PARECER N.º 12547 JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

Documentos relacionados
A indiciada Simone da Silva Gonçalves teria se utilizado de contrato de locação falso para recebimento de ajuda de custo, quando de sua

PARECER Nº É o relatório.

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 422, DE 2011

PARECER Nº Indenizações ao servidor público. Deslocamento para perícia médica. Acidente em serviço.

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador JOSÉ PIMENTEL I RELATÓRIO

Contagem de tempo de serviço de aposentadoria especial de professor

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO PARECER N.º /PP

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO PARECER N

Extensão dos efeitos de decisão judicial transitada em julgado a quem não foi parte na relação processual

PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO PROCURADORIA PREVIDENCIÁRIA PARECER Nº

QUESTIONÁRIO SOBRE JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

AULA 8 31/03/11 O RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO

Supremo Tribunal Federal

Na mesma data foram encontrados os autores do roubo acima referido, tendo sido estes apresentados à delegacia de polícia pelo ora indiciado.

Defesa prévia tempestivamente apresentada, não arrolando testemunhas, juntando os documentos de fls

PENSIONAMENTO DO COMPANHEIRO SOBREVIVENTE

Supremo Tribunal Federal

A PROBLEMÁTICA DO REENVIO PREJUDICIAL ART. 267º DO TFUE

Capítulo 1 Notas Introdutórias Capítulo 2 Direito Processual Penal e Garantias Fundamentais... 3

Ministério Público Eleitoral

/001 <CABBCBBCCACADBADAACBACABDDDAAACDAABAADDADAAAD>

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DA CIRCUNSCRIÇÃO DE PONTA GROSSA (PR)

PROCESSO DE JUSTIFICAÇÃO: QUAL ÓRGÃO TEM LEGITIMIDADE PARA PROMOVÊ-LO?

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador GEOVANI BORGES I RELATÓRIO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO SANTA CATARINA EMENTA

INDICIAMENTO E FORMAL INDICIAMENTO. DISTINÇÃO.

UNIC/SUL - CURSO DE DIREITO 3º SEMESTRE - 2º BIMESTRE DISCIPLINA: Direito Constitucional II Profª Maria das Graças Souto

Inconstitucionalidade da obrigação de depósito prévio da totalidade das custas de parte

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO Gabinete do Conselheiro Robson Marinho

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador, Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

Supremo Tribunal Federal

NOVO CPC: A HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA DE DIVÓRCIO CONSENSUAL

Gestão de demandas repetitivas no Novo CPC Direito do consumidor. Alex Costa Pereira 10 de março de 2016

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

: MIN. MARCO AURÉLIO DECISÃO

Oficineira Ludimilla Barbosa Formada em Direito pela Univ. Católica Dom Bosco (MS). Atua de forma autônoma em Bonito e em Campo Grande.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO PARECER N É o sucinto relatório.

RESOLUÇÃO Nº 009/2015 TCE, de 23 de junho de 2015.

PROJETO DE LEI. O Congresso Nacional decreta: Art. 1º. O artigo 27, 2º da Lei 8.038, de 28 de maio de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:

24/06/2014 SEGUNDA TURMA

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 7ª CÂMARA CRIMINAL

Implementação da progressividade fiscal e extrafiscal do IPTU

Toque 11 Isonomia, Capacidade Contributiva e Progressividade

COMUNICADO nº 11/2013, da SUBPROCURADORIA GERAL DO ESTADO DA ÁREA DO CONTENCIOSO GERAL

VISTOS, relatados e discutidos estes autos.

Sistema Integrado de Normas Jurídicas do Distrito Federal SINJ-DF

Superior Tribunal de Justiça

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Gabinete do Conselheiro Sidney Estanislau Beraldo

Superior Tribunal de Justiça

NOTA INFORMATIVA Nº 447/2013/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP Assunto: Contribuição sindical de servidores públicos da União e suas entidades

Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados

SUMÁRIO CAPÍTULO I CONSIDERAÇÕES INICIAIS...

CONTRIBUIÇÃO À CONSULTA PÚBLICA Nº 1/2016 DA ANATEL

Nota: Redação dada pelo Decreto-Lei nº 8.737/46 Redação anterior: Redação original

RESOLUÇÃO N.º 550/2008 TCE 1ª Câmara.

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

LEGISLAÇÃO APLICADA AO MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO PROF. GIL SANTOS AULA 1 EXERCÍCIOS DEFINIÇÃO MINISTÉRIO PÚBLICO

FEDERAÇÃO NACIONAL DE ENTIDADES DE OFICIAIS MILITARES ESTADUAIS - FENEME - NOTA TÉCNICA

Liberdade provisória sem fiança.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO PARECER N.º

PODER EXECUTIVO. No caso de morte do Presidente eleito após o 2º turno e antes da expedição do diploma, considera-se como eleito o Vice-presidente.

Supremo Tribunal Federal

APELAÇÃO CÍVEL Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA

RELATÓRIO. O Sr. Des. Fed. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO (Relator Convocado):

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO PARECER Nº

P A R E C E R. Excelentíssimo Senhor Procurador-Chefe,

05/02/2013 SEGUNDA TURMA : MIN. GILMAR MENDES

Agora vem a punida pleiteando ao Exmo. Sr. Governador do Estado a Revisão do mencionado Processo SCCA nº 845/2002.

PARECER N, DE RELATORA: Senadora VANESSA GRAZZIOTIN. A proposta está estruturada em três artigos.

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

SUPREMO TRIBUNAL MILITAR

Para interposição de recurso especial e de recurso ordinário em mandado de segurança são devidos porte de remessa e retorno dos autos e custas.

Este recurso é interposto em face de decisão do TRF da 4ª. Região, assim ementada:

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO

Supremo Tribunal Federal

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE UBERLÂNDIA

Função Fiscalizadora

Superior Tribunal de Justiça

PARECER Nº. 39/PP/2008-P CONCLUSÕES:

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador ACIR GURGACZ I RELATÓRIO

Sumário. Capítulo 10 Sistemas processuais Capítulo 11 Aplicação da lei processual penal no espaço... 63

JUSTIÇA ELEITORAL TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO SUL

Supremo Tribunal Federal

O SECRETÁRIO MUNICIPAL DE SEGURANÇA URBANA, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei;

Supremo Tribunal Federal

LFG MAPS. Regime Jurídico dos Servidores 09 questões. O superior hierárquico do agente praticou crime de abuso de autoridade.

Repasse financeiro anual ao Poder Legislativo municipal: adequação às disposições da EC n. 58/2009

PROCURADORIA A GERAL DO ESTA T DO DE SÃO PA P ULO

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

VOTO EM SEPARADO I RELATÓRIO. Vem ao exame desta Comissão o Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 218, de 2010, cuja ementa está transcrita acima.

RECOMENDAÇÃO PR/RJ/MMM/Nº 001/2005

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

ESTADO DEMOCRÁTICO Desde 25 de Abril de 1974

Supremo Tribunal Federal

Transcrição:

PARECER N.º 12547 PROCESSO ADMINISTRATIVO- DISCIPLINAR. PRAÇA PERTENCENTE AOS QUADROS DA BRIGADA MILITAR, PROCESSADO PERANTE À JUSTIÇA MILITAR POR DELITO CONTRA OS COSTUMES ONDE LHE FOI COMINADA A PENA INFERIOR A DOIS ANOS, SEM A PERDA DA FUNÇÃO, DEVE SER LEVADO A CONSELHO DISCIPLINAR PARA PERQUIRIR- SE A INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA. INDEPENDÊNCIA DAS INSTÂNCIAS, INTELECÇÃO DO ART. 125, 4.º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Vem a exame para Parecer Consultivo da Equipe de Revisão da Procuradoria de Probidade Administrativa e de Processo Administrativo-Disciplinar da Procuradoria-Geral do Estado o processo n.º 016885-12.03/98.7, encaminhado pelo então Secretário da Justiça e da Segurança que, objetiva dirimir divergências ocorrentes entre o Tribunal Militar e a Assessoria Jurídica da Brigada Militar acerca da competência no direito processual disciplinar. O ponto nodal da questão está em perquirir-se se compete à Justiça Militar Estadual decidir, em qualquer hipótese, sobre a perda do posto e da graduação das Praças, consoante se dessume da parte final do 4.º, do art. 125, da Constituição Federal. Desta forma, no entender da Assessoria Jurídica da brigada Militar, uma vez a Praça condenada por crime militar, haveria desnecessidade de realizar-se processo administrativo-disciplinar e, por

conseguinte, a Administração seria incompetente para decidir sobre a exclusão da Praça dos quadros da Brigada Militar, porque assim estatuiria o mandamento constitucional supra referido. Levado o problema ao Egrégio Tribunal Militar Estadual, aquela Corte, através de despacho do seu Presidente, acolhe a informação, exarada pelo Senhor Diretor-Geral de fls. 155-158, dizendo ser competência do Conselho Disciplinar da Corporação decidir sobre a permanência ou não de servidor em seus quadros, quando a decisão judicial condenatória não traz como pena acessória a perda da função. Para roborar essa intelecção, o ínclito Diretor-Geral do Tribunal Militar Estadual traz à colação a ementa do Recurso Extraordinário RE n.º 185730-7, Diário da Justiça da União de 17 de outubro de 1997, de que foi relator o Min. Marco Aurélio cuja ementa é a seguinte: PRAÇA. EXCLUSÃO DA FORÇA PROCESSO ADMINISTRATIVO x PROCESSO JURISDICIONAL. O que se contém na parte final do 4.º, do artigo 125, da Constituição Federal há de ter alcance perquirido mediante consideração dos preceitos 7.º e 8.º, do artigo 42 nela inseridos. Tratando-se de Praça e não oficial, possíveis são a perda da graduação e a expulsão mediante processo administrativo. Estabelecido o punctum saliens da controvérsia, inclino-me a perfilhar a tese esposada pelo Colendo Tribunal de Justiça Militar do Estado, no sentido de que a carta Magna não retirou a secular competência do Estado-Administração de exercer, em faixa própria, seu poder disciplinar em relação aos servidores que descumpram as normas ou regulamentos de seus quadros desde que, se assegure a ampla defesa nos termos do art. 5.º, inc. LV, da Constituição Federal, em razão da independência das funções potestativas estatais.

Destarte, penso que a hermenêutica mais consentânea com a espécie subexamine é aquela que entende ser a competência da Justiça Militar para decretar a pena de exclusão das Praças dos quadros da Corporação tão somente, quando esta punição derivar de conseqüência acessória de sentença penal condenatória, derivada da prática de crime militar, consoante a dicção do art. 125, 4.º, da Lei Maior. Na mesma linha de entendimento, o Min. Carlos Veloso, no Recurso Extraordinário RE n.º 197649-7, publicado no Diário Justiça da União, de 22 de agosto de 1997, assim se pronunciou: CONSTITUCIONAL. MILITAR. PRAÇA DA POLÍCIA MILITAR. EXPULSÃO. C.F. art. 125, 4.º. A prática de ato incompatível com a função policial militar pode implicar a perda da graduação como sanção administrativa, assegurando-se à praça o direito de defesa e o contraditório. Neste caso, entretanto, não há invocar julgamento pela Justiça Militar Estadual. A esta compete decidir sobre a perda de graduação das praças, como pena acessória do crime que a ela, Justiça Militar Estadual, coube decidir, não subsistindo, em conseqüência, relativamente aos graduados, o art. 102 do Código Penal Militar, que a impunha como pena acessória da condenação criminal à prisão superior a dois anos. Ex positis, o parecer é no sentido de entender que cabe ao Conselho de Disciplina da Corporação da Brigada Militar decidir sobre a continuidade ou não do servidor acusado de crime civil ou militar, em cuja sentença condenatória não estiver prevista a perda da função pública, em razão de que os princípios setoriais de nossa Lei Maior, no que diz com a Administração Pública, estabelecem simetria de tratamento em vários tópicos entre os servidores militares e civis, haja vista o 11.º, do art. 42, da Constituição Federal e o próprio Estatuto da Brigada Militar - Lei Estadual n.º 7.138/78, que em seu art. 170, dispositivos estes recepcionados pela Lei Complementar n.º 10.990, que em seu art. 44, manteve as mesmas disposições da Lei Estadual n.º 7.138/78 e estes diplomas legais mandaram aplicar subsidiariamente o Estatuto dos Servidores Públicos Civis nos casos omissos e estes servidores quando estáveis, acusados de irregularidades funcionais assemelhada a de que cuida o presente feito, são submetidos a

processo administrativo-disciplinar, ex vi do art. 41, 1.º, da Constituição Federal, combinado com art. 200, inc. II, da Lei Complementar n.º 10.098/94. É o parecer, s.m.j. Sala de sessões, 27 de maio de 1999. José Hermílio Ribeiro Serpa, Relator. Igor Koehler Moreira, Luiz Felipe Targa, Sérgio Severo, Roque Marino Pasternak, Ivete Maria Razzera.

Processo nº 016885-12.03/98.7 Acolho as conclusões do PARECER nº 12547, da Procuradoria de Probidade Administrativa e de Processo Administrativo-Disciplinar, de autoria do Procurador do Estado Doutor JOSÉ HERMÍLIO RIBEIRO SERPA. Restitua-se o expediente ao Excelentíssimo Senhor Secretário de Estado da Justiça e da Segurança. Em 08 de julho de 1999. Paulo Peretti Torelly, Procurador-Geral do Estado.