Informação Técnico-Jurídica n. 02/2010



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Transcrição:

Informação Técnico-Jurídica n. 02/2010 ASSUNTO: Transporte Escolar O Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude e Educação, por meio do Coordenador que esta subscreve, juntamente com o NAT (Núcleo de Apoio Técnico), com fundamento no art. 60, inciso II, LCE n. 25/98 (LOEMP), expede a seguinte informação técnico-jurídica, sem caráter vinculativo, às Promotorias de Justiça da Infância, Juventude e Educação: Considerando que os direitos fundamentais inerentes à infância e juventude devem ser assegurados com absoluta prioridade, nos termos do artigo 227, caput, da Constituição Federal e do artigo 4º da Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente); Considerando que o art. 208, da Constituição Federal, dispõe que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: VII ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; Considerando que a garantia do direito à educação exige a oferta, pelo Poder Público, de condições adequadas de acesso à escola, sendo, assim, imprescindível a colocação do transporte escolar gratuito à disposição, constituindo sua falta, barreira intransponível ao exercício daquele direito constitucionalmente garantido; Considerando que nos termos do art. 54, inciso VII da Lei 8.069/90, a criança e o adolescente serão atendidos com programas suplementares no ensino fundamental, dentre eles o de transporte escolar; Considerando que nos termos do artigo 11, inciso VI, da Lei Federal n.º 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), é dever do Município assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal; 1

Considerando que cabe ao Município prestar o adequado serviço de transporte escolar aos alunos da rede pública de ensino, como garantia de efetivo acesso ao ensino fundamental. Ressalta-se que a oferta irregular do ensino fundamental, neste incluído o próprio transporte escolar, acarreta crime de responsabilidade do administrador, nos termos do art. 208, 2º da Constituição Federal, art. 54, 2º, do Estatuto da Criança e do Adolescente e art. 5º, 4º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação; Considerando que a educação está consagrada como direito de todos e dever do Estado e da família, devendo ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, objetivando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, nos termos do artigo 205 da Constituição Federal; Considerando que Poder Público tem que basear-se nos princípios da estabelecidos para a Administração Pública, especialmente os definidos no artigo 37, caput, da Constituição Federal, devendo, para tanto, direcionar a verba destinada ao transporte escolar nos casos em que haja a necessidade de sua aplicação e não por mera conveniência do cidadão; Informa o seguinte: 1 - Do critério territorial A Constituição Federal, corroborada pelo ECA e pela LDB, prevê o fornecimento de escola próxima à residência do educando, para a garantia da qualidade do ensino. Contudo, há que ser analisada a viabilidade territorial e orçamentária para a construção e manutenção de escolas públicas, o que por consequência gera disparidade nas condições de locomoção à instituição de ensino. Dessa forma, para os casos em que haja uma razoável distância entre a residência do aluno e a escola, necessário se faz o transporte do educando. Mas, importante frisar, apenas nos casos em que o percurso pelo aluno seja inviável. 2

No Estado de Goiás, o Decreto n. 5902/04, estabelece a distância mínima de 1 km entre a residência e a unidade escolar para que alunos da zona rural tenham direito ao transporte. Vejamos: Art. 1 o O transporte de alunos da rede estadual de ensino, do ponto de embarque à unidade escolar e viceversa, será executado pelo Estado de Goiás preferencialmente de forma indireta através do Município do domicílio do aluno, signatário de Termo de Adesão e Responsabilidade, anualmente renovado, perante a Secretaria da Educação, de acordo com as normas da Lei n o 14.556, de 7 de outubro de 2003, e as deste Regulamento. 1 o Para ter direito ao transporte escolar o aluno da rede pública estadual de ensino deverá residir na zona rural a uma distância superior a 1 km (um quilômetro) da sua unidade escolar..... Da mesma forma, atendidas as particularidades locais, é razoável que a distância máxima a ser percorrida pelo aluno de sua residência até o ponto de embarque/desembarque no veículo do transporte escolar seja a mesma. 2 - Da escolha de instituição diversa da localizada próxima à residência Verifica-se corriqueiramente que, dando cumprimento às suas obrigações, a Administração Pública fornece escola próxima à residência do aluno, mas os responsáveis pelo mesmo optam pela matrícula em escola diversa, pleiteando o transporte de seus filhos para locais distantes, o que gera um custo injustificável para o Poder Público, prejudicando a implementação da verba em outros benefícios à educação. Oportuno destacar que cabe aos alunos e seus responsáveis o controle da qualidade do ensino, tomando as medidas cabíveis para a solução de eventuais problemas. Mas caso escolham 3

instituição diversa da que foi determinada pela autoridade competente, próxima a sua residência, devem assumir as custas de tal escolha. Assim, existindo escola nas cercanias da residência do aluno e seus responsáveis optando pela matrícula em outra instituição, perde o mesmo o direito ao transporte escolar. 3 - Da ausência de necessidade de transporte escolar rural para alunos matriculados nas particulares Tanto a Carta Magna, quanto o ECA e a LDB, responsabilizam a Administração Pública fornecedora do ensino pelo transporte dos alunos vinculados à mesma. Ocorre que, nos casos de alunos da rede privada, por mais que a instituição esteja prestando um serviço público, trata-se de entidade inserida no mercado de consumo, onde a interferência estatal é excepcional. Assim, em se pensar no transporte de alunos para essas escolas, haveria uma destinação de verba pública para o setor privado, implicando em interferência na livre concorrência, garantida pelo artigo 170, IV, da Constituição Federal. Ademais, o transporte se efetua em caráter de serviço suplementar a educação para pessoas que não têm condições de se locomoverem para as escolas. Dessa forma, não há que se falar em necessidade de transporte para as crianças cujas famílias têm disponibilidade de arcar com o pagamento de uma instituição privada. 4 - Alunos residentes em um outro Município e/ou Estado: responsabilidade pelo transporte do ente do local da matrícula Conforme se depreende do Manual de Orientação FUNDEB de autoria do Ministério Público do Estado de Goiás, pg. 34: Os recursos concentrados no FUNDEB de cada Estado, à medida que entram, são repartidos na proporção do número de alunos matriculados na educação básica das redes de ensino estadual e municipal. 4

