ANÁLISE DOS RECURSOS E DO MONITORAMENTO AMBIENTAL NAS MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS EM UMA UNIDADE OPERATIVA DO SENAC SANTA CATARINA



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Transcrição:

i UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ALEXANDRE BEVILACQUA MENEGUETTI ANÁLISE DOS RECURSOS E DO MONITORAMENTO AMBIENTAL NAS MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS EM UMA UNIDADE OPERATIVA DO SENAC SANTA CATARINA BIGUAÇU 2010

i ALEXANDRE BEVILACQUA MENEGUETTI ANÁLISE DOS RECURSOS E DO MONITORAMENTO AMBIENTAL NAS MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS EM UMA UNIDADE OPERATIVA DO SENAC SANTA CATARINA Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Acadêmico em Administração como requisito para a obtenção do título de Mestre em Administração pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Superior de Biguaçu, SC. Orientador: Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto BIGUAÇU 2010

ii ALEXANDRE BEVILACQUA MENEGUETTI ANÁLISE DOS RECURSOS E DO MONITORAMENTO AMBIENTAL NAS MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS EM UMA UNIDADE OPERATIVA DO SENAC SANTA CATARINA Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em Administração e aprovada pelo Curso de Mestrado Acadêmico em Administração, da Universidade do Vale do Itajaí, em Biguaçu. Área de concentração: Organizações e Sociedade Biguaçu, 25 de agosto de 2010. Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto Coordenador do Programa Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto UNIVALI Biguaçu Orientador Prof. Dr. Miguel Angel Verdinelli UNIVALI - Biguaçu Prof. Dr. Walter Bataglia MACKENZIE - SP Prof. Dr. Éverton Luís Pellizzaro de Lorenzi Cancellier UDESC

iii DEDICATÓRIA Para minha esposa Anastácia, amiga e companheira. Com ela em minha vida tudo se torna possível.

iv AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, que me deu saúde e tranquilidade para os desafios; Aos meus pais, Rose e Dorival, que sempre me incentivaram e me tornaram uma pessoa curiosa e inquieta para novos aprendizados; Aos Diretores do Departamento Regional, especialmente ao Diretor Regional, Sr. Rudney Raulino que me proporcionou desenvolvimento profissional e pessoal; A toda equipe da DRH, pelo suporte e apoio durante o curso; Aos Professores, Dr. Carlos Ricardo Rossetto, Dr. Everton Luis P. de Lorenzi Cancellier, Dr. Walter Bataglia e Dr. Miguel Angel Verdinelli, pelas orientações; Aos meus colegas de turma, pela excelente companhia durante o curso; Ao colega Fabiano Battisti Archer, pelo apoio, aprendizado e troca de experiências em cada etapa do trabalho; A minha colega Gisele Coelho Lopes, pelo apoio, pelos trabalhos realizados juntos e convivência durante o curso; Aos grandes amigos de Campinas, Pedro, Aline, Dani, Nivia, Andréia, Lazanha e Carina, que mesmo à distância sempre me enviam energias positivas; Aos gestores da Faculdade SENAC Florianópolis, pela paciência e atenção em cada entrevista; E a minha especial equipe do SENAC Criciúma, que sempre compreendeu e apoiou nos momentos de dificuldades. Obrigado!

