Rodrigo Luis da Rocha 1, Désirée Moraes Zouain 2. Palavras-chaves: Interação Universidades-Empresas, Tripla Hélice, Transferência de Tecnologia.



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Transcrição:

Setor de Biomateriais do estado do Paraná: análise da interação ICTs empresas - governo buscando um protocolo de ações para alavancar o desenvolvimento científico/tecnológico local. Rodrigo Luis da Rocha 1, Désirée Moraes Zouain 2 Palavras-chaves: Interação Universidades-Empresas, Tripla Hélice, Transferência de Tecnologia. Objetivos Esta pesquisa tem por objetivo realizar um estudo prospectivo da relação empresas-governo- ICTs no estado do Paraná. Analisaram-se os fatores que, segundo a literatura, influenciam no estabelecimento de parcerias e determinaram-se as lacunas que impedem o aperfeiçoamento da relação. A originalidade deste trabalho está em analisar esta relação em um setor específico biomateriais e especificamente no Estado de Paraná, considerando, em alguns casos, empresas em incubadoras de base tecnológica, trazendo assim resultados alinhados com as possibilidades práticas de aplicação, conforme o contexto local. Metodologia Os dados foram levantados por meio de entrevistas exploratórias realizadas com os líderes dos grupos de pesquisa atuantes no estado e os representantes dos NITs (ou departamento com função semelhante) das Universidades que tiveram pesquisadores incluídos na pesquisa. Resultados Os resultados mostram que os principais fatores que definem a escolha do parceiro na relação entre dois grupos de pesquisas é o compartilhamento de equipamentos e a proximidade acadêmica, sendo a proximidade geográfica pouco relevante. Em relação às parcerias grupo de pesquisas-empresas, os grupos de pesquisa buscam prioritariamente acesso à matéria-prima. Por sua vez, as empresas buscam os grupos de pesquisa principalmente para validação de seus produtos e para realizarem uma ação de marketing indireto, por meio de publicações científicas. Levantou-se também que os fatores que dificultam a realização de parcerias entre as empresas locais e as ICTs são relacionados com a pouca divulgação das pesquisas realizadas e dos equipamentos disponíveis nas ICTs. O conhecimento destas informações só é considerado satisfatório nas empresas ligadas às incubadoras das Universidades. A falta de protocolos para o estabelecimento de parcerias também faz com que as empresas procurem ICTs de outras regiões, que estão com estes processos mais definidos. Conclusões A pesquisa conclui sugerindo um protocolo de ações para as ICTs regionais que, se aplicados, auxiliariam na transposição das lacunas na relação ICTs-empresas. Tais ações são importantes para alavancar o desenvolvimento das pesquisas locais, bem como fixar os pesquisadores e os empreendedores destas regiões, contribuindo desta forma para o desenvolvimento local, seja 1,2 Programa de Pós Graduação Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares IPEN- Universidade de São Paulo 1 Instituto Federal de Santa Catarina IFSC, Campus Jaraguá do Sul. 1 e-mail: rodrigo.luis.rocha@gmail.com 2 e-mail:dzouain@uol.com.br

por meio das pesquisas, como também por meio do crescimento econômico das empresas de base tecnológica, algumas vezes associadas às incubadoras.