Em cada Estado, proporcionalmente às respectivas matrículas, o Estado e seus Municípios tornam-se beneficiários dos recursos distribuídos pelo FUNDEB. Para efeito dessa distribuição, as matrículas são as do censo escolar mais atualizado (no FUNDEF a referência era a do censo do ano anterior e, na prática, o censo escolar do ano anterior também será o do FUNDEB). A distribuição é feita aplicando-se um coeficiente atribuído, individualmente, ao Estado e a cada um dos seus Municípios, calculado ano a ano, definindo a relação do número de alunos estadual e dos alunados municipais, no âmbito do ensino público do Estado respectivo; distinguindo-se as diferentes etapas, modalidades e tipos de estabelecimento de ensino (g. n.). Destaque-se que os artigos 21 e 23 da Lei n. 11.494/07, prevêem a utilização da verba recebida do FUNDEB no financiamento das despesas com a manutenção e desenvolvimento da educação básica. Já o artigo 70, VIII, da citada lei, considera manutenção e desenvolvimento do ensino a despesa gasta com manutenção de programas de transporte escolar. Confirma-se o então exposto pela resposta apresentada pelo MEC, publicadas no site WWW.MEC MEC.GOV.BR BR/SEB, quando da seguinte pergunta: o que são ações de manutenção e desenvolvimento do ensino? São ações voltadas à consecução dos objetivos das instituições educacionais de todos os níveis. Inserem-se no rol destas ações, despesas relacionadas à aquisição, manutenção e funcionamento das instalações e equipamentos necessários ao ensino, uso e manutenção de bens e serviços, remuneração e aperfeiçoamento dos profissionais da educação, aquisição de material didático, transporte escolar, entre outros (g. n.). Importante também a resolução 007/2006 do Tribunal de Conta dos Municípios do Estado de Goiás. Vejamos sua ementa e conclusão: 5

EMENTA: Cabe ao município onde estão matriculados os alunos a responsabilidade e o encargo com o transporte escolar, independentemente do município onde residam.... Ora, se os recursos do FUNDEF municipal são distribuídos proporcionalmente aos alunos matriculados no ensino fundamental do município e que esses recursos podem acudir as despesas com a manutenção de programas do transporte escolar é natural que se tenha uma primeira constatação lógica de que, na composição legal dos recursos do FUNDEF, existe um componente financeiro destinado a custear despesas com o transporte de alunos, sendo irrelevante argumentarem se é de forma parcial ou não. Destarte, buscando as duas premissas levantadas e a primeira constatação acima apresentada, e aplicando-as sobre a questão objeto da consulta, somos forçados a concluir que ao Município de Novo Planalto cabe assumir as despesas com o transporte escolar dos alunos matriculados em sua rede de ensino fundamental, independentemente em qual município residam, haja vista que a esse ente federativo são repassados os recursos do FUNDEF, em razão direta ao número de alunos efetivamente matriculados, número este resultante do censo escolar do exercício de 2005, quando esses alunos certamente foram considerados na contagem. Dessa forma, vê-se que o Estado e/ou Município recebe a verba por aluno matriculado na sua rede de ensino, devendo destinar sua utilização no transporte escolar desses alunos. Não há que se pensar, portanto, na obrigatoriedade de vincular o benefício à residência da criança ou adolescente. 5 - Transporte universitário não obrigatoriedade municipal Nos termos do artigo 211, 1, da Constituição Federal, à União incumbe organizar e financiar o ensino superior. 6

Ainda, a LDB, nos artigos 10 e 11, determina que caberá ao Estado e ao Município o fornecimento do transporte escolar dos alunos da rede estadual de ensino e os alunos da rede municipal respectivamente. Assim, o transporte universitário não é de obrigatoriedade pelo Município, o que não impede a sua instituição por meio de lei, desde que integralmente satisfeitos seus compromissos no âmbito do ensino fundamental e da educação infantil. Conclusão Conclui-se, portanto, que mesmo o transporte escolar sendo obrigação, podendo inclusive haver a responsabilização da Administração Pública por sua falta ou oferta irregular, não deve ser disponibilizado sob a conveniência do beneficiado. Sobre as questões postas e outras ligadas aos temas o Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude e Educação do Ministério Público de Goiás está à disposição dos órgãos de execução para auxilia-los a fazer valer as normas legais e constitucionais. Goiânia - GO, 16 de abril de 2010. EVERALDO SEBASTIÃO DE SOUSA Coordenador do CAO-INFÂNCIA ALEXANDRE MENDES VIEIRA CARLOS ALEXANDRE MARQUES MÁRCIO DO NASCIMENTO RENATA DE MATOS LACERDA BECKER Promotora de Justiça PAULO MIRANDA FERREIRA 7

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