v RESUMO Este estudo contribuiu para melhor compreensão de como os recursos e o monitoramento ambiental se relacionam nas mudanças organizacionais ocorridas na Faculdade SENAC Florianópolis a partir da Lei de Diretrizes e Bases (LDB/1996). O estudo apresenta uma abordagem transversal à diferentes teorias que foram investigadas à luz dos estudos de Weick e Quinn (1999) para a classificação das mudanças, Pike, Roos e Marr (2005) para a identificação dos recursos, Aguilar (1967) para a classificação do modo de monitoramento, e os estudos de Cancellier (2004) para o processo de monitoramento. A etapa da pesquisa de campo exigiu uma abordagem qualitativa, em que as entrevistas foram realizadas com base em roteiros semi-estruturados, que permitiram o aprofundamento, exploração e compreensão das diferentes teorias envolvidas em cada uma das 20 mudanças organizacionais identificadas no período de 1996 a 2008. As entrevistas foram realizadas com os gestores da Faculdade SENAC Florianópolis pelo fato de serem os principais tomadores de decisão na implementação das mudanças. Paralelamente, foi realizada a coleta de dados secundários, utilizando-se a técnica de análise documental, em que foram resgatados os relatórios de gestão anuais da unidade SENAC Florianópolis. Os resultados da pesquisa apresentam 20 mudanças organizacionais, das quais 16 são episódicas e 4 são contínuas, apenas uma mudança apresenta a classificação como Visão Indireta para o modo de monitoramento, 15 mudanças são classificadas como Visão Condicionada, 4 mudanças como Busca informal e nenhuma mudança apresentou o modo Busca Formal. Ao analisar todo o período, 75% dos recursos identificados se classificam como intangíveis e 25% tangíveis. Ao analisar todos os recursos tangíveis e intangíveis, as mudanças apresentam percentuais mais elevados para o envolvimento de recursos, seguido do desenvolvimento e com percentuais menos elevados na aquisição de recursos. Os resultados demonstram em uma análise geral, uma pequena evolução do período I para o período II quanto ao número de mudanças que apresentam busca intencional de informações do ambiente externo, porém, ainda pouco estruturada e com esforço limitado ao monitorar o ambiente. Há predominância de mudanças episódicas e de uma maneira geral, a organização apresenta um olhar com maior atenção para seu ambiente interno, agindo de forma predominantemente reativa aos diversos fatores ambientais internos ou externos. Muito apoiada e dependente da visão, experiência e percepção de seus gestores a organização avança com perceptível crescimento a cada mudança, adaptando-se às frequentes necessidades apontadas pelos clientes, órgãos fiscalizadores, reguladores ou indicadores internos de crescimento, como relatórios de receita/ despesa e número de alunos, e desenvolvendo principalmente recursos intangíveis ao longo do período em estudo, que pode indicar o motivo do crescimento e possíveis diferenciações frente aos concorrentes. Em muitas mudanças episódicas, pode haver exposição de recursos a riscos gerados pelas transformações internas não previamente planejadas, e monitoradas pela visão condicionada, além de poder inibir a visão empreendedora da organização. Os riscos podem se ampliar, ao evidenciar que ao longo dos anos, recursos tangíveis e intangíveis sofrem impactos relevantes em muitas mudanças episódicas e monitoradas pela visão condicionada, em que os processos de monitoramento não são estruturados e dependem principalmente da percepção dos gestores. Duas mudanças são classificadas como contínuas e monitoradas pela Busca Informal, em que ao longo do tempo recursos são envolvidos e desenvolvidos com percentuais mais elevados ao comparar com as demais mudanças, em que pode indicar que a organização apresenta um monitoramento um pouco mais estruturado, em mudanças mais planejadas e com objetivos definidos para longo prazo. Pode-se afirmar que neste estudo, existe relação entre a característica da mudança, com a forma com que o ambiente é monitorado e da forma com que a organização envolve, desenvolve e adquire recursos. Palavras-chave: Monitoramento Ambiental, Recursos, Ambiente e Mudança Organizacional.

