DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA O PRIMEIRO-MINISTRO KAY RALA XANANA GUSMÃO POR OCASIÃO DA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DESCENTRALIZAÇÃO E PODER LOCAL



Documentos relacionados
DISCURSO DO PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL, ENG.

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE

Sua Excelência Presidente da República de Angola, Engenheiro José Eduardo dos Santos,

Kuala Lumpur, 8 de setembro de 2015

DISCURSO DE ABERTURA PRESIDENTE DA ASG-PLP JOÃO RUI AMARAL

I REUNIÃO DA ASSEMBLEIA PARLAMENTAR DA CPLP. São Tomé, 27 e 28 de Abril de 2009 Comunicado Final

ASSEMBLEIA NACIONAL. Cidade da Praia, 25 de Outubro de Senhor Presidente da Câmara dos Deputados do Luxemburgo, Mars de Bartolomeo,

ASSEMBLEIA NACIONAL. Senhores Presidentes dos Parlamentos Nacionais. Senhoras e senhores profissionais da Comunicação Social

XXII Conferência de Chefes de Estado e de Governo

Senhor Presidente do Supremo Tribunal. Senhoras e Senhores Vice-Presidentes da. Senhora Procuradora-Geral da República,

Intervenção do Senhor Ministro da Educação durante a 37ª Conferência Geral da UNESCO. Paris, 8 de Novembro de 2013

DÉLÉGATION PERMANENTE DU PORTUGAL AUPRÈS DE L'UNESCO. Portugal. Debate de Política Geral da 39ª Sessão da Conferência Geral da UNESCO

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA. O Presidente INTERVENÇÃO DE EDUARDO FERRO RODRIGUES, PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

DEBATE MENSAL COM O PRIMEIRO-MINISTRO. Tema: Desenvolvimento local e regional. Intervenção de abertura

Venerando juiz Presidente do Supremo Tribunal de Justiça Excelência; Senhoras e Senhores Membros da Comitiva Timorense;

Sua Excelência, Presidente do Parlamento Francisco Lu-Olo Guterres. Sr. Sukehiro Hasegawa, Representante Especial do Secretário-Geral

Seminário Nacional sobre a Avaliação do Programa do FIDA em Moçambique nos últimos 10 anos

ASSEMBLEIA NACIONAL. Mindelo, São Vicente, 7 de Novembro de Senhora Presidente da Assembleia Municipal de São Vicente

Senhores Representantes dos Estados-Membros da CPLP; Senhor Chefe de Gabinete do Secretário de Estado da Juventude e Desporto de Portugal;

Abertura solene da I sessão da Assembleia Parlamentar da CPLP. Saudação do Secretário Executivo da CPLP. São Tomé, 27 de Abril de 2009.

Luanda, 14 de Junho de 2016 EXCELÊNCIAS CHEFES DE ESTADO E DE GOVERNO, SENHOR SECRETÁRIO-GERAL, SENHORES MINISTROS, DISTINTOS DELEGADOS,

Excelência Senhor Pier Paolo Balladelli, Coordenador Residente do Sistema das Nações Unidas e Representante do PNUD em Angola;

Díli, Timor-Leste. 14 a 17 de abril de 2015 COLÓQUIO «ENSINO TÉCNICO PROFISSIONALIZANTE NA CPLP»

Excelência Jorge Carlos de Almeida Fonseca, Presidente da República de Cabo-Verde e Presidente em Exercício dos PALOP,

Plano de Atividades para o Mandato (Proposta por Cabo Verde)

DISCURSO DE INVESTIDURA DO NOVO PRESIDENTE DA MESA DA ASSEMBLEIA NACIONAL, ENGº JORGE PEDRO MAURÍCIO DOS SANTOS

João Gomes Cravinho Ministro da Defesa Nacional

Distintos Convidados de honra; Minhas Senhoras, meus senhores:

DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA A PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA REGIONAL DOS AÇORES NA TOMADA DE POSSE DO XI GOVERNO DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES

Honoráveis Ministros da República Democrática de Timor-Leste

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

DIA INTERNACIONAL DAS COOPERATIVAS. Intervenção do Presidente da CONFAGRI Comendador Manuel dos Santos Gomes. Mirandela, 7 de Julho de 2018

