Pró-Reitoria de Pós-Graduação Curso de Especialização em Educação Infantil Trabalho de Conclusão de Curso



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Transcrição:

1 C Pró-Reitoria de Pós-Graduação Curso de Especialização em Educação Infantil Trabalho de Conclusão de Curso FAMÍLIA E ESCOLA PARCERIA NECESSÁRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Autor (a): Gabriela Barros Magalhães de Araújo Orientador (a): Drª. Lêda Gonçalves de Freitas Brasília - DF 2010

2 GABRIELA BARROS MAGALHÃES DE ARAÚJO FAMÍLIA E ESCOLA- PARCERIA NECESSÁRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Artigo apresentado ao curso de Pós-Graduação em Especialização em Educação Infantil da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Especialista em Educação Infantil. Orientador (a): Drª. Lêda Gonçalves de Freitas Brasília 2010

3 Artigo de autoria de Gabriela Barros Magalhães de Araújo, intitulado FAMÍLIA E ESCOLA- PARCERIA NECESSÁRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Educação Infantil da Universidade Católica de Brasília, em 09 /12/2010, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada: Profª. Drª Lêda Gonçalves de Freitas Orientador (a) Especialização em Educação Infantil UCB Profº. Juarez Moreira da Silva Junior Examinador- UCB Brasília 2010

4 FAMÍLIA E ESCOLA PARCERIA NECESSÁRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Gabriela Barros Magalhães de Araújo Lêda Gonçalves de Freitas RESUMO: Este artigo trata a importância da parceria família e escola e suas contribuições para o desenvolvimento da criança. Para tanto, analisa as ideias dos teóricos Montessori e Froebel sobre o assunto, reflete sobre o papel da família na sociedade contemporânea e traz a LDB, Constituição Federal, Parâmetros Básicos de Infra- estrutura de Educação Infantil, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, e Parâmetros de Qualidade para a Educação Infantil, para fundamentar a discussão. Após, a realização da pesquisa bibliográfica, verificouse a necessidade da parceria da família e escola para o bom desenvolvimento infantil em todos os seus aspectos. A criança precisa de um ambiente saudável que estimule o seu desenvolvimento, de forma que venha ajudar em suas potencialidades. A escola é o local mais indicado para a mãe deixar o filho enquanto trabalha, mas o papel de educar os filhos continua sendo dos pais. Quando existe uma boa estrutura familiar e educacional a criança terá facilidade em aprender. As instituições de educação infantil têm o dever de complementar a ação da família. A criança necessita de atenção, cuidado, amor, afeto e incentivo. É importante a parceria entre escola e família e quando as mesmas têm um mesmo objetivo comum alcançarão sucesso. Palavras- chaves: Família. Educação Infantil. Parceria. I - INTRODUÇÃO A partir das interações entre a família e a criança desenvolve-se o conhecimento. A família é o primeiro ambiente de convivência do ser humano, os adultos são referência para a criança em desenvolvimento, e é assim que são aprendidos valores éticos e participações de experiências repletas de significados afetivos, representações, juízos e expectativas. As instituições de Educação Infantil são complementares à educação recebida pela família, pois a educação inicial da criança deve ser realizada pelos familiares. Estamos vivendo em um período que os pais terceirizam a educação de seus filhos, pensam que ao contratar uma empregada doméstica, babá, ou uma instituição de ensino, delegam a educação das crianças a esses, sentindo-se isentos de suas obrigações. Esse estudo é triplamente interessante, primeiramente porque trata de informações que preocupam educadores; social, pois se pode discutir e convencer professores, pais e a

5 sociedade em geral sobre a importância do tema abordado; científico, por ser um material que poderá nortear os interessados na parceria entre a família e a escola. Como objetivo geral o trabalho busca demonstrar a importância da parceria escola e família, e suas contribuições para o desenvolvimento da criança. Como objetivos específicos o estudo se propõe: a) fazer uma reflexão teórica a partir dos autores Montessori e Froebel; b) destacar o papel da família na sociedade contemporânea; c) mostrar as Diretrizes e Parâmetros de Qualidade para a educação infantil com a finalidade de esclarecer que a Educação Infantil é um direito da criança e das famílias, sendo que o poder público tem o dever de garantir o atendimento em creches e pré-escolas, quando a família decide compartilhar com o Estado o dever de educar seus filhos. E mostrar alguns pontos relevantes, em leis voltadas para a Educação Infantil. Este artigo foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica. Está organizado em cinco tópicos, sendo o primeiro a família; o segundo educação infantil; o terceiro o papel da família na formação da criança na visão de Maria Montessori; o quarto a responsabilidade da família para Froebel e ultimo família e escola parceria no desenvolvimento da criança. Educadores de várias instituições de educação infantil relatam que cada vez mais os pais transferem o seu papel para a escola, funções que são da família, ficam nas mãos dos professores, com isso a escola vai perdendo seu foco. Por este motivo o trabalho trata sobre a importância do papel da família na escola infantil, tema deste trabalho. A escola propicia a socialização da criança, mas é a família um dos maiores responsáveis pela educação e desenvolvimento dos filhos. A educação infantil é a primeira etapa da educação básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. A escola responde a necessidade de mães e pais trabalhadores e tem como objetivo principal assegurar o direito da criança à educação. Quando a família valoriza a aprendizagem estimula no filho o mesmo. O interesse dos pais no que seus filhos produziram, aprenderam, faz com que eles sintam-se valorizados em relação ao que fizeram. Ao longo dos anos pôde-se observar a diferença nas crianças que tinham uma relação entre a família e a escola, dentre eles pode-se relatar o caso de uma menina. A família dessa menina desempenha um papel fundamental na educação, mesmo trabalhando fora, os pais acompanham de perto o desenvolvimento da filha, participam dos eventos e reuniões bimestrais e sempre que necessário utilizam-se da agenda escolar para comunicar fatos relacionados à criança. Durante o momento da rodinha, a criança participa das atividades de