Biomaterials Sector in the State of Paraná: Study of the Relationship Government-ICT-Companies Aiming at a Protocol of Actions to Leverage the Local Scientific/Technological Development. Rodrigo Luis da Rocha, Désirée Moraes Zouain Objective This research aims to carry out a prospective study of the relationship government ICTcompanies in the state of Paraná. We analyzed factors that influence in establishing partnerships, according to literature, and determined the gaps that hinder the improvement of the relationship. The originality of this work is to examine this relationship in a specific sector - biomaterials - and specifically in the state of Paraná, considering, in some cases, firms in technology-based incubators. The study brings results aligned with the practical possibilities of application, according to the local according the local the context. Methodology Data was collected through exploratory interviews conducted with leaders of research groups active in the state active in the state, as well as and NITs representatives (or department with similar function) of the Universities in the survey. Results The results show that the main factors defining the choice of partner - the relationship between two research groups - is the sharing of equipment and academic proximity. Geographical proximity is irrelevant. Regarding partnerships research group-companies, research groups described they seek priority access to materials. In turn, companies seek research groups mainly for validation of their products and to perform an action of indirect marketing through scientific publications. They also indicated that the factors hindering the creation of partnerships between local businesses and ICTs are related to poor dissemination of conducted research and available equipment in ICTs. The knowledge about this information is only satisfactory in business incubators linked to the Universities. The lack of protocols for establishing partnerships also encourage companies to look for ICTs in other regions, which have these processes more defined. Conclusions The study suggests a protocol of actions for regional ICT that, if applied, would help to overcome the gaps in ICT-company relationship. Such actions are important to advance the development of local research, as well as to root researchers and entrepreneurs in these regions. This action contributes to local development, whether through research, but alsoor through economic growth of technology-based companies, sometimes associated with incubators.

1. Introdução e Objetivos O estudo da relação entre Instituições Científicas e Tecnológicas 2 (ICTs) com as empresas é um assunto que vem se tornando cada vez mais relevante na tentativa de melhorar o nível de competitividade das empresas, principalmente as nascentes ou vinculadas às Incubadoras. No Brasil, a necessidade de aprimoramento desta relação ficou ainda mais evidente com a aprovação da Lei n 10.973 de 2 de dezembro de 2004, conhecida como Lei da Inovação Tecnológica. Tal legislação está orientada para: a criação de um ambiente propício a parcerias estratégicas entre universidades, institutos tecnológicos e empresas; o estímulo à participação de instituições de ciência e tecnologia no processo de inovação; e o incentivo à inovação na empresa. Ela também possibilita autorizações para a incubação de empresas no espaço público e a possibilidade de compartilhamento de infraestrutura, equipamentos e recursos humanos, públicos e privados, para o desenvolvimento tecnológico e a geração de processos e produtos inovadores. (Pereira, J. M ; Kruglianskas, 2005). De modo concomitante, percebe-se a existência de um crescimento na literatura e de uma vertente de extensas pesquisas sobre a complexidade do processo de transferência de tecnologia entre ICTs e empresas de bases tecnológicas. Os trabalhos apresentam variados estudos, deixando claro que os modelos propostos propiciam uma linha geral de entendimento dessa relação, porém as particularidades inerentes a cada setor e a cada região devem ser objetos de estudo, uma vez que as generalizações normalmente não conseguem alcançar tais situações. Lynton e Elman, (1998) afirmam que a Universidade deve passar por um processo de mudanças estruturais e organizacionais visando promover três tipos de atividades: a comunicação entre os produtores os usuários de conhecimento, a negociação de acordos de transferência de conhecimento e a entrega do conhecimento, para desta forma cumprir de maneira eficaz sua missão. Assim, Majdzadeh et al, (2008) indicam algumas ações necessárias para eliminar as principais lacunas que dificultam a colaboração entre Universidade e empresas. Entre as ações previstas estão: Definição de estruturas responsáveis pelas atividades de transferência de conhecimento na universidade. Definição de regras para motivar os pesquisadores a interagir com os usuários durante a realização da pesquisa Criação e divulgação das regras sobre os direitos intelectuais dos envolvidos na pesquisa. Criação de bancos de dados sobre os resultados das pesquisas para facilitar o acesso aos resultados das investigações. Projetar estruturas que facilitem o acesso do público externo às pesquisas. Valorizar a transferência de conhecimento através de prêmios e distinções. Fortalecimento da confiança entre pesquisadores e gestores. Melhoria no acesso a bolsas de pesquisa Criar legislação e regulamentos necessários para facilitar o ciclo de tradução do conhecimento na universidade 2 ICT é o órgão ou entidade da administração pública que tenha por missão institucional, dentre outras, executar atividades de pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico;