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA DISCURSO DE TOMADA DE POSSE DE SUA EXCELÊNCIA O PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA NA XI LEGISLATURA

INTERVENÇÃO DE S. EXA O SECRETÁRIO DE ESTADO ADJUNTO E DA EDUCAÇÃO SEAE - NA ABERTURA DO CONGRESSO DA FEDERAÇÃO NACIONAL DA EDUCAÇÃO FNE

SUA EXCELÊNCIA FERNANDO DA PIEDADE DIAS DOS SANTOS, PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA

Speaking Notes Tomada de Posse 17 de abril de 2017 Ministério dos Negócios Estrangeiros Palácio das Necessidades, Sala do Protocolo

Discurso do Sr. Presidente do Conselho de Administração da União das Mutualidades Portuguesas, Dr. Luís Alberto de Sá e Silva

Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas

ANO DA CPLP PARA A JUVENTUDE. 30 de janeiro de 2019 Sala do Senado. Intervenção do Secretário Executivo da CPLP. Francisco Ribeiro Telles

A Agenda Urbana a debate. Theatro Circo Braga, 8-9 de Junho Intervenção de Ana Paula Laissy

INTERVENÇÃO DO PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL, DR

CERIMÓNIA DE CELEBRAÇÃO DO DIA DAS NAÇÕES UNIDAS - 24 DE OUTUBRO -

Exmo. Sr. Secretário de Estado da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, Prof. João Sobrinho Teixeira

«Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP» Dia 5 de maio de 2017 SESSÃO SOLENE «POLÍTICAS CULTURAIS E ECONOMIA AUDIOVISUAL NA CPLP»

Sessão de abertura da VII Reunião da Assembleia Parlamentar da CPLP. Lisboa, 4 de dezembro de 2017

Visita de Sua Excelência Presidente da República do Senegal Engº. Macky Sall. Sede da CPLP. 9 de setembro de 2015

III Encontro sobre Mobilidade Académica na CPLP: das aspirações às concretizações

Sua Excelência Presidente do Parlamento Francisco Lu-Olo Guterres. Sua Excelência Presidente do Tribunal de Recurso Cláudio Ximenes

IV REUNIÃO DE MINISTRAS DA IGUALDADE DE GÉNERO E EMPODERAMENTO DAS MULHERES DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA - CPLP

Intervenção de Sua Excelência Francisco Ribeiro Telles Secretário Executivo da CPLP

Discurso de Boas-Vindas Secretário Executivo da CPLP Embaixador Murade Murargy

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO

DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA O PRIMEIRO-MINISTRO DA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE, DR. MARI ALKATIRI, NA CERIMÓNIA DE TOMADA DE POSSE DE MEMBROS

No momento em que dou posse ao Senhor Secretário Geral, valerá a

Senhora Presidente da Câmara, Caros Colegas,

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA DECLARAÇÃO DE IMPRENSA

ANOS DA CPLP» Intervenção de. S. Ex.ª Embaixador Murade Murargy, Secretário Executivo da Comunidade dos. Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Senhor Presidente do Parlamento da CEDEAO, Excelência. Senhoras e Senhores Deputados da Cedeao

(DRAFT) CONCLUSÕES DA II REUNIÃO DO FÓRUM DA SOCIEDADE CIVIL DA CPLP Díli, 17 de julho de 2015

XI Reunião dos Ministros da Cultura da CPLP. Cidade da Praia, Ilha de Santiago, Cabo Verde. 12 de abril de 2019

Senhoras e Senhores Representantes do Corpo Diplomático e organizações Internacionais

ASSEMBLEIA NACIONAL O PRESIDENTE

[Cumprimentos protocolares]

Fórum Mundial de Energia do Conselho do Atlântico

DISCURSO CUBA. 12 de Setembro Apresentação dos candidatos PPD/PSD às. eleições autárquicas

São provas dos laços que nos unem e nos fazem cúmplices com uma história comum que temos a obrigação de honrar, preservar e desenvolver.

