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Origem: ICP 0040/2009 PRT/ 19ª Região Procuradora oficiante: Maria Roberta Melo da Rocha Interessados: Sinair Braz Porto de Q. R. Lima e Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS) Assunto: discriminação no trabalho EMENTA: Substituição de empregados terceirizados. Motivação política. Não comprovação. Recurso administrativo improvido. Arquivamento homologado. I - RELATÓRIO O presente feito originou-se de denúncia feita por Luciano Barbosa da Silva e outros, todos representados pela advogada Sinair Braz Porto de Q. R. Lima (fls. 13/17). Noticia-se a existência de perseguição política contra os empregados terceirizados do DNOCS Departamento Nacional de Obras contra a Seca, os quais estariam prestes a serem substituídos. No decorrer da instrução, verificou-se que a sede da empresa denunciada localizava-se em Palmeira dos Índios, e não em Maceió. Assim, considerando a recém instalação da Procuradoria do Trabalho no Município de Arapiraca, com abrangência na cidade de Palmeira dos Ìndios, foi determinado o envio dos autos àquela PTM, em 04 de fevereiro de 2009 (fl. 29). 1

O douto Procurador oficiante, Dr. Marcelo C. Souto Maior, propôs o arquivamento do feito, assim se posicionando (fls. 79/80): Realizada audiência administrativa no âmbito desta Procuradoria do Trabalho no Município de Arapiraca, o mencionado gestor estadual afirmou que, não obstante ter, de fato, solicitado a substituição dos servidores terceirizados da entidade autárquica, tal ato ocorrera por motivos de gestão administrativa, não tendo sido jamais calcado em critérios políticos. (...) Nesta ocasião, frise-se, o depoimento do Sr. Coordenador foi ratificado pelos representantes legais das empresas de terceirização de mão de obra presentes, quais sejam, Nordeste Segurança de Valores de Alagoas e Pontual Terceirização, Negócios e Empreendimentos Ltda. (...) a Ilma. Sra. Sinair Braz Porto Q. R. Lima (fls. 72/73) informou que não houve a concretização das substituições pela mesma narrada na denúncia, bem como confirmou o encerramento do contrato firmado com a empresa Pontual Terceirização, Negócios e Empreendimentos Ltda, postulando, ao final, o arquivamento em face da perda do objeto. Os interessados interpuseram recurso administrativo às fls. 82/84, alegando que a situação justificadora do arquivamento alterou-se. Senão vejamos: Acontece Exª, que tudo foi modificado aos 02 de junho de 2009, quando os funcionários da empresa Nordeste Segurança de Valores, acima nominados, foram supreendidos através de um 2

telefonema do gerente da empresa Nordeste Segurança de Valores, o qual informou aos Recorrentes que os mesmos não mais prestariam serviço no DNOCS, passando a cobrir às férias de outros funcionários do Banco do Brasil e Vale Dourado, e, quando questionados sobre o motivo, apenas alegaram que como já sabiam, era por motivação política (...) Foram apresentadas contrarrazões pelo Coordenador do DNOCS (fls. 88/940 e também pela Nordeste Segurança de Valores de Alagoas Ltda. (fls. 115/117). Em 28 de setembro de 2009, os autos foram redistribuídos à Dra. Maria Roberta Melo da Rocha (certidão de fl. 121 dos autos), que ratificou o arquivamento, nos seguintes termos (fls. 122/123): Pois bem, entende esta Procuradora que o ato de transferência de posto de serviço dos empregados, por si só, não caracteriza perseguição política. Trata-se, pelo contrário, de prerrogativa da empregadora, decorrente de seu poder de direção. (...) (...) as empresas denunciadas apresentaram alegação razoável de que as transferências ocorreram por necessidade do serviço. Vale mencionar que a transferência de trabalhadores da empresa terceirizada (prestadora) para outros órgãos tomadores do serviço, demonstra, no entender esta Procuradora, estar-se diante de uma terceirização lícita no âmbito da Administração Pública, onde inexistente a pessoalidade e subordinação direta entre 3

trabalhador e tomador de serviços, consoante entendimento consubstanciado na Súmula 331 do C. TST. Os autos foram remetidos a este Gabinete em 05 de abril de 2010. É o sucinto relatório. II VOTO A promoção de arquivamento está apta a ser homologada. O documento de fl. 96, juntado com as contrarrazões, revela que a substituição de dois funcionários terceirizados foi realizada pela própria empresa de vigilância, sendo apenas comunicado o rodízio dos trabalhadores ao investigado (DNOCS). Cite-se trecho do ofício: Apresento a vossa senhoria, os vigilantes designados a prestarem serviços de segurança em caráter efetivo, em substituição dos vigilantes matrícula-4423- LUCIANO BARBOSA DA SILVA e 4724-FRANCISCO ÓRBITO BRAZ PORTO, por motivo de rodízio, no horário de 07:00 às 19:00 hs. Não há, in casu, indícios de perseguição política dos empregados terceirizados e, como bem dito pela douta Procuradora oficiante à fl. 123, a 4

