9. no Brasil Parte 2: do Ciclo da cana-de-açúcar até o Ciclo do ouro 1 2 o ciclo econômico do Brasil Colonial O ciclo da cana-de-açúcar começou com a colonização do Brasil pelos portugueses, que trouxeram a planta do Cabo Verde, da Ilha da Madeira e de São Tomé e Príncipe. A cultura da cana era mais trabalhosa, mas o lucro era muito maior do que o obtido na exploração extrativista do pau-brasil 2
2 o ciclo econômico do Brasil Colonial: cana de açúcar A extração e refino do açúcar da cana exigia mão-de-obra especializada, pois os procedimentos necessários eram muito específicos. No séc. XVI também começou a produção da aguardente de canade-açúcar, destilado em alambiques forma de preparo de pão de açúcar (açúcar cristalizado, purificado por lavagens) figuras de C.A.L. Filgueiras, Origens da Química no Brasil (2015) 3 2 o ciclo econômico do Brasil Colonial: cana de açúcar preparo do pão de açúcar (açúcar cristalizado, purificado por lavagens) figuras de C.A.L. Filgueiras, Origens da Química no Brasil (2015) 4
2 o ciclo econômico do Brasil Colonial O ciclo econômico da cana-de-açúcar foi relacionado à produção de açúcar e de aguardente. ambos os processos incluem técnicas químicas: refino do açúcar e destilação da aguardente No séc. XVI também chegou ao Brasil o preparo de cal a partir da queima do calcário. A cal era material utilizado em construção. CaCO 3 CaO 5 2 o ciclo econômico do Brasil Colonial O ciclo econômico da cana-de-açúcar foi relacionado à produção de açúcar e de aguardente. ambos os processos incluem técnicas químicas: refino do açúcar e destilação da aguardente No séc. XVI também chegou ao Brasil o preparo de cal a partir da queima do calcário. A cal era material utilizado em construção. Na mesma época, várias plantas eram utilizadas pelos indígenas com fins medicinais ou tóxicos. pesca com timbó (várias espécies, ricas em saponinas) http://www.ifch.unicamp.br/ifch/ael 6
núcleo esteroidal ou triterpênico (lipofílico) saponinas encontradas em diversas espécies vegetais. Ex.: timbós, erva-mate produzem espuma (substâncias tensoativas) atividade hemolítica (tóxica) unidades de açúcares (hidrofílico) 7 séc. XVI: cana-de-açúcar (2 o ciclo econômico do Brasil Colonial) Várias plantas eram utilizadas pelos indígenas brasileiros com fins medicinais ou tóxicos. Portugal não teve tradição na Alquimia. O uso de diversas plantas medicinais foi incorporado à cultura popular brasileira graças à contribuição da cultura indígena. Na 2ª metade do séc. XVI chegaram ao Brasil os primeiros jesuítas, com objetivo de catequizar os indígenas e implantar as 1 as instituições de ensino no Brasil. S. Ignacio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus (1540) Os jesuítas tiveram papel destacado na Contra-Reforma católica, defendendo a igreja das heresias dos protestantes. 8
Reforma, Contra-Reforma e Ciência séc XVII: na opinião de vários historiadores, a Contra-Reforma teria varrido a Ciência da Espanha, Portugal e América Ibérica a Contra-Reforma Movimento da Igreja Católica, em resposta à Reforma Protestante. 1545, Concílio de Trento: retorno da Inquisição Criação da Companhia de Jesus, por S. Inácio de Loyola. Espanha e Portugal: auge da Contra Reforma grande influência do sistema educacional dos jesuítas na América Ibérica (foco na evangelização). quadro de Goya 9 Os jesuítas e o ensino no Brasil Colonial S. Ignacio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus (1540) Na 2ª metade do séc. XVI chegaram ao Brasil os primeiros jesuítas, com objetivo de catequizar os indígenas e implantar as 1 as instituições de ensino no Brasil. Os jesuitas foram os principais responsáveis pelo ensino no Brasil até 1759 (expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal) 1549: chegada dos primeiros jesuítas, em Salvador, aonde fundaram o 1º colégio jesuita no Brasil. ensino de letras, teologia, artes e ciências naturais. Salvador: sede da principal biblioteca dos jesuítas no séc. XVIII 1686: criação do seminário de N. S. Belém, em Vila de Cachoeira, aonde formou-sebartolomeudegusmão 10