Exmo. Senhor Presidente do Comité Olímpico de Portugal. Exmo. Senhor Secretário-Geral do Comité Olímpico de Portugal

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa Rua de São Caetano, nº Lisboa Telefone: (+351) Fax: (+351)

III REUNIÃO DA ASSEMBLEIA PARLAMENTAR DA CPLP DÍLI, 20 A 23 DE SETEMBRO DE 2011 COMUNICADO FINAL

Senhor Presidente da 39ª Conferência Geral da Unesco Senhor Presidente do Conselho Executivo Senhora Directora Geral da Unesco

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO

MINISTÉRIO DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GABINETE DO MINISTRO DE ESTADO E DAS FINANÇAS

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

Senhor Presidente da Republica de Cabo Verde, Excelência. Senhor Presidente do Instituto Nacional de Estatísticas de Cabo Verde

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA. O Presidente INTERVENÇÃO DE EDUARDO FERRO RODRIGUES, PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

A Convergência da Regulação e da Supervisão da Actividade Financeira. Gabinete do Governador e dos Conselhos

IV CONFERÊNCIA DE MINISTROS DO AMBIENTE DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA (CPLP) DECLARAÇÃO DE LUANDA

A S S E M B L E I A D A R E P Ú B L I C A. O Presidente

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE Presidência da República

José Alberto Azeredo Lopes

Iº Encontro de Instituições Nacionais de Direitos Humanos (INDH) dos Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

INTERVENÇÃO DE S. EXA. SECRETÁRIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E DA COOPERAÇÃO NO SEMINÁRIO A COOPERAÇÃO DA CPLP NO QUADRO DA UNIÃO EUROPEIA

ALOCUÇÃO DE BOAS VINDAS DO PRESIDENTE NO VI SEMINÁRIO DA OISC-CPLP. S. Excia. o Gestor do escritório conjunto das Nações Unidas em Cabo Verde

CPLP COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA IV REUNIÃO DE MINISTROS DA ÁREA DA AGRICULTURA E SEGURANÇA ALIMENTAR BRASÍLIA, 4 DE JUNHO DE 2009

Senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros, Senhor Comissário Carlos Moedas, Senhor Presidente da Câmara Municipal do Porto,

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA PLANIFICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

O FIDA e as oportunidades de colaboração com as instituições e empresas portuguesas do setor agrícola. Sessão de encerramento

IX Reunião de Ministros das Comunicações da CPLP

Senhora Secretária Geral do fundo das Nações Unidas para a população (FNUAP)

Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Sintra, Dr. Domingos Quintas

Workshop sobre Governo Electrónico da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP) Proposta de Discurso de Abertura

III REUNIÃO ORDINÁRIA DE MINISTROS DOS ASSUNTOS DO MAR DA CPLP

MPLA. Discurso do Camarada João Lourenço, Candidato a Presidente da República, na Abertura do CANFEU 2017

ELEIÇÕES / PROGRAMA ELEITORAL LISTA B

Cerimónia de Encerramento do Ano Internacional do Planeta Terra ( ) Planet Earth Lisbon 2009 (PEL2009)

Mesa-redonda Internacional de Doadores. sobre a Guiné-Bissau. Intervenção do Embaixador Murade Murargy. Secretário Executivo da CPLP

DECLARAÇÃO DE LUANDA I.ª REUNIÃO DE MINISTROS DO COMÉRCIO DA COMUNIDADE DOS PAÍ- SES DE LÍNGUA PORTUGUESA (CPLP)

Intervenção no Plenário (9-11 de Dezembro de 2004) Apresentação do programa do IX Governo Regional

Discurso do Primeiro-Ministro de Timor-Leste, em exercício, Vice-Primeiro-Ministro José Luís Guterres

Transcrição:

!! DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA O PRIMEIRO-MINISTRO KAY RALA XANANA GUSMÃO POR OCASIÃO DA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DESCENTRALIZAÇÃO E PODER LOCAL Díli, 28 de Maio de 2013