Diante disto, percebe-se que se tem dado muita atenção para a identificação de mecanismos eficientes na colaboração entre Universidades e Empresas. (Konecny et al, 1995; Rappert et al, 1999; Scott et al, 2001; Barnes et al, 2002.). Há evidências de que a relação indústria - academia está se tornando mais eficientes como resultado de mudanças na percepção (aumento da consciência, o reconhecimento, a confiança mútua) e uma maior flexibilidade entre ambas as partes (Butcher, 2005). Entretanto, embora exista uma quantidade considerável de publicações sobre a complexidade do processo de transferência de tecnologia entre universidades e empresa, com várias análises e sugestões para superar as lacunas apresentadas, Calvert e Patel (2002) explicam que a razão para a diferença entre os resultados e a dificuldade em elaborar políticas eficazes para desenvolver os vínculos entre a pesquisa acadêmica e industrial, depende cada vez mais de informações oportunas e precisas sobre a natureza e a extensão da colaboração entre as universidades e a indústria e de como ela varia conforme o tipo de universidade, o setor estudado, as características da empresa. Desta forma esta pesquisa procura contribuir com um estudo mais direcionado, abordando um setor particular biomateriais em uma situação na qual a total compreensão desta interação poderá auxiliar na melhor elaboração de ferramentas para sustentar e aprimorar esta relação entre as ICTs, as empresas e os setores do governo inseridos neste contexto. Em 2011, um estudo realizado pelo Cebrap (Brazil Biotech Map, 2011) identificou 237 empresas de biotecnologia no país, deste total, com 93 empresas atuando na área de saúde humana. O estudo revelou ainda que, em 2011, o mercado brasileiro de biotecnologia apresentou um faturamento de aproximadamente quatro bilhões e oitocentos mil reais. Além do expressivo faturamento, ocorrem grandes investimentos das empresas brasileiras deste setor na área de P&D, sendo que em 2011 foram investidos mais de R$ 266 milhões e, em 2012, os valores declarados ultrapassam os R$ 307 milhões [ABIMO, 2012]. De acordo com um ranking elaborado pela revista Scientific American (Scientific American Word View A global Biotechnology perspective, 2013) o Brasil, juntamente com Portugal, Espanha e República Tcheca, estão entre os países que registraram os maiores avanços na área de biotecnologia, em termos de criação de inovação biotecnológica. Assim, a escolha do setor a ser estudado nesta pesquisa Biomateriais se deve ao fato deste possuir um número significativo de empresas no Brasil e no Estado do Paraná (região Sul), bem como fazer parte dos setores promissores para o Estado, de acordo com os relatórios técnicos apresentados pelo setor industrial (SENAI/FIEP). Além disso, existem lacunas na literatura acadêmica quanto ao estudo desse setor no que tange à inovação tecnológica nas empresas e a importância da interação com universidades e centros de pesquisa. Os dados foram levantados por meio de entrevistas exploratórias realizadas com os líderes dos grupos de pesquisa atuantes no estado e os representantes dos NITs (ou departamento com função semelhante) das Universidades que tiveram pesquisadores incluídos na pesquisa. Os pesquisadores, que se enquadravam no grupo de interesse, foram encontrados por meio de um levantamento no site eletrônico do CNPq, no ambiente destinado aos grupos de pesquisa. Neste ambiente, fez-se uma busca dos grupos de pesquisa utilizando-se dois critérios de seleção: localização no estado do Paraná e pesquisas relacionadas com biomateriais. Esta pesquisa encontrou um conjunto de nove grupos de pesquisas atuantes no estado do Paraná, distribuídos nas cidades de Campo Mourão, Cornélio Procópio, Curitiba, Guarapuava, Londrina, e Maringá. Durante as entrevistas com estes pesquisadores foram levantados outros dois grupos de pesquisa, também dentro do grupo de interesse. Eles foram incluídos, totalizando onze grupos de pesquisa entrevistados. A técnica de entrevistas foi escolhida por ser, de acordo com Selltiz [Selltiz et al., 1987], bastante adequada para obtenção de informações acerca do que as pessoas, crêem, esperam, sentem ou desejam,