6 expressão oral com desenvoltura, manifestando suas idéias de forma organizada e articulando as palavras com clareza, Durante todo ano letivo ela teve facilidade de socialização e de assimilar os conteúdos, e isso ocorreu devido à parceria da professora com a família. Porque só a escola não teria tanto sucesso, sendo que as crianças que não são estimuladas pelos pais, aqueles que deixam a educação dos filhos somente na responsabilidade da escola, não tiveram o mesmo êxito. É interessante que quando algo não vai bem na esfera familiar, os sintomas aparecem na escola, tais como: as dificuldades de aprendizagem, dificuldades em disciplina e na participação em grupo. Quando os sintomas logo se destacam educadores devem procurar conversar com os pais pessoalmente, através da agenda, fazer reuniões para juntos chegarem a uma solução. Quando os pais se esquivarem, e quando a situação do aluno não estiver boa, os pais, na maioria dos casos, procuram a diretora da escola e acusam os professores de não ter educado a criança. Em grande parte dos casos analisados, os filhos não têm limites, não conseguem interagir com os colegas e apresentam comportamento agressivo, sendo a culpa atribuída aos professores. Quando não existe a parceria escola e família, a situação fica complicada, pois para o aluno obedecer regras na escola, sendo que em casa os pais não exercem a sua autoridade. Quando algo não está bem em casa, quando a estrutura familiar não possibilita harmonia, ou quando os pais não se interessam pelo que seu filho faz, o reflexo aparecerá na escola. Para Winnicott (2005) é função principalmente da mãe cuidar e educar o filho, além de proporcionar um ambiente estimulante para o desenvolvimento saudável da criança. Cada pai deve ser um especialista em seu filho, e devem fazer o possível para manter a família unida, tornando o lar para a criança um porto seguro, com o objetivo de acontecer um desenvolvimento infantil saudável e equilibrado. Segundo Montessori (1983) a mãe por meio do contato deverá transmitir à criança calor humano, afagos e carinhos, além de defender a importância do ambiente familiar. À família e à escola cabem o cuidado de atender pelo ambiente e relacionamento adequados às transformações que a criança realiza em seu crescimento, para permitir-lhe chegar a idade adulta em plena e harmoniosa normalidade integral. De acordo com Froebel (2001) é fundamental a vida em família, e infelizmente muitos pais desprezam os primeiros estágios do desenvolvimento, forçando os filhos a pularem etapas, sendo que neste primeiro momento a criança precisa de amor, atenção, cuidado e incentivo. Froebel nas cartas às mães orientava-as a brincar com seus filhos, estimular a representação simbólica utilizando músicas, danças, movimentos e o corpo.

7 II FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A FAMÍLIA O estudo sobre a história da família é baseado em iconografia, recorrendo ao dicionário é a descrição e conhecimento de imagens, retratos, quadros ou monumentos, particularmente dos antigos. Uma das iconografias medievais de destaque eram os calendários de pedra e de vidro, calendário das catedrais e dos livros de horas. A iconografia tradicional dos doze meses do ano foi fixada no século XII, retratando as estações do ano, os trabalhos e os dias. No século XV ainda estava ausente a cena de família. A partir do século XVI entra em cena uma personagem nova: a criança. No decorrer do século XVI surgiu uma idéia nova, que simbolizava a duração da vida através da hierarquia da família. Durante os séculos XVI e XVII apareceram muitos retratos com a imagem da família reunida: se percorrermos as coleções de estampas ou as galerias de pintura dos séculos XVI- XVII, ficaremos impressionados com essa verdadeira avalancha de imagens de famílias. Esse movimento culmina na pintura da primeira metade século XVII na França e na pintura de todo o século e até mais na Holanda. (ARIÈS, 1981,p.138). Segundo Philippe Ariès (2006) a análise iconográfica leva-nos a concluir que o sentimento da família era desconhecido da Idade Média e nasceu nos séculos XV-XVI, para se exprimir com vigor definitivo no século XVII. Para Ariès (2006) a família conjugal moderna seria, portanto, a conseqüência de uma evolução, que ao final da idade média, teria enfraquecido a linhagem e as tendências à indivisão. A partir do século XIV ocorreu o desenvolvimento da família moderna. Surgiram imagens das festas em família, que se tornaram festas da infância. Havia os livros de civilidade que ensinavam comportamentos para crianças e adultos. No livro de São João Batista de La Salle ensinava que é dever da criança, antes de dormir, cumprimentar os pais. No momento da refeição um eclesiástico deveria abençoar a mesa e na sua falta atribuía à criança essa função. Devido o estudo iconográfico percebe-se que no século XV e XVI surge o sentimento da família, a partir desse momento a família não é apenas vivida discretamente, mas é reconhecida como um valor e exaltada por todas as forças da emoção. Esse sentimento fez surgir em torno da família conjugal, a família formada pelos pais e seus filhos. As crianças passavam por um estágio, aprendiam os serviços domésticos, com o objetivo de tornar-se um bom servidor. Toda educação se fazia através da aprendizagem com os adultos, com sete anos a criança era conduzida até outra família para morar e aprender com

