ORIENTAÇÕES PARA PROCESSOS DE AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS PARA APROVEITAMENTO DE ESTUDOS, REVALIDAÇÃO DE DIPLOMAS, CERTIFICAÇÃO MODULAR E/OU DIPLOMAÇÃO. Setembro/013
Presidente do Conselho Deliberativo Yolanda Silvestre Diretor-superintendente Laura M. J. Laganá Vice-diretor Superintendente César Silva Chefe de Gabinete Luiz Carlos Quadrelli Coordenador de Ensino Médio e Técnico Almério Melquíades de Araújo Diretora do Grupo de Supervisão Educacional Sônia Regina Corrêa Fernandes Texto adaptado de: Lobo. S.M.A.; Sartorelli. A.L. Avaliação de competências: continuidade de estudos e diplomação in Avaliação na educação profissional: três dimensões. UFJF. 013 Colaboradores: Ana Lúcia Sartorelli Amnéris Ribeiro Cacciatori Roberto de Castro Stella Lobo Revisão ortográfica: Priscila Cristina Paiero Organização: Ana Lúcia Sartorelli Stella Lobo Setembro/013
Fluxograma do processo de Certificação de Competências Início 1 (Diretor Etec) Receber expediente e designar comissão (Comissão) Analisar documentos e Montar Plano de Trabalho: cronograma, definição dos instrumentos de avaliação, recursos Entrevistar candidato e entregar roteiro de estudos e cronograma de atividades Elaborar Avaliação Teórica a partir do Perfil Profissional de Conclusão Aplicar avaliação teórica Elaborar avaliação prática e entrevista semi estruturada Aplicar avaliação prática e entrevista (mesmo para candidatos com baixo rendimento na avaliação teórica) Emitir parecer (aprovado) Dar ciência ao candidato sobre resultado (Secretaria Acadêmica) Elaborar: Publicação GDAE / Histórico Escolar / Certificado e entregar ao candidato o Histórico Escolar e Certificado Encaminhar expediente para Diretor de Serviços área Administrativa (Elaborar o quadro pagamento HAE) Encaminhar expediente para o GSE Fim Analisar se o candidato apresenta as competências do técnico Candidato aprovado? 1 o Avaliar possibilidade de aplicar nova avaliação Emitir parecer (reprovado) Comissão aplica nova avaliação? É possível ingresso a partir do º módulo? Elaborar nova avaliação e roteiro de estudos das competências não demonstradas em outra avaliação Reunir-se com candidato para orientá-lo sobre competências não demonstradas e entregar novo roteiro de estudos Aplicar avaliação (teórica ou prática) Analisar se o candidato apresenta as competências do técnico Encaminhar candidato para vagas remanescentes Dar ciência ao candidato sobre resultado Encaminhar expediente para Diretor de Serviços área Administrativa (Elaborar o quadro pagamento HAE) Encaminhar expediente para o GSE Candidato aprovado? Fim 1
O que é avaliação de competências? Segundo Ramos (006, p.1), (...) avaliação por competências é um processo pelo qual se compilam evidências de desempenho e conhecimentos de um indivíduo em relação a competências profissionais requeridas. Sendo assim, a partir de um determinado perfil profissional de conclusão e das competências elencadas para este perfil, é possível aferir se um trabalhador possui as competências e está apto para continuidade estudos em módulo mais avançado ou ainda, tem condições de obter certificações parciais, caso o curso assim ofereça, ou até mesmo obter o diploma de conclusão do curso. Sendo assim, uma boa avaliação de competência deve ser capaz de articular os saberes desenvolvidos na educação básica (bases científicas) e na educação profissional (bases tecnológicas), a partir de competências adquiridas na educação básica, (ler e escrever textos, resolver problemas lógicos, entender determinados contextos, localizar-se no tempo e no espaço etc.) e de habilidades específicas como atitudes, conhecimentos técnicos e competências demandadas pelo mercado de trabalho. Portanto, avaliar por competências é trazer para dentro da escola as novas formas de relação existentes entre trabalho e conhecimento presentes no mundo contemporâneo. No modelo de competências não basta a posse dos saberes conferido pela escola, ou o diploma, mas sim, a capacidade de mobilizar esses saberes para resolver problemas e enfrentar problemas e intercorrências na situação de trabalho. Desta maneira, também assumem relevância habilidades e conhecimentos não formais, tácitos 1 ou sociais, remetendo-se assim a características individuais do trabalhador. Como aspecto positivo do modelo podemos verificar a valorização do trabalho, que assume um caráter mais intelectualizado, menos prescritivo, exigindo a mobilização de competências que envolvem domínios cognitivos mais complexos e que vão além da dimensão técnica, demandando novas exigências de qualificação do trabalhador e a elevação dos níveis de escolaridade. São valorizados os saberes em ação, a inteligência prática dos trabalhadores, independente de títulos ou diplomas. Para realizar o processo de avaliação de competências a Unidade deverá seguir os procedimentos: Designar uma comissão formada por três docentes ou dois docentes do curso e um coordenador (atribuição do Diretor); Certificar sobre quais são as competências do perfil de conclusão do módulo no caso de uma certificação parcial e, para os casos de diplomação, quais são as competências do perfil de conclusão do curso; Observar o desempenho do candidato, a partir da análise de cada membro da comissão e dela deve sair um parecer conclusivo sobre o processo. 1 Segundo Houaiss (001), a palavra tácito representa tudo aquilo não formalmente expresso. Conhecimento tácito indica, portanto, conhecimentos não sistematizados, adquiridos na experiência cotidiana do trabalho, independentemente de processos educativos formais (Nota da autora).
Que tipo de instrumentos a comissão poderá utilizar para averiguar estes saberes do trabalhador? A avaliação por competência é feita, sempre, a partir de instrumentos variados. A primeira etapa, em geral é uma avaliação diagnóstica, a partir de uma prova (discursiva ou prova teste) em que será possível identificar qual o nível de conhecimento científico que o candidato possui, ou não possui. Mas, apenas uma prova não oferece uma dimensão do saber do trabalhador. A prova teórica poderá ser o início de um processo, porém, nunca deve ser determinante neste mesmo processo. O processo deverá conter ainda mais duas fases distintas, com a utilização de instrumentos diferentes: Avaliação prática feita em laboratórios, nesta etapa o candidato deverá ser confrontado com um problema, uma situação real, prática e deverá conseguir resolvê-lo, mesmo que não consiga explicar. Saber resolver algo, mas não saber explicar porque resolveu daquela maneira determina que o candidato possui um saber tácito. Por fim, é imprescindível uma entrevista com o candidato, pois, outras competências podem ser evidenciadas a partir de uma conversa. Como a comissão poderá elaborar uma entrevista por competências? A entrevista por competências é estrategicamente estruturada para investigar o comportamento passado da pessoa em uma situação similar a da competência a ser investigada. Desta forma, a entrevista é uma investigação do comportamento passado do candidato. A entrevista deve ter suas perguntas estruturadas e planejadas com base no perfil de competências elaborado pelo Plano de Curso; e personalizada para cada perfil de competência - de cada Habilitação. Além disso, as perguntas utilizadas devem ser abertas e específicas; com verbos de ação no passado, por supor que o passado prediz o comportamento futuro e perguntas planejadas para obter respostas que tenham: Contexto, Ação e Resultado. Como estruturar esta entrevista? Uma primeira pergunta para entender a motivação do candidato poderia ser: Por que você escolheu esta habilitação /curso técnico? O objetivo é entender os motivos da escolha do curso. Trazer interesses que o levaram a trilhar esse caminho profissional e aspectos da sua formação são oportunos neste momento. Outra pergunta pertinente neste tipo de entrevista: Você se lembra de algo que tenha acontecido que tenha sido um obstáculo para realizar uma tarefa? Obstáculos aparecem diariamente e é importante, entender como as pessoas agem (ou reagem) nesses casos. Além de explicar qual era o obstáculo, o candidato deve contar o que ele fez para solucionar a questão. Em uma entrevista de competências as perguntas deverão ser planejadas de maneira a obter respostas que contenham: Contexto, Ação e Resultado. 3