vi ABSTRACT This study contributes to a better understanding of the relationship between resources and environmental monitoring, in the organizational changes that have taken place within the Faculdade SENAC Florianópolis (SENAC College in Florianópolis), based on the Lei de Diretrizes e Bases (Law of Directives and Bases) (LDB/1996). The study presents a transversal approach to the different theories, which were investigated in light of studies by Weick and Quinn (1999) for the classification of the changes, Pike, Roos and Marr (2005) for the identification of resources, Aguilar (1967) for the classification of the monitoring type, and Cancellier (2004) for the monitoring process. The field research stage required a qualitative approach, in which interviews were carried out based on semi-structured questionnaires, which enabled a deeper exploration and understanding of different theories involved in each of the twenty organizational changes identified in the period 1996 to 2008. The interviews were applied to the managers of the Faculdade SENAC Florianópolis, as the main decision-makers in the implementation of the changes. In parallel, secondary data were collected, using the technique of document analysis involving annual management reports of a SENAC unit in Florianópolis. The results of the research show 20 organizational changes, of which 16 were episodic and 4 were continuous. Only one change was classified as Indirect Vision due to the monitoring method used. 15 changes were classified as Conditional Vision, 4 as informal search, and none were classified as Formal Search. Analyzing the entire period, 75% of the resources identified were classified as intangible and 25% as tangible. Analyzing all the tangible and intangible recourses, the changes presented higher percentages of involvement of resources, followed by the development of resources, and lower percentages for the acquisition of resources. Overall, the results show a small evolution from period I to period II in terms of the number of changes in which there was an intentional search for information from the external environment, but these are still lacking in structure, and the efforts to monitor the environment are limited. There was a predominance of episodic changes, and in general, the organization pays more attention to its internal environment, acting in a predominantly reactive way to the various factors of the internal and external environments. Heavily supported by, and dependent on the vision, experience and perception of its managers, the organization shows perceptible growth with every change, adapting to the more frequent needs identified by its clients, regulatory agencies, regulators or internal growth indicators, such as reports of income/expenditure and number of students, and in particular, developing intangible resources throughout the study period, which may indicate the reason for the growth and possible areas of competitive advantage. In many episodic changes, the resources may be exposed to risks generated by internal changes that were not planned in advance, and monitored by the conditional vision, as well as possibility inhibiting the entrepreneurial vision of the organization. The risks may be higher due to the fact that over the years, the tangible and intangible resources have suffered significant impacts in many episodic changes monitored by the conditional vision, in which the monitoring processes were not properly structured and depended mainly on the managers' perception. Two changes are classified as continuous and monitored by informal Searches, in which over time, higher percentages of resources have been involved and developed than for the other changes, which may indicate that the organization presents a monitoring that is a little more structured, in more planned changes with pre-defined long-term goals. It can be affirmed that in this study, there is a connection between the nature of the change, with the way the environment is monitored and the way the organization involves, develops and acquires resources. Key Words: Environment Scanning, Resources, Environment and Organizational Change

vii LISTA DE FIGURAS Figura 1: Ambiente geral e específico... 32 Figura 2: Aquisição de recursos... 58 Figura 3: Modelo de Peteraf: Pedra angular da vantagem competitiva... 63 Figura 4: Etapas da coleta e análise de dados... 67 Figura 5: Delimitação da pesquisa/objeto de pesquisa... 72 Figura 6: Mapa da distribuição física das unidades do SENAC/SC... 74

viii LISTA DE QUADROS Quadro 1: Contribuições dos autores sobre mudanças... 26 Quadro 2: Classificações da mudança organizacional... 27 Quadro 3: Síntese das classificações e componentes do ambiente... 34 Quadro 4: Avaliação do ambiente... 36 Quadro 5: Autores de monitoramento ambiental... 44 Quadro 6: Autores e modos de monitoramento... 46 Quadro 7: Modos de monitoramento... 47 Quadro 8: Autores e as etapas do processo de monitoramento ambiental... 49 Quadro 9: Processo de Monitoramento... 52 Quadro 10: Classificação dos recursos... 54 Quadro 11: Categorias de recursos... 55 Quadro 12: Categorias dos recursos... 56 Quadro 13: Categorias dos recursos... 56 Quadro 14: Atributos dos recursos/vantagem competitiva sustentável... 62 Quadro 15: Classificação da mudança organizacional... 68 Quadro 16: Modo e processo de monitoramento... 69 Quadro 17: Modelo utilizado para classificar os recursos em cada mudança... 71 Quadro 18: Grupo de recursos... 71 Quadro 19: Identificação das mudanças organizacionais 1996 a 2008... 76 Quadro 20: Definição dos períodos... 77 Quadro 21: Períodos e mudanças organizacionais... 77 Quadro 22: Classificação da mudança organizacional - Mudança 1 - Período I... 80 Quadro 23: Modo e processo de monitoramento - Mudança 1 - Período I... 82 Quadro 24: Classificação dos recursos - Mudança 1 - Período I... 84 Quadro 25: Grupo de recursos - Mudança 1 - período I... 85 Quadro 26: Classificação da mudança organizacional - Mudança 2 - Período I... 87 Quadro 27: Modo e processo de monitoramento - Mudança 2 Período I... 89 Quadro 28: Classificação dos recursos - Mudança 2 - Período I... 92 Quadro 29: Grupos de recursos - Mudança 2 - Período I... 93 Quadro 30: Classificação da mudança organizacional - Mudança 3 Período I... 94