pretendem fazer, fazem, fizeram, bem como acerca de suas explicações ou razões a respeito dês coisas precedentes. As entrevistas com os representantes dos NITS (ou departamentos equivalentes) teve por objetivo entender o funcionamento destes órgãos e conhecer as práticas e os procedimentos que estão sendo adotados em cada Instituição. Assim, o objetivo desta pesquisa foi realizar um estudo prospectivo da relação empresasgoverno-icts no estado do Paraná (Brasil), analisando os fatores que, segundo a literatura, influenciam no estabelecimento de parcerias e determinar as lacunas que impedem o aperfeiçoamento desta relação, sob o ponto de vista dos líderes de grupos de pesquisa vinculados às ICTs. Os resultados apresentam o conjunto de ações que as ICTs devem realizar para obterem melhor retorno neste tipo de interação. A originalidade deste trabalho está em analisar esta relação em um setor específico biomateriais se podendo estender os resultados para outras ICTs de alcance regional. 2. Resultados e Discussão 2.1. Relações entre grupos de pesquisa Após a realização das entrevistas com os líderes dos grupos de pesquisa, conseguiu-se levantar os principais aspectos que regem as relações destes grupos com outros grupos de pesquisa e com as empresas do setor. De acordo com as respostas, apresentadas na figura 2.1, a busca por parcerias entre grupos de pesquisa são iniciadas principalmente por três fatores: a necessidade de utilização de equipamentos; a necessidade de obter conhecimentos específicos de outra área e a proximidade acadêmica dos pesquisadores. Entende-se por proximidade acadêmica o fato dos pesquisadores terem realizado a graduação ou pós-graduação na mesma instituição. FIGURA 2.1. Motivos para se estabelecer parcerias com outros grupos de pesquisa, segundo os pesquisadores. As relações entre os grupos de pesquisa ocorrem de maneira mais natural, incentivadas pela necessidade de compartilhar equipamentos ou pela busca de conhecimento em alguma área específica. A proximidade acadêmica se mostrou mais relevante que a proximidade geográfica para estabelecer o início da relação entre grupos. Os resultados também indicam que o status do grupo no meio acadêmico corrobora para que o grupo seja mais solicitado a

realizar parcerias. Ficou indicado que as parcerias com grupos estabelecidos facilitam na obtenção de recursos, podendo ser este o fator determinante, uma vez que dependendo do objetivo de quem busca a parceria, o status do grupo colaborador tem maior importância. Neste ponto percebe-se que as parcerias existentes, entre grupos que estudam assuntos relacionados, ocorreram exclusivamente devido à participação durante a formação acadêmica de um dos membros naquele grupo, reforçando a importância da proximidade acadêmica no estabelecimento de parcerias entre grupos de pesquisa. 2.1. Relações entre grupos de pesquisa empresas Em relação às parcerias com as empresas do setor de biomateriais, percebe-se que as relações existentes são na grande maioria das vezes informais. Apenas dois grupos de pesquisas mencionaram a existência de um contrato formal entre o grupo e a empresa, e em ambos os casos, a parceria foi desfeita antes do término da pesquisa. A maioria das relações ocorre tendo as empresas apenas como fornecedoras de matéria prima. De acordo com os entrevistados, a busca por parcerias com as empresas do setor são motivadas principalmente pela busca de matéria-prima, utilização de equipamentos, busca por investimento ou sugestões de pesquisa, conforme apresentado na Figura 2.2. FIGURA 2.2. Motivos para se estabelecer parcerias com empresas, segundo os pesquisadores. As empresas fazem, em muitos casos, o papel da universidade, fornecendo matéria prima e equipamentos, mas não atuam junto ao pesquisador. Os resultados mostraram que em poucos casos as empresas atuam como financiadores formais das pesquisas (pesquisa compartilhada), ocorrendo, no máximo, a sugestão de temas a serem pesquisados. Sugestões estas que, em grande parte, não estão associadas ao desenvolvimento de tecnologias de ruptura e sim, em testes de materiais já existentes, com o propósito de: para o grupo de pesquisas, gerar temas para os alunos de mestrado/doutorado e, para a empresa, de validação ou divulgação do produto já com o desenvolvimento finalizado. Uma situação peculiar que apareceu em dois casos foi a utilização de equipamentos do grupo de pesquisa para a realização de testes específicos para a empresa, na situação em que a empresa buscou o grupo para realizar o estudo. Este fato mostra o conhecimento, por parte da empresa, da existência do grupo de pesquisa e de suas competências. O que chama a atenção é que os testes foram realizados de maneira gratuita, sem vantagem aparente para o grupo de pesquisa, uma vez que

