CONFIANÇA DO EMPRESÁRIO CAI 2,3% NO TRIMESTRE



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Transcrição:

CONFIANÇA DO EMPRESÁRIO CAI 2,3% NO TRIMESTRE O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) apresentou queda de 2,3% no trimestre finalizado em julho, em relação ao mesmo período do ano passado. Os resultados mensais e interanuais apresentaram forte queda. O Icec caiu 7,9% na comparação com o mês anterior e 9,1% em relação ao mês de julho de 2011. O resultado negativo foi influenciado principalmente por uma deterioração nas condições atuais do empresário do setor, que recuaram 11,1% no trimestre e 14,9% na comparação com o mês anterior, além de terem despencado 23,3% em relação ao mês de julho de 2011. A queda na confiança do comerciante se deu de forma generalizada entre todas as regiões do País, e reflete uma percepção desfavorável do empresário do comércio em relação ao desempenho da economia brasileira, assim como do setor varejista. Entretanto, o Icec ainda está acima dos 100 pontos, indicando que o empresário do comércio permanece confiante. Apesar de o subíndice de condições atuais estar abaixo dos 100 pontos, as expectativas dos comerciantes continuam elevadas. O sub índice de expectativas ainda registra 148,8 pontos um patamar bastante favorável. Na avaliação por tamanho, nas empresas de maior porte, ou seja, aquelas com mais de 50 funcionários, o nível de confiança caiu 10,2% em relação a junho e 10,3% em relação ao ano anterior, fechando o mês de julho com 130,7 pontos. Nas empresas de menor porte o nível de confiança apresentou queda de 7,9% em relação ao mês anterior e de 9% na comparação interanual, com 115,4 pontos. Condições Atuais (Icaec): comerciantes pessimistas em relação à situação atual da economia brasileira Dentre os três subíndices que compõem o Icec, aquele que avalia as condições atuais, o Índice de Condições Atuais do Empresário do Comércio (Icaec), apresentou retração tanto na comparação mensal (-14,9%) como na comparação anual (-23,3%) e na trimestral (-11,1%). A comparação ante ao mês de julho mostrou quedas nas condições atuais da economia (-14,4%), do setor (-11,9%) e da empresa (-17,7%). Da mesma forma, o resultado em relação ao ano anterior foi influenciado por quedas de 23,6%, 23,1% e 23,2% na percepção dos comerciantes em relação às condições atuais da economia, do setor varejista e de sua própria empresa, respectivamente. Além disso, as variações trimestrais negativas mostraram que a confiança do empresário 1

vem mostrando trajetória declinante. No trimestre findo em julho, as condições atuais da economia caíram 11,8%, do setor, 12,2%, e da empresa, 9,7%. Índice jul/12 Icaec 86,2-14,9% -23,3% -11,1% Economia 79,7-14,4% -23,6% -11,8% Setor 83,6-11,9% -23,1% -12,2% Empresa 95,3-17,7% -23,2% -9,7% O menor ímpeto atual da economia brasileira está se refletindo de forma bastante clara na queda da percepção do empresário em relação ao desempenho desta, assim como do setor varejista. Os dados mostram pessimismo do comerciante tanto em relação ao momento atual da economia quanto em relação ao momento do setor varejista, ambos bastante abaixo dos 100 pontos. Esses dados corroboram o cenário de maior taxa de inadimplência e depreciação da taxa de câmbio vivido pela economia do País. Se, por um lado, a maior inadimplência reflete certa euforia na concessão de crédito no passado, a moeda brasileira vem enfrentando significativa depreciação no ano de 2012. O fator cambial decorre do agravamento da crise da dívida nos países desenvolvidos, assim como da queda nos preços das commodities, que faz com que um menor volume de capitais ingresse no País. Expectativas (IEEC): nível de expectativas continua favorável, apesar da queda O Índice de Expectativas do Empresário do Comércio (IEEC) apresentou queda de 5,6% em relação ao ano anterior. O resultado foi influenciado principalmente pelo recuo nas expectativas dos empresários em relação à economia (-3,1%), ao setor varejista (-5,8%) e à sua própria empresa (-7,6%). Na comparação mensal, as expectativas caíram 8%, mas ainda permanecem em patamares bastante favoráveis (148,8 pontos), mostrando que o empresário do comércio permanece confiante em relação ao futuro tanto da economia brasileira (143,4 pontos) quanto do setor varejista (147,6 pontos) e de sua própria empresa (155,3 pontos). Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado (maio a julho), as expectativas mostram elevação, sinalizando uma tendência positiva que deve ser concretizada nos últimos meses do ano, quando as vendas no varejo aumentam de forma significativa. 2

