1 DIREITO PROCESSUAL PENAL PONTO 1: Processo e procedimento PONTO 2: Natureza do processo PONTO 3: Objeto da relação processual PONTO 4: Sujeitos da relação processual PONTO 5: Sistemas processuais PONTO 6: Escolha do Procedimento PONTO 7: Procedimento Comum Ordinário 1. Processo e procedimento: Conceito: diferenças Processo é o conjunto de atos processuais que se sucedem, coordenadamente, com a finalidade de resolver jurisdicionalmente o litígio. É a forma pela qual o estado soluciona a lide, ou seja, a relação de conflito colocada pelas partes, preferencialmente, com resolução de mérito - o conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida. O processo deve ser visto como algo interno. fora. Procedimento: é a exteriorização do processo, ou seja, é o processo visto pelo lado de 2. Natureza do processo: Teoria da relação jurídica: adotada pela maioria dos processualistas nacionais, é identificada como a precursora da origem do processo. Isso significa que a relação processual é diversa da relação jurídica é autônoma da relação jurídica de direito material. Conforme adiante se verá, não se confundem sujeitos e o objeto da relação jurídica de direito processual e de direito material, que são absolutamente diversos. 3. Objeto da relação processual: Diversamente do objeto da relação jurídica de direito material que é o bem da vida que se persegue, na relação jurídica de direito processual o que se busca é a prestação jurisdicional, preferencialmente que essa prestação seja de mérito mérito no processo penal são somente absolvição e condenação. Conforme posição majoritária as decisões que declaram extinta a punibilidade também o são.
2 4. Sujeitos da relação processual: Estado-Juiz, autor e réu. Réu (art. 386, III 1, CPP) J A 5. Sistemas processuais: 5.1. Inquisitório: não tem contraditório e ampla-defesa. Sistema adotado no Inquérito Policial. 5.2. Misto: há um sistema que prevê parte inquisitório e parte acusatório. Prevalece no Tribunal do Júri. O Juiz na pronúncia pode adotar tanto prova produzida na Policia quanto na judicial. Pois é lícito aos jurados que adotem no plenário aprova produzida inquisitória. 5.3. Acusatório: respeito irrestrito ao devido processo legal (ampla defesa e contraditório). Há um terceiro imparcial, bem como a igualdade de partes. - art. 156, CPP: Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; II determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. - o Juiz em busca da verdade real ele poderia determinar a produção de provas de ofício. Porém, viola o sistema acusatório, pois ele sai da esfera de imparcialidade. - Art. 212, CPP: preserva o sistema acusatório. Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. 1 Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: III - não constituir o fato infração penal.
- Art. 384 do CPP: princípio da correlação. A Mutatio libelli. Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. 3 O aditamento provocado: quando o Juiz indica ao membro do MP para fazer o aditamento da denúncia. O Juiz indicaria qual o fato que o réu deveria estar respondendo. Violação do sistema acusatório. Só se admite o aditamento espontâneo. CPP. Atualmente, é admitido com a modificação do artigo devido ao art. 384 caput e 1º 2, 6. Escolha do Procedimento art. 394, 1º, I, II, III 3, CPP: Comum: ordinário, sumário e sumaríssimo. Quantidade máxima de pena cominada em abstrato: - maior e igual a 4 anos: ordinário; - maior de 2 anos ou menor de 4 anos: sumário; - IMPOS (infrações de menor potencial ofensivo): sumaríssimo crimes cuja pena máxima não exceda a 2 anos (inclusive com procedimento especial) e todas as contravenções penais. Especial natureza da infração. Ex: furto e tráfico de drogas. Sempre que houver crime conexo com ele o procedimento ordinário deverá ser usado o procedimento mais amplo que é o comum ordinário. 2 Art. 384, 1 o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código. 3 Art. 394. O procedimento será comum ou especial. 1 o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei.
4 Palavras de Ordem: - Uniformização dos procedimentos art. 394, 4º 4, do CPP art. 395 5, CPP; art. 396 6, CPP; art. 397 7, CPP. - Sumarização: tudo deve estar resolvido na AIJ. Ou seja, debates e a sentença proferida em audiência. 7. Procedimento Comum Ordinário: É o chamado procedimento padrão. Possui as regras que se irradiam para os demais procedimentos. - Oferecimento da denúncia ou da queixa: É o momento em que se inicia a ação penal, sendo também aquele em que a acusação requer diligências e arrola testemunhas em número de oito para cada fato, pois a acusação prova fatos. - Rejeição da denúncia ou da queixa art. 395 do CPP. Incorreta a colocação de matéria de ação penal em capítulo relativo a procedimento, principalmente por tratar, genericamente, todas as hipóteses como sendo rejeição da denúncia ou da queixa. 4 Art. 394, 4 o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. 5 Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 6 Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-laá e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 7 Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV - extinta a punibilidade do agente.