estes resultados não foram utilizados em outras pesquisas. Ocorreu apenas uma prestação de serviço gratuita. Uma informação levantada que merece destaque é o fato de algumas empresas fornecerem seus produtos para testes, aceitando a publicação dos resultados, independente de quais forem. Esta ação que, segundo os pesquisadores entrevistados, tem ligação com o marketing indireto do produto. Segundo os entrevistados, o fato do nome comercial do produto ser divulgado desta forma faz com que a empresa consiga fixar sua marca. Algumas empresas preferem não incentivar pesquisas (não fornecem o material) que executam comparações entre produtos comerciais, outras não veem problemas neste tipo de divulgação. 2.3. Dificuldades para estabelecer a relação com as empresas. Os pesquisadores opinaram sobre os itens que dificultam o estabelecimento das parcerias entre os grupos de pesquisa e as empresas. Em relação a esta questão, as principais dificuldades levantadas estão relacionadas coma demora no processo de pesquisa e patenteamento, questões burocráticas da universidade e a questão do sigilo na publicação de artigos técnicos conforme apresentado na figura 2.3. FIGURA 2.3. Principais dificuldades para se estabelecer parcerias com as empresas, segundo os pesquisadores. As dificuldades nesta relação reforçam a percepção de que os atores envolvidos tem dificuldade de entender as necessidades e objetivos do parceiro. A inviabilização de pesquisas devido às divergências sobre a forma de utilização/divulgação dos resultados mostra claramente este problema. Outro fator que reforça esta percepção é em relação ao tempo de pesquisa: as diferentes escalas temporais dificultam o estabelecimento de algumas relações. Além disso, alguns fatores externos a estes atores também estão envolvidos, como a dificuldade no trâmite burocrático na universidade e a demora na obtenção da patente. 2.4. Lacunas no desenvolvimento das pesquisas: RH, infraestrutura e financiamento. Em relação às lacunas que impedem o maior desenvolvimento das pesquisas sobre biomateriais foram levantados vários aspectos. Estas lacunas foram divididas lacunas de R.H, de estruturas físicas e de financiamento. Em relação às lacunas relacionadas com recursos humanos, as principais dificuldades enfrentadas estão relacionadas com a formação científica deficitária e a perda de pesquisadores, conforme Figura 2.4.

FIGURA 2.4. Principais lacunas no desenvolvimento das pesquisas dimensão R.H. Os entrevistados, em sua maioria, elogiaram a formação acadêmica (conhecimentos sobre a área de pesquisa) dos alunos, mas levantaram o fato da pouca formação científica dos mesmos. Segundo os relatos, a transição para o papel de pesquisador é dificultada pela falta de contato com a pesquisa durante a graduação. Os alunos, que muitas vezes não fizeram iniciação científica, levam certo tempo até se adaptarem com a rotina dos grupos de pesquisa. Este tipo de dificuldade pode ser superada com incentivo à participação em projetos de iniciação científica durante a graduação. Um fenômeno importante que vem ocorrendo é a dificuldade na retenção de pesquisadores nas universidades estaduais do Paraná e nas instituições particulares. Com a abertura de vagas nas universidades federais, e devido às melhores condições de trabalho relacionadas a salário e estrutura, muitos destes pesquisadores com maior número de publicações estão migrando para as universidades federais e também, pelos mesmos motivos, para as universidades estaduais paulistas. Em relação às lacunas relacionadas à estrutura física dos locais de pesquisa, as principais dificuldades levantadas estão expostas na figura 2.5. FIGURA 2.5. Principais lacunas no desenvolvimento das pesquisas dimensão Infraestrutura.

