Pichação, grafite e mídia: Entre a liberdade de expressão e a ilegalidade. Lais Fiocchi

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Transcrição:

CENTRO UNIVERSITÁRIO FMU FIAM-FAAM LAIS FIOCCHI Pichação, grafite e mídia: Entre a liberdade de expressão e a ilegalidade São Paulo 2019

CENTRO UNIVERSITÁRIO FMU FIAM-FAAM LAIS FIOCCHI Pichação, grafite e mídia: Entre a liberdade de expressão e a ilegalidade Artigo elaborado para o Programa de Iniciação Científica do Centro Universitário FMU\FIAM-FAAM na linha Linguagens Jornalísticas e Tecnológicas sob a orientação da professora Ms. Carla de Oliveira Tôzo São Paulo 2019

Agradecimentos Gostaria de agradecer à professora Cláudia Nonato por ter aceitado, inicialmente, me orientar nesse trabalho de pesquisa. Infelizmente, não conseguimos concluir a pesquisa juntas, no entanto, Cláudia indicou outra professora excepcionalmente boa, assim como ela, que agora finaliza esse trabalho comigo: professora Carla Tôzo, a quem sou muito grata. Agradecimentos especiais ao professor e advogado Cal Francisco, que me ajudou no levantamento das leis e na conclusão do trabalho.

Resumo A pesquisa visa interpelar questões debatidas no cotidiano da sociedade, seguindo uma linha de investigação específica dentro do jornalismo. O objetivo principal foi o de analisar a abordagem da mídia em relação à pichação e ao grafite. Diante disso, foi investigado se em algum momento os meios de comunicação em questão (Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo) trataram a pichação como arte, como essa abordagem reflete na opinião do senso comum e a relação da pichação com a cidade. Esclareceu-se também a questão legal, ou seja, o que dizem as leis acerca desses dois elementos pesquisados. Palavras-chave: pichação; grafite; cidade; mídia; legislação;

Introdução Historicamente, na maioria das vezes, a mídia tratou a pichação como vandalismo. Já o grafite, diferentemente da pichação, só é considerado ilegal quando não autorizado. Diante disso, a questão que motiva este trabalho é centrada na abordagem dos meios de comunicação Folha de São Paulo e O Estado de S. Paulo com relação aos dois movimentos. A ideia inicial é partir das seguintes questões: Por que as duas modalidades são tratadas de forma distinta pelos veículos midiáticos em questão? Como isso reflete na opinião do senso comum? Além da tradição de tratar a pichação como vandalismo, apareceu em alguma cobertura o fenômeno como arte? Se teve, como foi? Para dar início à essa pesquisa, é importante entender que pichação é um comportamento individual ou grupal, caracterizado por marcas gráficas na metrópole paulista, realizadas normalmente em prédios, janelas, muros e trens, sendo feita tanto em espaços públicos quanto privados. A palavra pixação, escrita com x, se diferencia de pichação, escrita com ch, como observa Lassala (2010, p.35): Pichação é uma ação de transgressão para marcar presença ou chamar atenção para alguma causa, principalmente em ambientes externos do espaço público urbano. Não preza por um padrão em relação ao conteúdo e à forma, de modo que qualquer pessoa pode atuar com as mais diversas ferramentas para desenhar, pintar, escrever ou rabiscar. A pixação, com X, segundo Lassala (2014, p.12), é mais específica: Pixação refere-se a um tipo de intervenção urbana ilegal nativa de São Paulo; sua principal característica é o desenho de letras retilíneas escritas com spray ou rolo de espuma para estampar logotipos de gangues ou indivíduos; esse estilo de letras é conhecido como tag reto. O grafite pode ser entendido como um movimento artístico, sendo uma das modalidades da arte urbana e uma intervenção cultural na cidade, integrado em um dos quatro elementos do movimento Hip-Hop. O graffiti teve sua primeira manifestação em Nova York, onde os jovens, com pouco espaço de fala, encontraram uma maneira de se expressar. Segundo Borelli e Oliveira (2008, p. 9) as comunidades negras de Nova York começam a exibir uma profusão de rabiscos indicando/identificando caligrafias de indivíduos e gangues.

No desenvolvimento da pesquisa, utilizou-se todas as definições que se tinha conhecimento (pixação, pichação, graffiti e grafite). Todavia, é importante ressaltar que daqui em diante, opta-se por utilizar as grafias pixação e graffiti, sendo a forma mais adequada para tratar do assunto, em função das explicações acima. Para se ter um levantamento maior e em decorrência da confusão ou desconhecimento da sociedade de maneira geral, as palavras chaves utilizadas nesta pesquisa são pichação e grafite. A relação da mídia com a pixação e o graffiti Para se ter clareza acerca da abordagem da mídia com relação à pixação, foi feito o levantamento de reportagens em dois veículos jornalísticos (impressos) por meio de mídias digitais: os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. Segundo uma pesquisa que abrange a circulação digital e impressa dos jornais, realizada pelo IVC Brasil (Instituto Verificador de Comunicação) 1 de janeiro de 2018 até agosto de 2019, o jornal Folha encontra-se na primeira posição entre os que mais circulam no Brasil, enquanto o Estado está em terceiro lugar. Ocupando a segunda posição do ranking, tem-se o jornal O Globo. Os jornais escolhidos estão entre os mais importantes do Brasil e, por esse motivo, foram os veículos determinados para integrar a pesquisa. A escolha das reportagens foi realizada de forma aleatória. Abaixo, doze títulos dos jornais pesquisados. Seis são sobre pixação e seis sobre graffiti, para se ter uma ideia mais ampliada da relação da mídia tradicional com esse modo de comportamento. Para atingir os resultados da pesquisa, utilizamos as palavras chave grafite, pichação e arte urbana nos dois jornais. A data do recorte das reportagens não foi determinada, sendo levantadas de forma aleatória. A tabela a seguir demonstra o resultado: 1 Os dados citados nesta pesquisa foram solicitados via e-mail. Dito isto, é importante ressaltar que sua reprodução total foi autorizada pelo IVC Brasil.

Pixação Folha de São Paulo 1. Pichadores paulistanos são destaque em retrospectiva na França publicado em 04/07/2009 2. Campanha de Doria contra pichação reacende guerra do spray em São Paulo publicado em 17/01/2017 3. Escola expulsa aluno que vandalizou prédio para discutir arte publicado em 18/07/2008 O Estado de São Paulo 1. Pichador do Pátio do Colégio também atacou monumento As Bandeiras e Borba Gato publicado em 13/04/2018 2. Diante de dezenas de guardas, Doria sanciona lei antipichação publicado em 20/02/2017 3. Na primeira vitória de Dória, câmara aprova lei antipichação publicado em 14/02/2017 Graffiti Folha de São Paulo 1. Prefeitura e Dória são condenados a pagar R$ 782 mil por remoção de grafites na 23 de maio publicado em 26/02/2019 2. Alvo de vandalismo, trem do Metrô é grafitado e tirado de circulação em São Paulo publicado em 06/12/2018 3. Remoção de grafite em prédio gera polêmica em São Paulo publicado em 21/03/2019 O Estado de São Paulo 1. Caminhões de lixo ganham grafites e viram atração em Sorocaba publicado em 29/12/2018 2. O homem que apagou o grafite no beco do Batman ajudou a revelar o conflito entre o público e o privado - publicado em 12/04/2017 3. Grafiteiro homenageia vítimas em muro da escola Raul Brasil em Suzano publicado em 25/03/2019 As manchetes dos dois periódicos ilustram com tintas fortes os seus posicionamentos. É possível identificar, mesmo sem o rigor científico adequado que, nesse espectro ideológico, os títulos da Folha de S. Paulo seguem a linha mais

progressista (pessoa e/ou instituição que defende o progresso social e político; pessoa e/ou instituição com tendência à esquerda). Já O Estado de S. Paulo, ao contrário, segue a linha conservadora (pessoa e/ou instituição que faz parte de um partido conservador, defensor da conservação das normas e das tradições estabelecidas). É possível resumir esse trecho do texto da seguinte forma: A Folha, se não apoia, busca isenção. Já O Estado segue uma linha crítica com relação à pixação. Nas reportagens analisadas, ambos os jornais não tratam diretamente em nenhum momento a pixação como arte, apenas em falas de entrevistados. Lassala (2014, p. 27), aponta que a pixação e seus atuantes ganharam destaque na grande mídia em 1989, de acordo com a Folha de S. Paulo. Ele descreve: A matéria informa que as ruas e os muros de São Paulo, administrada pela prefeita Luiza Erundina, estavam uma sujeira total devido à quantidade de pichações. O pichador Herbert Gameda (do 5º DP Display Pitch) afirmava ali que não [havia] mais espaço nem para pichar direito. O pixador Vicente Lombardi (conhecido como Tchentcho), na mesma reportagem relatava que o pessoal que está aí não é nada, acho que não vão insistir muito nessa história. Este trecho da reportagem, retirada da tese de doutorado do escritor e designer Gustavo Lassala, esclarece que a pixação é entendida como uma forma de sujar a cidade desde que começou a adquirir espaço na mídia. É importante evidenciar que a matéria é de 1989, o que pode alterar de alguma forma o posicionamento do jornal com relação ao tema em questão. A relação com a cidade A pixação está presente em todos os espaços da paisagem paulistana, sendo praticamente impossível não reparar os rabiscos quando se anda pela cidade. É um modo de expressão único da grande metrópole, sendo realizadas por jovens da periferia. Os pixadores têm uma forma peculiar de vivenciar a cidade, onde cria-se, propositadamente, uma relação de espaço de fala, o que é, de forma geral, o principal motivo da realização das pixações. Os pixadores estabelecem pontos de encontro fixos no centro de São Paulo, chamados points, como declara Lassala (2014, p. 28), o point, no idioma dos participantes, é até hoje utilizado pelos pixadores para confraternizar, trocar experiências, marcar os deslocamentos pela cidade e preservar memória do movimento.

A pixação, diferentemente do graffiti, levanta diversos questionamentos em quem frequenta diariamente os centros urbanos. A sociedade no geral não se agrada com a estética agressiva da pixação e se impressiona com o alto risco físico em que os pixadores se colocam. No entanto, ocupar os espaços urbanos, excepcionalmente o centro da cidade, é uma forma que os jovens acharam para sair das margens da sociedade. É um ambiente onde eles são livres, como observa José Machado Pais (2003), citado por Alexandre Barbosa Pereira (2005, p. 45) Com efeito, designadamente entre jovens das camadas médias e inferiores, a rua fornece formas simbólicas de afirmação da cultura juvenil. (...) A rua é encarada como um espaço mais livre, tanto em termos comerciais como em termos de controle social (PAIS, 2003, p. 117 APUD PEREIRA, 2005,p.45). O que diz a legislação e como reage o senso comum Tradicionalmente, o graffiti ganha um espaço mais efetivo se comparado a pixação. O senso comum entende de forma mais concreta o graffiti, tanto pela estética quanto pelas leis que criminalizam a pixação e reconhecem o graffiti como arte, quando autorizado pelo proprietário do muro. Vale destacar que a discussão sobre a caracterização da pixação e do graffiti é intensa e a mídia é uma das propulsoras desse debate. Normalmente, a sociedade reconhece o pixador como vândalo e bandido e os grafiteiros, na maioria dos casos, como artistas. No mesmo sentido segue-se a legislação brasileira: o artigo 65 da lei de crimes ambientais nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 esclarece: O pixador que for flagrado pixando um imóvel público ou privado, uma edificação ou um monumento urbano poderá ser condenado de 3 meses a 1 ano de detenção e multa. O 2º parágrafo do artigo 65 pontua que não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário. No entanto, em 2007, entrou em vigor a lei Cidade Limpa do município de São Paulo, nº 14.223, assinada pelo então prefeito Gilberto Kassab, que ordena a remoção de outdoors, anúncios publicitários e padronização de fachadas. Mas como observa Lassala: A lei atingiu também a pintura dos muros na cidade, atingindo diretamente as pixações e grafites. Essa higienização das paredes por parte do poder público

não se mostrou eficiente como planejada, provocando disputas do espaço visual na cidade, aumentando a competição entre as gangues de pixadores já que as pixações nos espaços públicos se tornaram mais espaçadas do que no período anterior a lei. (LASSALA, 2014, p.47) Em 2011, a lei nº 12.408, assinada pela Presidenta da República à época, Dilma Roussef, alterou o artigo 65 da lei nº 9.605, proibindo a comercialização de tintas em embalagens aerossol a menores de 18 anos. O artigo 4º do diploma legal impõe a obrigatoriedade da seguinte frase destacada nas embalagens: PICHAÇÃO É CRIME (ART. 65 DA LEI Nº 9.605/98). PROIBIDA A VENDA A MENORES DE 18 ANOS. Já em 2018, o atual governador de São Paulo João Doria, à época prefeito, sancionou a lei nº 16.808 chamada Cidade Linda, que entre outros aspectos, impôs a limpeza de pixações, o que gerou efeito reverso, instigando ainda mais os pixadores. Dória determinou que a prefeitura apagasse os graffitis de Av. 23 de Maio, considerado o maior mural de graffiti da América Latina, pintando de cinza e, posteriormente, implantando um jardim vertical. Este ano, 2019, a prefeitura e o atual governador João Dória foram multados em R$ 782,300 pela remoção dos grafites, sob a justificativa de ter ocasionado dano ao patrimônio cultural. Durante a pesquisa, realizou-se uma enquete online para entender como um pequeno recorte da sociedade pensa acerca do tema tratado. Foram 53 respostas, sendo quatro perguntas de múltipla escolha e cinco perguntas dissertativas. A pesquisa iniciou-se dia 09/08/2019 e encerrou-se dia 31/09/2019. Abaixo, destacamse os gráficos e algumas das respostas dissertativas 2 mais relevantes da pesquisa: 2 O contexto das respostas não foi alterado, mantendo-se da forma que foram recebidas pelos participantes da pesquisa.

Em seguida questionamos Poderia mencionar exemplos de arte urbana? e as respostas selecionadas foram: Imagino serem as diversas formas artísticas encontradas nas metrópoles. São os músicos, repentistas, palhaços ou dançarinos que animam as calçadas e semáforos. Os que confeccionam e vendem artesanatos pelas ruas. Os graffitis que colorem os viadutos, túneis e prédios. A lista é longa... Toda expressão artística q se espalha em área comum urbana com: pinturas em muros/paredes de edifícios tanto particulares como públicos, obras de arte na rua, danças na rua, bancos e móveis de uso comum em espaços abertos com conceito. Grafite, poemas estátuas vivas, apresentações e também o streetdance e batalhas de rimas e que por ser algo de origem das ruas considero como arte urbana. Street dance, parkour, graffiti, encenações públicas, entre outras que se relacionem com o meio público em prol de expressar e fortalecer a cultura livre e para todos.

Posteriormente pedimos para a pessoa explicar sua resposta em caso de negativa. Selecionamos as seguintes explanações: Arte na minha concepção é qualquer atitude com intencionalidade e público receptor. Considero mais como um ato para causar impacto, pois nem todos que pixam se quer pensam nessa parte de promover e expressar algo cultural através do pixo. Mas não deixa de ser uma forma de arte em essência, vinda diretamente das ruas. Embora, exista uma particularidade do artista e uma mensagem por trás de cada pixação, não considero como arte devido ao fato desse tipo de intervenção não despertar impacto positivo visual em seu processo de criação que é um importante aspecto da arte urbana. Pixação, um ato de manifesto intra e extra pessoal, explosivo de comunicação e intervenção livre de todo o sistema padrão social. Com uma linguagem e escrita única com signos exclusivos, e intervenções incomodas.

Caso a pessoa respondesse sim, pedimos para que explicasse a diferença: A pixação são "códigos" de palavras usadas para comunicar algo que quer ser expressado pelos os praticantes da mesma. Já o grafite, trata da arte em desenhos artísticos para expressar uma arte cultural, que foi iniciada nos anos 70 em Nova Iorque. A pixação é uma forma de protesto contra as calamidades do sistema e também pode ser uma forma de ser notado entre os que estão neste meio. Agora o graffiti pode ser uma forma de protesto, porém não é tão agressivo quanto a pixação e é "aceito" no sistema pois é visto como arte. A diferença é enorme, a pixação são traços e letras estilo bastão retas, sempre em uma única cor sem preenchimento, o seu ato na maioria das vezes é feito pela madrugada, hoje os novos e/ou mais antigos pixadores tem feito grapixos (são as letras do seu pixo com contorno (as vezes sendo aceitos em eventos e residências). Já os grafittis na maioria das vezes aos finais de semana, feitos de dia, alguns são liberados e usados de forma decorativa, ilustrativa e de valorização tanto do artista quanto do local onde há a sua arte. Não sei muito bem. Acho o grafite mais artístico. Também queríamos saber a opinião dos entrevistados sobre pixação. A pixação acredito que é algo que abre margem pra ser contestada, ainda que seja bem interpretada, está mais vinculada a ideia de protestar e não há o mesmo senso e equilíbrio, está por toda parte. Uma afronta contra o sistema. Não gosto. Além de poluir o visual da cidade ainda é perigoso para o praticante Uma forma de se manifestar contra esse sistema autoritário e excludente, através da agressão em forma da escrita e tinta. Um grito silencioso dos socialmente e culturalmente excluídos.

Em caso de respostas afirmativas, qual foi a abordagem sobre o tema? De todas que já vi, a maioria das notícias eram negativas sobre o tema (que alguém foi preso por pixar, ou levou um tiro, morreu etc). Infelizmente muitos ainda não veem pixação/graffiti como arte. Infelizmente, sempre de forma ostensiva. Sem reconhecer a importância disso e fazer uma leitura crítica e coerente. Meio banalizando a situação. Se eu não me engano era sobre uma escola de arte que foi invadida pra ter uma manifestação de arte que era um aluno fazendo uma pixação na parede do prédio. Reportagem mostrava como os vândalos invadiam e escalavam os prédios pra pichar. Como a mulher guardou dinheiro a vida toda pra comprar sua casinha e os meliantes com jatos de tinta destruíram a casa dela. A partir das respostas mencionadas, percebe-se que há uma mescla de posições. Por um lado, alguns são contrários à pixação, em alguns casos com a justificativa de que pixadores depredam propriedades privadas. No entanto, a maioria das pessoas que participam ativamente da pixação, seja como público ou como praticante do ato, defendem que não é para ser arte, mas sim um protesto, uma forma de mostrar a si mesmo e a sociedade que eles existem. Nas palavras de Andy Jankowski 3 : O pixo não é Arte. A Arte é sublime, pertence ao Olimpo social cuja população periférica não possui ticket de entrada. O pixo é uma contra-arte, contra- 3 Disponível em: <https://paragrafo2.com.br/2017/01/19/a-pixacao-nao-e-arte-e-nao-e-para-ser/>

estética, contra-cosmética social, não é feito para ser agradável. A assinatura do pichador no ponto mais alto da cidade demarca uma subjetividade, uma identidade a quem está acostumado a ser número, mera estatística. O pixo invade, se impõe, ele não é feito para ser estético ou bem quisto, se o for perde o propósito. A pixação é um grito de resistência, de existência. É uma luta pessoal do pixador e de seu grupo contra o apagamento social cotidiano de sua classe, de sua cor. Considerações finais A questão do tratamento diferenciado, de forma pejorativa, apresentada nos jornais pesquisados para esse estudo, assim como aquilo que está no imaginário do senso comum, vai ao encontro do conceito dos termos em si, quando o assunto é pichação com ch ou pixação com x. Isso explica, em grande medida, historicamente, todo o preconceito que cerca esse tipo de comportamento ou de construção social estamos falando de linguagem através dos traços em prédios e edifícios da cidade, públicos ou privados. Para a melhor compreensão do parágrafo acima, basta pinçar um trecho da explicação de Lassala, destacado em uma das citações, sobre pichação com ch ou pixação com x, como segue: Pichação é uma ação de transgressão...(...) Pixação refere-se a um tipo de intervenção urbana ilegal nativa de São Paulo. (...). Na ponta do lápis, qualquer dicionário define transgressão como violação ou não cumprimento de uma lei, ordem ou regulamento; infração: Transgressão das leis de trânsito, por exemplo. A referência anterior centra a explicação no vocábulo pichação. Já a pixação, com x, de forma direta, liga a ação humana a uma intervenção urbana ilegal, como já destacado por Lassala. Em ambas as definições, portanto, esse tipo de comportamento é considerado ilegal ou criminoso contra a lei independentemente de suas motivações: Sejam sociais ou prática dolosa de crime ambiental. Aliás, a lei que trata dessa questão não é nova. Trata-se da lei 9.605, (...) que dispõe sobre as sanções Penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências, de 12 de fevereiro de 1998. Dessa maneira, importa explicar que a legislação não se antecipa ao comportamento social, dessa forma, viver-se-ia em uma ditadura. Esclarecendo: se está na lei brasileira, é porque a sociedade assim o quis; assim o quer. Isso também explica aquilo que está no imaginário das pessoas ou do senso comum. A lei 9.605

que trata do tema não se antecipou aos fatos, assim como todas as outras, apenas reproduziu ou reproduz aquilo que pensa a população. Resumindo: A lei define como crime qualquer intervenção dessa natureza não permitida ou que cause algum dano a um bem público ou privado. Diferentemente da pichação com ch ou pixação com x, o graffiti é considerado como uma intervenção socialmente aceitável e legalmente possível, já que os códigos nacionais não traçam qualquer obstáculo nesse tipo de ação humana. Dessa forma, basta uma autorização dos responsáveis pelos prédios do setor público ou dos proprietários dos prédios privados para que a intervenção seja realizada sem qualquer obstáculo, respeitando, portanto, a lei ambiental e não transgredindo o bomsenso. Resta destacar que a pesquisa identificou a clara distinção, de acordo com o senso comum e também de acordo com os diplomas legais, o que se enxerga como graffiti e pixação. Esse trabalho cientifico traz a luz uma questão, embora não pareça, emblemática na sociedade contemporânea. Pode-se dizer também que esse trabalho tem o condão de esclarecer os menos avisados sobre o tratamento legal ou social dessas duas questões. Melhor explicando, em linhas gerais: Grafitti é arte e pixação é crime, além de agredir o senso comum. Essas afirmações constam, permita-me repetir, tanto nos diplomas legais quanto na contrariedade de parte da sociedade.

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