Pág:1/5 MINISTÉRIO DA SAÚDE HOSPITAL FEDERAL DE BONSUCESSO COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR Revisada em 06/04/10 ROTINA H 1 PREVENÇÃO DE INFECÇÃO EM CIRURGIA A necessidade de reduzir e controlar as taxas de infecção gera a aplicação de medidas preventivas, educacionais e de controle epidemiológico que visam, mediante um processo de conscientização coletiva, conter a infecção dentro de limites aceitáveis. Em abril de 1999 o CDC (Centers for Disease Control) publicou um consenso em prevenção de infecção do sítio cirúrgico no qual são enfatizado os seguintes itens: 1) PRÉ-OPERATÓRIO: a) Paciente Quando for possível, identificar e tratar todas as infecções a distância do sítio cirúrgico antes de uma cirurgia eletiva e adiar as cirurgias eletivas em pacientes com infecções a distância até que a infecção esteja resolvida Evitar tricotomia, quando necessária deve ser feita com aparador de pêlos elétrico (tricotomizador) e não com lâmina. A tricotomia deve ser feita imediatamente antes da cirurgia. Controlar a taxa de glicose, evitando hiperglicemia no pré-operatório. Encorajar o paciente a parar de fumar ao menos nos 30 dias prévios a cirurgia (cigarro, charuto, cachimbo, ou qualquer outra forma de consumo de tabaco. O paciente deve tomar banho com um agente anti-séptico (PVP-I ou Clorexidina degermante), ao menos na noite anterior ao dia da cirurgia. Lavar e limpar a pele do sítio cirúrgico, para remover a contaminação grosseira, antes de realizar a anti-sepsia propriamente dita. Usar um agente anti-séptico na preparação da pele Degermação: PVP-I degermante ou clorexidina degermante 2% ou 4%. Anti-sepssia: clorexidina alcoólica 0,5% ou PVP-I alcoólico em círculos, começando desde a área proposta da incisão cirúrgica para a periferia. Obs. 1. Utilizar o mesmo princípio ativo da degermação (ex. PVP-I degermante seguido de PVP-I alcoólico); 2. Utilizar solução aquosa em mucosas
Pág:2/5 3. Em caso de colonização por MRSA ou alergia a iodo, utilizar a clorexidina; A anti-sepsia da pele deve ser extensa o suficiente para permitir a colocação de dreno ou estender a incisão. O tempo de internação pré-operatório deve ser o mínimo necessário. Idealmente o paciente deve ser internado na manhã da cirurgia ou no dia anterior. b) Equipe cirúrgica: Manter as unhas curtas. Limpar embaixo das unhas, antes da primeira lavagem das mãos do dia e não usar unhas artificiais Não usar jóias nas mãos ou antebraços Não utilizar unhas postiças Realizar escovação pré-operatória das mãos até os cotovelos, num mínimo de 2 a 5 minutos, usando um anti-séptico apropriado (PVP-I ou Clorexidina degermante). Após a escovação, manter os cotovelos flexionados com as mãos para cima e afastadas do corpo, para que a água escorra dos dedos para o cotovelo. Secar as mãos com toalha estéril e vestir o capote e luvas estéreis. Quando apresentar sinais ou sintomas de doenças infecciosas transmissíveis, o profissional de saúde deverá se reportar ao serviço de saúde do trabalhador Não levar objetos pessoais (pastas, bolsas) para dentro da sala cirúrgica. Quando apresentar lesões exsudativas de pele, o profissional de saúde deverá ser afastado, até que infecção seja afastada ou seja resolvida após inicio de terapia adequada. Não afastar rotineiramente o pessoal cirúrgico colonizado por S. aureus (nariz, mãos, ou outro sítio) ou Streptococcus do grupo A, a não ser que tenha sido demonstrada transmissão do microrganismo no hospital. c) Profilaxia antimicrobiana: Administrar antibiótico profilático, quando indicado, e baseando-se na eficácia desse antimicrobiano contra os patógenos comumente associados com infecção na cirurgia específica. Administrar o antimicrobiano via venosa na indução anestésica ou 30 min (nunca mais de 2 horas) antes da incisão cirúrgica, de forma tal que atinja concentrações
Pág:3/5 bactericidas no soro e tecidos no momento da incisão cirúrgica e mantê-lo por algumas horas após o fechamento da incisão. Opcionalmente, antes da cirurgia colon-retal, preparar o cólon com o uso de enemas e substâncias catárticas. Administrar antibióticos orais, não absorvíveis (neomicina, eritromicina ou cefoxitina), em doses divididas, no dia anterior a cirurgia. Para cesárea de alto risco, administrar antibiótico profilático imediatamente após o clampeamento do cordão umbilical. Não usar vancomicina na profilaxia cirúrgica. Se vancomicina for usado (somente quando indicado pela CCIH), o período de infusão de 1 hora é requerido. Pacientes obesos podem necessitar de doses mais elevadas de antimicrobianos. Considerar dose intra-operatória de antibióticos se o tempo de cirurgia exceder a meia vida sérica do agente, em cirurgias com grande perda sangüínea ou em pacientes obesos. 2) INTRA-OPERATÓRIA a) Centro Cirúrgico Manter pressão positiva da sala cirúrgica em relação ao corredor e as áreas adjacentes (movimento do ar da área limpa para a menos limpa). Manter o mínimo de 15 trocas de ar por hora, do qual pelo menos três devem ser de ar fresco (externo). Filtrar o ar recirculado e o ar fresco através de filtros apropriados.. Introduzir todo o ar pelo teto e a exaustão próxima ao chão. Manter a umidade do ar da sala cirúrgica entre 30% a 60% e temperatura entre 20 o C e 23 o C. Considerar a realização de cirurgia ortopédica com implantes em sala cirúrgica com fluxo laminar e filtros HEPA (eficiência de 99,9% de remoção de partículas 0,3 µm), ar ultralimpo. Manter a porta da sala cirúrgica fechada, exceto para passagem de equipamentos e pessoal. Limpar e desinfetar a sala cirúrgica, entre cirurgias e ao final da última cirurgia do dia. Não realizar limpeza especial nem optar pela inativação temporária de salas cirúrgicas após cirurgias contaminadas ou infectadas.
Pág:4/5 Esterilizar todos os instrumentais cirúrgicos, conforme recomendações do Ministério da Saúde. Limitar o número de pessoas na sala cirúrgica ao mínimo necessário. Limitar os movimentos e conversas desnecessárias durante a cirurgia. Usar máscara cirúrgica que cubra completamente a boca e o nariz ao entrar em sala cirúrgica e durante toda a cirurgia. Usar touca que cubra por completo os cabelos da cabeça e face quando da entrada na sala cirúrgica Trocar a roupa cirúrgica, quando visivelmente suja ou contaminada com material biológico. Usar capote cirúrgico e campos estéreis que sejam barreiras efetiva contra a penetração de líquidos. Trocar vestimentas e uniformes cirúrgicos que se apresentarem visivelmente sujos, contaminados e/ou manchados por sangue ou outro material potencialmente infeccioso. b) Técnica Cirúrgica Preparar os equipamentos e soluções estéreis imediatamente antes do uso. Aderir aos princípios da assepsia quando da colocação de cateteres vasculares, espinhais ou epidurais, ou quando da administração de drogas intravenosas Manipular os tecidos gentilmente, mantendo hemostasia efetiva e minimizando tecidos desvitalizados, corpo estranho (suturas, debris necróticos) e espaço morto. Retardar o fechamento primário da pele ou deixar aberta a incisão, para fechamento em segunda intenção, se considerar que o sítio cirúrgico está altamente contaminado. Se drenos são necessários, usar os com sistema fechado a vácuo e colocá-los em incisão separada, distante da incisão cirúrgica. Retirar os drenos tão logo possível. 3) PÓS-OPERATÓRIA: Lavar as mãos antes e após qualquer contato com o local cirúrgico ou nas trocas do curativo. Usar técnica estéril para trocar os curativos.
Pág:5/5 Quando fechada primariamente, a incisão deve ser coberta com curativo estéril por 24 a 48 horas. Além deste período não há nenhuma recomendação quanto a deixar com ou sem curativo ou quanto ao tempo apropriado de banho com uma incisão não coberta. Educar o paciente e os familiares a respeito dos cuidados com a incisão e quanto a sintomas de infecção, com recomendação de retorno ao hospital quando da ocorrência dos mesmos. REFERÊNCIAS: Kernodle DS. & Kaiser AB. Surgical and trauma related infections: Pos operative infections and antimicrobial prophylaxis. In: Mandell GL, Bennett JE & Dolin R. Principles and Practice of Infectious Diseases, 5 ed. Churchill Livingstone, Philadelphia, 2000, p. 3177-3191. Mangram AJ, et al. Guideline for Prevention of Surgical Site Infection, 1999. American Journal of Infection Control, 1999, 27(2): 97-132. Couto RC et al. Infecção Hospitalar e Outras Complicações Não-infecciosas da Doença, Epidemiologia, Controle e Tratamento, 4ª ed, 2009, p456-474.