A falta de equipamentos foi um aspecto levantado nas entrevistas, porém a maioria dos entrevistados relatou conseguir superar esta lacuna com a realização de parcerias com outros grupos que possuem os equipamentos necessários. Assim, embora dificilmente o grupo possua todos os equipamentos de que necessita, o estabelecimento de parcerias permite que grande parte das pesquisas sejam desenvolvidas. Nas universidades estaduais foi levantada a questão da falta de apoio em relação à manutenção ou adequação da infraestrutura física para os laboratórios. Alguns grupos têm dificuldade em adaptar as instalações elétricas/hidráulicas aos novos equipamentos comprados com financiamento oriundos de editais. Em alguns casos o valor do equipamento é muito superior ao valor que seria gasto na adaptação do local, mas mesmo assim ocorre a dificuldade para colocá-lo em funcionamento. Em relação às lacunas de financiamento, as entrevistas mostraram que os grupos de pesquisa frequentemente têm dificuldades para o acesso aos financiamentos. As principais dificuldades neste aspecto, apresentadas na figura 2.6, são relacionadas ao pequeno número de editais, aos valores baixos de financiamento e às exigências de alguns editais que dificultam o acesso ao financiamento. FIGURA 2.6. Principais lacunas no desenvolvimento das pesquisas Financiamento. Percebe-se um descontentamento com os editais de fomento da Fundação Araucária. Praticamente a totalidade dos pesquisadores indicou que o número de editais e os valores destes são insuficientes para promover o desenvolvimento das pesquisas no estado. Muitos ainda indicaram a existência de requisitos nestes editais que impedem a participação dos grupos de pesquisa. A principal dificuldade é em relação aos grupos novos, uma vez que os editais privilegiam grupos com maios número de publicações, o que impede o crescimento de grupos novos. Os editais da CNPq injetam um volume maior de recursos nos grupos de pesquisa, porém seus critérios de distribuição, mediante produção científica, dificultam o acesso aos financiamentos de grupos novos ou em fase de expansão. Opiniões semelhantes aparecem sobre os editais de fomento da FINEP, sendo neste caso o principal problema é em relação aos requisitos de acesso aos editais, que novamente privilegiam grupos mais antigos. Também foi levantada a questão sobre a dificuldade de importação de materiais para pesquisa. 2.5. Boas práticas implantadas pelas ICTs.