8 esta família. Dessa época em diante, a educação passou a ser fornecida cada vez mais pela escola. Durante o século XVII a família concentrou-se em torno da criança. A criança passou a estudar em uma escola distante, porém muitos defendiam que era melhor uma educação em casa, por meio de um preceptor. Um sentimento novo surgiu, os pais não queriam mais ficar longe dos filhos, esse acontecimento comprova uma transformação considerável da família. Na Idade Média fazia parte do hábito as crianças conviverem com os adultos, assim que tornassem independentes da mãe e das amas, poucos anos depois de um desmame tardio, aproximadamente aos sete anos de idade. A família cumpria uma missão, assegurava a transmissão da vida, dos bens e dos nomes. Já a família moderna é vista por muitos sem amor, porém a preocupação com a criança e a necessidade de sua presença estão enraizados nela. O cuidado dispensado às crianças passaram a inspirar sentimentos novos, uma afetividade nova que a iconografia do século XVII exprimiu com insistência: o sentimento moderno da família. Segundo Ariès (2006), o grande desenvolvimento da escola no século XVII foi uma conseqüência dessa preocupação nova dos pais com a educação da criança: os pais, diz um texto de 1602, que se preocupam com a educação de suas crianças merecem mais respeito do que aqueles que se contentam em pô-las no mundo. Eles lhe dão não apenas a vida, mas uma vida boa e santa. (ARIÈS,1981, p.195). A família moderna correspondeu a uma necessidade de intimidade, e também de identidade: os membros da família se unem pelo sentimento, o costume e o gênero de vida. Como Winnicott (2005) nos chama a atenção o cuidado das crianças pertence à mãe, elas não têm o conhecimento formal, mas provêm de uma atitude sensível adquirida na medida em que a gravidez avança, e depois perdida a proporção que a criança se desenvolve e se afasta. Segundo Winnicott (2005) é a mãe da criança a pessoa mais qualificada a desempenhar essa tarefa, e a pessoa mais adequada, pois é ela que, com maior probabilidade, entregar-se-á de modo mais natural à criação do filho. A mãe deve adaptar-se de modo quase exato às necessidades de seu filho para que a personalidade infantil desenvolva-se sem distorções. O desenvolvimento saudável da criança só pode ocorrer num ambiente propiciador. É tão grande a responsabilidade das mães e professores que a cada estágio tem que criar e proporcionar o ambiente mais adequado possível. Quando a criança inicia desde o maternal na escola, encontram-se dois tipos de criança. Aquelas cujos pais foram bem-sucedidos e continuam sendo. Essas serão as crianças recompensadoras, capazes de expressar e lidar com todos os tipos de sentimento. Por outro

9 lado, há as crianças cujos pais fracassaram, e devemos nos lembrar de que esse fracasso nem sempre é imputável a eles. Alguns pais fazem mais para a criança, do que com a criança, o que mostra uma noção de sacrifício, de peso, em vez de satisfação. Numa boa escola maternal, dá-se a um pequeno grupo de crianças a oportunidade de brincar entre si, com brinquedos adequados, e talvez sobre um chão mais apropriado que o de casa; há sempre alguém por perto para supervisionar as primeiras experiências sociais da criança. (WINNICOTT, 2005,p.51) Pais superprotetores deixam seus filhos aflitos, assim como os pais pouco confiáveis tornam as crianças confusas e amedrontadas. Os pais que conseguem manter o lar unido estão, na verdade, prestando aos seus filhos um serviço de inestimável importância. Cada membro da família deve dedicar tempo de qualidade a criança. As crianças sadias necessitam de quem lhes imponha limite. Cada pai deve ser um especialista em seu filho. Segundo Winnicott (2005), o crescimento não é só flores para a criança, para a mãe, é muitas vezes um caminho pontilhado de espinhos. Alguns problemas são gerados porque os pais não estavam preparados para a chegada do bebê, no caso de pais adolescentes, pais recém-casados (que pretendiam aproveitar o casamento). Em relação à formação da família, a juventude é o melhor momento para o casamento, pois as crianças se desenvolvem melhor com pais não mais que 20 ou 30 anos mais velhos que elas, e ainda não muito sábios, os mesmos aprendem com os filhos. A família é responsável pela educação e desenvolvimento da criança. Para aprender e adquirir conhecimento o aluno precisa ter uma boa estrutura familiar. Um lar desestruturado, sem limites, sem condições básicas, atrapalha o desenvolvimento escolar da criança. Geralmente a criança que não apresenta dificuldades em aprender e mostrar o que sabe, é porque está convivendo em uma boa harmonia familiar. Um ambiente saudável favorece o bom desenvolvimento dos filhos e proporciona-lhes apoio, quando necessário, e ajuda a criança a tornar-se independente. EDUCAÇÃO INFANTIL A lei de Diretrizes e Bases da Educação alega que a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. A educação infantil pode acontecer em instituições públicas ou privadas, sendo a creche (0-3 anos) e a pré- escola (4-6 anos) em horário integral ou parcial. Necessitando de uma infraestrutura básica e professores habilitados.