5 O inciso I do art. 395 do CPP, inépcia, é caso manifesto de não recebimento, como assevera Boschi, sendo importante em relação a natureza da coisa julgada produzida. Não obstante isso, os Tribunais Superiores tem adotado posição única de que apenas cabe rejeição da denúncia ou da queixa, não se fazendo qualquer distinção importante referir que o 5º 8 do art. 384 ainda se refere a não recebimento. Da decisão que rejeita a denúncia cabe Recurso em sentido estrito (art. 581, I 9, CPP). Obs: No RS é diferente, pois entende o Tribunal local que cabe apelação. Quando for procedimento sumaríssimo caberá apelação da decisão que rejeita a denúncia ou queixa. Em Tribunal Superior (Lei 8038), da decisão que rejeita a denúncia caberá recurso especial ou extraordinário. Pois tanto o recebimento quanto a rejeição é feita pelo Órgão Colegiado. - Recebimento da denúncia ou da queixa art. 396, CPP: Não é mais o ato que marca o inicio do processo, sendo agora a citação do acusado (art. 363 10 do CPP). No entanto, continua sendo o primeiro marco interruptivo da prescrição (art. 117, I 11, CP). Trata-se de uma decisão interlocutória simples da qual não cabe recurso e que não deve ser fundamentada profundamente cognição sumária, salvo quando se tratar de procedimentos em que há resposta preliminar, ou seja, antes do recebimento da denúncia. São 8Art. 384, 5 o Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. 9 Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa. 10 Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do acusado. 11 Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa.
6 eles: Tribunais Superiores (Lei 8038/90), funcionário público (art. 514 12 do CPP), art. 55 13 da Lei 11.343/06, art. 81 14 da Lei 9099/95. Segundo entendimento pacífico, o momento para que se receba a denúncia ou a queixa é o do artigo 396 do CPP cuidar com a expressa recebida a denúncia ou a queixa contida no início do art. 399 15 do CPP, devendo ser lida da seguinte forma: não tendo sido caso de absolvição sumária, deverá o Juiz designar audiência de instrução e julgamento. Assim, não haverá dois recebimentos da denúncia ou da queixa. - Citação do réu: Após recebimento da denúncia, o Juiz manda CITAR O RÉU, meio que se faz a comunicação do que e porque está sendo acusado. Forma pela qual o réu exerce a sua defesa pessoal e técnica. As formas de citação são: - pessoal: mandado (réu residir na mesma jurisdição e Comarca que está sendo processado, no sumaríssimo pode ser pro AR); precatória (reside no Brasil, porém outro estado); rogatória (reside em outro país - art. 368 16, CPP suspende prescrição até o seu cumprimento e juntada aos autos, não se aplica Súmula 710 17 do STF) endereço certo; - hora certa art. 362 18, CPP ocultar; 12 Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias. 13 Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 14 Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença. 15 Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. 16 Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento. 17 Súmula 710 do STF: No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.
