Ministério da Saúde Direcção-Geral da Saúde Circular Normativa Assunto: Para: Avaliação de Qualidade da Prestação de Cuidados de Saúde ao Diabético - DiabCare Serviços Públicos Prestadores de Cuidados de Saúde Nº: 1/DGCG DATA: 09/03/99 Contacto na DGS: Divisão de Doenças Genéticas, Crónicas e Geriátricas Drª Rosa Gallego I NORMA Introdução A Direcção-Geral da Saúde, no uso das suas competências técniconormativas, estabelece, através desta Circular, os procedimentos a adoptar pelos prestadores públicos de cuidados de saúde ao diabético, no que se refere ao sistema de garantia de qualidade DiabCare e sua monitorização, de forma a ser operacionalizado, a nível nacional, o consignado, nesta matéria, no Programa de Controlo da Diabetes Mellitus 1. O sistema DiabCare, proposto a nível europeu para cumprimento dos objectivos da Declaração de St. Vincent e adoptado por Portugal, visa a monitorização da avaliação da estrutura, processo e resultados dos cuidados de saúde prestados ao diabético no âmbito do Programa de Controlo da Diabetes Mellitus, permitindo a auto-avaliação dos profissionais e a avaliação comparativa dos cuidados prestados em áreas geográficas definidas. O sistema DiabCare baseia-se num programa de melhoria de qualidade, suportado pela informação recolhida numa folha de informação básica (BIS- Basic Information Sheet) e pelo programa informático Diabdata 1.5, com conexão regional e nacional. 1 Cf. Programa de Controlo da Diabetes Mellitus, (Lisboa: Direcção-Geral da Saúde 1995) 18,19
Metodologia Com o fim de ser possível a monitorização da execução do Programa de Controlo da Diabetes Mellitus, devem ser, a partir desta data, observados os seguintes procedimentos: 1. Os clínicos gerais e enfermeiros dos centros de saúde, assim como os médicos endocrinologistas, internistas e enfermeiros hospitalares que, no âmbito dos serviços públicos de saúde, prestam cuidados ao diabético, são os responsáveis pelo registo de dados na BIS. 2. A matriz da BIS, a utilizar em cada ano civil, é divulgada, no último trimestre do ano anterior, pela Direcção-Geral da Saúde. 3. A BIS a utilizar em 1999 é a constante em anexo a esta Circular. 4. A execução e distribuição da BIS, de forma a estar disponível juntos dos utilizadores no início de Janeiro de cada ano, é da responsabilidade de cada uma das Administrações Regionais de Saúde (ARS). 5. Em Janeiro de cada ano, nos Centros de Saúde, os clínicos gerais recolhem dos registos clínicos dos diabéticos identificados nas respectivas listas de utentes, para fins de auto-avaliação, os dados necessários ao preenchimento da BIS e referentes aos últimos doze meses. 6. De Janeiro a Dezembro de cada ano, com início no ano 2000, os Hospitais e os Centros Especializados preenchem as BIS referentes a cada primeira consulta do ano, referindo tratar-se de admissão (primeiro contacto com a instituição) ou consulta (primeiro contacto do ano), baseando-se no conhecimento e registos referentes aos doze meses anteriores. 7. Os dados referentes a todos os diabéticos identificados e registados na BIS, por médico, serão introduzidos no programa informático Diabdata 1.5, distribuído a cada uma das ARS. Estes dados deverão ser agregados por instituição pública de saúde, através da utilização do programa Windcmerge, já distribuído na versão DiabData 1.2. Os dados serão anonimizados e enviados, através de disquete, via modem directa, internet ou intranet, para cada ARS. 8. Cada instituição pública de saúde terá um número de código de acesso a um server regional, atribuído pela Direcção-Geral da Saúde e em posse de cada uma das ARS. 2
