Decisões: são atos que têm por conteúdo um julgamento acerca de qualquer questão ou do próprio mérito da causa.



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Transcrição:

AULA VIII - SENTENÇAS Para melhor compreensão do tema, faça uma leitura sobre atos processuais (presença de vontade das partes) e fatos processuais (ausência de vontade das partes). Os atos praticados pelo juiz no curso do processo podem ser classificados, de acordo com seu objeto, em: Despachos: são pronunciamentos do juiz com vistas à movimentação do processo, também chamadas de despacho de mero expediente. Os despachos caracterizam-se por não conter carga decisória, no sentido de que não representam decisões acerca de questões e pedidos deduzidos pelas partes. Decisões: são atos que têm por conteúdo um julgamento acerca de qualquer questão ou do próprio mérito da causa.

Classificação das decisões (Segundo Mirabete): 1) interlocutórias simples: são as que solucionam questões relativas à regularidade ou marcha processual, sem resolverem o mérito da causa (recebimento da denúncia; decretação de prisão preventiva etc.); 2) Interlocutórias mistas: são aquelas que têm força de decisão definitiva, encerrando uma etapa do procedimento processual ou a própria relação do processo, sem o julgamento do mérito da causa. a) Interlocutórias mistas não terminativas: encerram um etapa procedimental (ex.: decisão de pronúncia). b) Interlocutórias mistas terminativas: culminam com a extinção do processo sem julgamento do mérito (ex.: rejeição da denúncia art. 395, CPP). [ressalvada a extinção de punibilidade Pacelli] 3) Definitivas ou sentenças

Sentença (arts. 381-392, CPP): Diversamente do que ocorre no CPC, em processo penal não há uma definição precisa de sentença (Nestor Távora). O art. 381 do CPP conceitua a sentença em: i) sentido estrito - aquela que põe fim ao processo e define o mérito, abordando questões relativas à pretensão punitiva do Estado, para julgar procedente ou improcedente a imputação (podendo ser condenatória ou absolutória); ii) sentido amplo - abrange as decisões interlocutórias mistas e as definitivas que não avaliam a imputação propriamente dita. Natureza jurídica da sentença Sentença condenatória: tem lugar quando reconhecida a procedência da inicial acusatória;

Sentenças suicidas: há uma contradição entre a parte dispositiva e a fundamentação - são nulas ou podem ser corrigidas por embargos de declaração (Mirabete); Sentenças vazias: decisões passíveis também de anulação por falta de fundamentação (Mirabete); Sentenças subjetivamente simples: proferidas por órgão singular; Sentenças subjetivamente plúrimas: emanadas de órgão colegiado homogêneo. Ex.: Câmaras, turmas e seções de tribunais; Sentença declaratória: quando absolver ou julgar extinta a punibilidade (nada constitui, nenhum direito é gerado ou criado); Sentença constitutiva: mais rara no processo penal, ocorre com a concessão de reabilitação; Sentença mandamental: contêm uma ordem judicial, a ser imediatamente cumprida sob pena de desobediência. Sentença executável: execução de plano. Ex.: absolutória

Sentença não executável: pendente de recurso com efeito suspensivo. Sentença material: aquelas que decidem o mérito da causa (ex. condenação, absolvição); Sentença formal: aquelas que decidem questões meramente processuais,podendo colocar fim ao processo ou à instância (ex.: impronúncia). Sentença de natureza mista: condenatória e absolutória. Ex.: perdão judicial. O direito de punir nasceu, pois o crime existiu e o autor é conhecido, mas cessou por razões de política criminal. Sentenças subjetivamente complexas: proferidas por órgão colegiado heterogêneo. Ex.: Tribunal do Júri; Sentença autofágica: que reconhece a imputação, mas declara extinta a punibilidade, como ocorre com o perdão judicial. (LFG). Sentença absolutória: o juiz rejeita a pretensão punitiva da denúncia ou da queixa.

Requisitos formais (estrutura da sentença): 1) A exposição (relatório ou histórico); 2) A motivação (fundamentação); 3) E a conclusão (decisão ou dispositivo). 1. Relatório (art. 381, CPP): a) Identificação das Partes: da mesma forma que se exige na denúncia ou na queixa a qualificação do acusado ou dados que possam identificá-lo, também na sentença demanda-se do magistrado que especifique quais são as partes envolvidas na relação processual, sob pena de nulidade. Entretanto, o erro material a respeito do nome não será substancial, desde que seja possível conhecer sua identidade física. b) Exposição sucinta dos fatos: breve resumo. Lembre que no JECRIM o relatório é dispensável.