10 O artigo 205 da Constituição Federal determina que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família. No artigo 208, inciso IV da Constituição Federal, sobressai que a educação infantil é um direito da criança e das famílias, sendo que o poder público tem o dever de garantir o atendimento em creches e pré-escolas, quando a família opta por compartilhar com o Estado o dever de educar seus filhos. Todas as crianças até 6 anos de idade independente da etnia, nacionalidade, sexo, deficiência física ou mental, nível socioeconômico ou classe social, têm direito a educação infantil. De acordo com as orientações sobre convênios entre secretarias municipais de educação e instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos para a oferta de educação infantil, há regulamentação para direcionar a educação infantil que é o conjunto de leis e normas que orienta a criação, a autorização, o funcionamento, a supervisão e a avaliação das instituições de educação infantil. Normas relevantes para o funcionamento das instituições de educação infantil são: formação de professores, espaços físicos, número de crianças por professor, proposta pedagógica, gestão dos estabelecimentos e documentação exigida. De acordo com as Diretrizes da Política Nacional de Educação Infantil, exerce uma função diferenciada e complementar a ação da família, necessitando de uma permanente comunicação entre elas. Sendo um de seus objetivos fortalecer as relações entre as instituições e as famílias. Em relação às propostas pedagógicas ou curriculares de educação infantil, o documento oficial elaborado para orientar as instituições de educação infantil passou a ser o RCNEI (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil). Segundo Kramer (s/d), uma proposta de educação infantil em que as crianças desenvolvam, construam, adquiram conhecimentos e tornem-se autônomas e cooperativas implica pensar a formação permanente dos profissionais que nela atuam, esses profissionais devem ter acesso ao conhecimento na área, para repensarem sua prática em sala de aula: O currículo inclui definições sobre o tipo de escola que se deseja, o que se pretende oferecer, a forma de administrá-la, o contexto histórico, ideológico, filosófico, sociológico, cultural, político, econômico e psicológico em que se insere; trata das relações da escola e seu currículo com a sociedade como um todo, as metas, os conteúdos, os recursos, a avaliação, o desenvolvimento estratégias e modos de planejar e implementar o currículo, se orientado para a resolução de problemas, para o desenvolvimento infantil ou para experiências institucionais nacionais ou domésticas. (KRAMER, s/d p.7)

11 Kramer (s/d) enfatiza que mais importante que modificar as políticas nacionais para a educação infantil é modificar as condições, atualmente precárias de secretarias, escolas, creches e pré-escolas. Existe necessidade de uma infraestrutura básica nas instituições e também a utilização do RCNEI, dos Parâmetros de Qualidade para a educação infantil em busca de uma educação diferenciada e com qualidade para as crianças. É necessário que creches e pré-escolas busquem aproximar cultura, linguagem, cognição e afetividade como elementos constituintes do desenvolvimento humano e voltados para a construção da imaginação e da lógica, considerando que estas, assim como a sociabilidade, a afetividade e a criatividade têm muitas raízes. A criança era vista pela sociedade como um adulto em miniatura, mas este conceito foi mudado e, atualmente, sabe-se que a criança é um ser humano único, completo e ao mesmo tempo em crescimento e em desenvolvimento. Segundo os Parâmetros de Qualidade para a educação infantil, a criança é um sujeito social e histórico que está inserido em uma sociedade na qual partilha de uma determinada cultura. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também contribui com ele. Para Oliveira (2008), a criança de hoje tem uma nova identidade, são curiosas e ativas, com direitos e necessidades, que precisam de um espaço diferente tanto do ambiente familiar, onde são objeto do afeto de adultos, quanto do ambiente escolar tradicional, frequentemente orientado para a padronização de condutas e ritmos e para avaliações segundo parâmetros externos à criança. A qualidade do ambiente de aprendizagem no lar pode promover o desenvolvimento intelectual e social em todas as crianças, superando a influência da classe social e do nível educacional dos pais. Nos parâmetros de Qualidade para a educação infantil, segundo pesquisa realizada pelo SECC (Study of Early Child Care and Youth Development), foi constatada que as variáveis familiares têm um peso significativo sobre o desenvolvimento das crianças. Os efeitos da frequência a creches, quando positivos, mostraram-se complementares às condições do ambiente familiar. Em relação à parceria da família com a escola, há nos Parâmetros de Qualidade para as Instituições de Educação Infantil (2008), alguns itens relevantes, sendo eles:

12 antes de a criança começar a frequentar a instituição de Educação Infantil, são previstos espaços e tempos para que mães, pais e familiares ou responsáveis, professores e gestores iniciem um conhecimento mútuo; professores e gestores são atenciosos com mães, pais e familiares ou responsáveis, estando disponíveis cotidianamente para ouvir solicitações, sugestões e reclamações; professores e gestores desenvolvem atividades mútuas e em relação às crianças e aos seus familiares de respeito à diversidade e orientam contra discriminação de gênero, etnia, opção religiosa, de indivíduos com necessidades educacionais especiais ou diante de composições familiares diversas e estilos de vida diversificados. De acordo com os Parâmetros de Qualidade para a educação infantil, a instituição embora responda à necessidade de mães e pais trabalhadores e se configure como uma área de trabalho e emprego tem como objetivo principal assegurar o direito da criança à educação. O PAPEL DA FAMÍLIA NA FORMAÇÃO DA CRIANÇA NA VISÃO DE MARIA MONTESSORI A pedagogia Montessoriana baseia-se no processo de desenvolvimento psicológico da criança, levando em conta as manifestações de seu comportamento, desde o fato inicial de seu nascimento. De acordo com Montessori (1983) só o amor materno poderá descobrir as formas mais adequadas de, pelo contato, transmitir calor humano, afagos e carinhos, comunicar ao recémnascido todas as possíveis manifestações de amor que o alivie do medo, da insegurança, das asperezas deste que é agora o seu mundo. Segundo a autora, do nascimento aos seis anos, a criança passa pela etapa da mente absorvente: de zero a três anos é a mente absorvente inconsciente e de três a seis anos a mente absorvente consciente. A mente absorvente inconsciente é o período criativo da inteligência. Absorve em si todas as impressões que o ambiente lhe oferece os costumes, os hábitos da terra em que vive, formando o indivíduo típico da raça. Caso a criança seja ajudada convenientemente, segundo os valores humanos, suas pessoais potencialidades serão desenvolvidas. Montessori (1983) enfatizou que o grande amor dos adultos, pais ou educadores, deverá se alimentar no desejo e no esforço de melhor e mais profundamente conhecer a natureza, o processo de desenvolvimento da criança, pois com esse conhecimento minucioso

13 poderá nascer um relacionamento adequado que, afastando todo obstáculo, permitirá àquele ser de realizar tudo o que tem como potencial, auto construindo-se, equilibradamente, em relação consigo mesmo com as causas, com os outros e com Deus. Percebe-se que a ansiedade dos pais reflete-se nas crianças e jovens, traduzindo-se nestes por comportamentos mistos de instabilidade, insatisfação, insegurança e agressividade. Naquela época ela evidenciou que os pais parecem terem dito adeus aos filhos porque tem muito o que fazer. Atualmente, a situação ficou crítica porque os pais trabalham em tempo integral e os filhos ficam sob cuidados de terceiros. Sendo os pais indispensáveis na ajuda adequada ao crescimento de seus filhos, formando personalidades fortes. Do ponto de vista de Montessori (1983), as crianças que desenvolvem a sua força num clima de liberdade vivificante, na família e na escola, serão amanhã os criadores de um mundo melhor. Em sua ação educacional Montessori (1983) sempre defendeu a importância do ambiente familiar na ajuda adequada ao crescimento da criança que, segundo ela, é o primeiro ambiente educador. A RESPONSABILIDADE DA FAMÍLIA PARA FROEBEL Friedrich A. Froebel (2001) ao criar o jardim de infância, pensava em abolir os asilos de crianças do seu tempo, mas não pensava numa organização social-pedagógica complementar da família e sim, numa instituição-modelo, em que jovens mulheres, interagindo com crianças brincando, pudessem se preparar para a sua mais importante tarefa dentro da família. Froebel (2001) dividiu o desenvolvimento do homem em níveis: o primeiro bebê, quando o interior se manifesta pelo movimento; o segundo a criança, quando o interior se manifesta pela palavra e pelo jogo, por último, o terceiro jovem quando a escola e a aquisição de conhecimentos exercem um papel primordial. Para Froebel (2001) é relevante lembrar a importância que tem um bebê. Nessa primeira fase, a criança não só toma o peito de sua mãe para nutrir sua vida como também se esforça para receber, por meio dos sentidos, toda a variedade de coisas exteriores que a rodeiam. Ele faz uma crítica às mães que não amamentaram, diz que não cumpriram o seu dever e seus filhos não terão o mesmo desenvolvimento em comparação com as crianças que tiveram este contato com a mãe.