O primeiro cientista brasileiro: Bartolomeu de Gusmão Bartolomeu de Gusmão realizou seus estudos universitários na Univ. Coimbra (Portugal), a partir de 1708. 1709: criação do primeiro balão de ar quente, pelo padre voador pintura de Benedito Calixto acervo do Museu Paulista - USP Os jesuitas foram os principais responsáveis pelo ensino no Brasil da 2ª metade do séc. XVI até 1759. Neste período, os jesuítas eram responsáveis também pela manutenção das boticas (incluindo preparo de medicamentos, na maioria de origem vegetal), principal local de atendimento médico da população da época,. 11 séc XVII: invasão holandesa no Nordeste brasileiro (1637 1644) Maurício de Nassau Imagem: Willen Jacobz Delff Blog do programa de pósgraduação - UFMT Maurício de Nassau trouxe diversos artistas e naturalistas, para registrar seu governo no Nordeste. 1648: Historia Naturalis Brasiliae, primeiro registro detalhado da natureza e dos habitantes do Brasil Esta obra contém uma parte intitulada De Medicina Brasiliensi que contribuiu para divulgar na Europa a ipeca (ipecacuanha) figuras de C.A.L. Filgueiras, Origens da Química no Brasil (2015) 12
3 o ciclo econômico do Brasil Colonial Final do séc. XVII: descoberta de ouro, em vários locais do interior do atual estado de Minas Gerais 1706 1750: reinado de D. João V o ouro segue para Portugal, inicialmente por Parati e em seguida pelo Rio de Janeiro 1763: transferência da capital da América Portuguesa, de Salvador para o Rio de Janeiro 1580 1640: domínio espanhol de Portugal 1640 ~ 1670: lutas para restabelecer a independência portuguesa. Estas lutas deixaram Portugal em estado de penúria financeira. 13 3 o ciclo econômico do Brasil Colonial Final do séc. XVII: descoberta de ouro, em vários locais do interior do atual estado de Minas Gerais 1706 1750: reinado de D. João V o ouro segue para Portugal, inicialmente por Parati e em seguida pelo Rio de Janeiro 1763: transferência da capital da América Portuguesa, de Salvador para o Rio de Janeiro acervo, Biblioteca Nacional - RJ O transporte de ouro atraiu os ataques de corsários e piratas. 1711: invasão francesa do Rio 14
3 o ciclo econômico do Brasil Colonial 1706 1750: auge do ciclo econômico da exploração de minérios (metais, metais e pedras preciosas) ciclo do ouro estas atividades exigiam conhecimentos de mineralogia, metalurgia e Química Analítica. a formação técnica e científica era feita na Europa época do Barroco Mineiro 15 3 o ciclo econômico do Brasil Colonial 1706 1750: ciclo do ouro as atividades relacionadas à extração do minérios exigiam a manufatura de instrumentos (cadinhos, almofarizes, balanças, etc. e reagentes químicos ( água régia = ác. nítrico + ác. sulfúrico) ou pólvora (para as minas) diversos pigmentos minerais são fabricados no Brasil, para uso artístico: cinábrio (HgS), sulfato ferroso (FeSO 4 ), usado para preparo do azul da prússia, verderete (Cu(OAc) 2 ), etc. igreja de S. Francisco de Assis Ouro Preto, MG 16
Ciclo do ouro: 3 o ciclo econômico do Brasil Colonial 1711: invasão francesa do Rio de Janeiro Para defender o porto do Rio de Janeiro, Portugal enviou um importante engenheiro militar, José Fernandes Pinto Aipoim, para aperfeiçoar o treinamento militar e modernizar as defesas do Brasil-colônia. As obras de Aipoim (1ª metade do séc XVIII) foram usadas para treinamento de militares, e são os primeiros trabalhos sobre tecnologia química do Brasil Colonial. Dentre os assuntos mais importantes, destaca-se o processo e ingredientes para o preparo da pólvora e análise da sua qualidade. Nesta época, a impressão de livros era proibida no Brasil. Todos os livros provinham da Metrópole (Portugal). 17 As práticas médicas no séc. XVII (Brasil Colonial) 1504: D. Manoel, rei de Portugal, define as atividades de médicos e de cirurgiões sempre houve mistura das atividades dos cirurgiões com os barbeiros ( barbeiro-sangrador ), de menor status do que dos médicos, na sociedade portuguesa a imigração para o Brasil-colônia foi principalmente dos cirurgiões, devido à maior possibilidade de ascenção social vários textos compilando práticas terapêuticas foram escritos por cirurgiões. Houve 4 grandes vertentes no séc. XVII: medicina galênica tradicional, baseada no uso de plantas iatroquímica, com uso de substâncias inorgânicas uso dos conhecimentos empíricos dos índios e dos escravos africanos, para tratamento de doenças desconhecidas na Europa observação/experimentação, com a proposição de novos medicamentos 18
As práticas médicas no séc. XVII (Brasil Colonial) Vários textos compilando práticas terapêuticas do Brasil Colonial foram escritos por cirurgiões 1735: Erario Mineral, de Luís Gomes Ferreira óleo de ouro (ouro coloidal, preparado usando sal e água régia), para curas excelentíssimas ; uso de diversos vegetais para tratar o escorbuto (doença causada pela deficiência de vitamina C, frequente nos escravos trazidos da África) uso de fitoterápicos, oriundos da flora nativa. figura de C.A.L. Filgueiras, Origens da Química no Brasil (2015) 19