9. Cada ARS enviará os dados (tabela) regionais, através de disquete, via modem directa, internet ou intranet e até final de Fevereiro de cada ano, para a Direcção-Geral da Saúde. 10. A Direcção-Geral da Saúde providenciará, no final de Março de cada ano, a divulgação dos dados nacionais e de análise comparativa regional, por forma a ser promovida a sua discussão e eventual introdução de medidas correctoras. Avaliação A avaliação anual da qualidade dos cuidados de saúde prestados ao diabético será realizada a partir do seguinte conjunto de indicadores: 1. de Processo Olhos nº de diabéticos a quem foi efectuado exame oftalmológico nos últimos 12M X 100 Função Renal nº de diabéticos a quem foi avaliada a microalbuminúria nos últimos 12M X 100 nº de diabéticos a quem foi avaliada a creatinina nos últimos 12M X 100 nº de diabéticos a quem foi avaliada a TA nos últimos 12M X 100 Pés nº de diabéticos a quem foi efectuado exame aos pés nos últimos 12M X 100 Autovigilância nº de diabéticos a quem foi avaliado se efectua autovigilância X 100 3
Índice de Massa Corporal (IMC) nº de diabéticos a quem foi avaliada a altura e o peso X 100 Hábitos Tabágicos nº de diabéticos a quem foi avaliado o consumo diário de cigarros X 100 nº de diabéticos fumadores de 5 ou mais cigarros/dia X 100 nº de diabéticos a quem foi avaliado o consumo diário de cigarros Controlo Metabólico nº de diabéticos a quem foi avaliada a hemoglobina glicosilada X 100 nº de diabéticos com HbA1c > média +4 SD X 100 nº de diabéticos a quem foi avaliada a HbA1c Hipertensão Arterial nº de diabéticos com TA 140/90 mmhg nos últimos 12M X 100 nº de diabéticos a quem foi avaliada a TA nos últimos 12M Obesidade nº de diabéticos com IMC > ao normal X 100 nº de diabéticos a quem foi avaliado IMC Doença Vascular nº de diabéticos com exame dos pés X 100 nº de diabéticos identificados 2. de Resultado Intermédio Fotocoagulação nº diabéticos com ret.prol. e/ou maculopatia e sob fotocoagulação nos últimos 12 M X 100 n.º total de diabéticos observados aos olhos e com Ret. Prolif. e/ou maculopatia 4
Tratamento Antihipertensivo n.º diabéticos com HTA e sob tratamento anti-hipertensor X 100 n.º total de diabéticos com HTA Tratamento da Nefropatia nº diabéticos com nefropatia e sob tratamento farmacológico X 100 n.º total de diabéticos com nefropatia Pés nº diabéticos com úlcera do Pé e educação terapêutica dirigida X 100 nº total de diabéticos com úlcera do pé Dias de Incapacidade nº diabéticos de baixa / atestado por qualquer causa X 100 nº diabéticos com dias de hospitalização por qualquer causa X 100 Urgências nº diabéticos com hiperglicemia heterotratada X 100 nº diabéticos com hipoglicemia heterotratada X 100 Amputações nº diabéticos com amputação MI abaixo do tornozelo X 100 3. de Resultado Final (objectivos de St. Vincent) Amputações nº diabéticos com amputação MI acima do tornozelo X 100 Insuficiência Renal Terminal nº diabéticos com insuficiência renal terminal X 100 5
Doença Cardiovascular nº diabéticos com enfarte do miocárdio X 100 nº diabéticos com Acidente Vascular _ X 100 Cegueira nº diabéticos com cegueira legal X 100 II FUNDAMENTAÇÃO A operacionalização do Programa de Controlo da Diabetes Mellitus decorre de duas opções estratégicas nacionais, que procuram responder, conjugadamente, à necessidade de obtenção de ganhos em saúde para a população diabética e aos compromissos assumidos por Portugal enquanto subscritor da Declaração de St. Vincent, e à necessidade de implantação de procedimentos normalizados de avaliação da qualidade dos cuidados de saúde prestados. Estas opções estratégicas implicam a observância de boas práticas profissionais em todos os actos e procedimentos que digam respeito ao seguimento do diabético. Tendo já sido criados instrumentos normativos e orientadores que facilitam a possibilidade de intervenção na área da diabetes, torna-se necessário transmitir orientações que possibilitem a normalização da avaliação das intervenções efectuadas, através do sistema europeu de monitorização e avaliação de qualidade DiabCare, baseado num conjunto de indicadores, do qual serão periodicamente extraídos marcadores relacionados com áreas específicas da prestação de cuidados de saúde ao diabético. O Director-Geral Constantino Sakellarides, Prof. Doutor 6