As respostas dadas pelos candidatos que não explicitem esses três requisitos poderão ser consideradas vagas, imprecisas e necessitam ser mais averiguadas utilizando outras perguntas que direcionem o candidato às suas experiências, vivências, emoções e atitudes passadas, tais como: conte-me o que ocorreu nessa circunstância? Fale-me sobre como você agiu ou reagiu diante de...? Cite um exemplo do que você fez, qual a ação que você adotou ao deparar-se com...? Relate..., Descreva..., Como você resolveu... São perguntas que ajudam a identificar o contexto, a ação e o resultado sobre o comportamento dos candidatos diante das competências que serão consideradas importantes para aquele determinado curso. Também é importante que o docente que fará parte de uma comissão de avaliação de competências, em conjunto com seus pares, elenque alguns dados importantes para entrevistar os candidatos, certo? Por exemplo: Informações sobre vagas disponíveis nos caso de continuidade : Quantas vagas existem e em que módulos? Quais são as competências e os requisitos de acesso inerentes à vaga? Sobre o indivíduo: Qual/quais é/são o aspecto(s) mais importante(s) da pessoa que você pretende aprovar: Cognitivo, comportamental, prático? Como você visualiza o candidato junto aos docentes e alunos do módulo em questão? Você visualiza as competências necessárias para o prosseguimento de estudos na pessoa a sua frente? Sobre a Escola: Quais as principais expectativas da Escola em relação aos alunos e aos candidatos? Quais os principais valores, princípios e ideais da escola e do curso? Quais as vantagens em estudar nesta escola? Desta forma, uma avaliação de competência, para ser completa deve ser composta pelos três instrumentos: Avaliações teóricas sobre bases científicas necessárias para a compreensão das bases tecnológicas do curso; Avaliações práticas em laboratórios a partir de situações-problema; E entrevista semiestruturada por competências; Para a condução de entrevistas por competências eficientes é importante estar atento para: Clareza sobre as competências de cada módulo do curso que o sujeito é candidato para poder conduzir a entrevista orientada por competências; Evitar questões discriminatórias; Anotar as impressões imediatamente após a entrevista. confiar na memória; Discutir as impressões com a comissão e chegar a um parecer de consenso conclusivo. As avaliações práticas poderiam propor situações limite às quais os profissionais se deparam no dia a dia, avaliando se o candidato soluciona o problema apresentado de acordo com as competências do técnico, demonstrando não só o conhecimento científico como também o atitudinal? 4
. Também parece importante salientar que, nos casos em que o candidato deseje ingressar em um módulo mais avançado, por ter sido avaliado em suas competências profissionais, ele, no caso de ser aprovado, deve ser acompanhado pelos docentes e pela coordenação de curso. Afinal, não basta avaliar os saberes do trabalhador e acolhê-lo em sala de aula, é necessária aproximação e acompanhamento para que a tarefa seja bem sucedida e para que o acesso à educação formal em uma habilitação técnica gere mais conhecimento para o trabalhador e que este conhecimento resulte na conclusão do curso, gerando um diploma. Pensando em uma unidade com cursos distintos como agropecuária, nutrição, administração, mecânica de automóveis, edificações, é possível ter um procedimento padrão com relação aos instrumentos de avaliação?, os instrumentos: avaliação escrita, entrevista e prova prática poderão ser aplicados a todos. O que muda é a perspectiva da elaboração de cada instrumento. Desta maneira, a avaliação teórica e prática de cada um dos diferentes cursos seria distinta. Em agropecuária, por exemplo, poderia ser apresentado um campo de prova com diferentes situações que necessitam de algum tipo de diagnóstico e intervenção, como preparação e correção de solo, combate de pragas, avaliação das fases das mudas. Já em nutrição, poderia ser apresentado alimento in natura que necessitasse de algum tipo de higienização antes do preparo. Se na avaliação de competências os professores perceberem que o aluno não tem todas as competências requeridas para um técnico, porém tem, sim, um bom conhecimento e domínio sobre parte da profissão, o que deve ser feito? Neste caso, a escola poderá proporcionar ao aluno um ITINERÁRIO FORMATIVO elencando os componentes que o aluno precisaria cursar entre os módulos intermediário ou final. Desta forma, ele poderá desenvolver as competências que não possui, ou aquelas em que apresenta lacunas teóricas, por exemplo. Referências: RAMOS. M.N. Avaliação por Competências. In: Dicionário a Educação Profissional em Saúde, 006. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/avacom.html. Acesso em: 10 jun. 01. 5