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PROCESSO Nº: 0804249-57.2013.4.05.8300 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO APELANTE: FAZENDA NACIONAL APELADO: MARIA DE FATIMA VENTURA FERREIRA DA SILVA ADVOGADO: HELENA DE SA ROCHA MOURA (e outro) RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA - 2ª TURMA RELATÓRIO Trata-se de remessa oficial e apelação interposta pela Fazenda Nacional em face de sentença que julgou procedente o pedido deduzido na inicial para reconhecer o direito da parte autora à isenção ao imposto de renda, nos termos do art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/86. Sustenta a apelante, em síntese, a ocorrência de cerceamento em seu direito de defesa, diante do julgamento antecipado da lide, sem que fosse apreciado pedido de realização de perícia médica judicial, aduzindo que a moléstia alegada pela apelada não se enquadra no rol disposto no art. 6.º, XIV, da Lei n.º 7.713/88, além da ausência de laudo médico oficial e a ausência de provas quanto à retenção indevida. Contrarrazões apresentadas. É o relatório. VOTO O SR. DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA (RELATOR): Observe-se, primeiramente, que não se há que falar em cerceamento do direito de defesa em face do julgamento antecipado da lide sem que fosse apreciado pedido de dilação probatória, qual seja, a realização de perícia médica judicial. Isso porque, entendendo o julgador que as provas constantes nos autos são suficientes para formar o seu convencimento a respeito do

direito invocado, pode submeter o processo a julgamento sem que isso se configure cerceamento de defesa. É o que ocorre na hipótese, em que a produção de outras provas para análise e deslinde da questão é desnecessária. Convém assinalar que a prova se destina ao convencimento do Juízo. Se este entende desnecessários tais esclarecimentos, pode julgar antecipadamente a lide. E no caso concreto, evidencia-se a desnecessidade da realização de perícia médica judicial, haja vista que foram acostados documentos médicos suficientemente aptos à análise da existência da moléstia que se pretende comprovar. Ora, a prova suficiente à formação de um juízo de valor preciso sobre a causa, na hipótese, não é senão de natureza documental, cujos documentos suficientes à formação do convencimento do julgador já foram acostados, donde a desnecessidade de realização de uma maior instrução. Considerando as peculiaridades do caso concreto, correto está o julgamento da presente lide, conforme o permissivo legal insculpido no artigo 330, I, do CPC, não existindo qualquer violação aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. A propósito, o STJ já decidiu que "presentes as condições que ensejam o julgamento antecipado da causa, é dever do juiz, e não mera faculdade, assim proceder" (STJ - 4ª T., REsp 2.832 - RJ, rel. Min. Sálvio de Figueiredo, j. 14.08.90, DJU 17.09.90, p. 9.513). No mérito, resta induvidoso que a parte apelada é portadora de neoplasia maligna, não havendo dúvida quanto ao seu enquadramento clínico, de modo que, nos termos dos incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713/88, seus rendimentos são isentos do Imposto de Renda Pessoa Física. Com efeito, verifica-se a existência de laudo médico expedido por unidade pública de saúde (Hospital Oswaldo Cruz) no ano de 2013 e subscrito por dois médicos, atestando a existência da doença, ao constatarem que a parte é portadora de neoplasia maligna de mama (CID- 10 C50), tendo se submetido a procedimento cirúrgico, com posterior quimioterapia e radioterapia, e informando que o prognóstico da doença dependerá ou não da evolução da mesma. Existe, ainda, laudo médico emitido pela Gerência Psicomédica do DETRAN/PE em 21/03/2013 e subscrita por médico oficial que também constatou a neoplasia maligna na mama (CID - 10: C-50) e a impossibilidade da autora de dirigir veículo convencional, podendo apenas dirigir veículo automático, para fins de isenção do IPI. Não prospera, assim, a alegação de inexistência de documento idôneo que comprove a existência de moléstia enquadrada nos termos da legislação de regência. Isso porque esta restou diagnosticada em pelo menos dois laudos produzidos por médicos de Hospital Público Conveniado ao SUS e de órgão pertencente ao poder executivo estadual (DETRAN), cujas idoneidades são indiscutíveis, sendo notória a situação da demandante. Saliente-se que, apesar de cientificada de tais documentos, a Fazenda Nacional não ofereceu impugnação específica quanto às conclusões dos mencionados médicos que atuam no serviço público em suas razões de apelação, de modo que não há nos autos algum elemento apto a infirmá-las. Demais disso, é incabível o entendimento segundo o qual só se considera válido laudo médico oficial, haja vista que a norma insculpida no art. 39, XXXI e XXIII, do Decreto 3.000/99 não o exige. Veja-se que o citado diploma legal regulamenta o imposto de renda e, ao tratar dos rendimentos isentos e não tributáveis, aí inclui os rendimentos de pensionistas portadores de doença grave, regendo, de modo inequívoco, a disciplina jurídica do tema. O que autoriza a