14 Em relação às fases da vida, segundo Froebel (2001) há pais que educam a criança para que ela se comporte já como um jovenzinho, e alguns para que o adolescente se manifeste como um homem formal, saltando por cima das etapas necessárias e essenciais. Muitos pais desprezam os primeiros estágios do desenvolvimento, sendo que neste primeiro momento o indivíduo necessita de atenção, cuidado, amor e incentivo. Durante a primeira infância, o mundo começa a sair do nada para a criança como uma forma nebulosa. Essa separação só começa a manifestar quando os objetos se destacam por meio da palavra, que vem, sobretudo, dos lábios da mãe e do pai. De acordo com Froebel (2001) na criança desenvolve-se, primeiramente, a audição e, em seguida, a visão. Para que aconteça o desenvolvimento destes sentidos, é necessário que os pais e educadores ajudem a criança a relacionar os objetos com seus opostos, com a palavra e logo com o signo que os representa, fazendo-a ver nessa relação uma verdadeira unidade e guiando-a assim à intuição e, mais tarde ao conhecimento dos objetos. Não é prudente abandonar muito tempo as crianças no berço sem dar algum objeto exterior à sua atividade. Froebel (2001) nos chama a atenção em que a educação deve ser iniciada, continuando cada vez mais intensamente o cuidado físico e a formação moral. Nesse período, a educação do homem corresponde inteiramente à mãe, ao pai, à família, e o homem depende dessa família, e com ela, por natureza, forma um todo inseparável e indivisível. Na visão de Froebel (2001) os pais e a família devem incentivar o contato com a natureza, com o repouso e a claridade dos objetos naturais, sendo um dos pontos mais importantes na formação da criança. Os jogos nesta fase da vida são extremamente importantes, as mães devem intervir nos jogos e o pai deve observá-los e vigiá-los. Jamais devem ser esquecidos pelos pais que a criança necessita de cuidados, que parecem insignificantes, não só para sua felicidade pessoal, mas também para a da casa, da família e da sociedade em geral: o fim e objeto da educação dada pelos pais, no ambiente e no círculo da família, consistem em despertar e desenvolver suficientemente tanto as energias e atitudes gerais como as especiais de cada um dos membros e órgãos do homem. (FROEBEL, 2001,p.51). Um momento especial de aprendizagem para a criança é quando a mãe cuidadosa conhece o valor do canto, sobretudo quando adormecem. Com isto a criança adquire conhecimento da cultura, melodia e vocabulário, além de sentir o carinho da mãe. As crianças educadas dessa forma têm grande facilidade em falar e empregar as palavras.

15 Não só a linguagem pode ser trabalhada pela família, mas também o número, sua atitude para cantar, pois o espírito da criança exige que a mãe e as demais pessoas que convivem com ela se esforcem para desenvolver suas capacidades para a matemática. O pai é o exemplo para o filho, em todas as profissões há aprendizado, então Froebel em sua época incentivava os pais a levarem os filhos ao trabalho. Qualquer que seja o emprego ou o trabalho do pai poderá servir de ponto de partida para todos os conhecimentos. A criança não ignora a riqueza do conhecimento em família, que passa a acompanhar os pais em todos atos e afazeres e deles não quer se afastar, seguindo-os sempre por onde forem. Algo interessante é que os pais não devem perder a paciência, e sim responder às perguntas repetidas e intermináveis dos filhos: os pais e as mães, podem encontrar uma fonte inesgotável de alegrias na educação dos filhos. Não há satisfação maior, não há felicidade mais profunda, que a de educar nossos filhos, viver com eles, ou melhor viver neles. ( FROEBEL,2001,p.66) É possível aprender com as crianças, prestar atenção às doces aprendizagens de suas vidas, as secretas lições de sua alma, e como cita Froebel vivamos em nossos filhos, deles recebemos a paz e a felicidade e descobriremos, assim os caminhos da sabedoria. No decorrer do primeiro período da vida humana, o bebê exige cuidado. Já no segundo período, a infância é de maneira especial o tempo da educação para pais e professores. A família contribui incomparavelmente para formar, em toda a sua pureza e energia, um coração bom, uma alma piedosa. Por isso, é fundamental a vida em família, sendo que na infância, todas as coisas são vistas através dela e com um reflexo seu. FAMÍLIA E ESCOLA PARCERIA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA A sociedade moderna é constituída por vários tipos de família. Família nuclear formada por pai, mãe e filhos e a família contemporânea, casais divorciados, mães como chefe de casa, uniões homossexuais, pais adolescentes e todo tipo de união que ocorre hoje. Segundo Sarat (2001), antigamente as mulheres cuidavam do lar e das crianças, mas com as transformações na sociedade a mulher passou a ser operária. Então, desde que a mulher passou a integrar o mercado de trabalho, houve a necessidade de modificar o atendimento para as crianças, surgindo assim locais destinados para oferecer assistência as