ix Quadro 31: Modo e processo de monitoramento - Mudança 3 Período I... 96 Quadro 32: Classificação dos recursos Mudança 3 Período I... 98 Quadro 33: Grupo de recursos - Mudança 3 Período I... 98 Quadro 34: Classificação da mudança organizacional - Mudança 4 Período I... 100 Quadro 35: Modo e processo de monitoramento - Mudança 4 Período I... 102 Quadro 36: Classificação dos recursos Mudança 4 Período I... 105 Quadro 37: Grupos de recursos - Mudança 4 Período I... 105 Quadro 38: Classificação da mudança organizacional - Mudança 5 Período I... 107 Quadro 39: Modo e processo de monitoramento - Mudança 5 Período I... 110 Quadro 40: Classificação dos recursos Mudança 5 Período I... 113 Quadro 41: Grupos de Recursos - Mudança 5 Período I... 114 Quadro 42: Classificação da mudança organizacional Mudança 6 Período I... 116 Quadro 43: Modo e processo de monitoramento Mudança 6 Período I... 118 Quadro 44: Classificação dos recursos Mudança 6 Período I... 121 Quadro 45: Grupo de recursos Mudança 6 Período I... 122 Quadro 46: Classificação da mudança organizacional Mudança 7 Período I... 123 Quadro 47: Modo e processo de monitoramento Mudança 7 Período I... 125 Quadro 48: Classificação dos recursos Mudança 7 Período I... 127 Quadro 49: Grupo de recursos Mudança 7 Período I... 128 Quadro 50: Classificação da mudança organizacional Mudança 8 Período I... 129 Quadro 51: Modo e processo de monitoramento Mudança 8 Período I... 131 Quadro 52: Classificação dos recursos Mudança 8 Período I... 133 Quadro 53: Grupo de recursos Mudança 8 Período I... 134 Quadro 54: Classificação da mudança organizacional Mudança 9 Período I... 135 Quadro 55: Modo e processo de monitoramento Mudança 9 Período I... 137 Quadro 56: Classificação dos recursos Mudança 9 Período I... 139 Quadro 57: Grupo de recursos Mudança 9 Período I... 139 Quadro 58: Mudança, recursos e monitoramento Período I... 144 Quadro 59: Classificação da mudança organizacional Mudança 1 Período II... 146 Quadro 60: Modo e processo de monitoramento Mudança 1 Período II... 149 Quadro 61: Classificação dos recursos Mudança 1 Período II... 151 Quadro 62: Grupo de recursos Mudança 1 Período II... 152 Quadro 63: Classificação da mudança organizacional Mudança 2 Período II... 154

x Quadro 64: Modo e processo de monitoramento Mudança 2 Período II... 156 Quadro 65: Classificação dos recursos Mudança 2 Período II... 158 Quadro 66: Grupo de recursos Mudança 2 Período II... 159 Quadro 67: Classificação da mudança organizacional Mudança 3 Período II... 162 Quadro 68: Modo e processo de monitoramento Mudança 3 Período II... 164 Quadro 69: Classificação dos recursos Mudança 3 Período II... 167 Quadro 70: Grupo de recursos Mudança 3 Período II... 167 Quadro 71: Classificação da mudança organizacional Mudança 4 Período II... 169 Quadro 72: Modo e processo de monitoramento Mudança 4 Período II... 171 Quadro 73: Classificação dos recursos Mudança 4 Período II... 172 Quadro 74: Grupo de recursos Mudança 4 Período II... 173 Quadro 75: Classificação da mudança organizacional Mudança 5 Período II... 175 Quadro 76: Modo e processo de monitoramento Mudança 5 Período II... 177 Quadro 77: Classificação dos recursos Mudança 5 Período II... 178 Quadro 78: Grupo de recursos Mudança 5 Período II... 179 Quadro 79: Classificação da mudança organizacional Mudança 6 Período II... 182 Quadro 80: Modo e processo de monitoramento Mudança 6 Período II... 183 Quadro 81: Classificação dos recursos Mudança 6 Período II... 185 Quadro 82: Grupo de recursos Mudança 6 Período II... 185 Quadro 83: Classificação da mudança organizacional Mudança 7 Período II... 187 Quadro 84: Modo e processo de monitoramento Mudança 7 Período II... 189 Quadro 85: Classificação dos recursos Mudança 7 Período II... 191 Quadro 86: Grupo de recursos Mudança 7 Período II... 191 Quadro 87: Classificação da Mudança Organizacional Mudança 8 Período II... 193 Quadro 88: Modo e processo de monitoramento Mudança 8 Período II... 195 Quadro 89: Classificação dos recursos Mudança 8 Período II... 196 Quadro 90: Grupos de recursos Mudança 8 Período II... 197 Quadro 91: Classificação da mudança organizacional Mudança 9 Período II... 199 Quadro 92: Modo e processo de monitoramento Mudança 9 Período II... 201 Quadro 93: Classificação dos recursos Mudança 9 Período II... 203 Quadro 94: Grupo de recursos Mudança 9 Período II... 203 Quadro 95: Classificação da mudança organizacional Mudança 10 Período II... 206 Quadro 96: Modo e Processo de monitoramento Mudança 10 Período II... 207