concluir que a norma do art. 30 da Lei n.º 9.250/95 não vincula o magistrado, o qual o juiz é livre na apreciação das provas, segundo o princípio do livre convencimento. A propósito, assim já decidiu o STJ: Ainda que o art. 30 da Lei nº 9.250/95 determine que, para o recebimento de tal benefício, é necessária a emissão de laudo pericial por meio de serviço médico oficial, a "norma do art. 30 da Lei n. 9.250/95 não vincula o Juiz, que, nos termos dos arts. 131 e 436 do Código de Processo Civil, é livre na apreciação das provas acostadas aos autos pelas partes litigantes" (REsp nº 673.741/PB, Relator Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA DJ de 09/05/2005). Nesse sentido, não vejo motivo para discordar das conclusões dos médicos que atestaram a presença da doença, uma vez que estão fundamentadas em exames objetivos, expressamente mencionados no laudo, além de exame clínico realizado na parte recorrida, sendo desnecessária a realização de nova perícia, como bem entendeu o magistrado de primeiro grau quando julgou antecipadamente a lide. E não se diga que a doença diagnosticada não está dentre aquelas previstas no rol do inciso XIV, complementado pelo inciso XXI do art. 6º da Lei nº 7.713/88, uma vez que se trata de neoplasia maligna. Transcreve-se: Lei n.º 7.713/88. Art. 6.º. Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos pessoas físicas: percebidos por [...] XIV - Os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma. XXI - os valores recebidos a título de pensão quando o beneficiário desse rendimento for portador das doenças relacionadas no inciso XIV deste artigo, exceto as decorrentes de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão. (destaquei) Dessarte, comprovado que a apelada é portadora de neoplasia maligna, impõe-se a isenção do imposto de renda incidente sobre seu benefício de pensão. Com essas considerações, nego provimento à apelação e à remessa oficial. É como voto.

PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA Desembargador Federal EMENTA TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE (NEOPLASIA MALIGNA), ASSIM RECONHECIDA PELA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. DESNECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO. LAUDO PERICIAL. ART. 6º, XIV E XXI, DA LEI 7.713/88. 1. Não se há que falar em cerceamento do direito de defesa quando as provas colacionadas aos autos são suficientes à formação do convencimento do julgador. 2. No mérito, resta induvidoso que a parte apelada é portadora de neoplasia maligna, não havendo dúvida quanto ao seu enquadramento clínico, de modo que, nos termos dos incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713/88, seus rendimentos são isentos do Imposto de Renda Pessoa Física. 3. É incabível o entendimento segundo o qual só se considera válido laudo médico oficial, haja vista que a norma insculpida no art. 39, XXXI e XXXIII, do Decreto 3.000/99 não o exige. A exigência contida no art. 30 da Lei 9.250/95, no sentido de que a comprovação da moléstia deve ocorrer por meio de laudo pericial emitido por serviço médico oficial das entidades federativas, não vincula o Poder Judiciário, o qual, por força do princípio do livre convencimento motivado, pode se valer de qualquer meio de prova adequado e formar o seu convencimento independentemente da apresentação de laudo emitido por aquelas entidades públicas. Precedente do STJ. 4. Remessa oficial e apelação improvidas. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, em que figuram como partes as acima indicadas. DECIDE a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, à unanimidade, negar provimento à remessa oficial e à apelação, nos termos do voto do Relator e das notas taquigráficas, que passam a integrar o presente julgado.

Recife, 18 de agosto de 2015. PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA Desembargador Federal Relator