H A R T MU T S C H A R R E R



Documentos relacionados
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA Disciplina: FLG CLIMATOLOGIA I

Efeito Estufa. Tópicos: Para reflexão:

Climas. Professor Diego Alves de Oliveira

Anexo 4. Anexo 4. Texto fornecido aos alunos sobre a problemática em estudo

ORIENTAÇÃO DE ESTUDO PARA RECUPERAÇÃO DA 1ª ETAPA/2013

Atmosfera Terrestre. Aerossóis de origem natural: Tempestades de poeira

Escola Secundária Dom Manuel Martins

COMPONENTE CURRICULAR: Ciências Prof a Angélica Frey ANO: 6 o LISTA DE CONTEÚDOS. 1 O Trimestre:

Plano de Ação para a Energia Sustentável. Go Local Por Uma Cidade Sustentável Sesimbra, 9 de maio de 2014

Agricultura tropical como atenuadora do aquecimento global

Uma visão crítica do aquecimento(?) global

Pecha Kucha Ciência Viva 23 de Setembro IMPACTO AMBIENTAL. Impacto Efeito forte provocado por algo ou alguém.

QUÍMICA ANALÍTICA AMBIENTAL Prof. Marcelo da Rosa Alexandre

CONTINUAÇÃO... Corte meridional e sistemas relacionados ao modelo de 3 células

QUIMICA AMBIENTAL AULA I. PhD Armindo Monjane - Dep. Quimica UP

Mitigação dos gases do efeito estufa pelo agronegocio no Brasil. Carlos Clemente Cerri

O CONTINENTE AMERICANO A AMÉRICA ANGLOSAXÔNICA

Ficha de Trabalho. Tema - A terra e os seus subsistemas em interação

Escola Secundária Infante D. Henrique

EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA NO CERRADO

Formação da Terra. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Licenciatura em Educação Básica. 1º Ano. Ciências da Terra e da Vida

MATRIZ DE REFERÊNCIA AVALIA BH 3º ANO ENSINO FUNDAMENTAL CIÊNCIAS DA NATUREZA

HOMOGÊNEO HETEROGÊNEO

permitem avançar com um modelo para a estrutura t da Geosfera.

Variação da composição da atmosfera ao longo dos tempos Composição média da atmosfera actual Substâncias tóxicas na atmosfera. Escalas de toxicidade

ÁGUA- um bem essencial

O Petróleo no Mundo RESERVAS PRODUÇÃO CONSUMO

Água na atmosfera. Capítulo 5 - Ahrens

Ciências Físicas e Químicas 8º Ano

A Terra e os seus subsistemas em interacção

Aula 5_ Cursinho TRIU - 08_04_2013-Profa: Luciana Assis Terra. Tópicos: MÉTODOS DE SEPARAÇÃO DE MISTURAS_2

XIII Fórum Nacional de Energia e Meio Ambiente no Brasil. Ana Lucia Dolabella Ministério do Meio Ambiente 15/08/2012

Ministério da Agricultura e do Abastecimento MA Instituto Nacional de Meteorologia INMET Coordenação Geral de Agrometeorologia CAg

Bem Explicado Centro de Explicações Lda. CN 7º Ano Teste Diagnóstico: Condições que permitem a existência de Vida na Terra

Participação dos Setores Socioeconômicos nas Emissões Totais do Setor Energia

b) Qual é a confusão cometida pelo estudante em sua reflexão?

Combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás natural*) Hidroelétricas Energia nuclear Solar Eólica Biomassa

CIÊNCIAS PROVA 1º BIMESTRE 9º ANO PROJETO CIENTISTAS DO AMANHÃ

Ar de combustão. Água condensada. Balanço da energia. Câmara de mistura. Convecção. Combustível. Curva de aquecimento

Química Prof. Rogério Química. Professor Rogério. Imagens meramente ilustrativas, domínio público sites diversos/internet

Introdução. Escola Secundária de Lagoa. Sebenta de Estudo. Física e Química A. Unidade Dois Na Atmosfera da Terra: radiação, matéria e estrutura

Princípios de Sensoriamento Remoto. Disciplina: Sensoriamento Remoto Prof. MSc. Raoni W. D. Bosquilia

FÍSICO-QUÍMICA TERMOQUÍMICA Aula 1

QUESTÕES OBJETIVAS. Fonte: PRESS, Frank et al. Para entender a Terra. Porto Alegre: Bookman, p. 37.

Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Computação CIC345 Modelagem e Simulação de Sistemas Terrestres Professor Tiago G. S.

Estrutura da Matéria Folha 03 Prof.: João Roberto Mazzei

3-Para a produção de energia elétrica, faz-se necessário represar um rio, construindo uma barragem, que irá formar um reservatório (lago).

Unidade 2 Substâncias e átomos

Capítulo III. A Atmosfera. Objetivos:

Os estratos da atmosfera

GOVERNANÇA METROPOLITANA DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO

Criosfera Gelo Marinho e Gelo de superfície

Átomos & Moléculas. Definição: é uma porção de matéria que tem propriedades bem definidas e que lhe são característica.

C o l é g i o R i c a r d o R o d r i g u e s A l v e s

Estrutura física e química da Terra

Materiais Os materiais naturais raramente são utilizados conforme os encontramos na Natureza.

Tema Energia térmica Tópico 8 O efeito estufa e o clima na Terra

Amazonas terá a maior torre de pesquisa em mudanças climáticas do mundo

Fontes alternativas de energia

Classificação dos recursos naturais

Avaliação Escrita 1ª Etapa

Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa Roberto de Aguiar Peixoto

ORIENTAÇÃO DE ESTUDOS

Aquecimento Global. Instituto de Oceanografia IO/FURG

Química - 9º ano. Água Potável. Atividade complementar sobre as misturas e suas técnicas de separação

Total. Nota: Apresente todos os cálculos que efectuar

ATMOSFERA Temperatura, pressão, densidade e grandezas associadas.

ANALISE DAS ANOMALIAS DAS TEMPERATURAS NO ANO DE 2015

para a estação chuvosa no Ceará

Climas do Brasil PROFESSORA: JORDANA COSTA

&RQFHLWRV%iVLFRV5HODFLRQDGRVD3HWUyOHR

Mudanças climáticas: um resumo da ciência

A Terra e os outros planetas telúricos

Gerenciamento do Chorume Coleta do Chorume e do Biogás

Boletim Climatológico Mensal Março de 2014

Fontes Alternativas de Energia

O SOLO que é a terra em que pisamos e onde crescem muitos vegetais.

Efeito da gestão do solo de uma vinha duriense na emissão de gases de estufa e na lixiviação de nitratos

Release. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. ONU declara 2015 como Ano Internacional dos Solos

S.Borisov/ Shutterstock

Ciência Antártica Brasileira

As águas: Hidrosfera & Bacias Hidrográficas Cap. 07 (página 142)

Lista de Exercícios Química Geral Entropia e energia livre

1. Condições Climáticas no Brasil em dezembro de 2003 e início de janeiro de 2004

5º ANO 11 28/ago/12 GEOGRAFIA 3º. 1. Você estudou que as formas variadas que a superfície terrestre apresenta são chamadas de relevo.

NÚCLEO DE ENGENHARIA DE ÁGUA E SOLO

CONVENÇÃO-QUADRO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS. António Gonçalves Henriques

Tema 8 Exemplos de Conflitos de Uso de Água em Ambientes Urbanos

Serra Pelada A utilização do mercúrio nas áreas de garimpo

ENERGIAS RENOVÁVEIS EM ANGOLA

ENTENDA OS PRINCÍPIOS DA ALTIMETRIA

OS GASES ESTUFA NOS LIVROS DIDÁTICOS

Augusto José Pereira Filho Departamento de Ciências Atmosféricas Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas

BIOQUÍMICA DOS ALIMENTOS AULA 02 - ÁGUA. Patricia Cintra 2014

SUBSTÂNCIAS, MISTURAS E SEPARAÇÃO DE MISTURAS

EXERCÍCIOS DE REVISÃO

Tabela 1. Síntese metodológica. Tema Sub-tema Metodologia

Derretimento de gelo nas calotas polares Aumento do nível dos oceanos Crescimento e surgimento de desertos Aumento de furacões, tufões e ciclones

A ORIGEM DA VIDA. Hipótese autotrófica e heterotrófica

1 02 Fl F u l i u d i os o,, At A m t os o fe f ra r,, E scoa o ment n o t Prof. Diego Pablo

Transcrição:

XI. 11 P o L U I ç A O ~ A T MOS F E R I C A E MU D A Nç A D O CL I MA H A R T MU T S C H A R R E R Meteorologista do Serviço Nacional de Meteorologia da Alemanha Ocidental. Desde 3 anos perito da Sociedade Alema da Cooperação Técnica(GTZ) para o 4 0 Distrito de Meteorologia (INEMET) em Salvador-Bahia. Resumo Este trabalho quer mostrar as consequências da atividade humana por causa da poluição atmosférica e desmatamento global. A Sociedade Meteorológica Alemã juntamente com a Sociedade Física Alemã apresentaram no ano passado uma advertência das mudanças do clima mundial em consequência das atividades humanas; isto é um grande desafio global especialmente para os Meteorologistas: transferir as consequências climatológicas para os responsaveis e o público. 1. INTRODUÇÃO O tempo não tem fronteiras. O clima é um fator essencial para as condições de vida. O campo de trabalho de um meteorologista é o planete terra - especialmente sua camada gasosa denominada atmosfera. Nos últimos 100 anos as atividades humanos mudam rapidamente o equilibrio da terra e a composição da atmosfera - seria uma "produção inteligente"? Assim nós destruímos os bases da vida com a poluição das águas, dos solos e do ar. Quanto tempo nós temos para reagir, como podemos reagir, terão nossos filhos e netos uma chance de sobrevivência? A Sociedade Meteorológica Alemã juntamente com a Sociedade Física Alemã apresentaram no ano passado uma advertência das mudanças do clima mundial em consequência das atividades humanos. Os resultados são baseados nos conhecimentos científicos atuais (1). 2. INFORMAÇÕES BASICAS A terra tem zonas tropicais e zonas frias. A temperatura média do nosso planeta é cerca de + 15 C (entre 1,50 e 2,00 m - onde nós vivemos (Fig.1). Isso tambem por causa de presença do vapor d'água (e nuvens) e do gás carbônico na atmosf~ra (reflexos dos raios infravermelhos - efeito ESTUFA). Sem estas substâncias a temperatura média do nosso planeta seria bem mais fria: - 18 C (Fig.2).

XI.12 A variação das médias durante os últimos milhões de anos foi entre + 10 C e + 17 C (+ 10 C na era glacial e + 17 C na era do degelo). Para um climatologista as médias são parâmetros para medir, descrever e detectar as mudanças do clima.. Podemos observar um aumento populacional no mundo, um aumento da produção da alimentação, uma expansão urbana e industrial, um crescimento da exploração dos recursos naturais. Para todas estas atividades os meteorologistas tem vários indicadores. Um deles p. ex. é o aumento da concentração do gás carbônico (C0 2 ) na atmosfera: no ano 1800 a concentração era 280 ppm (partes por milhão) e aumentou 0,2 ppm por ano. No ano 1986 a concentração era 347 ppm (Fig.3) com aumento 1,6 ppm por ano (sao 3,5 mil milhões toneladas de carbone por ano I). 3. RESULTADOS As consequências previstas são: - aumento da concentração do gás carbônico (C0 2 ) para um valor entre 500 e 600 ppm durante os próximos 50 até 100 anos (entre 2 até 4 gerações) com um aumento das temperaturas médias perto da superfície entre+l,5 e +4,5 C. Não esqueçamos estas consequências: primeiro por causa de combustão do carbono, petróleo e gás - segundo por desmatamento, erosão do solo e drenagem das regiões úmidas. Outras indicadores importantes são: - metano (CH4) por intensificação de lavoura de arroz e pecuária, principalmente em zonas tropicais (aumento 1,2 % por ano) - cloro-fluor-hidro-carbonetos (Cl-F-H-C) por uso em refrigeradores, arcondicionado, spray e no processo de produção de material plástico (aumento 4-5 % por ano). dinitro-oxigenio (N 2 0) por decomposição da matéria orgânica artificial por fermentação microbiológica e por queima de matéria orgânica como florestas (aumento 0,3 % por ano). - ozônio (0 3 )- so na atmosfera baixa = troposfera - por reações foto-químicas por causa de insolação com nitro-oxidançias (NO x ) e hidrocarbonetos (CnH m ) (aumento cerca de 1 % por ano). O aumento das últimas quatro substâncias gasosas - CH4, Cl.F.H.C, N 2 0 e 0 3 tambem causam um aumento das temperaturas médias entre + 1,5 até + 4,5 C