Após as entrevistas com os líderes dos grupos de pesquisa percebeu-se que os caminhos a serem seguidos no sentido de viabilizar as parcerias não eram conhecidos de maneira satisfatória. Uma vez verificado que as agências de inovação pouco aparecem nas entrevistas com os líderes dos grupos de pesquisa e com os representantes das empresas, realizou-se mais uma rodada de entrevistas qualitativas com os responsáveis pelas agências de inovação (ou setores com função semelhante) das universidades que tiverem grupos de pesquisa incluídos neste trabalho. Estas entrevistas tiveram por objetivo conhecer o funcionamento de cada uma das agências e entender como funciona o processo de transferência de conhecimento mediado por elas. Estas agências, cuja existência é obrigatória a partir da lei da inovação 3, teoricamente são o espaço responsável por gerenciar a proteção do conhecimento desenvolvido na universidade, assim como organizar as relações com o setor produtivo, de modo a viabilizar as transferências de conhecimento entre a academia e a indústria. As entrevistas foram realizadas pessoalmente nos espaços das agencias, situação que permitiu conhecer também a estrutura física das mesmas. Após as entrevistas com os pesquisadores das ICTs e com os responsáveis pelas agências de inovação das Universidades, foi possível enumerar as práticas realizadas pelas ICTs que tem apresentado bons resultados em relação ao aprimoramento das relações com o setor empresarial. Estas práticas podem ser divididas de acordo com a sua finalidade, enquadrandose nas 2 principais lacunas desta relação: atrair as empresas para a realização da parceria e utilizar os benefícios oriundos da parceria. Em relação à atração do setor empresarial, as práticas que estão sendo utilizadas, com bons resultados, são: Criação de uma página institucional com a apresentação das principais áreas de pesquisa da Instituição. Criação de centrais de análises com utilização compartilhada entre pesquisadores e empresas. Organização de workshops voltados à divulgação das pesquisas realizadas na ICT. Criação de um protocolo padrão para o estabelecimento de parcerias. A utilização destas práticas têm trazido bons resultados, uma vez que tem conseguido identificar potenciais parceiros. A criação da página institucional com a apresentação das áreas de pesquisa é uma ferramenta de fácil implantação, uma vez que estas informações já estão cadastradas nos setores de pesquisa. As ICTs que possuem este mecanismo afirmaram que a grande maioria das parcerias se iniciou desta forma. A criação de centrais de análise é uma prática adotada por algumas ICTs, porém requer ações mais complexas. As centrais de análise que estão implantadas (ou em fase de implantação) foram conseguidas através de projetos da FINEP, porém encontram resistência de alguns pesquisadores. Estes pesquisadores preferem adquirir equipamentos para uso específico em determinadas linhas de pesquisa, não se preocupando em solicitar a aquisição de equipamentos que possam realizar análises mais elaboradas. Embora exista uma diferença de valores entre estes equipamentos, muitas vezes a compra não é discutida com os demais interessados. Outra questão bastante delicada é a utilização dos laboratórios de análise. Para que estes sejam certificados e possam emitir laudos com validade legal, a utilização dos equipamentos deve ser restrita aos profissionais do laboratório. Assim, tais equipamentos não podem ser utilizados para aulas práticas com os alunos. Esta imposição tem levado algumas 3 A lei de inovação (2004) determina que toda Instituição de Ciência e Tecnologia -ICT- deve dispor de um núcleo de inovação tecnológica para gerenciar sua política de inovação.

ICTs a não construírem este tipo de espaço, pois entendem que os laboratórios devem ser abertos à utilização dos alunos. A organização de workshops tem conseguido bons resultados, uma vez que atrai as empresas locais e divulga as pesquisas que estão sendo realizadas. O problema deste tipo de prática é o pequeno alcance, uma vez que apenas algumas empresas participam, e geralmente são aquelas que já têm algum contato com a ICT. Além disso, a realização destas atividades deve ser regular, para facilitar a organização da agenda dos participantes. A existência de um protocolo para as empresas que desejam realizar parcerias existe apenas em algumas ICTs. Estas possuem um documento de divulgação que fornece as principais orientações às empresas, para que consigam chegar mais facilmente às pessoas que orientarão a realização da parceria. A existência deste documento contribui para a diminuição do entrave burocrático na relação, pois faz com que a empresa atinja rapidamente as pessoas que poderão organizar a parceria. Em relação à utilização dos benefícios oriundos da parceria, ainda percebe-se a dificuldade dos grupos de pesquisa em avaliar o real benefício conseguido. Como apresentado anteriormente, os grupos tem utilizado as parcerias principalmente para: Conseguir acesso a determinadas matérias-primas. Conseguir bolsas de pesquisa para alunos de pós graduação. Levantar sugestões de temas a serem pesquisados. Percebe-se que para a maioria dos grupos de pesquisa, o resultado das parcerias ainda tem sido muito tímido, pois não tem provocado grandes mudanças no desenvolvimento das pesquisas. São raros os casos em que se pode relacionar a evolução das pesquisas do grupo com a realização da parceria, muito embora estes resultados sejam de difícil mensuração. 2.6. Sugestão de Protocolo de ações ICTs. Baseado na observação das práticas que estão demonstrando bons resultados, este artigo elencou as principais ações necessárias, por parte das ICTs, para fortalecer a interação empresas - governo - ICTs. Criação de um portfólio, de fácil acesso, com informações sobre as linhas de pesquisa desenvolvidas nas Universidades; Criação de um portfólio, de fácil acesso, com informações sobre os equipamentos disponíveis nos laboratórios dos grupos de pesquisa. Criação de um protocolo padrão com as principais orientações para o estabelecimento de parcerias. Incentivar a participação dos alunos de graduação em grupos de pesquisa. Estabelecer vínculos de confiança entre os pesquisadores e os gestores da Universidade. Inserção no site institucional das principais informações sobre as possibilidades de parcerias (divulgação do protocolo. Percebe-se que as ações sugeridas são de certa forma conhecidas na literatura sobre relação Universidade - Empresa, uma vez que elas coincidem com as ações sugeridas por Majdzadeh et al, (2008) e apresentadas na introdução deste trabalho. Ainda assim, várias Universidades não possuem estes mecanismos implementados, o que não tem colaborado para a superação das lacunas nesta relação.