xi Quadro 97: Classificação dos recursos Mudança 10 Período II... 209 Quadro 98: Grupo de recursos Mudança 10 Período II... 210 Quadro 99: Classificação da mudança organizacional Mudança 11 Período II... 212 Quadro 100: Modo e processo de monitoramento Mudança 11 Período II... 213 Quadro 101: Classificação dos recursos Mudança 11 Período II... 215 Quadro 102: Grupo de recursos Mudança 11 Período II... 216 Quadro 103: Mudança, recursos e monitoramento Período II... 220 Quadro 104: Processo de Monitoramento Períodos I e II... 230 Quadro 105: Mudança, recursos e monitoramento Períodos I e II... 239

xii LISTA DE TABELAS Tabela 1: Grupo de recurso X recursos envolvidos/desenvolvidos/adquiridos - Período I... 141 Tabela 2: Grupo de recurso X modo de monitoramento - Período I... 142 Tabela 3: Tipo de mudança X modo de monitoramento - Período I... 143 Tabela 4: Grupo de recurso X recursos envolvidos/desenvolvidos/adquiridos Período II.. 217 Tabela 5: Tipo de mudança X modo de monitoramento Período II... 218 Tabela 6: Grupo de recurso X modo de monitoramento Período II... 219 Tabela 7: Tipo de mudança episódicas e contínuas Períodos I e II... 221 Tabela 8: Grupo de recursos identificados X percentual de mudanças Períodos I e II... 223 Tabela 9: Grupo de recurso X recursos envolvidos/desenvolvidos/adquiridos Períodos I e II.... 225 Tabela 10: Recursos intangíveis Períodos I e II... 227 Tabela 11: Recursos tangíveis Períodos I e II... 228 Tabela 12: Modo de Monitoramento Períodos I e II... 229 Tabela 13: Tipo de mudança X modo de monitoramento Períodos I e II... 232 Tabela 14: Grupo de recurso X modo de monitoramento Períodos I e II... 233 Tabela 15: Recursos intangíveis identificados por modo de monitoramento Períodos I e II...... 234 Tabela 16: Recursos tangíveis identificados por modo de monitoramento Períodos I e II. 235 Tabela 17: Recursos intangíveis identificados por tipo de mudança Períodos I e II... 236 Tabela 18: Recursos tangíveis identificados por tipo de mudança Períodos I e II... 236

xiii LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AR - Administração Regional do SENAC/SC CEE - Conselho Estadual de Educação CEPU - Centro de Estudo Pré Universitário CNC - Confederação Nacional do Comércio CPA - Comissão Própria de Avaliação DN - Departamento Nacional do SENAC DR - Departamento Regional do SENAC/SC EAD - Educação a Distância ENANPAD - Encontro Nacional da Associação Nacional dos Programas IES - Instituição de Ensino Superior LDB - Lei de Diretrizes e Bases MCE - Movimento Catarinense para Excelência MEC - Ministério da Educação e Cultura MEGS - Modelo de Excelência da Gestão SENAC NES - Núcleo de Educação Superior ONGs - Organizações não Governamentais PPGA - Programa de Pós-Graduação em Administração RBV - Resource Based View SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SESC - Serviço Social do Comércio UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina UNICA - Centro de Educação Superior UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí UO - Unidade Operativa VC - Vantagem Competitiva VCS - Vantagem Competitiva Sustentável