16 crianças, somente com o sentido de cuidado, segurança, bem-estar, higiene, proteção e alimentação. Não havia ainda uma preocupação com a educação para os pequeninos. Na opinião de Sarat (2001), posteriormente foram criadas instituições denominadas creches ou pré-escolas que ofereciam não só o cuidado, mas educação enriquecendo e completando as experiências das crianças. A escola é uma instituição que complementa a família e juntas tornam-se lugares agradáveis para a convivência das crianças. Há um grande número de instituições privadas de educação infantil em todo o Brasil, muitas sem a documentação necessária para o funcionamento, mas isto é em decorrência da mulher estar atuante no mercado de trabalho e precisar de um local para deixar os filhos. É importante lembrar que a escola não substitui a relevância do convívio familiar na formação da criança. Estamos vivendo em um período que os pais terceirizam a educação de seus filhos, pensam que ao contratar uma empregada doméstica, babá, ou uma instituição de ensino integral, delegam a educação dos pequeninos a esses, sentindo-se isentos de suas obrigações. Alguns pais ficam ausentes por trabalharem até 10 horas por dia, outros preferem deixar os filhos na responsabilidade de terceiros e se divertirem, viajar. Existem mães que não trabalham fora, mas matriculam os filhos nas escolas em período integral, sem necessidade, deixando de usufruir de momentos especiais ao lado dos filhos. Se a criança não é cuidada pelos pais, mas é entregue aos cuidados de terceiros, quando os pais se dão conta, já perderam o respeito. Atualmente, o que é ser pai? O que é ser mãe? As famílias não estão sabendo exercer seus papéis. Os pais devem entender que educar é ajudar no crescimento, no desenvolvimento dos aspectos cognitivos e participar disso. O crescimento e o desenvolvimento da criança pequena ocorrem tanto no plano físico quanto no psicológico, pois um depende do outro. Algo que tem prejudicado a família é a diminuição da disponibilidade de tempo que os pais têm para ficar com os filhos. Muitas pessoas têm filhos, mas não querem agir como pais. Nossa cultura os têm convencido de que precisam satisfazer sua sede pessoal por realização. Em uma cultura de autoabsorção, os filhos são uma evidente desvantagem. Assim, os pais passam um tempo mínimo com seus filhos. A noção de qualidade de tempo é mais atraente do que a antiga idéia de quantidade de tempo. Com isso as crianças criadas neste clima não mais costumam pedir licença, não tem boas maneiras, não tem mais medo de responder mal seus pais, não aceitam um papel submisso na vida, enquanto isso, uma geração de crianças está se estragando.

17 Para Oliveira (2008) as equipes das creches e pré-escolas, reconhecem a importância do trabalho com a família, porém muitas vezes consideram despreparada e menos competente que o professor, principalmente em relação à família de baixa renda. Já nas escolas em que os pais possuem um nível financeiro elevado, a professora é vista pelos pais como concorrente na educação de seus filhos, sendo que em escolas que atendem as famílias pobres os pais enxergam professores como autoridades, alguém que sabe e controla a família. Muitas vezes ocorrem divergências entre os ensinamentos familiares e os propostos pela creche ou pré-escola, como acontece em situações cotidianas e em relação à linguagem e valores. Na visão de Oliveira (2008) o professor não tem um papel terapêutico em relação à criança e sua família, mas o de conhecedor da criança, de consultor, apoiador dos pais, um especialista que não compete com o papel deles. Um passo inicial na parceria família e educadores é no período de adaptação e acolhimento dos novatos, pois é relevante um trabalho integrado. Ao longo do ano um trabalho letivo a escola pode convidar os pais não só para reuniões bimestrais, mas para serem participantes na elaboração de projetos pedagógicos, e na organização de eventos e festas comemorativas: Historicamente, a família tem sido considerada o ambiente ideal para o desenvolvimento e a educação de crianças pequenas. Essa é a posição de alguns sistemas educacionais, que sustentam que a responsabilidade da educação dos filhos, particularmente quando pequenos, é da família, e assumem um papel de meros substitutos dela. Repetindo as metas embutidas nas práticas familiares. (OLIVEIRA, 1980,p.175) Hoje em dia muitas crianças não têm irmãos, o local para contato com outras crianças é a escola, propiciando envolvimento, ideias de coletividade e de companheirismo. A escola é o local mais indicado para a mãe deixar o filho enquanto trabalha, até mesmo devido ao grande número de crianças que ficam com babás e não são bem tratadas, por não saberem lidar com os pequenos, além disso, na escola irão receber cuidado e educação. Mas os pais não podem transferir para a instituição a responsabilidade de auxiliar o desenvolvimento do filho, não há como deixar a educação da criança somente nas mãos de outra pessoa e desejar que tenha um desenvolvimento saudável. È imprescindível que a família exerça o seu papel de cuidar e educar a criança, além de possibilitar um diálogo e uma relação entre a escola e a família, mesmo com toda