f XI.13 durante os proximos 50 até 100 anos. Juntamente ao efeito do gás carbônico podemos esperar uma mudança do clima entre + 3 e + 9 C durante as proximas 50 até 100 anos (Fig.4): + 1 C até + 2 C nas zonas tropicais e + 18 até + 27 C nas regiões polares. Esta mudança das temperaturas vai influenciar a circulação atmosférica e vai mudar as precipitações regionais com várias consequências para as condições da vida: uma parte do ciclo.hidrico global pode ser mais acelerado, espe c1almer.te o cicl~-'de 'vélpqr de',:água',(vapor,de água na atmosfe~a te~ em ~édi a' duração de 1 O d1'as:.. evaporaçã'o da' água' condensação - nuvens - precipitação ). Por outro lado não esqueçamos, que há 5000 anos atrás 33-36 % da superfície dos continentes era coberta por florestas. No ano de 1860 foi 28 %, no ano de 1987 foi 23 %. No ano 2000 cerca de 40 % das florestas tropicais vão desaparecer do nosso planeta para sempre (prejuízo irreversível). A cobertura florestal no Brasil era 61 % em 1500 passando a 29 %em 1982; durante a história brasileira este país perdeu quase a metade de suas florestas. O Estado da Bahia p.ex. de 30 % até 1 %, Espíri~o Santo de 90 %até 2 %, Santa Catarina de 84 %até 4 %, Amazonas de 90 %até 79 %etc... (2). Junto com este "atividade brasileira" o desmatamento atual global é - 0,5 % por ano (isto significa 40 %da área da Bahia por ano I). O homem altera os recursos hídricos e o circuito do gás carbônico continuamente. E muito importante saber as consequências de todos estas atividades humanos para a economia política, para o meio ambiente e a final para o mundo inteiro e para o qualidade da vida no futuro. 4. CONCLUSOES Os cientistas (meteorologistas e físicos) esperam durante as proximas 50 até 100 anos: 1. Um aumento da precipitação nas zonas'úmidas tropicais. 2. Uma remoção das zonas áridas e semi-áridas cerca de alguns 100 km na direção norte (especialmente na hemisfera norte). 3. Um aumento do nível do mar entre 0,30 até 1,20 m por causa da fusão parcial das regiões polaris. Destacamos mais um grande perigo: mudanças do clima por gases anterioromente citados, não apresentam-se de forma exceptional, aparecem durante decennios gradativamente.mas quando os efeitos são visíveis, um combate

XI.14 não é mais possivel Por isso os fatos e consequências apresentados sao - um todo o mundo: grande desafio para - para os políticos tomarem decições no sentido de diminuir as emissões dos gases apresentados num valor tolerável e aceitável (em cooperação e coordenação mundial). - para a administração, a indústria e a ciência desenvolverem métodos para racionar a energia e usar energia recuperável. para o cidadão contribuir por esforço próprio na minimização do uso da energia e com isso reduzir as emissões dos gases que alteram o clima. A, 5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS (1) Mitteilungen 3/87 (Informações 3/87). Deutsche Meteorologische Gesellschaft E.V., August 1987 (Sociedade Alemã de Meteorologia) (2).VEJA, 18 de Novembro, 1987 Fig.l~ TEMPERATURA MÉDIA COM VAPOR DE ÁGUA E COM GÁs CARBÔNICO (CO,): / TEMPERATURA MÉDIA SEM VAPOR DE ÁGUA E SEM GÁs CARBÔNICO (CO,) : / T z - 18 C

N O U 325 XI. 15 Fig.3 MEDIÇÕES 00 GÁS CARBÔNICO (C0 2 ) NA ATMOSFERA EM MAUNA LOA OBSERVATORY, HAWAII, USA (OMM, 1986) 35B NOAA/SCRIPPS C02 AT HAUNA LOR 345 34e "" 335 ~ o.. o..... ne 328 W/Nv 315 31 EJ 58 59 6061 6e: 63 6~ 65 66 67 68 69 7071 72 73 H 75 76 77 78 79 se 81 8283 8t YEAR,/ \. Fig.4 MUDANÇA 00 CLIMA DEVIDO A POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA + 1,5 até + 4,5 C + 1,5 até + 4,5 C Mudança das temperaturas médias entre + 3 até + 9 C