Índice jul/12 IEEC 148,8-8,0% -5,6% +1,3% Economia 143,4-8,2% -3,1% +5,2% Setor 147,6-9,2% -5,8% +1,1% Empresa 155,3-6,8% -7,6% -1,8% Os últimos dados oficiais de emprego mostram uma taxa de desemprego ainda baixa, com ganhos reais na massa de salários sintomas de um mercado de trabalho ainda aquecido. Esse tem sido o principal fator de sustentação do volume de vendas no varejo, ante um cenário de maior cautela em relação aos tomadores e emprestadores de recursos. Medidas de estímulo de caráter tanto fiscal como monetário têm sido tomadas já há algum tempo e deverão ter algum efeito, ao menos pontual, nas vendas do varejo neste segundo semestre. Além disso, é preciso ressaltar que a segunda metade do ano costuma ser melhor para o comércio, visto que concentra as datas nas quais o setor obtém a maior parte de sua receita anual. Entretanto, considerando-se a evidente desaceleração do crescimento econômico e o caráter defasado dos dados do emprego, há o risco de que o mercado de trabalho não contribua de forma tão favorável até o final do ano, principalmente porque a crise da dívida instalada no exterior deve continuar repercutindo negativamente sobre a atividade doméstica. Investimentos (IIEC): processo de normalização de estoques continua O Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) aumentou 0,3% em relação a julho de 2011 e caiu 1,7% na comparação com o mês anterior. Na comparação trimestral, o nível de investimentos apresentou alta de 1,4%, corroborando o cenário de expectativas ainda favoráveis dos empresários do comércio. Um ponto favorável foi a redução na insatisfação do comerciante com seu nível de estoques, que subiu 1,8% na comparação mensal, 5,6% na anual e 3% na trimestral. Entretanto, a percepção dos empresários do comércio em relação ao nível de estoques continua abaixo dos 100 pontos. Dado que boa parte das vendas do varejo se concentra no final do ano, é provável que os níveis de estoques continuem se ajustando favoravelmente e que esse item se aproxime do patamar de 100 pontos. A expectativa de contratação de novos funcionários caiu na comparação mensal (-3,2%) e também na anual (-0,4%). Entretanto, apresentou alta na 3

comparação trimestral, mostrando que o comerciante deve aumentar a força de trabalho na medida em que o final do ano for se aproximando. Índice jul./12 IIEC 112,2-1,7% +0,3% +1,4% Funcionários 125,4-3,2% -0,4% +1,6% Investimentos 114,5-2,8% -3,2% -0,0% Estoques 96,8 +1,8% +5,6% +3,0% Conclusão: Os resultados da pesquisa mostram uma deterioração significativa nas condições atuais do empresário do comércio, ao passo que as expectativas ainda se encontram em patamares favoráveis. Essa piora no presente corrobora o cenário de crescimento mais baixo para a economia brasileira, em meio a uma maior taxa de inadimplência e a uma taxa de câmbio em trajetória de depreciação. Entretanto, ainda esperamos um crescimento ao redor de 8% para o volume de vendas no varejo em 2012, amparado por uma taxa de desemprego ainda baixa. 4

Sobre a pesquisa: O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) é indicador antecedente apurado exclusivamente com os tomadores de decisão das empresas do varejo, cujo objetivo é detectar as tendências das ações empresárias do setor do ponto de vista do empresário. A amostra é composta por aproximadamente 6.000 empresas situadas em todas as capitais do País, e os índices, apurados mensalmente, apresentam dispersões que variam de zero a 200 pontos. O índice é construído a partir de nove questões. As três primeiras, que constituem o Índice de Condições Atuais do Empresário do Comércio (Icaec), comparam a situação econômica do País, do setor de atuação e da própria empresa com relação ao mesmo período do ano anterior. As três perguntas seguintes avaliam os mesmos aspectos, porém em relação ao futuro no curto prazo, e formam o Índice de Expectativas do Empresário do Comércio (IEEC). Em todas as seis primeiras perguntas as opções de resposta são as seguintes: (i) Melhorou/Melhorará Muito; (ii) Melhorou/ Melhorará um Pouco; (iii) Piorou/Piorará Muito; e (iv) Piorou/Piorará Pouco. As últimas três perguntas que compõem o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) abordam questões mais específicas relativas aos seguintes temas: (i) Expectativa de contratação de funcionários para os próximos meses (aumentar muito, aumentar pouco, reduzir pouco ou reduzir muito); (ii) Nível de investimentos em relação ao mesmo período do ano anterior (muito maior, um pouco maior, um pouco menor ou muito menor); e (iii) Nível atual dos estoques diante da programação de vendas (abaixo do adequado, adequado ou acima do adequado). Os dados do Icec podem ser analisados segundo três cortes: (i) Regional (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste); (ii) Porte da empresa (até 50 funcionários e acima de 50 funcionários); e (iii) Categorias de uso (bens duráveis, semiduráveis e não duráveis). 5