3. Conclusões Algumas dificuldades nesta relação reforçam a percepção de que os atores envolvidos tem dificuldade em entender as necessidades e objetivos do parceiro. A inviabilização de pesquisas devido às divergências sobre a forma de utilização/divulgação dos resultados mostra claramente este problema e confirma os resultados de Perkmann e Walsh (2007). Outro fator que reforça esta percepção é em relação ao tempo de pesquisa: as diferentes escalas temporais dificultam o estabelecimento de algumas relações. Em relação à proximidade geográfica, esta pesquisa confirmou parcialmente os trabalhos de Arrow (1962), de Thisse (1996) e de Fischer e Varga (2003), uma vez que para os grupos de pesquisa, a proximidade facilitou a obtenção de amostras das empresas, por sua vez, para as empresas esta proximidade não foi fator relevante na escolha do grupo parceiro. Neste ponto a proximidade acadêmica se mostrou mais relevante. Desta forma, o presente artigo mostra a situação atual desta relação e as principais práticas que vem sendo utilizadas pelos atores envolvidos. A utilização destas práticas deve ser avaliada em cada situação, levando-se em conta as características únicas de cada Instituição. O aprimoramento da relação das ICTs com as empresas locais é um fator importante no desenvolvimento local e deve ser bem conduzido para que as Universidades consigam atingir plenamente as suas missões institucionais, fomentando o desenvolvimento local e contribuindo para a fixação de empresas e profissionais nestas regiões. Referências Bibliográficas ARROW K. Economic welfare and the allocation of resources for invention. In: NELSON, R. (Ed), The Rate and Direction of Inventive Activity: Economic and Social factors. Princeton University Press, Princeton, p. 609-625, 1962. BARBOSA, F.; VAIDYA, K. G. Developing technological capabilities: the case of a Brazilian steel company, Technology Management: strategies and applications, v. 3, n. 3, p. 287-298,1996. BARBOSA, M. A. L. T, BARRETO, M. L. G., SILVA, R. M., Inovação Tecnológica, Microempresas e Universidades: Desafios e Perspectivas. In: XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção ENEGEP, XXII, 2002. Curitiba PR. BEKKERS, RUDI & VERSPAGEN, BART. The different channels of university-industry knowledge transfer: empirical evidence from biomedical engineering. Eindhoven: Technische Universiteit Eindhoven, 2006. BLOEDON, R. V. e STOKES, D. R. Making university/industry collaborative research succeed. Research Technology Management, vol. 37 nº 2, p. 44-48, 1994. BONACCORSI, A.; PICCALUGA, A. A theoretical framework for the evaluation of university-industryrelationships. R&D Management, Oxford, v. 24, n. 3, p. 229-240, 1994. BORSOI, B.T; SCHENATTO, J.F.A; SANTOS, G.D. Contribuições das IES no processo de incubação de empresas O caso de Pato Branco PR. Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, XIX ;Workshop Anprotec XII, 2004, Recife PE. Anais Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, Anprotec/Sebrae, 2004. CARR R. K.; HILL, C.T. R&D and Technology Transfer in the United States: the least known piece of the puzzle: background paper for the Binational Panel of the National Academy of Engineering and German Fraunhofer Society. 1995. Washington, DC: National Academy Press, 1997. CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Brazil Biotech Map, 2011.

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