xiv SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA... 15 1.1 OBJETIVOS... 20 1.1.1 OBJETIVO GERAL... 20 1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 20 1.2 ESTRUTURA DA PESQUISA... 20 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 21 2.1 INTRODUÇÃO... 21 2.2 O ESTUDO DA MUDANÇA... 22 2.3 AMBIENTE... 29 2.4 MONITORAMENTO DO AMBIENTE... 39 2.4.1 MODOS DE MONITORAMENTO... 45 2.4.2 PROCESSO DE MONITORAMENTO... 48 2.5 RECURSOS... 53 2.5.1 RECURSOS, VANTAGEM COMPETITIVA E CAPACIDADES... 61 3 METODOLOGIA... 65 3.1 SENAC FLORIANÓPOLIS COMO OBJETO DE ESTUDO... 73 4 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS DA PESQUISA... 76 4.1 PERÍODO I... 78 4.1.1 Mudança 1: Oferta dos Cursos Técnicos em Parceria com o Governo do Estado... 78 4.1.1.1 Análise Teórica da Mudança 1... 78 4.1.2 Mudança 2: Alteração do Regimento da Unidade Operativa/Novos Núcleos... 85 4.1.2.1 Análise Teórica da Mudança 2... 85 4.1.3 Mudança 3: Alteração da Forma de Contratação dos Orientadores... 93 4.1.3.1 Análise Teórica da Mudança 3... 93 4.1.4 Mudança 4: Saída dos Coordenadores para a Administração Regional... 99 4.1.4.1 Análise Teórica da Mudança 4... 99 4.1.5 Mudança 5: Profissionalização da Divulgação dos Cursos com a Contratação de... Profissionais Externos... 106 4.1.5.1 Análise Teórica da Mudança 5... 106 4.1.6 Mudança 6: Oferta dos Primeiros Cursos Técnicos do SENAC em Florianópolis. 114

xv 4.1.6.1 Análise Teórica da Mudança 6... 114 4.1.7 Mudança 7: Alteração do modelo pedagógico/competência... 122 4.1.7.1 Análise Teórica da Mudança 7... 122 4.1.8 Mudança 8: Reforma na Estrutura Física da Unidade... 128 4.1.8.1 Análise Teórica da Mudança 8... 128 4.1.9 Mudança 9: Enxugamento da Folha/Corte de salários... 134 4.1.9.1 Análise Teórica da Mudança 9... 134 4.1.10 Análise Teórica - Período I... 140 4.2 PERÍODO II... 145 4.2.1 Mudança 1: Oferta dos Cursos Superiores em Tecnologia em Parceria com a... Única/Udesc... 145 4.2.1.1 Análise Teórica da Mudança 1... 145 4.2.2 Mudança 2: Saída da Área de Saúde e Beleza para a Rua Sete de Setembro... 152 4.2.2.1 Análise Teórica da Mudança 2... 152 4.2.3 Mudança 3: Oferta dos Cursos Superiores em Tecnologia SENAC/SC... 160 4.2.3.1 Análise Teórica da Mudança 3... 160 4.2.4 Mudança 4: Novo Regimento para a Faculdade SENAC Florianópolis... 168 4.2.4.1 Análise Teórica da Mudança 4... 168 4.2.5 Mudança 5: Saída da Área de Informática/Criação de Nova Unidade Operativa... 173 4.2.5.1 Análise Teórica da Mudança 5... 173 4.2.6 Mudança 6: Adequação ao Catálogo do MEC para os Cursos Superiores... 180 4.2.6.1 Análise Teórica da Mudança 6... 180 4.2.7 Mudança 7: Oferta dos Cursos de Pós-Graduação SENAC Florianópolis... 186 4.2.7.1 Análise Teórica da Mudança 7... 186 4.2.8 Mudança 8: Oferta dos Cursos de Pós-Graduação EAD Florianópolis... 192 4.2.8.1 Análise Teórica da Mudança 8... 192 4.2.9 Mudança 9: Desmembramento da Área de Saúde e Beleza/Criação de Nova Unidade... 198 4.2.9.1 Análise Teórica da Mudança 9... 198 4.2.10 Mudança 10: Redução da Oferta da Área de Idiomas... 204 4.2.10.1 Análise Teórica da Mudança 10... 204 4.2.11 Mudança 11: Criação do NES Núcleo de Educação Superior... 210 4.2.11.1 Análise Teórica da Mudança 11... 210

