspectiva do género em todas as suas políticas durante os próximos cinco anos e a adoptar medidas específicas para promover a igualdade entre homens e mulheres. A Nova Estratégia para a Igualdade do Género, apresentada pela Comissão em Setembro, que enuncia as acções distribuídas pelos cinco domínios prioritários definidos na Carta das Mulheres e para cada um deles descreve acções-chave que visam promover a mudança e conseguir progressos. No que respeita à investigação, a nova estratégia
acompanhará os progressos relativos ao cumprimento da meta de 25 % de mulheres em cargos de tomada de decisão ao mais alto nível na investigação. Sabemos que esta meta ainda está distante. De acordo com as estatísticas disponíveis, instrumento fundamental para a definição e acompanhamento das políticas, She Figures 2009, Estatísticas e Indicadores de Igualdade de Género na Ciência, a percentagem de mulheres em cargos de liderança no sector público de investigação ainda está aquem daquela meta. A proporção de mulheres que atingem o top level de carreiras académicas definidas como grau A (Professores/professorship), passou de sensivelmente 15% em 2000 para 19% em 2007. E não é só no sector público de investigação. Ainda esta semana, como foi noticiado, o sector empresarial europeu ainda é um mundo de homens: apenas um em cada 10 membros dos conselhos de administração das principais empresas europeias é uma mulher e, em 97% dos casos, o presidente é um homem. E é relevante que segundo alguns estudos, as empresas com mais mulheres nos conselhos de administração conseguem resultados melhores do que as empresas dirigidas exclusivamente por homens: obtêm rendimentos de exploração mais elevados e conseguem atrair pessoal mais válido e compreender melhor as exigências dos clientes. Os dados disponíveis revelam que as mulheres representam 60% dos licenciados universitários, mas continuam a estar sub-representadas nas decisões económicas.
Ainda gostaria de destacar a concretização, no final de 2010, do Instituto Europeu para a Igualdade do Género, com sede em Vilnius, que se espera possa apoiar o trabalho das instituições europeias e dos Estadosmembros, nos seus esforços em promover a Igualdade de Género, fornecendo estatísticas e informação fidedigna e objectiva. Finalmente, considero também um sinal positivo o facto das questões de igualdade terem transitado, em Janeiro deste ano para a tutela da Justiça, Direitos Fundamentais e Cidadania na Comissão Europeia. Com efeito, a igualdade entre homens e mulheres é um direito fundamental, é um valor comum da União Europeia desde os primórdios, com o princípio salário igual para trabalho de igual valor, no Tratado de Roma, todas as adaptações posteriores nos Tratados e no Tratado de Lisboa, (chamar atenção para a nota sobre a Igualdade no Tratado de Lisboa, agradecer à Ana Coucelo este trabalho, que está nas pastas e para a informação base que disponibilizamos na secretária entrada da Comissão de Direitos da Mulher e da Igualdade de Géneros, sobre a igualdade de géneros nos Tratados, nas acções da Comissão Europeia, das Presidências do Conselho da UE, no sistema das NU). Como sabemos a Igualdade de género é transversal a todas as áreas da política, segurança, saúde, justiça, educação, investigação, ambiente, etc. O reforço da Igualdade, entendemo-lo como benefício para o desenvolvimento do país e da sua competitividade. Promover a Igualdade de género é também apostar num factor de crescimento económico e é uma condição necessária para a concretização dos objectivos comunitários em matéria de crescimento, emprego e coesão social. Valorizar mais o talento feminino enquanto força de trabalho é vantajoso para as empresas, para o conjunto da economia e para a sociedade.
É justamente por esta razão que ganha toda a pertinência trazer para o debate a importância de considerar a dimensão de género na estratégia Europa 2020, esse grande desafio que nos deve mobilizar a todos, e que consiste em promover até 2020 um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo. É essencial na nova Estratégia para a Europa identificar as alavancas para o crescimento económico: a inovação, a educação e a investigação, componentes chave dessa Estratégia e em todas elas apostar nos recursos humanos, corrigindo os desequilíbrios entre homens e mulheres, potenciando a maior participação das mulheres no mercado de trabalho, sem o que dificilmente se alcançará a meta que o nosso país se propõe alcançar de 75% da taxa de emprego da população entre os 20 e 64 anos. Nas palavras de Elza Pais, Secretária de Estado da Igualdade, numa entrevista que deu há poucos dias, para sairmos desta crise económica e financeira temos de mudar de atitude e de paradigma, temos de pôr fim ao desperdício, e sobretudo ao desperdício do potencial humano, e os recursos humanos das mulheres não têm sido plenamente aproveitados Elas constituem um potencial de inovação e de competitividade fundamental. É neste contexto que vamos iniciar os nossos trabalhos desta tarde que estão organizados da seguinte forma Numa primeira parte teremos o tema Mulheres na Ciência o caso português, com a intervenção da nossa primeira oradora convidada Ana Maria Lobo, a que se segue um espaço para perguntas e debate e uma pequena pausa para saborear o vinho do Porto gentilmente oferecido pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto,
Depois uma segunda parte com dois temas: o primeiro, a Estratégia Europa 2020, o desafio do crescimento inteligente que nos é trazido pela 2ªoradora convidada Maria João Botelho e finalmente iremos debruçarnos com a 3ª oradora convidada e co-organizadora desta iniciativa, Graça Mira Gomes sobre o que MNE está a realizar em prol da Igualdade do Género, no âmbito do seu Plano para a Igualdade, que nos dará a honra de fechar este seminário. Muito haverá a fazer, apesar de já muito se ter feito. Agradeço uma vez mais a presença de todos e vamos dar início ao tema.