ANÁLISE DE PRONTUÁRIOS DE PACIENTES COM GASTRITE EM UM HOSPITAL NA REGIÃO OESTE II DO ESTADO DE GOIÁS

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Transcrição:

Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n 1, 2015, p (1-9), 2014 ISSN 18088597 ANÁLISE DE PRONTUÁRIOS DE PACIENTES COM GASTRITE EM UM HOSPITAL NA REGIÃO OESTE II DO ESTADO DE GOIÁS Nathany Santana Dias¹, Paola Alves Santos¹, Mariana Viana Pinto¹, Cristiane Karla Caetano Fernandes¹, Antônio de Freitas Gonçalves Júnior¹, Sueza Abadia Oliveira de Souza¹, Brenda de Oliveira Monteiro Mendonça¹, Fernanda Aparecida Vargas de Brito e Alves¹. Resumo: A gastrite é uma doença inflamatória da mucosa gástrica do estômago, sendo que agressão que desencadeia o processo pode ser aguda ou crônica. O objetivo deste estudo foi à análise de prontuários de pacientes diagnosticados com gastrite e internados em um hospital da região Oeste II do Estado de Goiás, Brasil. A pesquisa foi realizada no período de março a julho no ano de 2014, por meio de prontuários nos quais foram verificados o sexo e faixa etária dos pacientes, tempo de internação e os principais medicamentos utilizados por estes pacientes e possíveis interações medicamentosas entre eles. Fizeram parte do estudo 45 pacientes internados com gastrite, sendo 26 do sexo masculino e 19 do sexo feminino, com faixa etária de 15 aos 90 anos, com os períodos de internação de 3 a 10 dias, sendo a ranitidina mais vezes prescrita e observou-se interação medicamentosa envolvendo omeprazol e diazepam. Através dos prontuários analisados, observou-se uma prevalência da gastrite no sexo masculino. Verificou-se um predomínio da doença na faixa etária dos 61 aos 70 anos. Quanto ao tempo de internação foi maior no período de três dias. Observou-se uma prevalência da ranitidina sendo mais vezes prescrita e observou-se uma interação medicamentosa envolvendo omeprazol e diazepam. Palavras-chave: Doença gástrica. Helicobacter pylori. Interação medicamentosa. CHART ANALYSIS OF PATIENTS WITH GASTRITIS IN A HOSPITAL IN WEST REGION II OF THE STATE OF GOIÁS Abstract: The gastritis is an inflammatory illness in the stomach gastric mucous. Gastritis is an aggressive disease resulting in chronic gastritis. The objective of this study is make a charts analyse from pacients diagnosed with gastritis that were hospitalized in an hospital in West Region of Goiás State, Brazil. The research it was realized in the period of March until July in the year of 2014 through the charts. In these charts, we verified the pacients sex and age group, the hospitalization period and the main remedies between them. About 45 pacients researched who were hospitalized with gastritis, about 26 masculine and 19 female, in the age group of 15 until 90 years old. It was verified that the hospitalization period was from 2 until 10 days and the Ranitidina medicament it was used more than others. It observed that have a interaction medicament between the Omeprazol and Diazepam remedies. Through the charts analyzed, it was observed that gastritis illness is more frequent in men than women. The illness is more predominate in the age group from 61 until 70 years old. Concerning to the period of hospitalization, the bigger was about 3 days. With prevalence Ranitidina was more used than other remedies. The Ranitidina remedy prescriptive more than other remdies and it was observed a medicament interaction between Omeprazol and Diazepam. Key-words: Gastric Disease. Helicobacter pylori. Medicament Interaction. ¹Faculdade Montes Belos

Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n 1, 2015, p (2-9), 2014 ISSN 18088597 1. Introdução As gastrites são marcadas por reações inflamatórias na parede do estômago, quando essa barreira mucosa é danificada permite que o suco gástrico produzido pelo estômago cause danos como erosões ou infecções no revestimento que protege o estômago contra os fatores agressores. Sabe-se que, além da bactéria Helicobacter pylori, fatores ambientais também contribuem para o desenvolvimento dessa doença: bebidas alcoólicas, dieta inadequada, baixo nível socioeconômico, tabaco e medicamentos como os anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) estão relacionados ao desenvolvimento dessa doença (AGUIAR et al., 2002). A fase aguda da infecção geralmente é de curta duração sendo de natureza transitória e relacionada a fatores exógenos à mucosa (fatores ambientais), enquanto a fase crônica pode durar por anos ou até décadas apresentando nos indivíduos evolução lenta e assintomática, onde não se observam sintomas, levando a perdas significativas de estruturas glandulares responsáveis pela produção e liberação de muco (bactéria e também fatores ambientais). Essa doença se não tratada pode levar a úlceras podendo evoluir para câncer de estômago (SIQUEIRA et al., 2007). Embora a bactéria H. pylori não seja necessariamente o principal desencadeante do processo inflamatório na mucosa gástrica, pois existem outros fatores que contribuem para as gastrites, a infecção pela bactéria H. pylori se destaca, sendo presente na maioria dos casos. (DDINE et al., 2012). O Helicobacter pylori é uma bactéria gram-negativa, micro aerófila que provoca infecções localizadas na mucosa do estômago, considerada o principal causador da gastrite crônica. Sua sobrevivência no estômago se dá pela excreção da amônia produzida pela bactéria que a protege parcialmente contra essa acidez, devido essa bactéria ser urease positiva que possibilita a mesma converter uréia em amônia o que permite sua conservação em um meio ácido como fornecido pelo estômago. Esse microrganismo é em forma de hélice espiralada e através de seus flagelos permite a bactéria atravessar com facilidade a camada de muco até atingir o ph mais neutro localizado abaixo do muco, uma vez abaixo do muco a mesma se adere firmemente as células epiteliais do hospedeiro e, acredita-se que contribuem diretamente na destruição dessas células por liberar toxinas como exemplo proteases, lípase levando ao desequilíbrio dos fatores defensivos do epitélio (BARBOSA; SCHINONNI, 2011).

Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n 1, 2015, p (3-9), 2014 ISSN 18088597 Esta infecção pode acometer o ser humano em qualquer faixa etária, desde a infância até a fase adulta. Geralmente a infecção é adquirida na infância e pode progredir com o avanço da idade. A transmissão ocorre através do contato entre pessoa/pessoa, podendo ser por meio de contaminação fecal/oral ou oral/oral (DDINE et al., 2012). O tratamento convencional para irradiação da bactéria H. pylori no estômago humano utiliza-se do esquema tríplice, sendo empregado inibidor de bomba de prótons: omeprazol 20mg ou lanzoprazol 30 mg ou pantoprazol 40 mg;ao mesmo tempo claritromicina 500 mg, amoxicilina 1.000 mg; todos duas vezes ao dia durante 7 ou 14 dias. Verificou-se aproximadamente 80% de erradicação do microrganismo por meio deste tratamento. Existe ainda esquema de curta duração que emprega o uso claritromicina 400 mg com furazolidona 200 mg uma vez ao dia, durante uma semana (MINCIS; MINCIS; MINCIS, 2011). Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo realizar a análise de prontuários de pacientes portadores de gastrites internados em um hospital da região Oeste II do Estado de Goiás. Serão analisados diversos aspectos como: o sexo e faixa etária dos pacientes, período de internação e os principais medicamentos utilizados por estes pacientes e possíveis interações medicamentosas entre eles. 2. Material e métodos Trata-se de um estudo explicativo, do tipo documental com caráter quantitativo e qualitativo. Realizado em um hospital na região Oeste II do Estado de Goiás (Brasil), no ano de 2014, no período de março a julho. O levantamento de dados foi realizado através de prontuários de pacientes portadores de gastrite. Dos prontuários, coletamos dados referentes ao sexo, faixa etária dos pacientes, quais são os medicamentos mais utilizados para o tratamento da gastrite neste hospital, tempo de internação de cada paciente, verificação de possíveis interações medicamentosas entre os medicamentos que estão sendo utilizados pelos pacientes no tratamento dessa doença. Os fatores de inclusão deste estudo foram de todos os pacientes que apresentaram diagnóstico de gastrite nos meses de março a julho de 2014 neste hospital. Os de exclusão foram pacientes com outras doenças do trato gastrointestinal. A partir dos dados obtidos foram construídos gráficos a partir do programa Microsoft Excel que facilitaram a visualização dos resultados.

Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n 1, 2015, p (4-9), 2014 ISSN 18088597 3. Resultados Foram analisados 45 prontuários de pacientes internados em um hospital na região Oeste II do Estado de Goiás e diagnosticados com gastrite, sendo 26 do sexo masculino (57,7%) e 19 do sexo feminino (42,2%). Observou-se predomínio de gastrite no sexo masculino, embora não tenha sido encontrada na literatura pesquisada nenhuma relação que determina prevalência da gastrite em um dos sexos (Figura 1). Figura 1: Representa porcentagem de pacientes diagnosticados com gastrite em relação ao sexo em um hospital na região Oeste II do Estado de Goiás, Brasil, no período de março a julho de 2014. Observou-se em relação à faixa etária, entre 0 aos 90 anos, um predomínio da doença entre a idade dos 61 aos 70 anos, representando 17,7% (n=8) dos casos de gastrite (Figura 2). Segundo Ddine et al. (2012), esta infecção pode ser obtida em qualquer faixa etária, desde a infância até a fase adulta do ser humano.

Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n 1, 2015, p (5-9), 2014 ISSN 18088597 Figura 2: Representa porcentagem de pacientes diagnosticados com gastrite em relação à faixa etária em um hospital na região Oeste II do Estado de Goiás, Brasil, no período de março a julho de 2014. Quanto ao tempo de internação, foi maior no período de três dias com 53,3% dos prontuários analisados (n=24). O tempo máximo determinado pelo sistema único de saúde (SUS) em relação o período de internação dos pacientes acometidos com gastrite é de dois dias, sendo que no terceiro dia o paciente recebe alta. Caso o paciente fique menos que dois dias o SUS não paga pelo tratamento, já que o hospital só recebe do SUS quando se tem a apresentação de AH, ou seja, prontuário. Se eventualmente um paciente necessitar permanecer por mais dias internados, ou seja, mais de três dias o hospital oferece tratamento até sua melhora (Figura 3). Figura 3: Representa porcentagem de pacientes diagnosticados com gastrite em relação ao período de internação em um hospital na região Oeste II do Estado de Goiás, Brasil, no período de março a julho de 2014.

Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n 1, 2015, p (6-9), 2014 ISSN 18088597 Dos prontuários analisados, observou-se em relação aos medicamentos mais utilizados, predomínio da ranitidina representando 91,1% (n=41), omeprazol representando 66,6% (n=30), bromoprida representando 57,7% (n=26) e diazepam representando 42,2%(n=19). A contagem foi por número de pacientes que utilizaram o medicamento durante o período de internação (Figura 4). Figura 4: Representa os medicamentos mais utilizados no tratamento da gastrite em um hospital na região Oeste II do Estado de Goiás, Brasil, no período de março a julho de 2014. Quanto aos medicamentos mais utilizados foram averiguadas possíveis interações medicamentosas entre os quatro medicamentos mais prescritos no tratamento dessa doença. Através de dados literários foi observada uma interação envolvendo inibidores da bomba de prótons (omeprazol) com benzodiazepínicos (diazepam) (Figura 4). 4. Discussão O estudo revelou um predomínio da gastrite no sexo masculino, obtendo-se um percentual de 57,7% (n=26) para o sexo masculino e 42,2% (n=19) para o sexo feminino. Embora estudos demonstrem que essa doença apresenta-se igual em ambos os sexos (SIQUEIRA et al., 2007). Observou-se através do estudo em relação a faixa etária, que os dados relacionados com crianças e adolescentes entre 0 aos 20 anos não apresentou um percentual relevante quando comparado com percentual dos idosos. Crianças e adolescentes representaram 8,8% (n=4) dos casos de gastrite, porém averiguou-se um aumento da doença com o avanço da idade, entre intervalos de idade dos 61 aos 70 anos com 17,7% (n=8). Para Ddineet al. (2012), esta infecção pode acometer o ser

Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n 1, 2015, p (7-9), 2014 ISSN 18088597 humano em qualquer faixa etária, desde a infância até a fase adulta. Geralmente a infecção é adquirida na infância e pode progredir com o avanço da idade. Dados estes que estão de acordo com os resultados encontrados no estudo. Em relação ao período de internação dos pacientes acometidos com gastrite o tempo máximo determinado pelo sistema único de saúde SUS é de dois dias de internação, sendo que no terceiro dia o paciente recebe alta, Caso o paciente fique menos que dois dias o SUS não paga pelo tratamento, embora se um paciente necessitar permanecer por mais dias internados, ou seja, mais de três dias,o hospital oferece tratamento até sua melhora. Se caso algum paciente queira interromper o tratamento, o mesmo deve assinar um documento declarando seu desligamento do hospital, a partir do seu afastamento o paciente se torna responsável pelo término do tratamento. Todos os dias um fiscal passa nos leitos onde se encontram os pacientes internados perguntando se estão satisfeitos com o atendimento e se estão pagando por alguma medicação. O SUS sozinho não é capaz de suprir todas as necessidades do hospital, sendo assim o mesmo vende serviços para a prefeitura a fim de gerar verbas para se manter. Já que o SUS só cobre gastos de dois dias de internação, caso o paciente precisar ficar por mais dias, o hospital que se responsabiliza por seus gastos. Segundo Haro e Fey (2010), com relação ao tempo de tratamento intrahospitalar dos pacientes acometidos com doenças gástricas a maioria dos pacientes é tratado e recebe alta em até 72 horas, ou seja, três dias. Quanto aos medicamentos mais utilizados pelos pacientes internados com gastrite, observou-se prevalência da ranitidina, omeprazol, bromoprida e diazepam. Segundo Cosendeyet al. (2012), antagonistas do receptor H2 da histamina (ranitidina) e inibidores da bomba de prótons (omeprazol) são utilizados para o controle da acidez gástrica e no tratamento de úlceras pépticas e da doença do refluxo gastresofágico. No entanto a bromoprida exerce ação anti dopaminérgica, utilizada como um procinético intestinal no tratamento de transtornos motores do trato gastrointestinal (JULIANA; TONELLI, 2012). Os medicamentos ansiolíticos como os benzodiazepínicos são sugeridos no tratamento da ansiedade aguda, resultante de estresse passageiro. Além de possuir feito ansiolítico, também é utilizado em estados patológicos e no tratamento de náuseas e vômitos (TEIXEIRA; QUESADA, 2004). Dentre os medicamentos mais utilizados citados acima foi observado uma interação medicamentosa entre omeprazol e diazepam. Segundo Cosendeyet al.

Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n 1, 2015, p (8-9), 2014 ISSN 18088597 (2012), os inibidores da bomba de prótons (IBP) são biotransformados por CYP hepáticas e, portanto, podem interferir na eliminação de outros fármacos depurados por essa via. Foi observada uma interação dos IBP com benzodiazepínicos. Os IBP são metabolizados pelo complexo enzimático do citocromo P450, CYP 2C19 e 3A4, formando hidroximetabólitos e sulfonametabólitos, respectivamente. Na qual contribui para interações medicamentosas de fármacos que têm o mesmo mecanismo de metabolização, podendo aumentar ou diminuir a sua eliminação. O metabolismo hepático via complexo enzimático citocromo P450 é um determinante das interações medicamentosas (PAZ, RODRIGUEZ, FILHO, 2008). Segundo Cosendeyetal. (2012), a eliminação do diazepam se reduz em 26%quando administrado junto com omeprazol. Com isto, o omeprazol é preferencialmente eliminado pelo complexo CYP450. Isso provoca como citado acima uma redução em 26% na depuração do diazepam, podendo levar há um aumento na sua concentração plasmática. Em relação às interações medicamentosas o profissional farmacêutico se torna essencial para sua prevenção, pois ele assegura que o paciente tenha uma terapia farmacológica segura, assumindo assim um papel de grande relevância em beneficio ao paciente e também contribui para o seu uso racional, assume responsabilidade direta na colaboração com a equipe de profissionais de saúde e com os pacientes tendo como principal objetivo proporcionar um resultado terapêutico desejado (SOUZA; THOMSON; CATISTI, 2008). 5. Conclusão Observou-se uma prevalência da gastrite no sexo masculino, quando comparado com o sexo feminino. Verificou-se um predomínio da doença na faixa etária dos 61 aos 70 anos. Quanto ao tempo de internação foi maior no período de três dias. Observou-se em relação aos medicamentos mais utilizados, prevalência daranitidina, sendo este medicamento mais vezes prescrito. Quanto aos medicamentos mais utilizados foi observada uma interação medicamentosa envolvendo, omeprazol (IBP) com diazepam (benzodiazepínicos). Com relação às interações medicamentosas fato apresentado no estudo, o farmacêutico se torna indispensável nesta prática, pois o mesmo através de seus conhecimentos permite aos indivíduos uma terapia farmacológica segura e eficaz. Os objetivos buscados por esses profissionais são de diminuir ou prevenir o progresso de doenças. Dessa forma, assume responsabilidade

Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n 1, 2015, p (9-9), 2014 ISSN 18088597 juntamente com a equipe de saúde com propósito principal de alcançar o resultado terapêutico desejado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, D. C. F.;CORVELO, T.C.O.; ARAÚJO, M.; CRUZ, E.M.; DAIBES, S.; ASSUMPÇÃO, M.B. Expressão dos antígenos ABH e Lewis na gastrite crônica e alterações pré-neoplásicas da mucosa gástrica. Arquivo Gastroenterol, v. 39, n. 4, p. 222 232, 2002. BARBOSA, J. A.; SCHINONNI, M. I. Helicobacter pylori : associação com o câncer gástrico e novas descobertas sobre os fatores de virulência. Revista de Ciências Médicas e Biológia, v. 10, n. 3, p. 254 262, 2011. DDINE, L. C. et al. Fatores associados com a gastrite crônica em pacientes com presença ou ausência do Helicobacter Pylori. Arquivo Brasileiro Cirugia Disgestiva, v. 25, n. 2, p. 96 100, 2012. HARO, C. P.; FEY, A. Análise do perfil epidemiológico, tratamento e evolução dos pacientes com hemorragia digestiva alta atendidos no pronto socorro do hospital regional Alto Vale. Arquivo Catarinenses de Medicina, v. 39, n. 3, p. 51 56, 2010. JULIANA, T.; TONELLI, H. A. Acatisia associada à bromoprida em um paciente deprimido usando fluvoxamina. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 61, n. 1, p. 49 51, 2012. LANGELOH, A.; ROSÁRIO, B.A.; COSENDEY, C. H. A.; RODRIGUES, D.C.; MOREIRA, M. E. C.; VOEUX, P. L. As Bases Farmacológicas da Terapêutica de Goodman & Gilman. 12 ed. Porto Alegre: AMGH ltda, 2012. p. 1307. MINCIS, M.; MINCIS, R.; MINCIS, R. Artigo de revisão avanços no tratamento da bactéria Helicobacter pylori ( HP ). Endoscopia digestiva, v. 30, n. 2, p. 75 79, 2011. PAZ, RODRIGUEZ, FILHO. Inibidores da Bomba Protônica, 2008. Disponível em: http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?f ase=r003&id_materia=3991. Acesso: 13 de novembro de 2014. SIQUEIRA, J. S. LIMA, P.S.S. BARRETO, A.S. JÚNIOR, L.J.Q. Aspectos gerais nas infecções porhelicobacter pylori. Revista Brasileira de Análises Clínicas, v. 39, n. 1, p. 9 13, 2007. SOUZA, J. M. C.; THOMSON, J. C.; CATISTI, G. G. Avaliação de prescrições medicamentosas de um hospital universitário brasileiro. v. 32, n. 2, p. 188 196, 2008. TEIXEIRA, T. F.; QUESADA, G. A. T. Terapia ansiolítica para pacientes odontológicos. Saúde, v. 30, n. 1-2, p. 100 103, 2004.