2. Fundamentação: É a parte essencial da sentença. Trata-se da motivação do juiz para aplicar o direito ao caso concreto. É preciso que constem os motivos de fato (advindos da prova colhida) e os motivos de direito (advindos da lei, interpretada pelo juiz), norteadores do dispositivo (conclusão). É a consagração do princípio da persuasão racional ou livre convicção motivada. [lembre que no júri vigora a íntima convicção] Referindo-se à motivação ou fundamentação, determina o dispositivo que exponha o juiz o desenvolvimento de seu raciocínio para chegar a conclusão, ou seja, que forneça as razões de fato e de direto que o levaram à decisão a fim de que as partes disponham de elementos para saber contra o que devem argumentar em eventual recurso.

3. Conclusão (dispositivo): É a decisão propriamente dita; o juiz julga o acusado em decorrência do raciocínio lógico desenvolvido durante a motivação em que dispõe no processo (por isso se fala em dispositivo ), indicando os artigos da lei aplicados. A falta de indicação dos artigos da lei constitui nulidade absoluta (art. 564, II, m, e IV). Todavia, a jurisprudência entende que não existirá vício a omissão for suprida por outros elementos. [o nome do promotor de justiça não precisa figurar na sentença, mas o do querelante será obrigatório] Definição jurídica do fato: É a tipicidade atribuída ao fato, quer dizer, significa transformar o fato ocorrido em um relevante jurídico. Portanto, o que o juiz pode fazer, na fase da sentença, é levar em consideração o fato narrado pela acusação na peça inicial (denúncia ou queixa), sem se preocupar com a definição jurídica dada, pois o réu se defende dos fatos a ele imputados e não da classificação feita.

Embargos Declaratórios: para sentença Obscura, Contraditória ou Omissa [será visto em recursos]. Vigora nessa fase o Princípio da Correlação (o julgador deve guardar respeito ao fato descrito na denúncia ou queixa). Todavia, permite-se a alteração da inicial por dois institutos: emendatio libelli (nova classificação jurídica dos fatos) ou mutatio libelli (modificação dos fatos narrados). Emendatio libelli (art. 383, CPP): faculdade concedida ao juiz para corrigir a tipificação apresentada pelo acusador, ainda que tenha que aplicar pena mais grave. Conforme dispõe o art 617 do CPP é possível inclusive em segunda instância. Ressalva-se nesse caso, entretanto, que a providência não poderá resultar em aplicação de pena mais grave ao réu se o recurso houver sido interposto exclusivamente pela defesa, em face do trânsito em julgado para acusação e da vedação à chamada reformatio in pejus indireta.

Atenção! Caso ocorra a possibilidade de aplicar o sursis processual ao réu, em decorrência da emendatio, o MP deverá propô-lo. [lembre da regra do art. 28, CPP]. Outrossim, caso haja desclassificação do delito, o juiz deverá declinar da competência. Segundo Nestor Távora, há duas formas de emendatio libelli: a) por defeito de capitulação (o juiz procede apenas corrigindo o tipo penal); b) por interpretação diversa (entendimento diferente dos fatos). Mutatio libelli (art. 384, CPP): Demonstra-se a partir de elementos que provam fatos novos não mencionados na denúncia/queixa, sendo caso de nova qualificação jurídica e de alteração dos próprios fatos, sobre os quais versam o processo.

Hoje, o aditamento é obrigatório. Todavia, há vozes na doutrina defendendo a obrigatoriedade apenas quando a mudança incidir em crime mais grave (Andrey Borges). [prazo para o aditamento = 5 dias]. Após ouvir a defesa, o juiz designará nova audiência com inquirição de novas testemunhas (3 para cada). Se, durante a instrução criminal, ficar evidenciado que o réu praticou outro crime não descrito na denúncia, ou que outras pessoas tomaram parte na prática do fato imputado (coautoria ou participação), deverá haver nova acusação, podendo ser oferecida nova denúncia. Alternativamente, por economia processual, podese proceder ao aditamento da peça acusatória, desde que se proceda nova citação, seguida de nova instrução criminal. Decisão conforme a denúncia anterior: imagine que após a mutatio libelli, o juiz decida de acordo com a denúncia originária, ou seja, não se convence da mudança aditada. Seria possível esse expediente? Afrânio Silva Jardim entende que sim, sustentando a existência da denominada imputação alternativa objetiva superveniente restrita.

Isso ocorre quando um crime simples é alterado para qualificado e o juiz, ao final, entende não ter subsídios suficientes para manter a alteração, quer dizer, crime qualificado. Todavia, há quem entenda não ser possível em razão do 4º do art. 383, CPP (aduz que o juiz ficará vinculado à mutatio libelli). A mutatio, diversamente do que ocorre na hipótese de emendatio, não é permitida segunda instância. De acordo com a súmula 453 do STF do Supremo Tribunal Federal: não se aplica à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do CPP, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso. Há quem defenda caber, nessa hipótese, somente a absolvição do réu, que em nada contribuiu para o erro (Norberto Avena). Contudo, a melhor doutrina defende que o tribunal deverá anular a sentença e determinará a aplicação das regras do dispositivo legal (art. 384, CPP), desde que seja observada a reformatio in pejus indireta (Denilson Feitoza).