Sua Excelência Senhor Presidente do Parlamento Nacional Suas Excelências Senhores Deputados Sua Excelência Senhora Isabel Ferreira, Primeira-Dama de Timor-Leste Caros colegas, Membros do Governo, Distintos convidados, Senhoras e senhores, Antes de mais queria congratular a Comissão A do Parlamento Nacional conjuntamente com o Ministério da Administração Estatal pela organização desta Conferência Internacional que eleva agora este debate fundamental para o reforço da nossa Governação a um plano ainda mais substancial, pela aprendizagem com lições concretas de outros países. Gostaria de agradecer a presença dos ilustres convidados dos nossos países irmãos: de Portugal, de Cabo Verde, da Austrália e da Indonésia que hoje vêm contarnos as suas experiências de poder local. É com elevada satisfação que vos recebemos, em mais este encontro que agrega Nações destas duas regiões a CPLP e a Ásia-Pacífico entre as quais Timor-Leste se orgulha de estabelecer pontes de diálogo e cooperação. Aprender com as vossas experiências permitir-nos-á escolher ponderadamente que modelo de poder local queremos para o nosso país. Esse modelo deve procurar acima de tudo adequar-se à realidade timorense, às nossas tradições enraizadas, à nossa história e às nossas vivências comunitárias. Mas a partilha do que foi a vossa prática de descentralização seguramente contribuirá para que a nossa decisão seja mais informada e necessariamente mais enriquecida. Não posso deixar também de dirigir o meu agradecimento muito pessoal aos autarcas portugueses que ofereceram um apoio incondicional a este nosso percurso. Entre outros, falo em especial do meu amigo Dr. António Rodrigues, Presidente da Câmara de Torres Novas, que acaba aliás de editar um livro sobre o tema. Nesse apoio dos autarcas portugueses, surgiu a ideia de estabelecer um estatuto especial de fraternidade entre cidades portuguesas e algumas vilas timorenses. Entre algumas delas foram estabelecidos laços de cooperação através do processo de geminação. Por exemplo, Díli é cidade geminada com Coimbra, um expoente da história, cultura e academia portuguesa. Como cidades geminadas têm estabelecido vínculos de solidariedade e amizade que vão além dos mares e continentes que nos separam, vincados pela língua e história que nos unem. "!#!$!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Reforçando as relações especiais com as cidades portuguesas, no dia 21 de Março de 2013, em Lisboa, foi assinado um Protocolo de Cooperação entre 26 municípios portugueses que se comprometeram a apoiar, dois a dois, a criação de cada um dos 13 Municípios de Timor-Leste. Aproveito para dirigir assim uma saudação especial ao representante da Associação Nacional de Municípios Portugueses, sem a ajuda da qual este Protocolo não teria sido possível. Finalmente, gostaria de deixar uma palavra aos nossos parceiros de desenvolvimento multilaterais aqui presentes, que manifestamente querem acompanhar Timor-Leste em mais este passo de consolidação democrática. A todos, bem-vindos a este debate determinante para o futuro de Timor-Leste. Sabemos onde queremos estar em algumas décadas. Sabemos que país queremos ser. O Plano Estratégico de Desenvolvimento 2011-2030 tem uma visão clara para Timor-Leste. Traça um caminho que nos transformará, em 20 anos, num país de rendimentos médio-altos, com uma sociedade mais próspera, estável social e politicamente, instruída e saudável. Queremos que a redução da pobreza, através da diversificação da economia e da capacitação dos nossos profissionais, transforme o perfil de Timor-Leste, e que essa transformação chegue a cada Suco, a cada Aldeia, a cada família. Só então poderemos dizer que o nosso processo de reconstrução do Estado se encontra verdadeiramente consolidado. Só então saberemos que terá sido devolvido a cada Timorense o seu esforço nos 24 anos de luta pela Democracia e pela autodeterminação. Nestes onze anos de Nação independente que este mesmo mês de Maio celebrámos, alcançámos metas imensas. Não tendo sido um caminho sem obstáculos, fomos conseguindo ultrapassar cada um deles, saindo de cada episódio fortalecidos como Nação. Hoje, vivemos um período de estabilidade política e de paz que não teria sido alcançável sem um espírito de reconciliação e entendimento. Temos um Estado de Direito Democrático em pleno funcionamento, com Órgãos de Soberania independentes, fortes e eficientes. Podemos dizer que os alicerces fundamentais da nossa Democracia estão bem estabelecidos. Os Timorenses têm desde 1999 demonstrado permanentemente um entusiasmo democrático único, com um extraordinário nível de participação eleitoral. Mas a Democracia não se pode limitar ao exercício do direito de voto, por mais que esse seja um princípio inviolável. As eleições são momentos primordiais para os Estados democráticos e vimos em 2012 com as eleições para a Presidência da República e para o Parlamento Nacional como estas reforçam a base mesma da arquitectura democrática. Mas a participação dos cidadãos não pode estar reservada à %!#!$!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