18 dificuldade da sociedade contemporânea, todos não devem medir esforços para encontrar tempo e conviver com os filhos, não é a quantidade de horas, mas a qualidade dedicada ao filho, ouvindo-o, contando histórias, cantando e brincando, infelizmente famílias estão com lacunas porque não aproveitam esses preciosos momentos. Nesse sentido, verifica-se que a família e a escola dependem uma da outra, necessitando de uma parceria entre elas. A necessidade de se construir uma relação entre escola e família, deve ser para planejar, estabelecer compromissos para que a criança tenha uma educação de qualidade em casa e na escola. VI CONCLUSÃO Na Idade média a família cumpria uma missão, assegurava a transmissão da vida, dos bens e dos nomes. No século XVII surgiu o sentimento moderno da família, passaram a experimentar uma afetividade nova. A família moderna correspondeu a uma necessidade de intimidade e também de identidade: os membros da família se unem pelo sentimento, o costume e o gênero de vida. Na atualidade alguns problemas são gerados porque os pais não estavam preparados para a chegada do filho, no caso de pais adolescentes, pais recém- casados e tantos outros. Os pais que conseguem manter o lar unido estão, na verdade, prestando aos seus filhos um serviço de inestimável importância. Cada integrante da família deve dedicar tempo de qualidade a criança. Infelizmente os pais estão terceirizando a educação de seus filhos, alguns por trabalharem muitas horas diariamente, e outros preferem deixar na responsabilidade de terceiros por vários motivos, sentindo-se isentos de suas obrigações. Este trabalho teve como finalidade identificar qual a função da família e esclarecer a relevância da parceria entre família e escola. Tendo como problema de pesquisa, qual a importância da participação da família na educação da criança? Sendo o objetivo geral demonstrar a importância da parceria família e escola, e suas contribuições para o desenvolvimento da criança. E como objetivo específico foi realizado reflexão teórica a partir dos autores Montessori e Froebel, das políticas públicas de educação infantil e outros referencias bibliográficos. A solução para o problema foi alcançado por meio dos teóricos Montessori e Froebel, das políticas públicas para a educação infantil e outros referenciais bibliográficos. Foi

19 possível compreender a diferença que uma boa estrutura familiar e educacional pode fazer na vida e no desenvolvimento da criança, lembrando que esta parceria é totalmente necessária, pois uma depende da outra. Com certeza as instituições de educação infantil têm o dever somente de complementar a ação da família. Salientando que mesmo os pais pagando uma creche ou babá não ficam isentos de educar seus filhos e auxiliá-los no desenvolvimento intelectual e social. As famílias não procuram a instituição apenas para que proporcione a seus filhos os aprendizados definidos no currículo escolar. Elas buscam compartilhar com os educadores o cuidado e a educação de seus filhos. Esperam que suas crianças sejam acolhidas em sua individualidade, o que comporta necessidades variadas. Observa-se que a criança necessita de atenção, cuidado, amor, afeto e incentivo. Quando a família proporciona um ambiente saudável e cuida das necessidades da criança, ocorre um progresso em suas pessoais potencialidades e, futuramente, serão adultos com êxito. Fica na responsabilidade da família e instituições de educação infantil assumir e desempenhar a sua função, sempre uma completando a outra, não permitindo lacunas, assim teremos uma educação infantil que visa a qualidade e não a quantidade, lembrando que a criança é um ser ativo, competente e produtor de cultura, mas que depende dessa integração para se desenvolver. È relevante a parceria entre escola e família quando as mesmas têm um objetivo comum, assim as crianças alcançarão o sucesso. VII - REFERÊNCIAS ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família, 2ed. Rio de Janeiro:LTC, 2006. BRASIL. Ministério da Educação. Critérios para um Atendimento em Creches que Respeite os Direitos Fundamentais das Crianças. Brasília: MEC.2009 BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394, de 20 de Dezembro de 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Básicos de Infra- estrutura de Educação Infantil. Brasília: MEC. 2008 BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros de Qualidade para Educação Infantil. Brasília: MEC.2008

20 BRASIL. Ministério da Educação. Orientações sobre convênios entre secretarias municipais de educação e instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos para a oferta de educação infantil. Brasília: MEC.2009 CAPELATTO, Ivan. FILHO, José Martins. Cuidado, afeto e limites uma combinação possível. São Paulo: Papirus7 mares, 2009. CERISARA, Ana Beatriz. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil no Contexto das Reformas. São Paulo: Unicamp.2002. ---------------, Fontes para a educação infantil. 4ed. São Paulo:Cortez,2008. FROEBEL, Friedrich W. A.; BASTOS, Maria Helena Câmara (Trad.). A educação do homem. Passo Fundo: UFP, 2001. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. A LDB e as Instituições de Educação Infantil: desafios e perspectivas. São Paulo: 2001. KRAMER, Sônia. Propostas Pedagógicas ou Curriculares de Educação Infantil: para retomar o debate. Rio de Janeiro: PUCRIO,(s/d). MACHADO, Izaltina de Lourdes. Educação Montessori: de um homem novo para um mundo novo. São Paulo: Livraria Pioneira, 1983. OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. 4ed. São Paulo: Cortez, 2008. PRADO, Danda. O que é família?5ed. São Paulo: Brasiliense, 1984. SARAT, Magda. Formação Profissional e Educação Infantil: uma história de contrastes. Paraná: Unicentro. 2001. WINNICOTT, Donald W. A família e o desenvolvimento individual. 3ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.