xvi 4.2.12 Análise Teórica - Período II... 216 5 ANÁLISE TEÓRICA QUE COMPREENDE O PERÍODO I e II, DE 1996 a 2008... 221 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 241 REFERÊNCIAS... 247 APÊNDICES... 257 APÊNDICE A - Roteiro da entrevista... 258 APÊNDICE B - Protocolo de pesquisa... 261

15 1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA Este estudo buscou contribuir para a melhor compreensão de como os recursos e o monitoramento ambiental se relacionam em cada mudança organizacional ocorrida na Faculdade SENAC Florianópolis a partir da nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB/1996). Para isso, os recursos e o monitoramento ambiental foram as lentes teóricas que subsidiaram as análises. Os motivos da definição por recursos e monitoramento como lentes teóricas, assim como o SENAC Florianópolis como objeto de estudo serão apresentadas no decorrer do trabalho. Buscou-se compreender a relação de diferentes teorias, tendo como base de análise as mudanças organizacionais ocorridas em um determinado período de tempo. Cada mudança organizacional possui características que apenas podem ser observadas com uma profunda investigação e análise de aspectos que não são facilmente percebidos, como compreender a relação de fatores internos e externos ao ampliar a visão sobre os recursos e como cada mudança provoca impacto nos recursos tangíveis e intangíveis da organização. Da mesma forma, a complexidade dos estudos do ambiente externo exige outra minuciosa investigação, pois lida com questões de difícil mensuração, como a forma com que as organizações monitoram o ambiente e a percepção dos gestores sobre os fatores externos. Estas características tornaram os estudos ainda mais desafiadores. A partir do crescente interesse da comunidade científica em compreender melhor como as organizações lidam com o ambiente externo, teorias emergem no campo do monitoramento ambiental e são apresentadas por diversos autores, como: Aguilar (1967), Daft e Weick (1984), Choo (1999), Cancellier (2004) e Kraisch (2006), que serão detalhados neste estudo. Os autores extrapolam as análises dos limites internos organizacionais, muito além dos tradicionais controles de custos, das análises de balanços patrimoniais, da melhoria dos processos produtivos, da implementação de tecnologias ou outros fatores internos à organização. Muitas destas análises citadas, como financeiras ou custos, focavam-se em dados e análises do passado e de fatores internos da organização, mas as constantes mudanças do ambiente passaram a exigir um olhar diferenciado das organizações e de seus gestores, não apenas atentos aos fatores internos, mas focados nas informações do ambiente externo que permita se antecipar aos acontecimentos futuros, agir pró-ativamente na busca de informações

16 e sinais do ambiente que permitam aos gestores tomarem decisões com menores riscos aos recursos. Este estudo tem como base a percepção do ambiente na visão dos gestores, ou seja, o estudo se foca na leitura que o gestor faz do ambiente real para tomar decisões e implementar as mudanças. (CHILD E SMITH, 1987) Estudos de monitoramento ambiental não se tratam de tentativas de previsão do futuro, mas de visualizar o futuro como múltiplo e incerto, segundo Godet (1993), e buscar tentativas de auxiliar os gestores na formulação das estratégias e na tomada de decisões pautadas em dados concretos que permitam fazer projeções futuras, e ainda, desenvolver habilidades organizacionais que respondam de forma pró-ativa às diversas variáveis ambientais, minimizando os riscos da mudança. Segundo Cancellier e Alberton (2008), estudos de monitoramento do ambiente são mais desenvolvidos no exterior e ainda incipientes no Brasil, exigindo mais atenção dos pesquisadores. Recursos, como outra lente teórica deste estudo têm sido ao longo das duas últimas décadas, olhar principalmente para dentro da organização e o conceito ganha força a partir dos estudos da Resource Based View (RBV) que enxerga a organização como um conjunto de recursos tangíveis e intangíveis que acumulados geram vantagem competitiva sobre as demais organizações. Autores como Penrose (1959), Barney (1986, 1991), Dierickx & Cool (1989), Wernerfelt (1984) e Pike, Roos e Marr (2005), serão apresentados na fundamentação teórica e defendem a importância dos recursos para o sucesso das firmas. Estudos sobre recursos buscam compreender como as organizações lidam com seus recursos, como desenvolvem, adquirem, como os mantém e como são mensurados. Segundo Helfat e Peteraf (2003), a RBV, está focada nas condições internas e busca analisar como são obtidos, combinados e aplicados os recursos, tangíveis ou intangíveis pertencentes à uma firma. É importante observar que os estudos sobre recursos despertaram interesse recentemente para a ciência, e pode ser observado pelos estudos do Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração - EnANPAD. Uma quantidade razoável de estudos passa a ser encontrada cerca de quinze anos depois do trabalho seminal de Wernerfelt (1984) e oito anos depois do trabalho fundamental de Barney (1991) (SERRA; FERREIRA e PEREIRA, 2007, p. 11). Mas no EnANPAD, ao comparar a quantidade de trabalhos de RBV e estratégia, apenas a partir de 2001 se observa um número significativo de trabalhos realizados por pesquisadores brasileiros.

17 A complexidade das teorias que envolvem recursos, assim como pesquisas sobre recursos terem sido aprofundadas somente nas últimas décadas, colaboram para que os estudos sobre o tema tenham maior interesse da comunidade científica. Muitas perguntas carecem de respostas; há ainda poucos estudos empíricos que avaliem a RBV em uma abordagem dinâmica, integrada aos modelos ambientais de estratégia. Esta carência talvez seja explicada pela maior dificuldade de observação, definição e mensuração de recursos mais complexos e capacidades implicitamente integradas (PEREIRA E FORTE, 2008, p. 05) Nas ciências sociais, muitas teorias emergiram na busca da melhor compreensão de como as organizações se comportam, como se relacionam com outras organizações, como agem seus gestores, como desenvolvem ou adquirem recursos e como monitoram o ambiente, porém, não foi identificada pesquisas ou um modelo aplicado que trata diretamente da relação entre os modos e o processo de monitoramento do ambiente com a obtenção, desenvolvimento e envolvimento dos recursos nas mudanças organizacionais, o que também reforça a relevância do tema escolhido. Neste estudo, identificou-se os recursos desenvolvidos e adquiridos, assim como os recursos foram envolvidos em cada mudança organizacional e desta forma buscou-se compreender como a Faculdade SENAC Florianópolis fez a gestão de seus recursos no período de tempo em estudo. Para Galunic & Rodan (1998), existe um avanço que permite observar não apenas quais recursos são valiosos para a firma, mas como estes recursos podem ser desenvolvidos ou adquiridos. Ao identificar cada um dos recursos e como foram envolvidos, desenvolvidos e adquiridos, relacionou-se com a forma que a organização monitorou o ambiente em cada uma das mudanças, e assim, buscou-se compreender sobre diferentes aspectos como: recursos expostos a riscos em mudanças implementadas sem uma ação estruturada de monitoramento, sinais percebidos no ambiente e oportunidades aproveitadas a partir de ações de monitoramento, possíveis limitações da visão dos gestores em mudanças realizadas com informações limitadas do ambiente, entre outros aspectos que puderam ser observados. Ou seja, o estudo apresentou diversas possibilidades de análises devido a complexidade da pesquisa, tendo em vista a transversalidade dos temas. Mesmo não encontrado estudos diretamente relacionados ao quarto objetivo específico desta pesquisa, que relacionem as diferentes teorias, autores apontam a necessidade de novas investigações que relacionem o ambiente interno ao externo e desta forma, buscouse reforçar a justificativa desta dissertação. Segundo Rossetto (1998), as pesquisas