ida às urnas. Têm que existir esferas de participação mais quotidiana, que possam dar voz a todos os timorenses nas decisões mais concretas que gerem as suas vidas. E eu vi pessoalmente nestas semanas de consulta popular nos Distritos que essa vontade de tomar nas suas mãos a condução do seu país reside profundamente no espírito dos timorenses. O envolvimento dos timorenses nesta consulta mostra-nos que estamos no caminho certo, que devemos alargar o debate político a todos os cidadãos, de todo o país. Devemos criar mecanismos institucionais que permitam aproximar o Governo da sua população, em especial das zonas rurais mais remotas. Encurtar a distância, que hoje ainda existe, facilitará aos timorenses fazerem-se ouvir e facilitará ao Estado desempenhar as suas funções, nomeadamente de prestador de serviços públicos, de uma forma mais eficaz, porque esta será mais adequada às necessidades específicas de cada comunidade. Se a descentralização possibilitará uma maior proximidade do Estado aos timorenses, a reflexão sobre o como e o quando é fundamental. Sabemos que se temos como objectivo a eficácia do aparelho governativo, o modelo pelo qual optemos deve ser funcional e não demasiado custoso ou burocrático. Deve evitar duplicações entre o Governo local e o Governo nacional, obrigando a fronteiras claras entre as responsabilidades e competências de cada um. Temos que encontrar um modelo de poder local adequado, forçosamente compatível com as nossas tradições comunitárias, porque são elas também antes de mais a base essencial da nossa convivência como Nação. Foi para responder a estas questões que abrimos a discussão com a consulta popular. Como sabem, o processo está ainda em curso. Neste mandato queremos ver estabelecidas as 13 Comissões Instaladoras dos Municípios e prevemos a criação, até 2017, de 3 a 5 dos Municípios. Mas queremos salientar que retomamos um compromisso com a descentralização administrativa que foi também preocupação dos governos anteriores. Este caminho não começou com o V Governo Constitucional, nem com o seu antecessor, mas anteriormente este debate tinha sido lançado já então com o intuito que hoje nos conduz de honrar a Constituição. O antecedente do Programa de Desenvolvimento Local, iniciado em 2004, foi uma primeira aproximação aos modelos de governo local, experimentando níveis de descentralização administrativa em cada um dos distritos de Timor-Leste. Esse Programa criou 25 assembleias locais, que contavam com apoio administrativo para desenvolverem alguns pequenos projectos de infra-estruturas. &!#!$!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Estamos por isso hoje mais preparados para retomar esta reflexão, porque podemos beber dos esforços feitos anteriormente dos quais podemos retirar lições importantes. E acredito que esta Conferência nos vai enriquecer igualmente o debate ao abordarmos as experiências de descentralização em casos tão díspares como Portugal e a Indonésia, como Cabo Verde e a Austrália. Em cada país, o modelo adoptado teve que responder ao que eram as condicionantes históricas e de tradição existentes. Excelências, O povo de Timor-Leste conhece bem o seu país. Conhecemos muito bem as nossas montanhas, o recorte da nossa Costa e o Mar que nos banha. Cerca de! da nossa população reside em zonas rurais, muitos em zonas remotas de difícil acesso. Queremos neste mandato, como sabem, investir significativamente na rede viária nacional, e melhorar os transportes e as comunicações, mas sabemos que isso não chega para mudar a cartografia do nosso país. Assim como o Ministro Jorge Teme, penso em Ataúro e Oecussi, por exemplo, que têm dificuldades acrescidas no acesso a Díli. No caso de Oecussi, o Dr. Mari Alkatiri foi indigitado pelo Estado para preparar o processo que tornará o enclave numa Zona Especial de Economia Social e de Mercado. Todas estas condições trazem implicações directas para a participação política dos Timorenses e para o desenvolvimento da acção governativa. Só num debate aberto poderemos chegar juntos a um consenso sobre um modelo de governação mais inclusivo, capaz de dar resposta mais céleres, mais adequadas às especificidades do nosso Povo. Reduzir a distância entre o Governo e os seus cidadãos através de pólos de poder local é por isso um passo fundamental para a nossa Democracia, para a construção de uma sociedade regionalmente mais equilibrada e por isso mais coesa como Nação. Muito obrigado. Kay Rala Xanana Gusmão 28 de Maio de 2013 $!#!$!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!