transferência de trabalhadores da empresa terceirizada (prestadora) para outros órgãos tomadores do serviço, demonstra a existência de terceirização lícita no âmbito da Administração Pública, já que inexistente a pessoalidade e subordinação direta entre trabalhador e tomador de serviços, Por todo o exposto, não alcança provimento o presente recurso administrativo, devendo ser homologada a proposta de arquivamento. Todavia, fazem-se necessárias algumas considerações, tendo em vista o posicionamento do então Procurador oficiante, Dr. Marcelo C.Souto Maior, no sentido de que seria dispensável a intimação da autarquia denunciada, conforme decisão da CCR tomada na 25ª Reunião Extraordinária (fl. 80). Na 155ª Reunião Ordinária da CCR, realizada em 18/03/2008, entendeu-se que os interessados devem ser cientificados pessoalmente por AR ou por correio eletrônico, sendo, neste último caso, recomendável que se encaminhe o aviso de confirmação de leitura. Entendeu-se, ademais, que em caso de não localização dos interessados deve-se fixar termo em quadro de aviso na Regional (PGT/CCR/nº 657/2008, Relatora: Maria Aparecida Gugel). Posteriormente, na 25ª Reunião Extraordinária da CCR, realizada em 10/04/2008, foi complementada a decisão anterior, conceituando-se por interessados aqueles que têm legitimidade e interesse efetivo para recorrer da promoção de arquivamento. Deliberou-se, ainda, pela desnecessidade de ciência 5

àqueles que, por dever de ofício tenham feito a representação por meio de mera comunicação. Mais recentemente (40ª Reunião Extraordinária, de 06/05/2009), a CCR decidiu pela necessidade de notificação do denunciado, a qual se ampara na materialização dos princípios do contraditório e da ampla defesa, além de seu direito à informação. Cite-se trecho do voto do Relator, Dr. Rogerio Rodriguez Fernandez Filho (Consulta nº 2911/2009): - Qual o fundamento jurídico a amparar o direito líquido e certo do representado a ser notificado de promoção de arquivamento de procedimento UNILATERAL, sem lesão ou ameaça de lesão à sua liberdade ou situação patrimonial? O inciso LV, artigo 5º, da Constituição da República, combinado com caput do artigo 37; inciso LX, artigo 5º, inciso LIV, idem, todos da Constituição da República. - Em que casos o representado ostentará ou não interesse efetivo para recorrer da decisão que promove o arquivamento? Prejudicada, porque não se trata, como se tentou demonstrar na exposição, do direito de recorrer, e sim de ser cientificado do arquivamento para efeito liberatório da pendência administrativa ou, ainda, se quiser e em princípio ao contraditório, aduzir razões em prol da homologação do arquivamento. Em 26/05/2009 (167ª Reunião Ordinária), o colegiado deliberou que a desnecessidade de cientificação daqueles que, por dever de ofício, tenham feito a representação por meio de mera comunicação não se aplica ao Ministério 6

Público Estadual ou Federal que já tenha emitido juízo de valor, ainda que precário, sobre o objeto investigado, em homenagem ao princípio da unidade. No último dia 23 de março do corrente (175ª Reunião Ordinária), a CCR entendeu, ademais, que o dever de comunicar irregularidades/ilegalidades das quais tenha conhecimento está relacionado ao exercício de um cargo, emprego ou função pública, não sendo o caso, pois, do sindicato, o qual embora detenha o dever legal de defender os direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria que representa, não age de forma vinculada como o agente público, constituindo-se em entidade da esfera privada. No caso específico destes autos, todavia, não houve prejuízo para o denunciado, o qual teve oportunidade de se manifestar quando do oferecimento de contrarrazões (fls. 88/94). De toda sorte, há de se atentar para o disposto no art. 10, 1º da Res. 69/2007 do CSMPT 1, bem como para os precedentes da CCR antes citados. Feitas as considerações anteriores, deve ser improvido o recurso administrativo e homologada a proposta de arquivamento. É o meu voto. 1 Art. 10, 1º: Os autos do inquérito civil ou do procedimento preparatório, juntamente com a promoção de arquivamento, deverão ser metidos à Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho, no prazo de três dias, contados da comprovação da efetiva cientificação pessoal dos interessados, por via postal ou correio eletrônico, ou da lavratura de termo a ser afixado em quadro de aviso no Ministério Público do Trabalho, quando não localizados os que devem ser cientificados. 7

III - CONCLUSÃO Com base na fundamentação supra, voto pelo não provimento do recurso administrativo apresentado, devendo ser homologada a proposta de arquivamento. Brasília/DF, 23 de abril de 2010. Lucinea Alves Ocampos Membro da CCR - Relatora 8