7 - edital art. 366 19, CPP. Obs: a citação mais grave para o réu é a citação por hora certa. O réu preso devera ser pessoalmente citado e requisitado a comparecer na audiência de instrução e julgamento, sob pena de nulidade absoluta neste caso, não apresentado o réu preso, a audiência somente poderá ser realizada se a defesa concordar e, por certo, apenas a oitiva de testemunha ( art. 399, 1º 20, do CPP). É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que ele esta sendo processado Súmula 351 21 do STF. - Art. 396 22, CPP Resposta à acusação 10 dias. Diferente de defesa prévia. Citado o réu, ele terá 10 dias para apresentar resposta a acusação que, ao contrário da antiga defesa prévia, é absolutamente profunda e fundamentada. Nela, a defesa deverá argüir todas as teses que sejam de seu interesse: preliminares, prejudiciais e mérito. É certo que a defesa poderá optar pela apresentação destas teses somente ao final do processo, como forma de estratégia. Neste caso, corre o risco de não haver a absolvição sumária, uma vez que não haverá tese alguma a ser enfrentada. Além do que, diante da inércia, poderá o Juiz designar novo defensor. 18 Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei n o 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 19 Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. 20 Art. 399, 1 o O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar sua apresentação. 21 Súmula 351 do STF: É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que o juiz exerce a sua jurisdição. 22 Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebêla-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
8 A atual resposta a acusação é absolutamente imprescindível, ou seja, a sua presença é importante nos autos. A propósito, se o réu citado pessoalmente não apresentá-la, deverá o Juiz nomear-lhe defensor dativo. Se citado por edital, o prazo sequer se inicia enquanto não comparecer ou não constituir advogado essa disposição casa perfeitamente com o disposto no art. 366 do CPP, sendo mais uma prova de que sem a resposta o processo não segue. Observe-se, ainda, que o prazo para o seu oferecimento da resposta é de 10 dias. A defesa, se postulasse a rejeição da denúncia ou da queixa, o que é possível neste momento, pois é o primeiro em que ela se manifesta, em sendo acolhido, deverá acarretar as conseqüências do art. 395 do CPP o juiz irá rejeitar a inicial logo após tê-la recebido. Em relação ao mérito, a decisão será de absolvição sumária ou de extinção da punibilidade, conforme inciso IV do art. 397 do CPP. Observação: Exceção de pré-cognição (flagrante ilegalidade): trata-se de uma forma de defesa ilegal e não acolhida pelos Tribunais Superiores, utilizada pela defesa durante o IP até o recebimento da denúncia, a fim de evitá-lo, quando houver algum fato que seja flagrantemente ilegal e que, por isso, impeça o seu recebimento. para cada réu. É o momento em que a defesa arrola testemunhas, podendo arrolar oito testemunhas Obs: Súmula 523 do STF - No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. - Absolvição Sumária art. 397, CPP: Trata-se de uma decisão interlocutória mista, ela enfrenta o mérito, ou seja, uma vez transitada em julgada jamais poderá ser o réu novamente processado pelo mesmo fato. Não é uma sentença:
9 a.1) porque é proferida é proferida no curso do processo; a.2) em razão da parte final do inciso II do art. 397, salvo inimputabilidade. A aplicação de medida de segurança apenas será possível ao final do processo, por ser prejudicial ao réu. De outro lado, caso o Juiz desacolha os argumentos da defesa, não poderá fazê-lo de forma aprofundada, sob pena de já estar antecipando o seu entendimento para a sentença deverá fazê-lo tal qual uma sentença de pronúncia, para que não comprometa a sua imparcialidade. De igual forma deverá fazê-lo caso absolva sumariamente, embora com mais profundidade, até porque esta decisão pode ser reformada. A grande diferença entre absolvição sumária e a sentença absolutória está em que na primeira a dúvida beneficia a sociedade. As expressões prova inequívoca, estreme de dúvidas (livre de impurezas), ou seja, toda a prova produzida deverá estar conforme a tese do réu. Na dúvida, o processo segue com audiência de instrução e julgamento. É o mesmo que já ocorria na absolvição sumária no procedimento do Júri. As causas que levam a absolvição sumária são (art. 397, incisos): I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime (ex: bagatela); IV - extinta a punibilidade do agente. Recurso cabível até o inciso III cabe apelação (art. 593, II, CPP) e do inciso IV cabe o Recurso em sentido estrito.
10 Nota-se que com a reforma tem-se mais um momento processual pró-réu. 395, III 397, III 386, III Of. D R. acus. Debates Bagatela Tendo sido oferecida a denúncia, sendo o crime bagatela, a denúncia será rejeitada. Tendo sido oferecida a resposta a acusação e havendo prova inequívoca que o réu agiu em legitima defesa putativa deverá ser absolvido o réu sumariamente. Após os debates, deverá o Juiz proferir sentença absolutória. Audiência de instrução e julgamento - art. 399 23 CPP: Pela lei tudo deverá estar encerrado na AIJ, devendo o réu sair sentenciado. No procedimento comum ordinário o prazo é de 60 dias para a sua realização. Duas posições quanto ao tempo de contagem do prazo: - A posição menos adotada: contada a partir da data dor recebimento da denúncia. - A segunda posição: os 60 dias para a realização da audiência são contados a partir do dia em que o Juiz recebe o processo concluso e não absolve o réu sumariamente. 23 Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente.